Coerência é algo que não existe no multiculturalismo pós-moderno. Segundo eles, a própria lógica faria parte de uma representação desenvolvida no seio de uma cultura eurocêntrica, feita por homens brancos e cis-gênero, portanto um instrumento de uso exclusivo de opressores. Mesmo não sabendo nada disto, bastaria a simples experiência para comprovar este fato. É assim que os multiculturalistas são capazes de ao mesmo tempo chamarem a si mesmos de vadias, se indignarem quando são chamados de macacos e não se importarem quando um jogador de futebol é amplamente conhecido como veado. Ainda falando de futebol, no Brasil várias torcidas são alcunhadas pelos adversários com nomes pejorativos de animais como macacas, urubus, porcos e outros mais. No entanto, ainda que nem tudo vire polêmica na militância em rede, tudo gira em torno de um debate imaginário sobre a ressignificação deleuziana, trocando as lutas concretas pela ressignificação de pseudo-conceitos. Passa Palavra
Cogrediência [coerência coesão] e/ou c[a]osmos-errância &c.
Lógica [gramática dialética] e/ou [meta]política &c.
Ousaríamos contraefetuar o pseudoconceito ‘raça’ numa etnografia diferencial, atualizando a esquizo-análise?
Sobre a ressignificação dos animais ou um véu em si mesmo.
O multiculturalismo poderíamos comparar como um grande balaio cheio de confeites, cujo objetivo é único:enfeitar. As várias ressignificações e leituras da histórias são interpretações em si de uma narrativa, portanto seria como uma ficção no pior da hipóteses. Ser chamado de macaco e comer uma banana – a ressignificação aqui é radical- “anula” toda memória de luta de classes. Assim as ressignificações estão para as “vadias” e os “veados”. Mas a partir de olhar de Hegel – sinto segurança em dialogar com ele do que com Deleuze, embora a importância deste não seja pequena – penso também que esse fenômeno se parece mais com a troca das lutas concretas pela ressignificações, isto é, a realidade é chata e estúpida, a luta que “vandaliza” é forte demais. O importante é dar outro sentido. Mesmo que seja imbecil, bobo e infantil. Pensar em algo mais concreto como a luta de classes é fantasioso. Sem mais, aquilo que é concreto se torna uma moldura vazia. E passam a pintar um quadro engraçado e apresentam ao público: Vede, é assim a realidade.