Um ativista dos movimentos sociais da Tessalônica denuncia a ação do governo nesta quarta-feira, que resultou em despejo de centros ocupados destinados a alojar refugiados. Por Theodoros Karyotis
Num movimento sem precedentes em tempos de “democracia”, o governo grego atacou e despejou hoje, na manhã de 27 de julho, três espaços ocupados na cidade de Tessalônica, que estavam sendo usados como abrigos para refugiados.
A mensagem que o “governo de esquerda” quer transmitir é a de que não há espaço para as respostas de solidariedade e autogestão à terrível experiência que vivem os refugiados; somente a caridade estatal e o confinamento, a marginalização e as deportações seletivas levadas a cabo por um governo que segue ao pé da letra as políticas criminais de imigração da União Europeia. O despejo chega dois dias depois do fim do “Acampamento Sem Fronteiras” na Tessalônica, que uniu milhares de ativistas de todo o continente para protestar contra estas mesmas políticas.
Uma das ocupações, Nikis, tem sido desde muito tempo um squat em Tessalônica, que se abriu a famílias de refugiados com o início da crise. Outra, Orfanotrofeio, foi reocupada ano passado com o propósito expresso de dar abrigo a imigrantes e refugiados de modo autogestionário. A terceira foi ocupada faz apenas alguns dias no centro da cidade, com o mesmo propósito.
Orfanotrofeio sofreu despejo e foi imediatamente demolida. Sob os escombros foram enterradas toneladas de remédios, alimentos, roupa e artigos de primeira necessidade que estavam destinados às famílias de refugiados, assim com objetos pessoais dos ocupantes.
Centenas de pessoas foram presas nas três ocupações, entre elas muitos refugiados, que foram levados a campos de detenção, assim como militantes gregos e europeus do movimento de solidariedade aos refugiados que se encontravam ainda (ao meio-dia de 27 de julho) sob custódia policial.
Não é a primeira vez que o governo do Syriza mostra sua cara autoritária. Depois da aplicação de desastrosas medidas de austeridade que os governos anteriores – de direita – eram incapazes de levar a cabo, também compete com a direita no campo da repressão dura contra os que não abandonaram a luta pela liberdade e pela dignidade humanas.
Em resposta, uma multidão de pessoas ocupou a sede do Syriza na Tessalônica. Grandes forças da polícia antidistúrbios cercam o edifício, e há grande possibilidade de confronto violento.
Estão sendo organizados por toda a Grécia atos, protestos e manifestações de solidariedade.
Difunda a notícia, una-se ao protesto, denuncie os atos criminosos do governo de qualquer maneira possível!
Sobre o autor: Theodoros Karyotis é membro da iniciativa de solidariedade com a fábrica Viome, sob controle operário; agradecemos sua autorização para traduzir e difundir esta denúncia. Traduzido do espanhol (ver aqui) pelo Passa Palavra.