Passeata dos bancários em Campinas durante a greve nacional de 1985.

Glossário das siglas e organizações políticas

MNOB – Movimento Nacional de Oposição Bancária, fundado em 2003 nos Encontros de Caeté-MG e Luziânia-GO e anabolizado pela greve de 2004. Desde o início tinha na sua composição uma maioria de militantes/simpatizantes do PSTU, mas já contou com a presença de diversas organizações, que se somaram e se afastaram em diferentes momentos da sua trajetória, como a Associação de Osasco, Oposição Operária, LER (depois MRT), LBI (Liga Bolchevique Internacionalista, racha do PCO), CST-PSOL, Espaço Socialista, MRS (Movimento Revolucionário Socialista, originalmente MR), GAS (Grupo de Ação Socialista, coletivo específico do RN, que depois deixou de existir), MAIS (depois de sair do MNOB se funde com a NOS, forma o Resistência e ingressa no PSOL); e sobretudo ativistas independentes de diversas bases pelo país. Ao longo dos anos todas essas organizações abandonam o MNOB, que se reduz hoje a uma colateral do PSTU

FNOB – Frente Nacional de Oposição Bancária – Fundada em 2011, ao longo de três Encontros Nacionais, em Natal, Recife e São Luís (onde recebeu este nome), composta pela maioria da diretoria do sindicato do RN, a minoria do MA e parte “flutuante” da diretoria de Bauru e região (sendo esta a última a aderir), e também por oposições sindicais em Recife (coletivo UCS – Unidade Coletivo Sindical), Brasília, Porto Alegre (coletivo Bancários de Base, homônimo ao de São Paulo, mas sem relação orgânica), Brasília e São Paulo (coletivo Bancários de Base “original”). Entre as organizações políticas participam o MRS (Movimento Revolucionário Socialista, originalmente MR), o Espaço Socialista e o PCB (presente na UCS de Recife)

MRS – (Movimento Revolucionário Socialista, originalmente MR), racha do PSTU surgido originalmente no Rio Grande do Sul em 2007, depois ganhando ou girando militantes para o Rio Grande do Norte, Brasília, São Paulo, Minas Gerais e Pará (depois da fusão com organizações locais que lhe acrescentam o “S” do nome). Reivindica-se trotskista morenista.

Espaço Socialista – Organização surgida no ABC paulista a partir de um racha do PSTU em 2000, tendo tido militantes e contatos em outros estados como Alagoas, Minas Gerais, Santa Catarina e Rio de Janeiro. Não reivindicava nenhuma corrente específica do marxismo e praticava um regime interno pseudo-centralista e pseudo autonomista, que permitia que o conjunto da organização atuasse em frentes sindicais (oposições, chapas, diretorias) vinculadas à Conlutas, mas em bancários seus militantes ingressaram no Bancários de Base em 2009 e abandonaram o MNOB em 2010, impulsionando a construção da FNOB nacionalmente e do Avante, Bancários!, em São Paulo.

Associação de Osasco – grupo de militantes e ativistas bancários da região de Osasco SP, sem filiação partidária, que tentaram desmembrar o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região para criar um novo sindicato na base de Osasco. Nessa cidade fica a sede nacional do Bradesco, no bairro da Cidade de Deus, com um conjunto de edifícios em que trabalham mais de 10 mil bancários. A tentativa de desmembrar o sindicato fracassou e aos poucos o grupo se esvaziou. O coletivo participou dos estágios iniciais do MNOB, mas se retirou logo em 2005. Posteriormente, seus militantes mais importantes deram início ao coletivo Bancários de Base.

Bancários de Base (BdB) – grupo de militantes surgido a partir de remanescentes da Associação de Osasco, por volta de 2008, e que agregava militantes descontentes com as práticas hegemonistas do PSTU/MNOB na oposição. Chegou a ter em algumas reuniões militantes do Espaço Socialista, PSOL, Nova Democracia, Utopia Socialista, Movimento Negação da Negação, PCB, Rizoma, Oposição Operária, mas aos poucos somente os remanescentes de Osasco e do Espaço Socialista permaneceram (alguns anos depois ingressa o MRS). O BdB impulsionou a construção da FNOB a partir de 2011 e do Avante, Bancários! a partir de 2013. Por fim, quando o Avante, Bancários! se dissolve sem um encerramento formal e parte dos seus militantes iniciam a construção do Retomada Bancária, em 2016, o MRS e os remanescentes de Osasco optam por atuar como independentes numa “Oposição Unificada”. (Em Porto Alegre existiu um coletivo de oposição chamado Bancários de Base, mas sem vínculo orgânico com o de São Paulo, embora participassem simultaneamente da FNOB).

Avante, Bancários! – frente formada por diferentes coletivos de oposição que atuavam em bancários em São Paulo e não queriam se centralizar pelo MNOB/PSTU. A frente se formou a partir de uma plenária convocada amplamente pelo Bancários de Base, na sequência das Jornadas de Junho de 2013, para organizar a campanha salarial daquele ano. Participaram o próprio Bancários de Base, coletivo Avesso (militantes e simpatizantes do PSOL na categoria, que teve existência efêmera), Intersindical-A.S.S. e Uma Classe (militantes e simpatizantes do MRT na categoria). Depois de participar de algumas eleições sindicais e associativas em 2014 e realizar um seminário programático, o Avante, Bancários! desaparece sem ser encerrado formalmente e os diversos coletivos, militantes e ativistas se dispersam e voltam a se encontrar eventualmente numa “Oposição Unificada”, com exceção do Retomada.

“Oposição Unificada” – nome dado para a chapa que disputou as eleições para a diretoria do sindicato em São Paulo em 2017, composta pelo PSTU, MAIS e remanescentes do Avante, Bancários!, com exceção do Retomada. Expressa uma simples unidade eleitoral, não um movimento ou um coletivo orgânico (não possui reuniões regulares, finanças regulares, publicações regulares, etc.), fazendo aparições esporádicas em algumas atividades da categoria.

Retomada Bancária – grupo surgido em 2016 quando parte do Bancários de Base e militantes da Intersindical-A.S.S. insistem na construção de uma oposição que tenha vida orgânica real na categoria, ou seja, presença constante nos locais de trabalho e lutas cotidianas, reunindo trabalhadores de carne e osso para discutir seus problemas e buscar soluções. Este papel de espaço de organização não estava sendo cumprido pelo Avante, Bancários!, nem muito menos pelo MNOB, que só existiam conforme permitiam as conveniências partidárias e eleitorais dos coletivos participantes. O Retomada se constrói com a prática de reuniões nos locais de trabalho nas campanhas de 2016 e 2018 e atividades abertas no intervalo entre elas, criando uma rede de contatos, intervindo em enfrentamentos locais e desenvolvendo uma potente política de comunicação em uma página de Facebook bastante ativa. Entretanto, em 2018, a Intersindical-A.S.S. se apropria do coletivo, expulsando militantes com outras concepções em nome de uma espécie de “autismo político”, que não dialoga com os trabalhadores que se reúnem no coletivo sobre as outras tendências políticas que existem na categoria e na sociedade em geral.

SEEB – Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários, sigla comum dos sindicatos de bancários do país: SEEB-SP, SEEB-RJ, SEEB-RN, etc. Cabe lembrar que pela legislação sindical vigente no país existe o princípio da unicidade sindical por base municipal, ou seja, não pode haver mais de um sindicato da mesma categoria num mesmo município. Ao mesmo tempo, um sindicato pode ser municipal, intermunicipal (como o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região), estadual e até interestadual (por exemplo: Sindicato dos Bancários do Pará e Amapá).

Contraf – Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro, criada em 2006 para substituir a CNB – Confederação Nacional dos Bancários, da CUT. Na verdade, tratou-se de uma simples mudança do nome da entidade ligada à CUT que reúne mais de 100 sindicatos de bancários do país. Alguns desses sindicatos estão filiados diretamente e outros por meio das Fetec (Federação Estadual dos Trabalhadores em Empresas de Crédito) estaduais ou regionais. Na prática, é um braço do SEEB-SP para impor sua linha às burocracias menores do restante do país.

RN – Rio Grande do Norte. Neste estado existem dois sindicatos de bancários: o SEEB-RN, que inclui a capital Natal e as principais cidades, e o sindicato da cidade de Mossoró, que abrange mais ou menos um terço do Estado. Desde 2004 a oposição participa da direção do sindicato, a princípio em conjunto com o PCdoB, e desde 2007 em chapa única da Conlutas. Em 2009 a maioria dos dirigentes se retirou do PSTU, restando apenas um militante do partido na diretoria. Desde 2011, a diretoria do RN é a principal força na constituição da FNOB.

MA – Maranhão – sindicato também dirigido pela oposição há muitos anos, com uma chapa única de esquerda incluindo PSTU, correntes do PSOL, e independentes que depois se integram à FNOB.

O Autor – trabalhador do Banco do Brasil desde 1998, participou como ativista independente da greve de 2004, nos piquetes e arrastões espontâneos que se multiplicaram em São Paulo. Em 2005 passou a participar do MNOB e por alguns meses esteve no PSTU. Em 2006 ingressa no Espaço Socialista, onde permanece até 2015. Em 2009 os bancários do Espaço Socialista ingressam no Bancários de Base, em 2010 saem do MNOB, em 2011 começam a construção da FNOB, em 2013 participam do Avante, Bancários! Em 2015 os militantes saem do Espaço Socialista e passam a atuar de maneira independente (e este autor inicia a sua ruptura com a concepção marxista-leninista e/ou trotskista). Em 2016 o autor participa da construção do Retomada Bancária, até ser expulso em 2018. Atualmente não participa de nenhuma organização política formal.

3 COMENTÁRIOS

  1. “Atualmente não participa de nenhuma organização política formal”… A burocracia sindical é inerente ao sindicalismo, já nos dizia Anton Panekoek. Um não existe sem o outro. Nos anos 80/90 havia Gilmar Carneiro, Ricardo Berzoini, Luiz Gushiken… Verdadeiros gestores do capital… A história sempre se repete, e não é por maldição… é por “estruturação”…

  2. No microcosmo dos microgrupos de ultra esquerda, três perguntas:
    – “Rizoma” que participou do BdB era um grupo anarquista? Se sim, creio que Rizoma era apenas sua frente estudantil, e a organização política que a dirigia chamou-se “Aliança Anarquista”, mas existiu também apenas por um breve período.
    – “Uma Classe” era a colateral da LERQI/MRT que hoje de chama “Nossa Classe”?
    – “Oposição Operária” é uma organização que recusava a participação em sindicatos oficiais e trabalhava na contrução de “embriões de poder proletário” nos locais de trabalho, não é? Algum leitor do site saberia que fim levou ou teria mais referências sobre eles?

  3. havia um grupelho (infraquark íonXucro SIC) que se designava como autônomo-esquizoanalista e usava o termo rizoma para devir menor no cipoal das marcas de fantasia

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