Irá realizar-se de 29 de Outubro a 3 de Novembro, em várias universidades brasileiras, um conjunto de palestras e outras actividades similares destinado a celebrar os 150 anos da AIT, a Associação Internacional dos Trabalhadores, conhecida como Primeira Internacional. Pois bem, o nome do evento é Encontro Internacional – Associação Internacional dos Trabalhadores e das Trabalhadoras, 150 Anos Depois. Isto significa que logo de entrada as luminárias que organizam a festa decidiram corrigir a história e alterar o nome da instituição cujo aniversário comemoram, afinando-o com os critérios do politicamente correcto. Também na época de Stalin se retocavam as fotografias de modo a apagar as figuras que entretanto haviam sido liquidadas ou postas de parte, num afã de corrigir a história. Orwell estigmatizou no Newspeak essa tentativa de inversão do curso do tempo e o escritor paraguaio Augusto Roa Bastos, no seu genial romance Yo el Supremo, mostrou como o totalitarismo implica a circulação da linguagem no tempo histórico. Enquanto nos vamos rindo, a coisa vai avançando. Passa Palavra
E em ‘O Zero e o infinito’, Arthur Koestler coloca Rubashov, dissidente bolchevique, a comentar que depois das purgas e da retirada de livros de bibliotecas e da revisão dos livros oficiais de história soviéticos, faltaria apenas reimprimir as edições anteriores de todos os jornais partidários para que a história voltasse a estar alinhada com a orientação superior.
SUCIALISMO [sic]
Retrato de Família com Fidel, de Carlos Franqui, relata fatos semelhantes ocorridos em Cuba.
Já que não existiam duas Internacionais, mudamos o nome; agora façamos duas Internacionais:
https://www.facebook.com/tarifazerobh/posts/784969368231642
Breve, cada uma das letras da sigla LGBT terá a ‘sua’ internacional. Orgulhosamente segregadas, mostrarão com quantos between se faz um among…
Inevitavelmente, o multiculturalismo conduz ao multi-internacionalismo. Mas será que essas várias identidades são todas iguais? Ou hierarquizam-se? Já que o Ulisses recordou a este respeito a sigla LGBT, por que motivo as letras não seguem a única ordem que nestas coisas é democrática, a ordem alfabética? Ah, é que houve uma forte luta entre as Ls e os Gs e as Ls conquistaram a prioridade. Quanto aos Bs, coitad@s, que pela ordem alfabética e pela lógica também deviam estar no começo, ficaram entalad@s. Bem, os Ts de qualquer modo iriam para o fim. E assim, onde estava de «uma terra sem amos» façamos «a Internacional» fica um conjunto de gavetinhas, umas abaixo e as outras acima.
Malungo passarinho cantou: “É a revanche de Proudhon!”
Num cumplica, João Bernardo! Se a tese da democracia vinga, lá vão eles, ou melhor, elas e eles de novo a “re-revisar” e a “recorrigir” a internacional dAs trabalhadorAs e dOs trabalhadOres…
esse seria, Beto, o golpe mais profundo ao machismo que se poderia imaginar.
Mas pensando aqui comigo… acho que é pouco.
Alguém já reparou que é A internacional, e não O internacional?
Sugiro então que façamos A Internacional das trabalhadoras, para as mulheres, e O Internacional das trabalhadoras, para as transgênero. Depois O Internacional dos trabalhadores para os minos e A Internacional dos trabalhadores fica para os transgênero. Do contrário estaremos utilizando de maneira muito errada a linguagem e disso pode advir nossa derrota política.
e claro, nestas organizações deverão haver também espaços mistos, para que as trabalhadoras e os trabalhadores brancos possam também conviver um pouco com os e as negras.
PARAFRASEANDO BENEDITO VALADARES
Agora que as pessoas e os pessoos(*) estão de acordo, podemos começar a reunião…
(*) copyleft Millor Fernandes
Boa, Lucas!
Ulisses, só não sei se todos, ou melhor, todas e todos já estão de acordo para começar a reunião… Se a proposta do Lucas prosperar, A Internacional e O Internacional, faltará decidir como e quem poderá (ou não) compor a “mesa”, e como se dará o direito (ou não) à voz no interior de cada uma delas. Talvez o “FENÓTIPO” seja um “critério” mais apropriado na Internacional das “multiculturalidades”… Através de um “colorímetro”, uma escala cromática do branco ao preto, ou do preto ao branco, poderíamos fazer uma Internacional e um Internacional politicamente correta e correto.
Na verdade, para ser politicamente correto “de verdade”, deveriam existir tantas quantas Internacionais fossem necessárias: dos Betos e das Betas, dos Tonhos e das Tonhas, dos Pedros e das Pedras, e assim por diante…
É isso, Beto.
Na ‘arte do possível’, o conchavo d*s capas & capi decide. Depois, a reunião apenas formaliza o que foi decidido. A Betos & Betas & Alfas & Alfos & Gamos & Gamas & Padres & Podres, devotos, resta o eunuco (ôxe!) voto…
Alguém mencionou LGBT? Mas precisam corrigir-se o mais rápido possível. O termo correto e abrangente agora é ‘quiltbag’.
https://en.wiktionary.org/wiki/QUILTBAG
O que também é evidentemente excludente, pois deixa de fora os poli e pansexuais.
E sim, “indeciso” é uma identidade sexual.
Sartre, talvez evocando o Sócrates de Valéry, afirmou: “O mortal nasce vários e se torna um só.” [Situations, IV].
Alguém – digamos, um farfalhante pós-(moderno)situacionista – ousaria tergiversar a frase sartriana, multiculturalizando-a?