A Assembléia de Moradia da Unesp de Marília declara seu repúdio a violência policial em Rio Claro e o apoio ao estudantado;
Nenhum homem é uma ilha isolada; cada homem é uma partícula do continente, uma parte da terra; se um torrão é arrastado para o mar, a Europa fica diminuída, como se fosse um promontório, como se fosse a casa dos teus amigos ou a tua própria; a morte de qualquer homem diminui-me, porque sou parte do gênero humano. E por isso não perguntes por quem os sinos dobram; eles dobram por ti.
John Donne
“Who watches the watchers”
Falar da violência no Brasil, em meio a tanta barbárie, em meio a tantos Datenas, sobre a ege de uma casta de políticos como o famigerado: “Coronel Telhada”. Sobre o poder de uma instituição que se orgulha de fazer sangrar o povo que supostamente deveria “defender”, parece-nos, muitas vezes, chover no molhado. Porém, os exemplos supra-citados, se alimentam do sangue que os produziu e fazem sangrar ainda mais para sobreviver e reproduzir.
Quem é mais a favor do crime que um policial? Oras, não havendo crime, para que teríamos que manter um corpo de homens tão oneroso às despesas públicas? Assim como todos os Datenas e Marcelos Rezendes de nossa teve, fazem por onde (tiram leite de pedra) nos dias sem muito produto (violência) fazem de um pequeno ato como um pequeno furto ou roubo seja tão absurdamente exposto e repetido que lhes renda horas e horas de audiência – porquê? Para encherem a pança, tendo como resquício do processo o medo no coração de seus espectadores. Se não houvesse violência, acreditamos que esses seres a inventariam, pois é um elemento fundamental de sua própria existência monetária, moral e hipócrita.
Nós que fazemos parte da massa, que dança em meio ao caos e a barbárie urbana e suburbana, sofremos com toda intensidade estes atos. Quem nunca viu um roubo aqui, um corpo ali e um choro acolá. Choro este que marca a face das pessoas que estão fartas. Fartas de todo o processo descivilizatório que estes parasitas lhes impõe. Fazemos parte do vulgo, do povão, destes que são explorados pelos patrões, roubados pelos políticos e espancados pelo Estado, sem contar, é claro, o crime organizado que põe sobre constante ameaça as periferias – terminando o serviço policial de disseminar o medo. Compõe, assim, estes parasitas, o que podemos chamar do partido da ordem. Pois não somente existem em meio ao caos social, mas, como dizemos, sobrevivem sorvendo-lhe o sangue duma ferida que ajudaram a abrir.
Mas, afinal, não teriam assuntos mais importantes a tratar estes sujeitos da Polícia Militar do Estado de São Paulo do que “espancar alguns estudantes”? Poderiam estar compactuando com qualquer outra coisa, sendo eles que definem o que lhes é mais “legal”. O motivo é que temos a esperança e a visão que podem fazer com que seus dias sobre o Sol cessem. “- Oh, mas o policial também é um homem, será você também o algoz e vil se ansiar um massacre”. Não, não é isso o que queremos, não a perseguição individual de homem por homem, mas, um ataque profundo as coisas que fazem com que os homens sejam de tal ou qual maneira. Queremos, atacar não as consequências, mas sim as causas. Pois toda violência de um policial é fruto da organização como um todo, seja o ato legal ou ilegal.
Toda força policial sabe que somos uma pedra em seu sapato, eis o porquê ocorrem atos tão repudiáveis quanto os ocorridos aos estudantes da Unesp de Rio Claro no dia 19/04/2016, a saber, detidos injustamente por se manifestarem pacificamente contra esta mesma instituição vil e sanguinária que é a policia. Por isso, nós da Moradia da Unesp de Marília, reunidos em assembleia no dia 21/05/2016, viemos por meio desta nos colocar veementemente contra os atos violentos da polícia desferidos aos companheiros de Rio Claro.
TODO APOIO AOS COMPANHEIRAOS DE RIO!
TODO APOIO ÀQUELES QUE LUTAM!
PELO LIVRE DIREITO DE SE MANIFESTAR!
PELO FIM DA POLÍCIA MILITAR!
Moradia da Unesp de Marília, 21/05/2016.