Ainda há catracas no lazer, na saúde e na experienciação da vida para milhares de pessoas. Por Passa Palavra

IMG_2843A tarde desta segunda-feira (05) foi agitada na cidade de São Paulo. Mais de 500 pessoas se reuniram no Vale do Anhangabaú para participarem da aula pública chamada pelo Movimento Passe Livre, evento que dá início a mais uma jornada de lutas contra o aumento das tarifas do transporte público.

A forte chuva que resolveu deslanchar em terras paulistanas não apagou o fogo das centenas de indivíduos que gritaram em alto e bom som “Passe Livre Já”. A ação que inicialmente estava marcada  para acontecer à frente da prefeitura ocorreu logo ao lado ou, mais precisamente, abaixo, sob o arco do Viaduto do Chá. Palavras de revolta ecoaram neste que foi o primeiro viaduto construído numa cidade planejada por poucos e para poucos.

A aula contou com a presença de Lúcio Gregori, idealizador de um projeto de Tarifa Zero em seus tempos de Secretário de Transportes, na prefeitura de Luíza Erundina, entre 1989 e 1993. Assim começou seus questionamentos: “Você paga pela luz (quando tem) nas ruas? Paga pelos parques? Paga pela coleta de lixo? Você não sai com o dinheiro na mão enquanto o lixeiro recolhe o saco de lixo na sua moradia (isto quando você possui uma)”. Estes foram alguns exemplos citados por ele para demonstrar como a decisão pelo passe livre nos transportes públicos não é técnica, e sim política. Assim como o aumento das tarifas.

A assim chamada “aula pública” contou também com a presença de Paloma, uma representante pela Luta do Transporte no Extremo Sul, que trouxe em sua fala importantes exemplos sobre as exclusões que irão resultar da nova tarifa e o “Passe Livre Estudantil”, afastando cada vez mais o centro da periferia e alijando o acesso à cultura, que mesmo gratuita, paga-se (caro) na sua acessibilidade. Utilizando um exemplo próprio, Paloma mostrou como, apesar dos aparentes benefícios, o novo aumento de tarifas anunciado deverá impactar o orçamento de sua família. Caso toda ela – composta por 6 pessoas – desejasse participar de alguma atividade cultural no centro da cidade, o que hoje em dia já lhe custaria R$55,80 (12 tarifas de integração entre ônibus, trem e metrô) passaria a custar R$65,40. Assim, pontuou Paloma, o aumento da tarifa se apresenta como mais uma medida de aumento da exclusão.

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Luíze, militante do Movimento Passe Livre, trouxe para a pauta de discussão os números  dentro das diversas divisões existentes proporcionadas pela prefeitura municipal e o governo do estado. Algumas opções para as distintas tarifas são: bilhete único comum, bilhete único integração, bilhete único semanal e bilhete único mensal. Ainda há outras modalidades, como por exemplo os estudantes que pagarão a metade da tarifa e os trabalhadores que possuem o vale-transporte. Há uma armadilha na gratuidade aos estudantes de escolas públicas e particulares que comprovarem baixa renda ou que sejam beneficiários do FIES e Prouni nas universidades. Segundo Luíze, deve-se colocar várias aspas no que tem sido marketeiramente denominado passe livre estudantil, uma vez que este não engloba cursinhos populares, por exemplo, além da restrição a 44 viagens da cota aos estudantes. Ainda há catracas no lazer, na saúde e na experienciação da vida para milhares de pessoas.

A aula pública durou pouco mais de uma hora e se encerrou com palavras de ordem exigindo, mais uma vez, a verdadeira tarifa zero. E, tal como em 2013, o movimento promete que ela será buscada, não como dádivas de governantes, mas como resultado de luta e mobilização popular.

O 1º Grande Ato Contra a Tarifa está sendo chamado para sexta-feira, 09/01, às 17h, com concentração na frente do Theatro Municipal (próximo ao metrô Anhangabaú).

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