O semáforo está fechado. Carros parados se aglomeram. Para alguns, tédio. Para outros, a lógica da sinalização abre uma oportunidade: são vendedores ambulantes, que com uma precisão de relógio suíço distribuem suas mercadorias pendurando-as nos retrovisores, em busca de um consumidor casual. Assim, entre o vermelho e o verde, efetuam suas vendas e recolhem seus produtos antes que os carros sigam seu rumo. Esses inesperados empreendedores parecem ter um cronômetro interno. Olho para o produto deixado à mostra. Ele me seduz como quem pisca: “me compre!”. Parece ser um saquinho de pipocas. Há colado no saquinho um pequeno papel com uma mensagem impressa: “Não ganho 3 refeições por dia igual o Lula, por isso tenho que vender pipoca. R$ 2,00.” Passa Palavra