Uma charge apresenta dois moradores de rua sentados sobre papelões, onde aparentemente costumam dormir. Um diz para o outro: “Já baixou o aplicativo?”. A charge é compartilhada por uma “Frente contra o Ensino Remoto” para alertar para o problema da falta de inclusão digital e suposta necessidade de interromper o período letivo. Se levassem a “reflexão” até as últimas consequências, porém, se veriam contra o pagamento do Auxílio Emergencial por meios digitais, porque a população extremamente pobre não teria acesso, sendo assim obrigada a aglomerar nas lotéricas. Passa Palavra
Entendo que o autor compara laranjas com maçãs. O processo para liberação e uso/transferência do auxílio emergencial é muito diferente do processo das aulas onlines, diferente em método, objetivo e qualidade.
Pode se debater se o uso de tal charge foi infeliz por algum tipo de associação com o auxílio emergencial, mas as aulas onlines da rede pública são qualquer coisa menos inclusivas. É possível aí se citar uma longa lista de problemas que vão de questões técnicas, sociais e da péssima qualidade do conteúdo ofertado pelo aplicativo.
Por último, o autor considera que a necessidade de suspensão do ano letivo é suposta, bom, por suposta entendo que o autor considera que tal necessidade pode não existir. Talvez não seja mesmo necessário, mas é necessário o ano letivo seguir como está?
Fato é: para as secretarias de educação e corpo docente o ano letivo continua mas para a maior parte dos alunos, e em muitos casos estamos falando de ampla maioria, o ano letivo já esta suspenso. E sem qualquer tipo de suporte ou data de retorno.
Muitos ficaram excluídos do auxílio emergencial por falta de acesso à internet. Alguns foram acessorados por redes de apoio. Isso foi suficiente pra colocar em cheque o programa. Mas no caso da educação universitária, veio por uma demanda por produtividade do governo do Estado. Então se criticar o poder público da omissão de políticas públicas mais efetivas diante de cobranças por produtividade, significa que não se pode parar a produção e lutar por melhores condições do que ficar submetido ao ensino remoto? Talvez se for levar essa conclusão até as últimas consequências, o site vai ser a favor de manter o trabalho presencial por falta de tecnologias, enquanto é um claro problema político: a falta de políticas públicas pra realizar a quarentena.