Por Passa Palavra
O dia 23 de outubro, quarta-feira, foi marcado por mais uma manifestação que envolve a jornada de lutas do Movimento Passe Livre. Com ações em todo o Brasil, o Passe Livre São Paulo, a Rede Extremo Sul e outros coletivos chamaram um ato com concentração às 17h em frente à Escola Estadual Carlos Ayres, localizada no bairro do Grajaú, zona sul.
Apesar das aulas do período noturno serem canceladas neste dia, as batucadas esquentaram as pessoas que passavam pela região. Surge então o prenúncio de que a população não se contenta somente com a derrubada do aumento da tarifa de R$3,20 para R$3,00. Entre os muitos outros pedidos, destacam-se a criação de linhas entre os bairros durante as 24 horas do dia. Também é exigida a construção imediata das estações de trem nos terminais de Varginha e Parelheiros, além da volta das linhas diretas que interligam os bairros com o centro. Esta última demanda vem se tornando algo comum diante de uma política de fracionamento das linhas de ônibus na cidade de São Paulo, dificultando o acesso às regiões centrais do município, ao mesmo tempo que concilia o aumento do lucro do empresariado devido à maior quantidade de transporte coletivo que o usuário deve utilizar.
Nem os fortes indícios de chuva foram suficientes para diminuir a presença da população. Com cerca de 300 pessoas, a concentração foi marcada pela intervenção do Engenho Teatral, grupo teatral da zona leste. Após a encenação sobre a dificuldade enfrentada pelos usuários de um transporte lotado que não contempla as necessidades da população, os manifestantes partiram por volta das 18h30 pela avenida Belmira Marin. O início do ato foi conturbado devido à presença de cerca de 15 pessoas ligadas aos serviços de vans, mais conhecidas como lotações. Após a provocação desses indivíduos, que insistiram em acompanhar o trajeto, parte dos manifestantes se apressaram em continuar com o combinado os deixando para trás.
Deixado de lado esta hostilização, um cospe-fogo incendiava a população que acompanhava com gritos a extorsão sofrida diariamente. Ao parar a avenida Senador Teotônio Vilela, foi decidido em assembleia a espera de uma outra manifestação com integrantes da Ocupação do Anchieta. Também foi contemplada pela maioria a ida até à ponte do Socorro. O cospe-fogo atingiu a tradicional catraca que foi se queimando lentamente através de saltos diante de sua queda.
Com a polícia no encalço, cerca de 600 manifestantes seguiram pela avenida Atlântica (antiga avenida Robert Kennedy). Não demorou muito tempo para que os policiais começassem a atirar balas de borracha e lançar bombas de gás lacrimogênio e efeito moral. Após algumas tentativas de dispersão, a manifestação prosseguiu seu destino. Visto que as bombas e balas não surtiram o efeito esperado, um carro preto com uma sirene acionada avançou pela parte de trás da manifestação. Ao manobrar o carro para cima dos manifestantes, o motorista deste estranho carro viu que estava sendo filmado e logo procurou se refugiar dentro de um posto de gasolina. Mesmo após esta típica provocação da polícia, a manifestação prosseguiu seu caminho. O clima ficou insustentável quando o reforço da força tática chegou fornecendo uma chuva de bombas e balas diante da população.
Após a repressão policial, 30 manifestantes foram detidos e passaram a madrugada no 101º DP. Por volta das 7 horas da manhã todos foram liberados, sem receber nenhuma acusação ou assinar boletim de ocorrência.
As próximas ações da jornada de luta do MPL São Paulo podem ser encontradas aqui.
Os leitores portugueses que não percebam certas expressões usadas no Brasil
e os leitores brasileiros que não entendam algumas expressões correntes em Portugal
dispõem aqui de um Glossário de gíria e termos idiomáticos.
Qual o batalhão da PM responsável pela área? Qual o delegado ou delegada responsável?
Nas repressões, principalmente as que ocorrem nas periferias, é necessário ir citando o batalhão e delegados responsáveis pelos atos. As coisas mudam muito de batalhão para batalhão e de delega cia para delegacia.
olá, só para concertar, a intervenção de teatro foi do grupo Engenho Teatral, parceiros da Zona Leste.
Cris,
Já corrigimos o erro.
Gratos pela observação,
Coletivo Passa Palavra