Casa da Achada: Mário Dionísio e Portinari

Achada 2

MÁRIO DIONÍSIO E PORTINARI

Quinta-feira, 18 de Setembro, 18h

Nesta sessão do ciclo «Mário Dionísio, escritor e outras coisas mais» vamos com conversar com Luísa Duarte Santos sobre a relação de Mário Dionísio com o pintor (e a pintura de) Cândido Portinari.

«Pintando o camponês brasileiro é o Brasil inteiro que Portinari pinta, desde o enternecimento das meninas tristes do morro, com as suas flores modestas e o seu baú de lata azul ou as cenas (quão melancólicas) das festas de S. João ao arrebatamento goyesco, perigosamente a um passo (mas só a um passo) da caricatura, das trágicas caminhadas dos Retirantes, que fogem da seca e vêem os filhos morrer-lhes nos braços pelo caminho; das ásperas massas brancas, tocadas de cinza e de avelã, de que saem LavadeirasO filho mortoEnterro na rede, à nota surrealizante da série dos Espantalhos; dos desenhos surpreendentes dos Meninos de Brodowsky, feitos em grandes cartões directamente a pincel, às decorações do Rádio Tupi; da Mulher chorando aos vastos murais do Ministério da Educação e da Biblioteca do Congresso, de Washington, à Primeira Missa no Brasil, ao Suplício de Tiradentes. E tudo isto, que é profundamente brasileiro (tão brasileiro como as Vidas
Secas
 de Graciliano ou a Gabriela de Jorge Amado), é também inegavelmente universal, na sua dor e na beleza que a supera, na miséria de que emana e na energia criadora que a transfigura e a transforma em riqueza comum.»
Mário Dionísio, «Portinari» (Diário de Lisboa, 1962)

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