A cega defesa que a esquerda radical faz dos reacionários “muçulmanos” abraça implicitamente a crença de que, para não europeus, uma resposta de extrema-direita é uma resposta normal a uma situação de opressão. Por Marieme Hélie-Lucas [*]

Os fatos

Na véspera de ano novo de 2015 foram coordenados ataques sexuais contra mulheres em espaços públicos de cerca de 10 cidades europeias, a maioria na Alemanha, mas também na Áustria, Suíça, Suécia e Finlândia. Várias centenas de mulheres denunciaram até essa data ataques, roubos e estupros. Esses ataques foram perpetrados por homens jovens de origem migratória (imigrantes, requerentes de asilo, refugiados etc.) procedentes do Norte da África e do Oriente Médio.

Não são surpreendentes as reações: ocultação dos fatos até onde foi possível – de sua coordenação internacional, de sua magnitude – por parte dos governos, de sua polícia e dos meios de comunicação: sacrificaram, como é habitual, os direitos das mulheres pela paz social. Levantamento preventivo de escudos vociferantes por parte de boa parte da esquerda europeia e de não poucas feministas, a fim de defender os estrangeiros, presumidos “muçulmanos”, como potenciais vítimas de racismo. (Repare-se a mudança semântica: não “árabes” ou “norteafricanos”, segundo os descreveram em termos geográficos as próprias mulheres atacadas e a polícia, mas “muçulmanos”.) Exigência de maiores medidas de segurança por parte da extrema-direita, e ação da mesma na Alemanha, onde ocorreu um primeiro pogrom indiscriminado contra a população não branca. Negacionismo e racismo: as respostas habituais, desde os anos 80, à ascensão do fundamentalismo muçulmano de extrema-direita na Europa.

A memória

No coração de Túnis. Uma manifestação das feministas laicas contra Ben Ali. Grupos de homens jovens fundamentalistas – há provas de sua filiação – rodearam as manifestantes (eram majoritariamente mulheres), as isolaram e as atacaram sexualmente apalpando seus seios e seus genitais, e golpeando-as com grande violência. Tudo isso apesar das tentativas de resgate dos homens que haviam ido à manifestação para apoiá-las solidariamente. A polícia se limitou a observar os acontecimentos.

Praça Tahir, Cairo. A praça em que se reunia a oposição ao governo. Pela primeira vez, as mulheres aproveitavam a oportunidade para exercer seus direitos de cidadania. Grupos de homens jovens (membros da Irmandade Muçulmana ou manipulados por eles?) começaram a molestar sexualmente centenas de mulheres manifestantes (e jornalistas estrangeiras). As fotos publicadas pela imprensa as mostravam parcialmente nuas, e houve denúncias de estupro. A polícia também chegou, mas para bater nas mulheres manifestantes e, em seguida, forçá-las a se submeterem a testes de “virgindade”… A política de terror sexual duraria meses no Cairo, ao ponto das organizações de mulheres desenvolverem um mapa eletrônico de emergência do Cairo, para poder registrar os ataques em tempo real e dar possibilidade de ação aos grupos de homens resgatadores.

Memória muito mais antiga. Argel. Verão de 1969. Primeiro Festival Cultural Pan-africano: centenas de mulheres sentadas no chão na grande praça dos Correios, que foi fechada ao tráfego de automóveis. Assistem a um dos muitos concertos públicos que ocorrem todos os dias entre as cinco da tarde e as quatro da madrugada, eventos culturais aos quais as mulheres vão em massa. Muitas delas vestem o tradicional haïk branco típico da região, e estão com seus filhos pequenos. Ao anoitecer, pelas 20:30h, um grito estrondoso: “en-nsa, l-ed-dar” (as mulheres, para casa!) entoado por centenas de homens que também tinha ido ao concerto. Em pequenos grupos, e com grande sofrimento, as mulheres e as crianças abandonam a praça. Os homens, triunfantes, depreciativos, zombam delas. Os nazistas definiam assim o lugar das mulheres: KKK (igreja, cozinha, filhos, por suas siglas em alemão). Sete anos depois da independência, o lugar atribuído na esfera pública às celebradas heroínas revolucionárias da gloriosa luta de libertação argelina ficava agora claramente definido. Patriarcado e fundamentalismo, cultura e religião voavam alto e de mãos dadas.

Que estranho que não se façam essas associações diante do atual ataque em cidades europeias, nem sequer por parte das feministas que deram seu apoio às mulheres atacadas na Praça Tahir!

Uma esquerda pós-laica entre o negacionismo e o racismo

Parece que a Europa não pode aprender nada conosco. Que nada do que ocorra ou tenha ocorrido em nossos países pode chegar a ter relevância alguma para aquilo que ocorre na Europa. Por definição. Um racismo subjacente, e jamais exposto entre a esquerda radical, admite implicitamente uma diferença intransponível entre os povos civilizados e os subdesenvolvidos: entre seus respectivos comportamentos, culturas, situações políticas. Sob essa alteridade essencializada há uma hierarquia muito vergonhosa para que mereça sequer menção: a cega defesa que a esquerda radical faz dos reacionários “muçulmanos” abraça implicitamente a crença de que, para não europeus, uma resposta de extrema-direita é uma resposta normal a uma situação de opressão. Está claro: não nos enxergam como capazes de resposta revolucionária. (Não há espaço aqui para explicar o modo como essa crença é exportada às elites da esquerda na Ásia, África [e América Latina].)

Cassandras a quem ninguém dá ouvidos, não temos deixado, no entanto, de fazer barulho nas últimas três décadas para alertar sobre semelhanças politicamente ilustrativas. As mulheres argelinas especialmente, que sofremos o terror fundamentalista nos anos 90, temos apontado incansavelmente para os passos dados na Argélia entre os anos 70 e 90, semelhantes aos que agora são registrados na Europa e América do Norte: ataques aos direitos das mulheres (reivindicações de leis especificamente “muçulmanas” em matéria de família, de segregação por sexo nos hospitais, piscinas e outros espaços públicos), junto com reivindicações de educação comunitária (carreiras acadêmicas distintas, não laicas); então, ataques lançados contra indivíduos que não se conformam a essas exigências (garotas apredejadas e queimadas até a morte) e, em seguida, contra qualquer laico estigmatizado como kofr (jornalistas, atrizes, Charlie); finalmente, ataques indiscriminados contra qualquer um cujo comportamento não se ajuste às normas fundamentalistas (Bataclan, cafeterias, partidas de futebol etc.). Tudo isso se desenvolveu dessa forma na Argélia dos anos 70 aos 90, começando igualmente com ataques aos direitos das mulheres e também à existência mesma das mulheres na esfera pública: nós sabemos e eles sabem que os governos não vacilam na hora de entregar os direitos das mulheres em troca de uma forma de trégua social com os fundamentalistas.

No entanto, a esquerda europeia parece incapaz de subtrair-se da sua própria situação, na qual pessoas de diversos ascendentes migratórios, entre eles pretensos “muçulmanos”, resistem à discriminação. Essa esquerda extrapola e exporta sua compreensão da ascensão fundamentalista a nossos próprios países, nos quais os “muçulmanos” nem são uma minoria nem são discriminados (salvo por seus próprios irmãos). Mas ainda pior que isso é a esquerda entregar às forças da extrema-direita tradicional a exclusividade do discurso sobre a outra extrema-direita, a do fundamentalismo muçulmano, oferecendo-lhe assim de bandeja o monopólio da legítima denúncia da chamada direita religiosa originária de nossos países.

Temo, muitos de nós tememos, que essa negação possa levar a ações populares punitivas indiscriminadas: as que, de fato, satisfazem o desejo de vingança da extrema-direita xenófoba tradicional e, ao mesmo tempo, os anseios da extrema-direita fundamentalista de ampliar suas bases de recrutamento na Europa. Já começamos a ver iniciativas de vários prefeitos de extrema-direita tendentes a legitimar a formação de milícias populares armadas a fim de “proteger” os cidadãos franceses. É verdade: a esquerda, assim como a socialdemocracia, se opõe a essas iniciativas. Mas: na medida em que se negam a resolver o problema do fundamentalismo muçulmano e se confinam na negação, abandonam de fato o terreno ideológico à extrema-direita racista.

Como ignorar os passos dados até agora pelos fundamentalistas na Europa? O recente e brutal desafio lançado à presença de mulheres no espaço público no último dia 31 de dezembro é apenas mais um exemplo… A distorção propiciada pela visão eurocêntrica obnubila ao ponto de não querer ver as semelhanças com o que ocorreu, por exemplo, no Norte da África e no Oriente Médio. Na Europa, os “muçulmanos” se veem como vítimas, como minoria oprimida, o que aparentemente justificaria qualquer comportamento agressivo e reacionário de sua parte. Mas basta cruzar umas poucas fronteiras para apreciar, quando são maioria ou chegam ao poder, a natureza de seu programa em relação à democracia, ao laicismo, aos fiéis de outras religiões e às mulheres. A total falta de análise política é o que permite seu crescimento na Europa. Graças à opressão capitalista e xenófoba na Europa, a extrema-direita fundamentalista é limpada de suas políticas arquirreacionárias. E não só na Europa, mas também em seus próprios países de origem. Belo enfoque eurocêntrico!

Que a esquerda e muitas feministas se atenham à teoria das prioridades (a exclusiva defesa das pessoas de origem migratória – recategorizadas como “muçulmanos” – frente à direita capitalista ocidental), é um erro mortal que a história julgará implacavelmente: é abandonar à própria sorte as forças progressistas de nossos países, uma deserção cuja absurda desumanidade coloca uma mancha indelével na bandeira do internacionalismo. E a essa pesada laje conceitual que a esquerda carrega (inimigo principal e inimigo secundário) vem a somar-se outra, dessa vez procedente das organizações de direitos humanos: uma implícita hierarquia de direitos fundamentais, na qual os direitos das mulheres ficam muito abaixo dos direitos das minorias, dos direitos religiosos ou dos direitos culturais, para nos limitarmos aos mais comumente contrapostos aos direitos das mulheres. E isso inclusive na ONU.

Desde o 11 de setembro (de 2001) nos EUA e das medidas de segurança que se seguiram, se observa um verdadeiro jogo de prestidigitação malabar executado pelas organizações de direitos humanos e pela esquerda radical: ocultar as causas em benefício das consequências. O tema principal de análise e de debate é “a guerra contra o terror”, os inegáveis e notórios abusos engendrados por ela, a limitação das liberdades civis, o temor pelo futuro da democracia (Não me aprofundo aqui nessas alegações, me limito a observar a metodologia empregada). Todos esses assuntos dominam agora o cenário na França para combater o estado de emergência adotado logo após os ataques de novembro em Paris e o consequente medo de que chegasse a prosperar na França um equivalente ao Patriotic Act estadunidense.

Ao mesmo tempo, o “terror” mesmo desaparece do discurso público, perde realidade, e se converte em uma mera ilusão, em um espantalho utilizado pelos governos para empreender ações exterminadoras das liberdades. A julgar pelo discurso, haveria – desde então! – uma “guerra contra o terror”. Mas não haveria terror! Tratar-se-ia somente de uma fantasia da extrema-direita xenófoba. Haveria, é claro, bombas que explodem em Paris, mas não guerra na França… Há um sem fim de especulações sobre o que não deveria fazer o governo, seus propósitos são denunciados como perversos, manipuladores, danosos às liberdades. É dito que nada é necessário para assegurar a segurança da sociedade. É dito que são provocações aos “muçulmanos”.

Prestidigitação, megalomania e degeneração eurocêntrica da esquerda pós-laica

Um sistema de causas e efeitos reaparece agora. Mas com imagem invertida. Um mágico tradicional sacaria o coelho da cartola na qual o fez desaparecer; mas aqui o que fazemos é sacar a cartola do coelho…

Um fenômeno de alcance mundial – a ascensão de um novo tipo de extrema-direita: por exemplo, o fundamentalismo muçulmano – não só fica justificado, como também desaparece quase literalmente atrás da cortina da crítica às reações que engendra. Qualquer que seja nossa posição a respeito da natureza e da direção atualmente observada nessas reações, não deveríamos permitir que o fenômeno mesmo se evapore: no mundo real, diferentemente do que ocorre nos discursos da esquerda radical e das organizações de direitos humanos, a negação das coisas não as faz desaparecer.

Crer, mesmo por um instante, que um fenômeno político de alcance mundial poderia ser determinado pelo capitalismo ocidental e só por ele (quaisquer que sejam os regimes e as formas de governo em que esse fenômeno aparece, os estágios de desenvolvimento econômico e cultural desses países, as classes e as forças políticas presentes etc.) é uma forma de megalomania.

Ao longo desses últimos trinta anos, enterrar a cabeça na areia não serviu para frear as crescentes exigências postas pelos fundamentalistas de extrema-direita. Nem na Europa, nem em parte alguma. Longe disso, o fundamentalismo tem surfado a seu bel-prazer sobre a onda de ocultação de sua natureza política através de sua cínica exploração das liberdades democráticas e dos direitos humanos.

O que está em jogo vai muito além dos direitos das mulheres: é um projeto de estabelecer uma sociedade teocrática na qual, entre muitos outros direitos, os das mulheres se veem gravemente cerceados. A ação planejada que ocorreu em escala europeia no último 31 de dezembro e seu desafio aberto ao lugar das mulheres no espaço público desempenha exatamente o mesmo papel que a inesperada invenção do “véu islâmico”: é uma exibição de força e de visibilidade.

Essa exibição de força pode ser coroada com êxito, como em boa medida ocorreu com a imposição do “véu islâmico” às mulheres. O conselho oferecido agora por algumas autoridades alemãs [por exemplo, a prefeita democrata-cristã de Colônia] às mulheres atacadas é um bom indício: adapte-se à nova situação, afaste-se dos homens (“a um braço de distância”), não saia sozinha etc. Em suma: submeta-se ou pague o preço da insubmissão. Se algo te acontecer, será culpa tua, advertida que estás…

Um conselho que traz à mente o que se costumava dizer nos tribunais de justiça às mulheres estupradas não muito tempo atrás: o que fazias ali? A essa hora? E vestida desse jeito? Um conselho que os pregadores muçulmanos fundamentalistas tomarão definitivamente para si…

Que a preocupação principal tenha sido a de proteger os autores, e não a de defender as vítimas, é uma variante da habitual defesa da violência masculina contra as mulheres. Até que ponto é uma defesa do patriarcado ou uma defesa da população imigrante, das minorias étnicas ou religiosas? Quando os interesses do patriarcado – que a esquerda não ousa defender ainda – podem se confundir com a nobre defesa dos “oprimidos” (cujo prestígio, inclusive para a esquerda, ficou um pouco abalado logo após os ataques de novembro em Paris), muita gente se sente confortável.

Que a essa altura se possa todavia duvidar do caráter planejado dos ataques simultâneos perpetrados na mesma hora contra mulheres em ao menos 5 países diferentes e uma dezena de cidades na Europa, é de deixar estupefata. Depreciável amostra de má-fé e cegueira – ou perversão – política!

[*] É uma reconhecida ativista feminista argelina. Socióloga de prestígio internacional, foi fundadora da Rede de Mulheres sob Lei Muçulmana, assim como coordenadora internacional do Secularism Is A Women’s Issue (O Laicismo é coisa de Mulheres).

Traduzido por Leo Vinicius para o Passa Palavra a partir daqui.

 

As fotografias que ilustram o texto são de Alexandra Boulat.

8 COMENTÁRIOS

  1. Ainda sobre o caso dos ataques em Colônia:

    Como refugiados sírios protegeram uma mulher nos ataques de Colônia
    http://www.dw.com/pt/como-refugiados-s%C3%ADrios-protegeram-uma-mulher-nos-ataques-de-col%C3%B4nia/a-18987836

    E esse excelente artigo de um alemão que viveu dez anos no norte da África:

    http://www.telospress.com/they-hate-us-on-the-new-years-eve-riot-in-cologne/

    “Dissidentes muçulmanos como Necla Kelek, Seyran Ates, Talima Nasreen, Hirsi Ali e outros dificilmente tem sido levados a sério pela esquerda e pelos liberais de esquerda na Alemanha; em vez disso eles tem sido acusados e difamados como “islamofóbico”. Liberdade de opinião e democracia – argumentam – não são necessariamente modos de vida aos quais o mundo árabe aspira. Todo o espectro político da esquerda e dos liberais de esquerda constroem no entanto um protetorado multicultural para o véu e a misoginia por trás dele, ao ódio ao “Ocidente” e à blindagem do Islã de qualquer crítica.
    (…)

    Esperamos que os acontecimentos de Colônia finalmente acabem com o discurso sobre “os muçulmanos” que não se deve “insultar”, e que por trás de “os muçulmanos” – uma categoria promovida pelos fundamentalistas para descrever todos os adeptos do islã, enquanto costumávamos falar de egípcios, argelinos, marroquinos etc. – comecemos a reconhecer indivíduos os quais tratamos da forma que queremos ser tratados: como adultos responsáveis, capazes de aprender, abertos à crítica e não como crianças cujo brinquedo favorito – nesse caso a religião – não deveria ser criticada para não a deixar zangada e perder as estribeiras.
    (…)
    Só há uma maneira de parar essa tendência de um islã fora de controle, cuja esquizofrenia explodiu dessa vez do lado de fora da estação de trem de Colônia, se essa regressão não é para continuar: o islã deve aprender a enfrentar a mesma crítica que o cristianismo enfrentou. Mas a crítica séria ao islã tem sido feita por um punhado de mulheres e de homens que tem sido rechaçados pelas sociedades muçulmanas como “islamofóbicos”.

    (…) Nos últimos quinze anos, a esquerda alemã tem martelado contra proponentes muçulmanos do iluminismo, atacando-os por darem munição aos populistas de extrema-direita. Mas o verdadeiro apoio a esse populismo vem do sangue das vítimas do “monstro”, contra os quais amigos muçulmanos estão lutando desesperadamente, sem que a esquerda europeia entenda o que está realmente em jogo, para não muçulmanos também.”

  2. No Brasil, nenhuma feminista levantou voz contra os estupros praticados por muçulmanos. Condenam o assédio aqui e aceitam o estupro praticado por islamistas. Tudo em nome do multiculturalismo.

  3. No site de onde vc tirou a tradução o título do texto original foi alterado. Sugiro manter o título que a autora escolheu (http://www.siawi.org/article10593.html)

    Hein Eduardo, que tipo de afirmação generalizante é essa? Você conhece todas as feministas do Brasil? Você levantou sua voz? Fale mais sobre os esforços que você fez para mudar sua realidade. Então que tipo de cobrança é essa, hein?

  4. Nathan,

    Em relação ao título, eu sinceramente prefiro como está, traduzido da versão em espanhol do site referenciado. A princípio deve-se manter o título que o autor deu evidentemente. Mas perceba que a versão em inglês que você aponta está em um site específico sobre feminismo e laicismo, portanto essas questões não precisam aparecer no título, pois são próprias d site em que foi publicado. Mas fora desse contexto o título original do artigo é bastante vago, pouco informativo sobre o que realmente trata. Por isso acho justificável o título reproduzido aqui, que me parece totalmente fiel ao pensamento da autora no artigo.

  5. Eduardo, seu comentário é praticamente idêntico ao feito pelo Pondé recentemente, veja:

    “As feministas, claro, calam a boca em nome do respeito ao outro.”

    Preocupante ne… o link:
    http://www1.folha.uol.com.br/colunas/luizfelipeponde/2016/01/1730532-maoismo-sabor-camembert.shtml

    Como disse a compa antes, a crítica é uma generalização maluca, que feministas calaram o que onde quando? E quem fez o que então sobre esse assunto? Todos “se calaram”? Fora que então é uma cobrança que se pode fazer praticamente a todos sobre tudo ne, vc mesmo provavelmente não “levantou a voz” sobre o Boko Haram ou sei lá sobre a violência paramilitar em chiapas…

  6. Deixo o link para o meu texto sobre os ataques de Colônia. Não sou uma feminista relevante, mas é irreal dizer que as feministas se calaram.

    Tenham um bom dia.

  7. Hilário. Até para fazer uma autocrítica sobre os erros da esquerda no caso de Colônia é preciso falar de uma espécie de tentação “eurocêntrica” em suas posturas. Claro, foi o eurocentrismo de certa esquerda que fez refugiados estuprarem mulheres alemãs, eles nunca poderiam ter feito nada por si próprios. Que malabarismos retóricos não fazem para não abalar a narrativa multiculturalista pós-moderna!

  8. Armando,

    Recomenda-se ler o texto antes de tecer comentários que são exatamente o oposto do que está escrito.

    O artigo critica implicitamente a visão multiculturalista e defende valores universais de esquerda. Se você lesse pelo as primeiras frases abaixo do título entenderia por que a autora diz que uma esquerda europeia age de forma eurocentrica. E aliás, é exatamente a esquerda multiculturalista que é eurocêntrica (a esquerda pós-laica) como aponta o artigo.

    Ou você não leu o artigo ou tem sérios problema com interpretação de texto. Acho que é a primeira opção.

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