movimento em luta

Por Coordenação da Organização Popular – OPA

Há três dias famílias camponesas Sem Terra do município de Jaguaruana, interior do Ceará, encontram-se cara a cara, acuadas por jagunços armados e encapuzados. Há três dias, a situação é amplamente divulgada, autoridades acionadas e, se não é a solidariedade que brota dos quatro cantos do país por setores populares, o que seria de nós? Porque até aqui nada nos chegou das principais instituições do dito “Estado democrático e de direito”.

Já noticiamos, e todas as pessoas da região sabem bem, que a fazenda ocupada pelos trabalhadores rurais, propriedade da família do deputado estadual Francisco Osmar Diógenes Baquit (PDT), encontra-se há anos abandonada, sem cumprir sua função social. Até a Constituição Federal (Art. 184) diz que, em tal caso, a terra deve ser desapropriada para fins de Reforma Agrária. A lei é infringida impunemente, e à luz do dia, uma, duas, três… as vezes que forem necessárias, se é para favorecer grandes empresários. Será que aos ricos tudo é permitido?

Em meio ao conflito, as famílias chegaram a apresentar para o chefe do grupo de jagunços um documento comprovando que existe uma negociação iniciada entre o Instituto de Terras do Ceará (IDACE) e a família Baquit, inclusive com um laudo técnico já produzido. O processo está paralisado por divergência nos valores.

O povo não quer guerra. Quer terra para plantar alimentos saudáveis. Quer sossego, dignidade. Um dos grandes problemas que as milhões de famílias camponesas e o povo em geral enfrentam no Brasil, além da terra concentrada nas mãos de poucos e as consequências rurais e urbanas deste histórico e grave problema social, é que o Estado e seus governos isentam de taxas e liberam, aos bocados, agrotóxicos que destroem o meio ambiente e envenenam a população; entregam aos capitalistas do agronegócio quase 90% de todo dinheiro público utilizado na agricultura, arrecadado dos impostos sobre o suor da classe trabalhadora. Sendo assim, martela em nossas mentes a indagação: Qual é mesmo a real distância existente entre a pólvora dos jagunços e o químico lançado pelas grandes empresas pulverizadoras?

Se há um impasse na negociação sobre o preço a se pagar pela terra, bem da natureza que deveria servir a todas as pessoas gratuitamente, repetimos a pergunta que fizemos outro dia: Quanto vale uma vida?

Quanto vale uma vida, governador?

Quanto vale uma vida, deputados e deputadas estaduais que se dizem do lado do povo?

Quanto vale uma vida, superintendente estadual do INCRA? Há mais de mês estamos insistindo por uma audiência com o senhor.

Pronunciem-se! Depois de tanto ser anunciado, de nada adiantará lamentar o sangue derramado no altar da hipocrisia. Se há um preço que a História sempre fez questão de cobrar, é sobre aqueles e aquelas que, no exercício do poder que lhes foi confiado, optaram pelo silêncio cúmplice com os inimigos do povo.

RETOMADA GREGÓRIO BEZERRA RESISTE!

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here