Os cenários políticos, invariáveis no tempo e no espaço, mantêm-se fechados como num tempo suspenso. Por Helo

Leia aqui a 4ª carta de Arthur a Helo.

São Paulo, 26 de maio de 2016

Querido Arthur

Você mal saiu daqui e já estou morrendo de saudades. Acordei hoje com uma abelha zumbindo ao redor de meu cinzeiro. Levantei a cabeça e respirei o odor de uma noite memorável. As coisas todas postas fora de lugar e a lembrança recente da boa bagunça. Minha mão deslizou sobre o papel, acabei de copiar o poema de Baudelaire inteirinho. Gosto dessas manhãs à sombra da memória. Isso se dá porque, talvez, a única coisa que sabemos fazer é escrever: um livro sempre nos é a coisa mais importante. Além disso, estou muito contente com seu romance. Certamente está novela agradará outras pessoas. Tenho a exata impressão de que pelo menos uma vez na vida vejo algo extremamente importante nascendo: é agradável repartir esse sentimento contigo.

Ainda tenho dúvidas do que farei, o dinheiro que me deu foi oportuno. E a sua indicação foi a melhor que recebi. Não nego, contudo, que me é dolorosa a escolha. E que fico entre o sim e o não. Vejo moças de minha idade embuchadas e penso, quando as vejo sorrirem: “Talvez, a gravidez seja mesmo o fim de um ciclo e início de outro. Entretanto, eu não quero encerrar o meu ciclo”. Tudo isso me é tão confuso que morro de constrangimento quando me pego sorrindo ao ver uma mãe brincando com o seu filho. Por vezes sinto verdadeira repulsa e penso: “Ser mãe é padecer no inferno. Um horror. As tetas caídas sendo sugadas por um monstro de pulsões desenfreadas, um cansaço eterno e a o desgaste inteiro de si para o fortalecimento de um outro”. Tudo me é tão angustiante, é impossível romancear essa cruz que é posta sobre nossos ombros. É isso que penso afinal: um filho é uma cruz. Isso não seria extremamente egoísta?

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Ontem, a cabeça de Alice apareceu na janela, entre minhas duas venezianas:

― Como você é estudiosa! Horas à fio diante de um livro numa expressão de prazer tão estranha!

Sorri. Porque sempre me sinto extremamente excitada diante dos mortos:

― Carol está acordada? – Perguntei.

― Sim, vamos descer porque eu mesma já me cansei de sua compenetração, temos muito o que fazer… O que está lendo? ― Disse Alice.

― Proust… mas, vamos descer.

Arrumei meus papéis. Meio-dia. Era tempo de partir, se é que eu queria realmente evitar aquele espetáculo governista. Iríamos atacar os adeptos do petismo, a propósito do processo de impeachment, e embora eu estivesse cansada de repetir: “Não quero parecer o PS–”, a coisa ficou tão reduzida e dicotômica que já me viam como uma militante desse partido.

― Aqui estamos! ― disse Alice.

Em uma das mãos ela trazia as bandeiras e faixas para um contraponto e, na outra, algo de que estava muito orgulhosa: era o livro de seu namorado que acabará de publicar.

― Cuidado! Segure ele pra mim! ― fez Alice.

Sorri ao ver João. Ainda estou admirada de haver tirado do nada amigos tão caros e engajados, um moço de olhos espertos, de cabelos pretos e avantajados, e cuja inteligência fazia sombra a muita gente. Me peguei olhando para o vazio com confiança, enquanto nos instalávamos no banco traseiro do carro.

― Vamos depressa se não iremos nos atrasar! ― disse João.

Alice sentou-se no banco do motorista: adorava dirigir.

― O que acha da gente passar na casa do Guilherme para pegar os jornais?

― Não acho nada, se quiser ir…

― Claro que quero. Principalmente porque hoje todo mundo vai para as ruas, quem sabe não seja momento de revigorar a esquerda?

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Como você sabe, os jornais a sua maneira ignoravam completamente o que se sucederia. Folha de São Paulo, Estadão e etc., eram claramente contra as manifestações anti-golpe.

Compramos uma porção de jornais e fomos para a ocupação “Dandara”. Alice não gostava de falar ao volante, é muito neurótica. Olhei com amizade aquele perfil teimoso e aplicado. Acho-a comovedora, principalmente em sua aplicação às tarefas militantes, Alice se deixava fascinar com uma seriedade tão ardorosa quanto sensível. Foi isso, principalmente, essa sua boa vontade para a causa o que tinha me deixado tão sensível à sua postura tresloucada no que se refere às suas escolhas políticas. Ela repetia para si mesma: “preciso mudar”. Mas não conseguia. Simplesmente constatara que seu ímpeto espontâneo à ação levava, não poucas vezes, a erros bobos e inúteis. Eu queria ajudá-la. Digo a mim mesma que se a fizesse feliz, conseguiria libertar ela dessas atrozes ações que tanto ressentimento lhe trazem. Uma vez que ela queria muito que eu estivesse presente nas suas lutas diárias, decidia estar: tenho muita afeição a ela para fazer isso sem nenhum problema, conquanto que não me peça para aceitar inteiramente o que se coloca como a “alternativa”.

Moça estranha! Sempre disposta a arrancar do futuro a alegria. Sempre violenta ante as coisas mais triviais. Alice acreditava piamente que eu não havia maquinado a minha gravidez, sabia o quanto eu detestava aquela condição que sabotava tantos planos. E depois disso ela sabia que diante do fato consumado, restava somente me colocar diante dos meus reais desejos, ou de minhas reais escolhas. Numa curva, eu a encarei com demasiada perplexidade. Vi em seus olhos, gestos e sorrisos, tesouros de enterrados afetos e doação, muita lucidez nas tresloucadas ações. Com certeza no fundo de si mesma, Alice duvidava que aquilo tudo realmente mudaria substancialmente o mundo social. Era, por isso, em grande parte, que ela não sossegava e não se tornava minimamente feliz: ela dizia a si mesma que aquilo era o que restava; por isso, não tinha como titubear frente ao inimigo que avançava. “Talvez”, pesava comigo mesma, “A questão, porém se revelava na impossibilidade de identificar o inimigo. O inimigo não são os inimigos em si, mas nossos falsos amigos”. Mas, isso deixaria ultrajada Alice, culminaria na sua frustração.

***

A afirmação contrária do que se quer dizer, isto é, a afirmação para si mesmo daquilo que gostaria de convencer o outro, é o maior indício de descrença na própria ideia e a apresentação contumaz do medo de se frustrar por ter compactuado com o engano.

***

Nossa esquerda é perita nisso. Alice detestava que a julgassem e também que a cumulassem de generosos elogios. De nada adiantaria lhe dizer tudo que eu realmente pensava. Convencer era realmente inútil.

Alice parou o carro na esquina da rua.

― É realmente uma grande ocupação: durante a semana vou vir aqui para ajudar os companheiros ― disse João.

― Vai ser necessário mesmo, estamos sem ninguém que entenda realmente de elétrica ― redarguiu Alice.

índiceEla buscou saber onde estavam a maioria dos ocupantes. Se, já haviam ido para o Largo da Batata ou se o ato seria na av. Paulista. Alice entregou as bandeiras para uma mulher que chamava Nádia na frente da ocupação e foi-se pelas escadas nos fazendo aguardar. Sua agilidade era impressionante e seu afã de se meter em briga contra a polícia era inegável. Eu disse bem-humorada:

― Cuidado para não descer rolando as escadas!

― Essa risada não te darei! ― redarguiu rindo.

Fiquei esperando junto à João que, na falta de intimidade que tínhamos, logo retirou o celular do bolso e ficou a contemplá-lo. João apesar de sorridente sempre, tinha um aspecto soturno guardado pela grande inteligência e perspicácia do raciocínio. Eu gostava muito de seu semblante: “Gosto dele”, dizia a mim mesmo, “Gosto mesmo de tudo isso que anda acontecendo, a crise política, a econômica, a dificuldade que a esquerda tem em lhe dar com esses problemas…”. Alguma coisa no olhar de João me gelava: seu tom catastrófico, seus desentendimentos profundos com toda a esquerda, seus rancores, a solidão hostil que se enclausurara. Mas talvez se o houvessem escutado, ele se tornaria mais receoso, talvez mais expansivo, mas, sem dúvida, menos amável. Esses momentos de fim de ciclo parecem-se com um círculo vicioso. A transformação não se impõe. Nem a confiança. Entretanto, nas profundezas da crise, tudo pode começar.

Esperamos muito tempo e resolvemos nos sentar. Entramos, assim para a ocupação e nos esparramamos num sofá velho que se encontrava na entrada.

― Você sabe ― disse ele, logo que nos acomodamos ― pensei naquilo que ontem Alice nos contou sobre as estranhas medidas que as lideranças da ocupação estão tomando. Trata-se mesmo de traição! Tenho certeza disso!

― Eu também não duvidaria, mas traição acho um termo muito moralizante para ser posto… ― redargui com alguma cautela. ― Veja bem! Há condições materiais que estão determinando as escolhas. A esquerda começa a trabalhar com o medo, e do medo nada vem de bom! Quer dizer o medo do governo cair, de tudo piorar por conta disso. Sei que é extrema bobagem, mas, de fato Temer imporá as medidas de ajustes muito mais rápidos e efetivos do que Dilma. E isso para quem vive nessas condições determina as escolhas políticas!

― Eu entendo perfeitamente o que você está dizendo ― respondeu João tirando o cigarro do bolso da camisa e acendendo em seguida ― mas, não vejo que há um contraponto a isso… Deixa eu explicar porque não fui claro: A Dilma não deixaria de adotar as mesmas medidas, mas tentaria manter o pacto social cujo custo seria o ajuste que recairia sobre nossas costas! O Temer faria isso com muito mais facilidade porque ele não presta contas a “ninguém”, a nenhum movimento social, partido etc., A questão que está em causa é: por que então a burguesia arrisca colocar Temer? A resposta parece ser simples, porque o próprio PT já não está conseguindo segurar o descontentamento. O que quero dizer é que o Pacto Social petista está com o prazo vencido. Lula e sua turma já não dão conta dos problemas que a crise econômica está impondo. No entanto, ele não está morto… acho que ainda serve para a burguesia porque se o Temer foder tudo, ele será o único capaz ― “ou não” ― de segurar a boiada!

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― Não estou entendendo muito bem o que quer dizer ― redargui ― me parece em todo caso que está muito bem fechada sua hipótese, o que é um problema porque não me parece que a burguesia seja tão inteligente assim…

― Embora, acho que esteja subestimando a inteligência da burguesia ― devolveu João ― não é essa impressão que quero dar… de uma hipótese fechada!

― Então deixa ver se eu entendi: para você a saída de Dilma seria pior para os interesses burgueses porque o Temer deixaria claro para que veio?

― Sim!

― Então a burguesia aposta nesse projeto “lava rápido” porque o próprio PT já não consegue manter a classe trabalhadora pacificada. Mas, isso não seria uma loucura porque vindo o Temer ele foderia tudo e o desequilíbrio político favoreceria a esquerda?

― Está aí a questão toda. A questão é: por que a burguesia do país se sente forte o suficiente para empreender essa loucura? A resposta é simples: porque o PT desarticulou de tal maneira um contraponto ou um projeto de esquerda ao que eles podem e vão fazer, que eles se sentem tranquilos para empreender as medidas malucas. As ruas foram tomadas pela extrema-direita e estes serão os para-choques das medidas que em breve entrarão em vigor! A esquerda está toda acuada e jogada num fla-flu terrível.

― Nossa… mas você coloca toda a culpa nas costas do PT! ― redargui ― não acho que tenha sido só esse partido que tenha fodido tudo!

― Ah não!? ― deu risada João assoprando a fumaça do cigarro ― Então me mostre qual outro, ou qual movimento social, grupo ou coletivo que tenha tomado o poder, e que tenha usado o aparato do Estado para reprimir aqueles que dizem defender?

― Tudo bem! Mas, ninguém desenvolveu uma crítica fecunda ao PT ou apareceu como uma alternativa real! ― respondi com humor e encerrei ― de modo que não apenas alguns grupos giraram na órbita desse partido como se tornaram anticríticos e extremamente fisiológicos.

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― Mas, por que você questiona então que o PT tenha sido um dos maiores causadores dessa merda toda que a gente está assistindo?

― Ah! Tudo bem se você diz “um dos maiores causadores” eu concordo. Porque a meu ver tem vários fatores, inclusive a incapacidade de articulação política para além da institucionalização. Por um lado, coletivos que foram totalmente assimilados pela lógica estatal, por outro lado, grupos autônomos que não conseguem se organizar efetivamente e se tornar uma força real de oposição e alternativa. Eis, aí o que vejo, sinceramente, como alguns dos fatores determinantes desse poço sem fundo que adentramos!

― Tudo bem! Concordo com você também, mas, temos que concordar juntos que o PT foi o principal causador desse estrago quando sugou para dentro de si todas as formas alternativas e importantes da auto-organização dos trabalhadores e dos oprimidos no geral. Foi o principal causador da burocratização e da negociata que desbancou os sindicatos e os tornou extremamente patronais. E levou os movimentos sociais a bancarrota quando os amarrou ao Estado!

― Não há dúvidas João! Não há dúvidas! ― fiz um pouco perplexa ― A questão é como poderemos levar essa crítica adiante no meio desse fla-flu infernal? Não vejo muitas saídas para gente como a gente.

― Fique tranquila… a crise está no começo, a coisa tende a se aprofundar e ir para o abismo. Claro que não há, como nunca houve, garantias. Podemos desembocar num fascismo desgraçado, mas podemos também chegar numa saída à extrema esquerda! Nada está garantido! É, portanto, época de luta! Época de crítica, e ela deve ser contundente e sem compromissos! O único compromisso… ― fez alegremente João ― é com a negação do que está posto. Por mais que estejamos aqui com governistas é bom que fique claro nossa posição, e nossa posição é: O prazo de validade do partido dos trabalhadores venceu! Nem Lula, nem o PT, nem qualquer outro partido, nos tirara da miséria que o capital nos reserva se continuarmos sob sua tutela. A resposta, ou melhor a resolução está para além do capital!

― Tudo é tão confuso! Veja só o Garrincha ― redargui já rindo e um pouco menos tensa – Antes, eram críticos inigualáveis do PT depois lançaram uma carta querendo impedir o impedimento!? Quer dizer, eles fazem uma defesa feia anti-impeachment e não entendem que a própria Dilma iria fazer aquilo que eles condenam no Temer. Tudo bem… Afff! Qual posição deveria se tomar nesse caso?

― A única posição a se tirar em tempos sombrios é aquela da crítica ― disse com algum desleixo João ― Sem uma crítica absolutamente negativa com relação ao que está posto, observando inclusive os vãos obscuros do curso do mundo, ficaríamos presos a essas tolices de defesa de algo que vai nos apunhalar! Um exemplo disso foi o próprio Garrincha que sempre foi crítico ao PT e ao governismo e, agora, se posta ao lado do governismo. A questão dolorosa e feliz é enxergar que não há outra possibilidade que não seja o fim iminente do capital. As forças de esquerda existentes estão todas imiscuídas no lixo! Mas, é desse abismo que pode surgir algo que efetivamente leve a transformação social!

― Isso é otimismo hein!

― Otimismo, dizer que estamos no abismo e que a esquerda está imiscuída no lixo? Acho que não.

Ouvimos a voz entusiasmada de Alice: “Desculpa a demora povo, trago comigo a melhor companheira da ocupação!”. Vi o belo rosto duro e puro, que inspirava imediatamente confiança de Albertina, ou Tina.

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― Prazer gente! ― disse em seguida Tina ― Você que está cuidando da formação aqui, não? ― indagou se dirigindo a mim.

― Sim sou eu mesma! ― respondi.

― Tenho ótimas recomendações tuas. O pessoal gosta de você, as lideranças é que não estão muito felizes! ― fez dando risadas ao que devolvi irônica.

― Na escola as inspetoras e coordenadoras não gostavam das minhas aulas também!

Esse diálogo transcorreu enquanto recolhíamos bandeiras e faixas. João e Alice se dividiram no oficio de unir toda a ocupação. Ficamos sabendo que o ato seria na av. Paulista e para nossa tristeza o Lula apareceria para discursar.

― É um ato claramente governista! ― bradei para João.

― Não aprendemos ainda, não vamos aprender tão logo ― redarguiu João e Alice emendou.

― Calma gente, também não é o fim do mundo! Vamos lá! O povo da ocupação tudo vai, ué!?

― Somos massas de manobra ― encerrou Tina com raiva ― Só isso!

E, dessa forma, rumamos para Paulista certos de que já estávamos de antemão derrotados. As ruas cinzentas, o sol escaldante e centenas de moradores da ocupação com faixas, apitos e bandeiras.

Fui tomada de surpresa quando, ao chegar na Paulista, vi seus quarteirões tomados por gente. A impressão dominante que tive, e talvez a que correspondesse a nossa tristeza, é esta: a multidão, ali, é como o sinal invertido daquela outra de verde-amarelo. Existem e chegaram sem ser esperados ou queridos ― quando a desigualdade ainda estava impondo a sua mais vasta tirania. E encontrou uma opulenta contradição… os mesmos ritos fúnebres da tentativa de viver com um pouco mais de dignidade; os olhares de esperança ― ah! Esperança! ― parecem tatear uma situação de desiquilíbrio derivando, divagantes, em solilóquios instáveis, um desespero pela mudança e tudo numa ausência total de garantias. Contorcidos nas ruas, cujos sorrisos e alegrias se rompem e se unem numa desesperadora formação massiva de vermelho. Criam formas e tipologias das mais variadas; expandem-se em gritos contra o golpe.

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Depois de uma vida inteira dedicada a vida mesma, se lançam contra o que acreditam ser o pior. Veem em Lula a única salvação possível! Eis, o pior de tudo. Como quer que seja, para a nossa vida política de agora, há integralmente uma tomada de perspectiva e criação de deuses, tanto a direita como a esquerda. O problema do fascismo não é apenas do lado de lá, o lado de cá se imbuiu nesse ardil. A volubilidade do discurso contagia os homens. Na Paulista, em geral, sucede isto: a observadora errante, que lhe percorre no distanciamento viril, sente, ao cabo de milhões de vidas, a impressão de circular num itinerário fechado, sem saída, sem esperança. Onde se lhe deparam as mesmas soluções milenares, centenárias e as mesmas promessas e bajulações estirando-se a perder de vista pelos horizontes decrescentes; a observadora imóvel que pare em alguma daquelas vendinhas sobressalteia-se, inteiramente, diante da mesmice inopinada. Os cenários políticos, invariáveis no tempo e no espaço, mantêm-se fechados como num tempo que está suspenso. Diante das almas errante, a política é estável; e, aos olhos do homem lutador, que planeja submetê-la a instabilidade das transformações, aparece espantosamente a resistência brejeira e comodista, surpreendendo-o, assaltando-o por vezes, e sempre o fazendo ceder ao matrimonio e a família. Lula é a máxima expressão disso, seu carisma é a realização de Macunaíma. O resultado: o destroço de nossa dignidade.

Os olhos vibravam enquanto o líder carismático falava, centenas e milhares se empurrando e rindo ao som de sua voz. Tudo aquilo me nauseou e me fez deixar todos para trás e ir embora, não sem antes escutar:

“Eu sou o único capaz de unir empresários, industriais, trabalhadores e donas de casa”.

Beijos
Te amo.
Heloisa.

As imagens que ilustram esta carta são de Daniel Melim.

Leia aqui a 5ª carta de Helo a Arthur.

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