Reproduz-se a seguir um vídeo e um relato da manifestação estudantil de 28 de março, além da Carta Aberta que foi entregue ao reitor da UFG, Orlando Amaral, pelos Estudantes em Luta de 28 de Março. O relato e a carta foram enviados pela página “Somos Todos Josiane – por acessibilidade na UFG”, disponível aqui.
Vídeo da manifestação
RELATO RÁPIDO DA MANIFESTAÇÃO DE 28 DE MARÇO
Dia 28 de março, fizemos uma manifestação a partir do pátio da FCHF FACOMB. Saímos com o apoio da Bateria-Auto Organizada e cerca de 40 estudantes em direção aos pontos de ônibus, onde fizemos jograis explicando aos demais estudantes a situação em Jataí, o caso de Josiane e a paralisação em curso no Campus Jatobá e Riachuelo, e que também estávamos lutando pra melhorar a acessibilidade dos Campi de Goiânia.
Seguimos e marcha pela avenida no Setor Itatiaia gritando “Da Copa Abrimos mão, Queremos Qualidade no Transporte no Transporte e Educação”, “Vocês tão lá, a gente aqui – todo apoio à luta de Jataí”! Chegamos em frente à reitoria, onde queimamos alguns pneus enquanto cantávamos “O seu reitor, escuta aí, já tá morrendo estudante em Jataí”!
Invadimos o prédio gritando e batucando, subimos as escadas e entramos no gabinete da reitoria. Lá, lemos em jogral a Carta Aberta de Estudantes em Luta e esperamos a resposta do reitor.
“RESPOSTA”DA REITORIA
O reitor garantiu que as reivindicações dos estudantes de Jataí, que eram todas justas, seriam cumpridas e tiveram compromisso assinado. Em no máximo 20 dias, disse ele, haveria uma entrada que não passasse pela BR 364. Ele também disse que já viabilizou ônibus intercampi e que estava pressionando prefeitura e DNIT pra garantir as condições de iluminação e a lombada eletrônica.
Quando às reivindicações de Goiânia do ônibus intercampi entre o Campus Samambaia e o Campus I, o reitor falou que nunca tinha recebido essa reivindicação mas que era perfeitamente possível sim, fazendo uma licitação ou utilizando recursos específicos. Quando à questão do ônibus circular precário, que inclusive já causou acidentes, ele falou que não era da alçada da reitoria e sim das empresas de ônibus mas que iria sugerir melhoria pras empresas. As outras questões de horário de ônibus ele falou que também não era com ele. Não foi dado nenhum prazo pra ônibus intercampi nem pra melhoria no circular. Saímos de lá declarando que nossas próximas ações seriam mais radicais caso não fossem cumpridos os compromissos com Jataí nem avaliados com seriedade os firmados em Goiânia.
PRÓXIMA REUNIÃO
Decidimos que seria necessária uma próxima reunião pra encaminhar próximas ações e discutir e aprofundar as pautas de reivindicação. Marcamos essa reunião pra quarta feira, dia 2 de abril, ao meio dia no Pátio da FACOMB/FCHF, no Campus Samambaia.
Somos todos Josiane!
A Luta só Começou!
CARTA ABERTA DE ESTUDANTES EM LUTA
A LUTA DE JATAÍ É A LUTA DE TODA A UFG!
ACESSIBILIDADE JÁ!
Ao reitor Orlando Afonso Vale
E à Comunidade Universitária,
Desde o dia 19 de março os estudantes do Campus Jatobá da UFG – Jataí estão paralisando o Campus e as atividades. O estopim do fato foi a morte de JOSIANE EVANGELISTA PINTO – aluna do Curso de Direito. Josiane foi atropelada e morta na noite do dia 17 de março, quando a moto que dirigia foi atingida por um carro na porta do Campus na Br 364. Os estudantes ocupam a entrada da universidade para que não haja retorno das atividades enquanto não receberem resposta positiva às reivindicações.
Essa situação não é apenas um problema de má condução do motorista. Ele revela um problema estrutural da universidade: o problema da acessibilidade. Com a atual entrada, só é possível chegar ao Campus por meio de carro, motocicleta ou por meio do transporte coletivo totalmente precarizado de Jataí. Ao não garantir condições mínimas para que seus estudantes possam ir às aulas, a universidade acaba forçando os estudantes a assumirem todo tipo de risco em uma BR movimentada, sem sinalização, com muito mato e sem iluminação adequada.
A universidade deve garantir as condições de acessibilidade e estudo, assim como tem de garantir a permanência desses estudantes por meio da assistência estudantil. A universidade não pode se eximir dessa responsabilidade e transferi-la à prefeitura ou, pior ainda, aos próprios estudantes.
Solidarizamos-nos e damos total apoio à luta dos estudantes de Jataí e exigimos resposta imediata e de forma concreta às reinvindicações emergenciais e coloque prazos claros pra cumprir os outros.
Não vamos mais tolerar morte de estudantes, ou que estes sejam excluídos da universidade por falta de condições mínimas!
O problema não é só de Jataí. Pra citar um exemplo, o ônibus circular que faz a rota dentro do Campus Samambaia também é notoriamente perigoso, havendo casos inclusive de acidentes por conta de janelas que se soltaram do ônibus. Estudantes que tem aulas nos dois campi de Goiânia são forçados a pagar duas passagens e chegar atrasado às aulas ou adquirir um veículo e custear do próprio bolso a dupla locomoção ao estudo. À noite, os campi não tem boa iluminação, os portões ficam fechados e o transporte coletivo para de passar em um horário, impedindo de comparecer aos cursos noturnos, aqueles estudantes da periferia que não possuem condução própria. E a reitoria não se manifesta. Isso deixa clara a postura de descaso sistemático com um problema que afeta todos os estudantes, principalmente os estudantes filhos de trabalhador e das regiões periféricas, e, que necessitam de maior apoio.
A reitoria pode até não pensar nisso – mas pode ter certeza que nós, estudantes em luta, já começamos a pensar. E não deixaremos que mais mortes aconteçam pra começarmos a agir!
Somos todos Josiane!
ESTUDANTES EM LUTA
28 DE MARÇO DE 2014