Por Contraponto Bancário

Durante conciliação no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) entre o Sindicato dos Bancários de São Paulo e o Itaú, chegou-se a um acordo de indenização dos trabalhadores demitidos, que pode chegar até pouco mais de 10 salários, além da 13ª cesta de alimentação.

Os detalhes podem ser conferidos na íntegra em: https://spbancarios.com.br/10/2025/itau-sindicato-conquista-proposta-com-pagamento-para-bancarios-impactados-por-demissao-em. Entretanto, para que esse acordo valha, os trabalhadores demitidos do Itaú precisam aprová-lo em assembleia híbrida (online e presencial) nessa quinta-feira, 09/outubro, das 16h às 21h.

Antes de tudo, é necessário afirmar que quem conseguiu que esse acordo chegasse na mesa foi a disposição de luta dos trabalhadores do Itaú , por um lado, e a reação da sociedade, por outro, que deixaram um recado claro: essa demissão em massa e o monitoramento que a produziu têm que ser combatidos.

As paralisações que o sindicato realizou no CEIC, Centro Tecnológico e Faria Lima foram importantes – apesar de parciais e sem buscar envolver os demais trabalhadores. Além disso, o fato dos funcionários do Itaú terem entrado em peso nos fóruns chamados pelo sindicato sobre a questão das demissões demonstra a disposição de luta da categoria.

Essa resistência aponta o caminho que trabalhadores de outros bancos, como o Nubank, Bradesco, Santander, CitiBank, BTG etc. devam seguir, caso uma ação similar aconteça: a mobilização faz os bancos recuarem da sua ganância.

Em segundo lugar, consideramos que é possível ampliar as conquistas nesse acordo proposto pelo TRT. Os trabalhadores do Itaú devem defender um plano de mobilização para melhorar a proposta na assembleia de quinta-feira e explicamos os porquês.

1. Nenhuma palavra sobre a reintegração

Em suas redes sociais (https://www.instagram.com/reel/DPg_p05kaWK/) o sindicato afirma que o banco reverá, “caso a caso”, as demissões de grávidas, PCDs e funcionários neurodivergentes. Esse é o clássico do “trabalhador negociar sozinho com o patrão”, que o sindicato diz ser contra. Sem a pressão da mobilização, o Itaú vai fazer o que quiser… Enrolar muitos e recontratar uma meia dúzia, deixando centenas de funcionários sem conseguir uma recolocação no mercado de trabalho.

Sabemos que para os funcionários mais jovens, em início de carreira etc., a recolocação no mercado pode ser mais fluida, mesmo com toda a estigmatização produzida pela demissão. Entretanto, para funcionários PCDs, mulheres grávidas, trabalhadores com mais tempo de casa ou que exerciam funções muito especializadas, esse não será o caso.

Por isso – e pela disposição que já citamos – acreditamos que é possível arrancar um acordo melhor do Itaú, exigindo a reintegração de todos os que assim desejarem e melhorar a proposta do TRT, com o piso de 10 salários por danos morais coletivos a todos os trabalhadores.

Porém, para garantir a reintegração, é necessário reforçar a mobilização, com as diferentes demandas da categoria – como o fechamento das agências e o assédio moral – e também unificando os trabalhadores da ativa e demitidos.

2. Nenhuma cláusula referente ao monitoramento

O sindicato diz que a questão do monitoramento em home-office será discutida no aditivo da Convenção Coletiva para o Itaú e na própria Convenção Coletiva em 2026. Mas isso não é o suficiente. Os trabalhadores do Itaú estão sofrendo com as consequências do monitoramento agora. A proposta do sindicato é que os trabalhadores continuem com o clima horrível instaurado após o 8/set. Clima esse que faz o funcionário se questionar, em qualquer hora ou minutos com baixa demanda: será que serei o próximo?

O Itaú deve responder claramente à seguinte pergunta: pelo o quê os trabalhadores serão avaliados em home-office? Enquanto não houver transparência, não deve haver acordo.

Por todos esses motivos, chamamos você, bancário: compareça à assembleia de quinta-feira, defenda um plano de mobilização e vote por uma contraproposta que contemple os pontos apresentados aqui.

É necessário empurrar a direção do sindicato

Acreditamos que o sindicato não defenderá essas propostas. Porém, é importante lembrar que antes de toda a repercussão e mobilização, o sindicato não defendia a reintegração, mas apenas uma “justificativa plausível para as demissões” (https://spbancarios.com.br/09/2025/itau-demite-cerca-de-mil-bancarios-em-home-office-sem-qualquer-advertencia-previa-ou). Ou seja, com a categoria unida e mobilizada é possível fazer com que o sindicato vá além do atual teatro, de chamar de vitória um “cale-a-boca” do banco.

Por fim, não podemos ficar dependendo desses vaivéns da direção atual do sindicato. É necessário construir uma direção firme, que enfrente de verdade os bancos e mobilize de verdade a categoria. Para isso, venha construir o Contraponto Bancário! Estamos organizando um grupo de WhatsApp para discutir a mobilização entre os trabalhadores:

https://chat.whatsapp.com/Eo2CxkhBM0t3oolZORwcYZ?mode=ems_copy_t

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