Ao fim de uma reunião pesadelo das chefes com o funcionário novo por conta de alguns atrasos, a chefe mor ameniza o clima. “Sabe, essa coisa de atrasar e repor os horários no outro dia é uma coisa complicada. Vai sendo essa coisa de ir atrasando ou saindo mais cedo, a coisa vai se naturalizando, parece muito inofensivo, mas quando a gente vê o funcionário começa a organizar o seu próprio horário! Isso até já aconteceu nessa unidade, não vou te falar quem foi, mas já aconteceu. Por isso que você só pode fazer isso se combinar antes com o chefe, tá certo? Senão a coisa sai do controle”… Passa Palavra
“Uma análise estruturalista genética progride com a delimitação de grupos de dados empíricos, que representam estruturas, ‘totalidades relativas’, e sua posterior inserção, como elementos, em outras estruturas – mais vastas, mas da mesma natureza – e assim por diante. Esse método, se comparado aos demais, oferece a dupla vantagem de conceber, de início, o conjunto dos fatos humanos de modo unitário. e, também, de ser ao mesmo tempo ‘compreensivo’ e ‘explicativo’, visto que o enfoque de uma ‘estrutura significativa’ representa um processo de ‘compreensão’, enquanto que sua inserção numa estrutura mais vasta é, em relação àquela, um processo de ‘explicação’. Por exemplo: focalizar a estrutura trágica dos Pensamentos de Pascal e do teatro raciniano é um processo de ‘compreensão’; inseri-los no jansenismo extremista, depreendendo a estrutura do mesmo, é procedimento de compreensão em relação ao jansenismo e de explicação em relação aos escritos de Pascal e de Racine; inserir o jansenismo extremista na história local do jansenismo é explicar o primeiro e compreender o segundo. Inserir o jansenismo, como movimento de expressão ideológica, na história da nobreza de toga do século XVII, é explicar o jansenismo e compreender essa nobreza. Inserir a história da nobreza de toga na história global da sociedade francesa é explicá-la, compreendendo esta última, e assim por diante.” LUCIEN GOLDMANN – Sociologia do Romance