Pensando no que aconteceu em Curitiba, escrevo aqui uma breve homenagem. Por Ângela Cristina Tepassê.
Acorda às 6:00hs, toma banho, não come, bomba, pega o ônibus, o metro, caminha, ferimento, assina o ponto, compra um café preto, entra em sala de aula.
O conteúdo, o diário, a chamada, a dúvida, o carinho, a esperança, a militância…
Intervalo
O conteúdo, o diário, a chamada, a dúvida, o carinho, a esperança, a militância, a polícia…
Assina ponto, caminha, metro, ônibus, helicóptero.
Almoço
Re-lê o conteúdo, atualiza o conteúdo, busca novas referências, lê jornal.
O artigo, o livro, a palestra, os pontos, a produção intelectual, a bala.
As provas, as provas, não esquece as provas de borracha! E o lançamento das notas???
Já deu a hora! Come um lanche lacrimogêneo, sai correndo, pega ônibus, caminha, é preso.
Outra escola, assina o ponto, compra um café preto, entra na cela.
O conteúdo, o protesto, o diário, a chamada, a dúvida, o carinho, a esperança, a militância…
Intervalo, você trabalha?
O conteúdo, o diário, a chamada, a dúvida, a guerra, o carinho, a esperança, a militância…
Assina o ponto, caminha, pega o ônibus.
Chega em casa, sem voz, sem olho, feliz porque alguém aprendeu. Dorme. Sem luxo. Acorda às 6:00hs…
Pintura de Laércio Alexandre de Moraes.
“Sorte é pras crianças, que vê o professor em desespero na miséria, e que no meio do caminho da educação tinha uma pedra, que havia uma pedra no meio do caminho…”. E quem lança as pedras no meio do caminho (e nos professores) na Pátria Educadora?
Excelente!
Ângela, genial! O cotidiano dos que lutam e esperam é tudo isso. Para os professores é ainda pior, pois precisam ter o carinho consigo e ser um militante corajoso e presente ali. Logo ali, do lado de fora da sala de aula. Não pode quebrar a máquina, tornar a produção lenta ou ainda não vender, fazer corpo mole. Mas no fim, tome bala, cheire gás e tenha uma vida difícil. É o valor de quem não pode ser valorizado, pois, caso contrário, tem chance de mudar o mundo. Genial, Profa. Tepasse. Você é genial!
POEMA ANGELAÇOBLINDADO PEDAGÓGICO
A rotina pode ser qualquer, mas a poet(is)a não é. Ela pode não querer. E não quer senão ofertar um belo poema…