Imagens aéreas fotografadas com um drone, mostrando a torre da estação Central do Brasil e suas plataformas.

Por Fagner Torres

Parece piada que a passagem de ônibus tenha ido a R$3 no último dia 8, e que pouco mais de uma semana depois a população do Rio de Janeiro tenha enfrentado, ao mesmo tempo, engarrafamentos em todas as principais vias do Centro, bem como a sobrecarga dos sistemas de trens e Metrô, que normalmente já funcionam precariamente. E agora falam em um novo aumento no preço desses meios, e também das barcas, sendo que esta deve ir para surreais R$4,80. Tudo isso, um mês após uma pane que paralisou todo o sistema da Supervia na região metropolitana, prejudicando a vida de milhares de trabalhadores, e de uma tragédia com cinco mortos, após caminhão derrubar uma passarela na Linha Amarela.

Para quem acha que tais fatos foram acidentes: não foram! A reincidência comprova que ambos estão relacionados à ausência de fiscalização de quem deveria gerir o sistema, aliada ao jogo de interesses existente entre contratantes e contratadas, nesses casos, as autoridades no âmbito municipal e estadual, e as concessionárias, como a Lamsa, entre outras.

Alguém já se esqueceu das gargalhadas do secretário estadual de Transportes Júlio Lopes, enquanto a população padecia de respostas da Supervia? E das declarações do vice-governador Luís Fernando Pezão, que demonstra estar “muito satisfeito” com a empresa que detém a concessão da linha férrea até 2048? Ou das acusações de que o caminhão que circulava em horário proibido na Linha Amarela prestava serviço para a Prefeitura de Eduardo Paes?

Enquanto parte da mídia, a serviço do estado, massifica a ideia de criminalização sistemática dos movimentos sociais e seus aliados, com base na fatalidade (ou seria armação?) ocorrida na Central do Brasil, que resultou na morte de Santiago Andrade, cinegrafista da TV Bandeirantes, o cenário para quem se desloca pela cidade, o povo, continua um caos.

Para além da incompetência e da má-fé de quem deveria gerir os transportes no Rio, a pergunta que fica é o que esse pessoal deseja? Testar a resistência da população ou simplesmente debochar da nossa cara, nos passando recibo de idiotas?

Devemos nos manter acordados. Nas ruas, combatendo os descalabros que nos maltratam e dificultam a nossa vida cotidiana. Afinal de contas, o lobo só é mau porque as ovelhas são mansas!

Nota sobre o autor
Fagner Torres é jornalista

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