Em meio à onda de ocupações de instituições de ensino no Paraná, um grupo tomou o prédio de Direito e Psicologia da UFPR. Do lado de fora, a aglomeração de estudantes rapidamente se dividiu em dois blocos – um de esquerda, a favor da ocupação, e outro de direita, contrário.
Alerta, alerta! Antifascista!  cantaram os primeiros.
Democracia! Queremos democracia!  responderam em coro os alunos de direita, criticando os ocupantes por terem atropelado a decisão da assembleia.
Não tem arrego!  puxou a ala esquerda, um pouco perplexa em ver a tão querida democracia na boca dos fascistas. Alguém ainda tentava argumentar que “democracia começa respeitando a presidente eleita pelo voto…”, quando o bloco reacionário foi mais longe e bradou a ofensa mortal:
Esquerdomachos! Esquerdomachos!
Que jargões a direita nos ensina a abandonar? Passa Palavra

2 COMENTÁRIOS

  1. Esse flagrante ensina bastante mesmo, até sobre um pouco mais do que jargões:
    Que a direita está no auge do cinismo, a esquerda cheia de problemas velhíssimo e que a esquerda mais crítica volta e meia abre mão de expor seu pensamento direito pra parecer esperta e clarividente.

  2. Ao Coletivo Passa Palavra,
    Pessoal, peço que seja excluído meu comentário anterior e no lugar que seja colocado este, pois os links que estavam no anterior desapareceram.

    Num outro setor da UFPR, na cidade de Matinhos, as contradições se atropelam. O Setor Litoral também está ocupado por um pequeno grupo de estudantes. Nas primeiras quatro assembleias estudantis houve votação e aprovação da ocupação do prédio da Centran/UFPR em Curitiba, mas isso morreu na casca já que ninguém a construiu. Houve votação da ocupação do antigo prédio do Centro Cultural da UFPR Litoral, que não foi aprovada. Não me recordo de ter havido votação da ocupação do Setor Litoral, mas me recordo de muitas falas, nas quatro primeiras assembleias, que não apontavam para isso. O que houve foi que depois de um ato de rua em Matinhos um reduzido grupo de estudantes decidiu ocupar e ocupou. Na última assembleia estudantil, ontem à noite, como ela estava bastante esvaziada, foi votada a unificação do movimento grevista estudantil com o movimento de ocupação estudantil, e na data de hoje estão praticamente todos discutindo se tal votação foi ou não válida. Inclusive a mesa da coordenação da assembleia de ontem já lançou uma nota apontando a necessidade de que tal votação volte para a pauta da próxima assembleia, se existir um quorum, que é um quorum inventado, já que este movimento começou por fora do Diretório Central dos Estudantes, mas que o grupo mais organizado segue batendo na tecla desse tal quorum, fruto de uma interpretação deles do que está no Estatuto do DCE da UFPR adaptado à realidade do Setor Litoral. O mais surpreendente ainda é que fazem tudo o que fazem dizendo que tudo está sendo feito na horizontalidade, mas quando precisam, por exemplo, de uma fotocópia, recorrem a algum professor camarada para tirar as cópias para o movimento que nem nisso consegue ser autofinanciado. A coisa vai mais longe ainda e nos discursos percebe-se o quanto eles querem que o Estado lhes dê as condições ideais para lutarem contra o próprio Estado. E os que se dizem libertários vão legitimando essas coisas. Como o grupo que se aproveitou do ato de rua para ocupar, já que sabiam que numa assembleia perderiam, é extremamente reduzido, e a cada dia que passa se esforça mais para se isolar dos outros estudantes, das demais categorias e dos outros moradores do município, acho que dá até para definir esse movimento assim: O retorno dos recalcados para, na fase adulta e na universidade, brincar de casinha; criando e resolvendo seus próprios problemas no conforto da bolha universitária. Algo parecido com ocupação-susto e culto às ocupações . O difícil é saber qual delas é mais limitada em termos de luta antissistêmica.

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