Por João Bernardo

1. A invasão da Ucrânia ocorreu há mais de dois anos e meio e a guerra ameaça ultrapassar os três anos, embora Trump seja aqui a grande incógnita, bem como o é a ascensão da extrema-direita e dos fascistas na Alemanha. De qualquer modo, o que de início Putin apresentava como uma simples operação militar, que se destinaria a substituir um governo apelidado de «nazi» e contaria com o aplauso geral da população, deparou, em vez disso, com a resistência dos ucranianos e transformou-se numa guerra clássica de longa duração, transformada numa guerra de atrito. Esta foi a mais espectacular derrota política de Putin — mas será também uma derrota militar?

2. No caso da invasão russa da Ucrânia, a célebre norma formulada por Clausewitz, de que o exército atacante está numa posição mais difícil do que o exército encarregado da defesa, porque as suas linhas logísticas são mais extensas e deparam com mais obstáculos, é minorada pelo facto de os atacantes serem fronteiriços dos territórios invadidos. E há ainda outros factores.

A Federação Russa dispõe de muito maior profundidade territorial, tem mais do quádruplo da população da Ucrânia e a sua economia é mais volumosa. É certo que a Ucrânia recebe armas dos seus aliados, mas a Rússia recebe-as também dos aliados dela, nomeadamente do Irão e da Coreia do Norte, além de as produzir em muito maior quantidade. A superioridade de fogo da artilharia russa relativamente à ucraniana varia, consoante as zonas da frente de combate, entre 3:1 e 10:1. Ora, saberá alguém em que proporções exactas uma guerra depende dos factores materiais ou dos factores humanos e em que medida eles estão interligados? Em 16 de Setembro de 2024, Putin decretou um recrutamento suplementar de 180.000 soldados, elevando o total das forças armadas russas a um milhão e meio de pessoas, o que as converte no segundo maior contingente mundial de forças de combate, logo depois da China e à frente da Índia e dos Estados Unidos.

3. Além disso, o desequilíbrio militar entre a Rússia invasora e a Ucrânia invadida não foi invertido pelas sanções económicas ocidentais, que tiveram um resultado contrário ao pretendido.

O governo russo adoptou uma política de expansão do crédito e de investimentos nas infra-estruturas, o Produto Interno Bruto continua a crescer rapidamente em termos reais, ou até acelerou nos últimos meses, e a taxa de desemprego aproxima-se do seu nível mais baixo. E como, para combater a inflação, o banco central tem aumentado bastante as taxas de juro, o rublo reforçou-se mediante a atracção do investimento estrangeiro, nomeadamente oriundo da China e da Índia, o que mais ainda contribui para acelerar a economia. «Numa economia normal, taxas de juro mais elevadas prejudicariam as famílias e empresas endividadas, devido ao aumento do custo de reembolso da dívida», observou The Economist num artigo de 11 de Agosto de 2024. «O governo, porém, protegeu quase completamente a economia real dos efeitos de uma política monetária mais restritiva». Aliás, os indicadores relativos ao consumo e às empresas revelam a confiança da população russa na situação económica.

Assim, não só as sanções ocidentais não prejudicaram substancialmente o funcionamento da economia da Federação Russa como beneficiaram países não alinhados, ou não inteiramente alinhados, com os Estados Unidos e que servem de intermediários para o comércio externo russo. Com efeito, desde início as sanções não foram aplicadas por um conjunto de países representando mais de 80% da população mundial e 40% do Produto Interno Bruto mundial, o que dá à Federação Russa amplas possibilidades de as contornar. Neste contexto, consolidou-se a hegemonia económica e política da China sobre a Rússia e reforçou-se a posição mundial da China, exactamente o contrário do que pretende a estratégia dos Estados Unidos.

Ao mesmo tempo, propiciou-se o desenvolvimento de toda uma rede dissimulada de países ou agentes privados que lucram ajudando a Rússia a obviar às sanções, fornecendo chorudas oportunidades às várias formas de economia paralela.

E do outro lado? A transformação da invasão russa numa guerra de longa duração tem efeitos económicos muito negativos para a Ucrânia, que podem ser ilustrados por uma única série de dados. Antes da invasão, a produção de aço assegurava um terço das exportações ucranianas. Para avaliarmos o que isso significava no âmbito mundial, basta recordar que em 2021 a Ucrânia produziu 21,4 milhões de toneladas de aço bruto, situando-se em 14º lugar entre os maiores produtores mundiais de aço, uma posição que caiu para 24º lugar em 2023, quando a produção se limitou a 6,2 milhões de toneladas. E agora prevê-se que em 2024 os resultados sejam ainda inferiores, entre 2 e 3 milhões de toneladas.

4. A situação económica é inseparável da situação política. Durante estes quase três anos de guerra a democraticidade na Ucrânia tem-se reduzido e a centralização tem aumentado, assim como se agravou o controle exercido sobre a população e sobre os canais de informação. É a própria guerra que pressiona a esta evolução. E como todos os conflitos militares são não só um grande negócio, mas ainda uma oportunidade de outros negócios, a corrupção herdada da época soviética encontrou novas ocasiões para prosperar.

As vítimas da guerra não são só os mortos e feridos e as ruínas das cidades e instalações arrasadas, porque entre as destruições conta-se a deterioração da vida social e política. Quanto mais a guerra durar, tanto mais a vida cívica da Ucrânia tenderá a decair.

5. Perante a situação complexa desencadeada pela invasão da Ucrânia, uma parte considerável da extrema-esquerda defende Putin e aceita sem hesitar o seu argumento de que ele se teria limitado a responder a uma agressão iniciada pela Nato (Otan).

a) Ora, se este argumento já nasceu frágil, porque desde o início da invasão russa tanto os Estados Unidos como os outros países da esfera norte-americana têm imposto sucessivas restrições à capacidade defensiva da Ucrânia, mais frágil é agora, depois da visita de Zelensky aos Estados Unidos em Setembro de 2024, que deixou visíveis os limites do apoio ocidental. Conviria que a extrema-esquerda não confundisse proclamações com factos, mas seria pedir-lhe demais.

b) Mais paradoxalmente ainda, se Putin desencadeou a invasão para evitar que a Nato incorporasse a Ucrânia e chegasse assim às fronteiras da Federação Russa, só conseguiu, de imediato, reforçar a coesão interna da Nato, que estava em risco de decomposição na sequência da presidência de Trump. Pior ainda para os planos de Putin, alguns países que tradicionalmente tinham respeitado uma certa neutralidade integraram-se na Nato, ampliando-se a presença da aliança ocidental às portas da Federação Russa.

c) Por outro lado, ao aceitar a tese de que historicamente a Ucrânia faria parte da Rússia, essa extrema-esquerda mostra desconhecer a História, em especial a acção dos cossacos na vasta e vaga zona de fronteira que separava a Polónia da Rússia e, no sul, do Império Otomano. Só em 1764, com o afastamento do hetman Razumovski e o estabelecimento de uma administração centralizadora, é que Catarina II deu início à russificação sistemática da Ucrânia. Nos seus planos geopolíticos Putin apresenta-se como herdeiro de Catarina a Grande e de Stalin, e é precisamente nestes planos que a parte mais vociferante da extrema-esquerda o apoia.

d) Em conclusão, essa extrema-esquerda, que abandonou o tema da exploração do trabalho, do mesmo modo trocou a noção económica de imperialismo por uma noção geopolítica. O imperialismo passou simplesmente a designar um dos lados do tabuleiro, enquanto o outro lado seria, por definição, anti-imperialista, embora inclua o mais dinâmico imperialismo económico da actualidade — a China. Aliás, já nem se trata só de esquecer a questão da exploração, porque são mesmo esquecidas as liberdades individuais que estamos habituados a considerar indispensáveis, e essa extrema-esquerda apoia ditaduras abjectas desde que se classifiquem como anti-americanas. O eixo que lhe merece o aplauso passa por Moscovo, Pyongyang e Teherão. É o stalinismo reduzido à sua caricatura.

6. Outra parte da extrema-esquerda defende o fim da guerra na Ucrânia através da deserção maciça. Recorda assim o que se passou há mais de um século, na primeira guerra mundial, quando em França os sindicatos organizavam à luz do dia o movimento de deserção e, segundo um relatório do serviço de informações do exército, só na região de Paris havia dez mil desertores; quando entre as tropas portuguesas as fugas e as deserções eram muito frequentes; quando na Rússia a frente de combate se desagregou em 1917; quando no Canadá, no final de 1917 e início de 1918, pediram dispensa mais de 90% dos convocados para irem combater na frente francesa; quando as insubordinações se converteram em deserções nos impérios alemão e austro-húngaro, atingindo o número de desertores mais de setecentos e cinquenta mil na Alemanha e calculando-se em quatrocentos mil o número de desertores do exército austro-húngaro em Setembro de 1918, na mesma ocasião em que na Bulgária a linha da frente se desintegrava completamente; quando, no final da guerra, a quinta parte dos soldados italianos havia desertado.

Mas esta extrema-esquerda que apela agora à deserção está congelada no tempo, e já na segunda guerra mundial esses apelos haviam sido inúteis, porque só um lado os fizera.

Em França, num artigo célebre de Maio de 1939 Marcel Déat, que em breve haveria de chefiar um dos principais partidos fascistas do seu país, perguntava retoricamente se valeria a pena «morrer por Danzig», do mesmo modo que oito meses antes o semanário fascizante Gringoire proclamara a sua falta de vontade de «morrer pelos Sudetas», enquanto do outro lado do leque político o Partido Socialista Operário e Camponês, mobilizando a extrema-esquerda socialista, afirmara em Setembro de 1938 que «julgamos morrer pela pátria e em vez disso morremos pela Skoda». O terreno estava assim preparado para que nos primeiros dias da guerra o anarquista Louis Lecoin redigisse um abaixo-assinado intitulado Paz Imediata, apelando à deposição das armas pelos exércitos beligerantes, e subscrito também por outros anarquistas, como Henry Poulaille, por catorze sindicalistas, por Marceau Pivert, que era a personalidade mais destacada da extrema-esquerda socialista e mentor do Partido Socialista Operário e Camponês, e pela mesma grande figura do fascismo que há pouco mencionei, Marcel Déat, além de alguns personagens próximos de Gaston Bergery, promotor da constituição de um fascismo francês. Ao mesmo tempo, também o Partido Comunista Francês se opunha à guerra, devido ao pacto germano-soviético. O grande problema é que do lado do Terceiro Reich não havia uma posição similar e ninguém apelava para o pacifismo e a deserção.

A mesma assimetria repete-se hoje na Ucrânia. Pelo menos 80.000 soldados abandonaram as unidades em que combatiam, mais de metade deles nos primeiros oito meses de 2024. Acresce que apesar das leis e das fiscalizações, além dos perigos do percurso, desde o começo da invasão russa mais de 44.000 ucranianos atravessaram ilegalmente a fronteira para fugir antecipadamente ao recrutamento militar. A estes números somam-se os 6,7 milhões de ucranianos refugiados no estrangeiro, entre os quais 1,5 milhões de homens em idade de servir no exército, uma situação que tende a ampliar-se porque, se nos primeiros oito meses de 2023 haviam emigrado do país 231.000 pessoas, emigraram 400.000 em igual período de 2024. Chegou-se a tal ponto que em Outubro de 2024 Zelensky decidiu criar um Ministério da Unidade, destinado a contrapor-se à propaganda russa e manter os emigrantes na esfera cultural e política do país, com o objectivo de que, terminada a guerra, vários milhões de emigrados regressem à Ucrânia. Talvez mais importante ainda seja o facto de as deserções beneficiarem de um respaldo popular porque, segundo uma sondagem de opinião recente, só menos de 30% dos ucranianos consideram a deserção como um acto vergonhoso. Mas o mesmo não se passa do lado russo, onde o aparelho repressivo é muitíssimo mais forte, a ponto de recorrer ao fuzilamento de desertores, e as fugas e deserções são pouco frequentes, contando-se pelas dezenas ou centenas.

Ora, não é com palavras de ordem bem-intencionadas, mas fora do contexto, que se resolve a situação. Elas servem apenas para tranquilizar a consciência de quem as profere.

7. Uns abdicaram de tudo o que deveria caracterizar os anti-capitalistas, os outros abdicaram da realidade e vivem na nostalgia. Que caminho se abre então à extrema-esquerda, para além de repetir aquilo que deveria ser uma verdade óbvia — que qualquer país tem o direito de não ser invadido? O facto de esta questão permanecer sem resposta prática mostra, uma vez mais, até que ponto de irrelevância nós chegámos.

Algumas referências

Para a questão da superioridade da artilharia russa relativamente à ucraniana, ver aqui e aqui.

Para a questão da dimensão humana das forças militares russas, ver aqui e aqui.

Para a questão da ineficácia das sanções ocidentais e a situação económica da Federação Russa, ver aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.

Para a questão da produção ucraniana de aço, ver aqui.

Para a questão das deserções e da emigração na Ucrânia e da escassez de deserções na Rússia, ver aquiaqui, aqui, aqui e aqui.

A fotografia de destaque é de Libkos e a inserida no texto é de John Moore.

5 COMENTÁRIOS

  1. João, na atual conjuntura essas mesmas questões se repetem no caso de Israel, Palestina e Líbano? Ou você acha que os termos ali são outros?

  2. Caio,

    A dificuldade que sinto em lhe dar uma resposta mostra a complexidade da situação com que deparamos.

    No caso de Israel, a guerra é conduzida por um governo em que a extrema-direita está aliada a dois partidos fascistas e, aliás, pelo menos um deles tem uma linha de filiação com Vladimir Jabotinsky, o fundador do fascismo sionista. Do lado palestiniano, a guerra, ou esta fase da guerra, foi iniciada pelo Hamas, que, pela sua estrutura e forma de actuação, deve considerar-se igualmente como um partido fascista, na sequência de outras modalidades de fascismo árabe. E, de ambos os lados, trata-se de um fascismo com conotações acentuadamente religiosas.

    Esta guerra em Gaza constitui um verdadeiro case study de subestimação do inimigo, porque decerto o Hamas não pensou que Israel se fosse lançar num genocídio da população do território. Hoje a palavra genocídio emprega-se a torto e a direito, geralmente mais a torto do que a direito. Neste caso, porém, trata-se de um verdadeiro genocídio, destinado a eliminar a população civil e não só uma organização política. E a táctica seguida pelo Hamas facilita o genocídio, porque este partido se esconde sob a população, que é empregue como escudo.

    A extensão da guerra ao Líbano tornou a situação ainda mais complexa, porque se trata de um Estado falido. A única organização estatal que funciona nesse país é o Hezbollah, que reúne as características de um aparelho governativo, político, militar, económico e financeiro. Ora, esta ampliação da guerra tomou como alvo um movimento shiita, enquanto o Hamas é sunita, de modo que a aliança política se sobrepõe à clivagem religiosa entre os dois ramos do Islão.

    A situação tornar-se-á mais complexa ainda quando Israel ampliar à Cisjordânia a guerra e o consequente genocídio, como pretendem os dois partidos fascistas do governo.

    Perante tudo isto, tem a extrema-esquerda anticapitalista alguma posição própria, além de bramar contra o genocídio, como faz qualquer pessoa decente? O que me parece haver de comum com a situação da Ucrânia são as últimas linhas do meu artigo — «O facto de esta questão permanecer sem resposta prática mostra, uma vez mais, até que ponto de irrelevância nós chegámos».

  3. -> “A dificuldade que sinto em lhe dar uma resposta mostra a complexidade da situação com que deparamos.”

    Vivemos um período de terrível complexidade, com o qual apenas conseguiremos nos relacionar através de uma brutal quebra de paradigmas.

    Como sabemos, a geopolítica mundial só adquire sentido na perspectiva da globalização da Luta de Classes. E mesmo esta é subjacente a uma Guerra de Mundos.

    Na Ucrânia há uma disputa entre facções da classe dominante mundial, mas em Gaza se deve reconhecer que, além disto, a Guerra de Mundos é preponderante.

    Pressionada pela expansão dos EUA/OTAN em sua fronteira, a partir do Maiden em 2014, a burguesia russa não teve opção senão invadir o território ucraniano.

    Entretanto, após o rápido sucesso inicial seu ímpeto ofensivo se arrefeceu. E a partir de então recuou em busca de uma improvável solução negociada, nos moldes dos Acordos de Minsk (2014).

    Para a burguesia russa bastaria ser aceita como sócia minoritária na Luta de Classes globalizada, mantendo intocados os privilégios dos oligarcas e dos burocratas do serviço de informação e repressão (FSB e Ministério da Defesa).

    Porém esta coexistência “pacífica” se tornou impossível diante da crise sistêmica do Capitalismo: ao vencedor, tudo!

    No teatro de operações da Ucrânia, a burguesia britânica atua para recuperar seu prestígio num contexto geral de irreversível decadência da atual potência hegemônica – os EUA, incapazes de minimamente estabilizar as relações internacionais.

    Os fatos em curso nestes quase três anos, mostram como a burguesia britânica está tão equivocada quanto a russa: não haverá retorno.

    Seguindo o rumo atual, é inevitável a utilização de armas nucleares táticas. Enganam-se aqueles supondo ser possível deter uma escalada até um armagedon generalizado.

    A população ucraniana não passa de um irrelevante detalhe, cuja única função é alimentar o insaciável moedor de carne da guerra entre as burguesias internacionais no território da Ucrânia.

    -> “Esta guerra em Gaza constitui um verdadeiro case study de subestimação do inimigo, porque decerto o Hamas não pensou que Israel se fosse lançar num genocídio da população do território.”

    Tudo indica ser exatamente o contrário: para o Hamas o genocídio Palestino era previsto e não se trata de um preço alto demais a se pagar.

    O ataque de 7-OUT modificou irreversivelmente a geopolítica no Oriente Médio e explodiu o próprio sistema político palestino.

    O Hamas poderia estar acomodado no governo de Gaza, mas fez uma opção contrária à burguesia russa. Enquanto esta invadiu a Ucrânia em busca de um acordo político, para o Hamas é vitória ou martírio.

    Se trata de fundamentalismo religioso: cada Palestino assassinado pelos sionistas é um mártir acordando no Paraíso.

    As baixas israelenses, entre mortos e feridos, assim como suas perdas materiais, são absolutamente insustentáveis. E, ao contrário do Hamas, não podem ser legitimadas a partir do fundamentalismo sionista.

    O Ministério da Defesa de Israel admite cerca de 12.000 soldados mortos ou feridos em Gaza. No Sul do Líbano já são 900 deles.

    Quase todos os reféns ainda não foram resgatados, alguns foram mortos pelos bombardeios israelenses, a instabilidade social em Israel só faz aumentar, a maior parte da estrutura de túneis do Hamas segue intacta e, apesar da decapitação de quase toda sua cúpula, a capacidade militar do Hezbollah não está seriamente afetada.

    Com o agravamento das perdas israelenses, a utilização de armas nucleares táticas se impõe. As consequências serão tão, ou ainda mais, graves do que na Ucrânia.

    Como atual embrião de classe dominante na Palestina, caso o Hamas seja vitorioso qual tipo de sociedade prevalecerá? Um Estado teocrático, pautado pelo fundamentalismo e privado dos mais básicos direitos civis.

    Ainda que lute a Guerra de Mundos contra o usurpador colonial, não será o Hamas o libertador da Palestina.

    Por enquanto, o repugnante regime dos Aiatolás segue num teatro conveniente com a burguesia sionista. Porém a encenação tem uma inevitável data de encerramento.

  4. Caio,

    Hoje El País publica uma notícia sobre cento e trinta militares israelitas que escreveram uma carta dirigida ao primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, com cópias para o ministro da Defesa e para o comandante-chefe das forças armadas, anunciando que desertavam. Um deles, Max Kresch, depois de comparar Netanyahu a Yahia Sinwar, declarou ao diário espanhol: «Hemos pasado por una tragedia. Pero es muy importante recordar que los árabes no son nuestros enemigos. Nuestro enemigo es Hamás». E El País termina o artigo escrevendo, em referência ao depoimento de Max Kresch, que «la verdadera contienda, reflexiona, no se está librando entre israelíes y palestinos, sino entre los que quieren la guerra y los que quieren la paz».

  5. Você lê o texto e sente que o que se define extrema-esquerda parece derrotado e sem perspectiva. Caso não seja, quais os caminhos se ofertam a uma radicalização das lutas por parte da extrema-esquerda?

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