Imaginem a cidade de São Paulo tomada por bandeiras do estado paulista, penduradas em prédios e casas. Imaginem também a esquerda paulista, do PT ao PCO, passando pelo PSOL, unida aos Carecas do ABC por uma São Paulo para os paulistas e independente do governo federal, essa instituição que suga a riqueza ali produzida e a redistribui às demais regiões do país. Agora substituam a cidade e o estado de São Paulo por Barcelona e a Catalunha. Passa Palavra
Agora substituam a cidade e o estado de São Paulo por Cagliari e a Sardegna.
Agora substituam a cidade Etc etc etc etc
Os nacionalismos seguem em ascensão com os mesmos pressupostos táticos: falsificação histórica, normalização linguística, supressão dos conflitos de classe, instrumentalização das práticas culturais, criação do mito da nação explorada e oprimida.
A Catalunha é decerto o caso mais repugnante. Salvador Seguí, catalão e referência intelectual anarquista da CNT do início da século passado, quando questionado em Madrid sobre os arroubos nacionalistas da sua região de origem, respondeu:”Desconheço-os e não me interessam. O que eles significam para a melhoria da vida dos trabalhadores?”
Até hoje, nenhuma corrente nacionalista da Catalunha conseguiu responder a essa simples pergunta. Ou muito pior, a esquerda, incluindo alguns anarquistas, não tem coragem de pô-la.
Comentário politicamente correcto
Os alemães, altos e louros, com chorudos salários que gastam a beber cerveja, não querem socorrer os países em crise da periferia meridional da zona euro e opõem-se a que os seus impostos financiem uma mutualização da dívida. Abaixo os alemães, que são todos uns neonazis!
O partido de extrema-direita Lega Nord quer que o norte da Itália, a região mais rica e avançada da península, se torne independente e opõe-se a que os seus impostos financiem o governo de Roma e ajudem a desenvolver as regiões atrasadas do Sul e da Sicília. Abaixo os fascistas da Lega Nord!
Os catalães trabalhadores e poupados querem a independência da Catalunha e opõem-se a que os seus impostos financiem o governo de Madrid e sirvam para sustentar os preguiçosos andaluzes. Viva os independentistas catalães, que são de esquerda!
e que tal setores da extrema esquerda juntos à sionistas “moderados” defendendo a criação do Estado palestino?
E se – exercitando o direito ao avesso, num comparatismo separado – substituíssemos ‘esquerda e direita’ por ‘revolução e contrarrevolução’?
No mínimo, reduziríamos o confusionismo ideológico…