Por Faridabad Majdoor Samachar

Na semana passada publicamos o texto Índia: terceirizados ocupam fábrica da Honda, escrito pelos Angry Workers of the World, sobre a ocupação de uma fábrica por trabalhadores terceirizados em Manesar. O texto abaixo tem uma perspectiva de conjunto dos acontecimentos, detalhando o cotidiano da ocupação até o seu desfecho e refletindo sobre a experiência da ocupação, suas forças e fraquezas, as divisões entre trabalhadores efetivos e terceirizados, as tensões entre trabalhadores e sindicatos, as tensões entre trabalhadores e empresa. Por fim, o texto também reflete sobre as possibilidades de expansão e fortalecimento do movimento.

Novo eixo, novo terreno, novo ambiente: atividades de trabalhadores terceirizados na fábrica da Honda Motorcycle & Scooters India em Manesar

A edição de novembro do Majdoor Samachar estava quase pronta para ser publicada. Recebemos e acrescentamos a seguinte mensagem de um terceirizado através de uma empresa de terceirizados dentro da fábrica da Honda no dia 5 de Novembro: “No turno A, durante o intervalo do almoço às onze e meia, os trabalhadores não foram aos refeitórios. Eles se reuniram em um lugar da fábrica. Cacofonia eufônica! A produção parou na fábrica. O turno B chegou à fábrica. Os operários do turno A não saíram da fábrica. Fora da fábrica, 250-300 trabalhadores, e dentro da fábrica Honda milhares de trabalhadores reuniram-se num só lugar.” Depois que os trabalhadores permanentes saíram da fábrica, mil e quinhentos trabalhadores terceirizados permaneceram dentro da fábrica. Eles ocuparam a fábrica por quinze dias. Isso trouxe à tona, com incrível clareza, as mudanças que aconteceram durante esses 25-30 anos. Isto se mostrou muito importante para todos os trabalhadores. Não só isso, foi importante para uma arena mais ampla. Por isso, apesar de ocupar mais espaço, estamos publicando os trechos do aadan-pradaan (roda de conversa) realizado entre 5 e 28 de novembro:

7 de Novembro: Trabalhadores temporários da fábrica de bicicletas e motonetas Honda ocuparam a fábrica.

Ontem, a gerência da Honda tentou iniciar a produção usando efetivos, temporários, aprendizes e funcionários. (Os temporários da empresa trabalham há anos na fábrica, e continuarão temporários por mais dois anos antes de serem efetivados). Apenas 50 veículos em um dia. Através de uma notificação, a gerência os convocou a todos para o mesmo turno hoje. Os efetivos decidiram ficar nos seus próprios departamentos e recusaram-se a trabalhar na linha de montagem. As linhas de montagem fecharam.

# Aviso da Direção para suspender a produção nos dias 8 e 9 de Novembro.

# O aviso de suspensão de trabalho está dando um pretexto aos trabalhadores permanentes para não virem à fábrica amanhã e no dia seguinte.

# Amanhã e depois de amanhã a gerência e o governo, juntos, poderiam fazer alguma coisa para expulsar os trabalhadores temporários da fábrica.

# Solução… somente unidos.

Agora, dentro ou fora da fábrica, a tarefa imediata parece ser pensar e preparar-se para derrotar o que é, provavelmente, um ataque iminente por parte da empresa e do governo.

# Isto não é uma luta de vida ou morte. É como as ondas do oceano, avançando e recuando repetidamente, continuamente. É bom ter conversas sobre os caminhos para esgotar os poderosos.

# A companhia e o governo estão assustados. Eles estão desconcertados. A sua fraqueza é simbolizada pelos seus preparativos.

A autoconfiança de todos vocês, trabalhadores temporários, é algo fantástico. É preciso manter a calma. Discussões prolongadas sobre as sugestões de todos são indispensáveis.

# O ambiente mudou. O ambiente precisa ser mudado ainda mais.

Isto não é nem uma luta pela honra, nem uma luta de vida ou morte. Isto não é algo a ser levado a uma mesa de negociação.

A mesa e as negociações tornaram-se irrelevantes. Elas se tornaram obsoletas. Tornaram-se inúteis.

Todos sabem disso.

Avançar e recuar como ondas. Espalhar as ideias, opiniões e práticas. Este é o momento para os trabalhadores de uma fábrica se tornarem trabalhadores de mil fábricas.

A consternação da empresa e do governo vai aumentar ainda mais.

# Parece que a falência está coberta pelo traje de gala.

8 de Novembro: Agora a comida e a água de todos os trabalhadores ocupantes foram cortadas.

# Ninguém está autorizado a entrar nas instalações da empresa.

# Bloquear a entrada hoje é um passo defensivo da atemorizada gestão da Honda.

Incapaz de entender o que está acontecendo, a Honda bloqueou as entradas para provocar os milhares de trabalhadores que ocupavam a fábrica, e também os trabalhadores no piquete do lado de fora da fábrica. Os trabalhadores provocados fazem coisas que permitem que os poderosos entrem pela ação policial.

A lição aprendida com as experiências de 2011 dos trabalhadores da fábrica Maruti Suzuki Manesar é não ser provocado. Os trabalhadores não foram provocados mesmo quando prenderam seus companheiros de trabalho chamados para negociações.

Em outubro de 2011, quando a fábrica foi desocupada pela segunda vez, um trabalhador da Maruti compartilhou o seguinte sobre o tempo passado juntos na fábrica: “Nós, que trabalhávamos juntos há anos, sentimo-nos durante esses sete dias como se estivéssemos nos vendo pela primeira vez. Conversamos muito. Nós cantávamos. Nós dançamos. Eram os melhores dias das nossas vidas”. E a gerência da Maruti teve de recuar, dando concessões e mais concessões.

Para os trabalhadores temporários reunidos na fábrica Honda, a fábrica é agora o seu espaço. Muitas conversas. Muito descanso. Cantam à vontade. Compõem novas canções. E transmitem as suas canções e conversas para nós, do lado de fora.

Aproveitem. É um momento de júbilo. Estes são momentos de alegria. Vamos tornar este tempo e estes momentos mais memoráveis.

A gerência da Honda não sabe o que fazer.

9 de Novembro: Esta noite, por volta das 8:30, os trabalhadores que ocupam a fábrica Honda receberam biscoitos, lanches, pão e suco.

# Amanhã, amigos, venham das 11 às 12 horas para encorajar estes irmãos casuais, e se puderem cozinhar em casa, então tragam comida para que não fique ninguém para trás no movimento dos nossos irmãos… Tragam bidi[1] para fumar…

# Aumentou a discussão e o apoio aos trabalhadores firmes na ocupação da fábrica.

10 de Novembro: Caro Associado, devido à situação prevalecente na fábrica, as operações foram suspensas e a fábrica permanecerá fechada até novas intimações.

# O que significa isto?

Isto significa que a empresa não sabe o que fazer. A gerência suspendeu a produção por dois dias pensando que no 8º, 9º ou 10º dia vocês adoecerão.

# O que significa a seguir?

A nova e significativa diferença frente às ocupações da Maruti Suzuki em 2011-12[2] é que milhares de trabalhadores terceirizados estão juntos conduzindo a agitação. Não há base para um acordo de negociação de demanda representativa para manter o status quo. Este é um novo terreno.

12 de Novembro: Hoje, a edição de novembro do Majdoor Samachar esteve disponível perto da casa de força no Setor 3 do Distrito Industrial Modelo (DIM) de Manesar[3] das 5:30 às 9:30 da manhã. 1800+500+250 cópias entre trabalhadores de muitas fábricas no DIM de Manesar. Depois conhecemos trabalhadores no piquete fora da fábrica da Honda.

Somos gratos aos trabalhadores da Honda que nos encontraram alegremente, disseram o que queriam dizer, ouviram-nos, discutiram. Foi um bom exemplo de aadaan-pradaan (roda de conversa) para nós.

Somos gratos aos trabalhadores da Honda que também tentaram fazer com que a edição de novembro do Majdoor Samachar não fosse lida pelos trabalhadores da Honda. Eles devem ter tido as suas razões para fazê-lo.

Depois de conhecer os trabalhadores da Honda, parece que:

Algumas secções estão perturbadas com o entusiasmo dos trabalhadores entrincheirados na fábrica da Honda.
O problema deles parece ser que a ocupação da fábrica pode continuar por muito tempo se os trabalhadores ocupantes não estiverem em perigo.
A gerência fechou os refeitórios e manteve os trabalhadores, firmemente entrincheirados na fábrica, com fome por 24 horas.
Havia o receio de que a situação pudesse piorar se os trabalhadores que ocupavam a fábrica continuassem com fome. O sindicato dos trabalhadores permanentes da Honda apresentou-se e colocou comida à disposição dos trabalhadores terceirizados que ocupavam a fábrica.
[Propaganda de que 2.500 trabalhadores ocupantes da fábrica tinham começado uma greve de fome até a morte. O sindicato da Honda parou o fornecimento de comida.] Para garantir que não entrasse comida na fábrica de nenhum lado, alguns dos terceirizados presentes no piquete fora da fábrica foram colocados como guardas adicionais.
O método testado e aprovado de criar uma emergência está a ser aplicado na fábrica da Honda. “O mau acordo teve de ser aceito devido a uma situação de emergência” é uma ladainha ouvida ad nauseam.

Rir. Cantar. Dançar. Ao ver trabalhadores alegres, os patrões suam frio.

Quanto mais o acordo é adiado, mais forte se torna a posição dos trabalhadores terceirizados. As discussões entre os trabalhadores de milhares de fábricas no DIM de Manesar estão a dar-lhes força. É preciso expandir ainda mais estas relações.

13 de Novembro: Avançou a tática de manter famintos os trabalhadores ocupantes da fábrica. No interior, três trabalhadores adoeceram. Os líderes, ao baterem na tecla de “milhares de trabalhadores dentro da fábrica em jejum até a morte”, lembraram as decepções do épico Mahabharata.

14 de Novembro: Às 2:30 da noite, um operário adoeceu. Foi enviado para o Hospital Estadual da Previdência dos Trabalhadores.

# Aqueles que estão contra ti, o seu plano é criar uma situação de emergência. Debatam entre si. É a vosso favor ou é a favor da companhia que vocês estejam com fome?

# Em vez de ser sério, este é o momento para rir e cantar. O plano de emergência da companhia vai para o brejo.
A alegria do trabalhador é angustiante para os líderes e gerentes.

# O turno B, a caminho da fábrica, e o turno A dos trabalhadores terceirizados na fábrica Maruti Suzuki de Gurgaon, que voltava do trabalho, mostraram grande interesse, curiosidade, esperança e entusiasmo na agitação tocada pelos terceirizados na fábrica Honda desde de 5 de Novembro.

15 de Novembro: A conspiração para criar uma emergência e resolver rapidamente a situação ao manter os trabalhadores famintos entrou em colapso no momento em que foi revelada. Leite, pão e bananas estão a ser dadas aos trabalhadores ocupantes dentro da fábrica.

17 de Novembro: Estou do lado de fora da fábrica da Honda. Falei com alguns trabalhadores sobre dar comida lá dentro. Eles disseram que estão dando aos trabalhadores ocupantes apenas a comida suficiente para que sobrevivam… eles estão apenas a tentar esgotar os trabalhadores lá dentro.

1) Os terceirizados da fábrica Honda em Manesar que ocupam a fábrica desde 4-5 de Novembro não estão a seguir as ordens de ninguém.

Eles não estão sentados lá dentro porque algum líder lhes disse fazê-lo.

Eles não estão sentados lá dentro porque algum tribunal os ordenou.

Eles não estão sentados lá dentro sob as instruções de algum sindicalista.

Na verdade, os trabalhadores terceirizados não podem ter nenhum delegado sindical.

Não havendo absolutamente nenhum espaço para negociações, nessas circunstâncias esses trabalhadores tomam decisões coletivas baseadas em seu pensamento e compreensão.

Parece ser um terreno novo. Isto é absolutamente diferente da briga em curso no mundo para manter o status quo intacto. Terceirizados mantendo-se firmes na ocupação da fábrica da Honda parecem fazer parte das tentativas de trazer uma mudança real para a sociedade.

2) Aqueles que querem expulsar os terceirizados, que ocupam a fábrica da Honda desde 4-5 de novembro, estão assustados.

O que quer que pensem em fazer, enxergam de imediato outros danos, e também se apercebem de um grande perigo.

Milhares de fábricas estão ao lado umas das outras. Milhões de trabalhadores estão perto uns dos outros. Na capital e arredores, dez milhões de trabalhadores fabris, juntos.

O governo está de mãos atadas. Se eles usarem a polícia, há a possibilidade de a situação ficar fora de controle. Milhões de trabalhadores próximos uns dos outros podem tornar a situação explosiva em minutos. O que pode o exército fazer?

A gerência da Honda não sabe o que fazer? O que podem fazer os seguranças?

Os trabalhadores terceirizados entendem e reconhecem muito bem o sindicato dos trabalhadores efetivos da fábrica Honda e seus líderes. Mas o que mais os líderes de vários matizes podem fazer em busca de “apoio”?

O que os tribunais podem fazer? A violação das leis é comum no “Estado de Direito” e a adesão às leis é a exceção. Portanto, os tribunais continuam adiando, dando data após data. E, é comum não implementar as decisões dos tribunais.

3) A cada dia que passa, a posição dos terceirizados é cada vez mais forte. A posição da Honda Company está a ficar cada vez mais fraca a cada dia que passa.

18 de Novembro: Precisamos falar sobre o assunto.

O governo, o departamento do trabalho e todos os sindicatos da região de Gurgaon (incluindo o sindicato da Honda) têm, por enquanto, resgatado a Honda, presa num beco sem saída. Não há mais necessidade de dizer nada sobre as garantias dos líderes e funcionários.

Na fábrica da Honda em Manesar, os terceirizados desocuparam a fábrica. Eles tiraram o controle da gerência sobre a fábrica por 13-14 dias. Os trabalhadores criaram um espaço para si próprios. Esta experiência exige muitas discussões. Agora, a questão é aumentar o espaço dos próprios trabalhadores. A questão é criar um espaço próprio para os trabalhadores, para além das paredes de uma fábrica. Este é o momento de criar e espalhar o espaço em muitas fábricas, em toda a área industrial. Os terceirizados da Honda mostraram um pouco disso.

23 de Novembro: Lemos o aviso especial da gerência da Honda Manesar. Algumas coisas neste contexto:

Em Faridabad, de 1990 a 2000, muitos desses avisos foram vistos. O processo foi um pouco como este:

Após o aviso, os representantes esquentam. Condições inaceitáveis. Não assinam. Nenhuma entrada na fábrica. Piquetes no lado de fora. Por um lado, o locaute patronal ilegal e, por outro, a greve também é ilegal. Naquela altura, estava em curso uma grande transformação no processo de produção. A procura no mercado tinha diminuído muito. O piquete continua indefinidamente fora da fábrica. Murcha. Há uma reestruturação por parte da empresa. Ou declaração de falência, venda de ativos. Os trabalhadores obtiveram quantias extremamente pequenas de seus direitos trabalhistas nos tribunais.

Parece que este processo está de novo em jogo. Mas agora os trabalhadores estão alerta. Portanto, este processo não será eficaz.

Os novos métodos adotados pelos trabalhadores: ocupação coletiva, contagiosa e rápida dos locais de trabalho, e o encerramento das negociações.

Bons tempos estão à frente.

24 de Novembro: Saudações. Atingir o sucesso está ficando difícil. Seis pessoas do sindicato também foram suspensas pela gerência. O resultado não está à vista. Incapaz de entender o que está por vir. Ofertas de subcontratantes. Alguns quebraram as fileiras, o que é terrível.

# Quando vocês estavam dentro da fábrica, a gerência da Honda era muito fraca.
Depois de vocês saírem da fábrica, a balança inclinou-se a favor da gerência da Honda.

Em tais oportunidades no futuro, é preciso pensar em meios e métodos para ficar por períodos mais longos na fábrica. Agora, é preciso chegar aos trabalhadores de outras fábricas do CIM de Manesar. Suas experiências de 15 dias dentro da fábrica precisam ser espalhadas por toda a área industrial.

A gestão está assustada com duas coisas. Uma é quando os trabalhadores ocupam a fábrica, e a outra é quando os trabalhadores espalham as suas experiências e ideias. Espalhe o que você fez nos últimos 15 dias. Esta é a sua força.

25 de Novembro: Sentados dentro e fora da fábrica durante 15 dias, trabalhadores terceirizados da fábrica da Honda em Manesar tornaram-se um eixo. O apoio e a oposição giram em torno deles.

Parece que um novo terreno se constituiu/foi constituído. Trabalhadores temporários, trabalhadores eventuais, trabalhadores terceirizados, eles constituem o eixo, parecem ser um novo fenômeno. Quando se diz que “os trabalhadores levaram as coisas muito à frente”, pode-se dizer que é uma expressão desta novidade.

Os trabalhadores que saíram da fábrica da Honda em Manesar depois de 15 dias de ocupação estão se livrando do seu cansaço. Eles estão a adquirir energia. Tornando-se fortes e robustos, eles vão levar o fenômeno muito adiante. Em todas as áreas industriais, os trabalhadores temporários irão acelerar ainda mais a transformação.

O novo terreno veio com novas questões. Ninguém sabe agora quais são os caminhos.

Perto da fábrica, os mil e quinhentos trabalhadores responderam a muitas perguntas com incrível e espantosa clareza. As velhas perguntas estão, agora, ultrapassadas.

O novo terreno precisa de um novo pensamento. As novas perguntas e a ampla troca por meio do aadaan-pradaan (roda de conversa) parecem ser uma necessidade primária.

— [Depois de assinar as condições de acordo com as indicações da direção da Honda, os trabalhadores permanentes entraram na fábrica de 25 a 28 de Novembro].

28 de Novembro: Das 6:00 da manhã às 9:30 da manhã, estávamos perto da casa de força no Setor 3 do DIM de Manesar em conversa com trabalhadores de diferentes fábricas. Depois, com um pouco de apreensão, decidimos encontrar os trabalhadores da Honda no nosso regresso. Agora, sentados fora da fábrica, os terceirizados tiveram de ser entrevistados.

No momento em que os conhecemos, ficamos entusiasmados. Os trabalhadores que estiveram dentro da fábrica de 4 a 18 de Novembro conheceram-nos com entusiasmo.

Um operário: Ao sair da fábrica estava no fundo no poço.

Vários operários: No momento em que saímos da fábrica, ficamos fracos. A balança virou-se a favor da empresa. A gerência retirou-nos do portão da fábrica. Fomos obrigados a nos sentar neste terreno vazio e distante, coberto por árvores.

Os trabalhadores pegaram cópias da edição de novembro do Majdoor Samachar e começaram a distribuí-las eles próprios. Isto refrescou as memórias de 12 de novembro, quando algumas pessoas no portão da fábrica tinham tentado parar a circulação do Majdoor Samachar entre os trabalhadores dentro e fora da fábrica.

A manifestação de 27 de novembro organizada pelo Conselho Sindical de Gurgaon na sede da administração distrital e as garantias aí dadas foram postas de lado pelos trabalhadores, pela simples menção da “garantia de duzentos por cento” do presidente do sindicato da Honda em nome deste Conselho, no dia 18 de Novembro, dois dias após a saída dos trabalhadores da fábrica.

Quanto ao prolongamento da permanência e enfraquecimento dos trabalhadores: ao contrário dos trabalhadores de outros lugares, nós, os trabalhadores da Honda, não nos tornaremos fracos. Os trabalhadores da Honda que não vieram da Lua.

Discussões em alguns grupos sobre o aumento da força dos trabalhadores:

Conversas sobre caminhos para transformar os trabalhadores de uma fábrica em trabalhadores de milhares de fábricas.

Menção de ocupar seis a sete locais em vez do que se encontra atualmente no DIM de Manesar.

Em relação à ocupação em um local muito importante, alguns detalhes da experiência dos trabalhadores da fábrica Honda Tapukara em Jantar Mantar, em Déli, foram compartilhadas.

Foram discutidas experiências em Faridabad, e na Área Industrial de Okhla (Déli), de trabalhadores de uma fábrica levando suas experiências entre trabalhadores de milhares de fábricas, escrevendo em papelão.

Discussão sobre 30-40 trabalhadores da Honda de pé durante o turno da manhã com seus cartazes escritos ao longo de estradas em 6-7 lugares no DIM de Manesar, onde um grande número de trabalhadores vai labutar nas fábricas.

Parece que os mil e quinhentos terceirizados que ocuparam a fábrica da Honda durante 15 dias têm a capacidade de levar as coisas muito longe.

Notas

[1] “Bidi” é um tipo de cigarro em que o tabaco é enrolado em folhas secas de tendu ou temburini, muito popular na Índia, utilizado até mais do que o cigarro tradicional; seria o equivalente ao cigarro de palha rústico, ou ao cigarro de fumo de corda/rolo conhecido como pacaia em algumas regiões do Brasil.

[2] Os trabalhadores da Maruti Suzuki em Manesar viveram desde 2011 uma intensificação de suas lutas laborais, incluindo uma ocupação de fábrica em junho e duas em outubro. Nas palavras de um gerente anônimo: “vias de fato e casos de trabalhadores cuspindo na cara dos gerentes eram comuns”. O episório mais conhecido é o da chamada “violência na Maruti Suzuki”. Em julho de 2012 a fábrica da Maruti Suzuki em Manesar viveu dias de protesto contra as péssimas condições de trabalho: um supervisor assediou um funcionário de casta baixa, Jiya Lal, até provocar sua demissão por haver supostamente espancado um supervisor; isto, e as más condições de trabalho (terceirizados recebem menos da metade que os efetivos), resultaram numa série crescente de atritos entre os trabalhadores da Maruti Suzuki e seguranças contratados pela empresa, até que, no dia 18 deste mês, os trabalhadores atacaram fisicamente os gerentes, matando um deles e ferindo outros cem, e incendiaram duas plantas da empresa. A Maruti Suzuki mandou fechar a fábrica (a legislação sindical indiana – Industrial Disputes Act 1947 – permite o lockout), e acionou o governo estadual de Manesar, que deu início a uma onda de prisões: noventa e um trabalhadores foram presos no mesmo dia, acusados de “planejar” a ação, outros cento e quarenta e oito foram presos no dia seguinte, e a gerência da Maruti Suzuki prestou queixa contra seiscentos trabalhadores por assassinato, tentativa de assassinato, dano a patrimônio, tumulto e lesões corporais. A Maruti Suzuki, que anteriormente se comprometera a pagar pelos dias do lockout, demitiu quinhentos e quarenta trabalhadores e ordenou aos restantes retomar as atividades sem pagar o que devia. A Suzuki, de quem a Maruti é subsidiária, exigiu providências duras por parte do governo de Manesar e reabriu a fábrica, sob proteção de mil e quinhentos policiais, com apenas 10% de sua capacidade produtiva, que foi aumentando gradativamente até retornar à normalidade. Quase um ano depois, em julho de 2013, os trabalhadores da Maruti Suzuki fizeram greve de fome contra as prisões de seus colegas. Dos cento e quarenta e oito trabalhadores presos, cento e dezessete foram absolvidos em março de 2017; dos trinta e um condenados por vários crimes e contravenções, dezoito foram condenados a penas mais brandas, e treze receberam prisão perpétua pelo assassinato do gerente – doze dos quais eram dirigentes do Sindicato dos Trabalhadores da Maruti Suzuki.

[3] Industrial Model Township – Manesar (“Distrito Indistrial Modelo – Manesar) é o nome de um distrito industrial na pequena cidade indiana de Manesar (18.511 habitantes, segundo o censo de 2011). Está integrado ao Projeto de Corredor Industrial Déli-Mumbai (por meio do Corredor de Carga Dedicado do Oeste) e também sob a área de influência do Corredor Industrial Amritsar-Déli-Calcutá (por meio do Corredor de Carga Dedicado do Leste). Além de encontrar-se nestes entroncamentos ferroviários, Manesar está a 44km do centro da capital indiana, Nova Déli; a 32km do Aeroporto Internacional Indira Gandhi, em Nova Déli; e a 17km de Gurugram/Gurgaon, a quem serve como cidade satélite. Todos estes fatores fazem do Distrito Industrial Modelo de Manesar uma peça importante no planejamento econômico indiano. Estão presentes no DIM de Manesar, além da metalúrgica Maruti Suziki e da automobilística Honda Motorcycles and Scooters India (HMSI), plantas de empresas como Alcatel-Lucent (equipamentos de telecomunicação), Alere (equipamentos de diagnóstico médico), BorgWarner (peças automotivas), Baxter International (equipamentos médicos), Denso (peças automotivas), Hero (peças automotivas e motores elétricos), Johnson Matthey (química e metais preciosos), Keysight (eletrônicos), Mankind Pharma (farmacêutica) e Samsung (eletrônicos).

Traduzido pelo Passa Palavra a partir do original disponível no site do Faridabad Majdoor Samachar. Ilustram este artigo obras do artista indiano Maqbool Fida Husain.

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