Dezenas de alunos estão acampados na diretoria do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS) no centro da cidade

Estudantes do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) ocupam o prédio desde a tarde de segunda-feira (13). O ato é um protesto contra os diversos cortes e lacunas na assistência estudantil, principalmente, no direito à alimentação, entre outras pautas defendidas pelo movimento autointitulado “Ocupa IFCS”.

Cerca de 7 mil alunos dos cursos da UFRJ do centro da cidade não têm acesso a políticas estudantis de alimentação, contribuindo para a evasão massiva tanto de espaços de estudo quanto da própria universidade. Diante desse cenário, o Ocupa IFCS exige que a reitoria, sob a gestão do professor Roberto Leher, providencie um bandejão e, durante o processo de estruturação do mesmo, oferte ao menos um ticket refeição de, no mínimo, 25 reais.

A continuidade da Bolsa de Acesso e Permanência (BAP) também é reivindicada, uma vez que tem sofrido ameaças de corte na UFRJ, como já acontece em outras instituições. Essa é uma das condições extremamente necessárias para que estudantes de perfis específicos, como pessoas negras, indígenas, pobres e que vêm de outros estados, permaneçam na universidade.

Do mesmo modo, o bilhete único universitário já sofreu cortes, impedindo a mobilidade e, consequentemente, o acesso de estudantes. Muitos são impossibilitados de seguir em seus cursos, devido à falta de meios financeiros para chegar à UFRJ. Nesse sentido, também é pauta da ocupação a extensão do bilhete para o metrô e trem, bem como o direito ao passe livre estudantil intermunicipal, em meio à instabilidade constante da assistência ao transporte.

Integrantes do Ocupa IFCS pedem ainda o estabelecimento de uma política de cotas raciais na pós-graduação. “A UFRJ foi a última universidade federal a aderir às cotas na graduação, em 2012, e agora tem a chance de se redimir dessa grave falha em frente da dívida histórica para com a população negra”, disse uma estudante de bacharelado em Ciências Sociais do IFCS. A pós-graduação é uma fatia amplamente elitizada da universidade, que deve promover a inclusão de negros, hoje minoria absoluta nesse espaço.

Em defesa da educação emancipadora, e entendendo que é papel de um instituto que forma professores, o Ocupa IFCS denuncia o Projeto de Lei 867/2015 que institui o programa Escola Sem Partido, financiado pela Editora Abril e por diversos conglomerados empresariais brasileiros. “Esse projeto é totalmente contrário aos interesses dos estudantes que ocupam escolas no país inteiro lutando pela ampliação das disciplinas de humanas, sobretudo filosofia e sociologia”, diz estudante de licenciatura em Filosofia do IFCS. “O Escola Sem Partido pretende abolir as discussões políticas nas salas de aula e não torna mais obrigatório as disciplinas de sociologia e de filosofia no ensino médio, além de abolir a questão de gênero. É preciso discutir gênero e sexualidade, sim, visto que o Brasil é o país que mais agride e mata mulheres, sobretudo as mulheres negras, e a comunidade LGBT do mundo.”

O movimento é grandemente inspirado e presta total apoio às ocupações das escolas estaduais, sobretudo do Rio de Janeiro e arredores. No primeiro dia da agenda de atividades do Ocupa IFCS, houve um debate com estudantes secundaristas sobre sua experiência, incluindo dificuldades e conquistas, durante as ocupações de que fazem parte. Trata-se de uma pauta de suma importância, diante da extrema precarização do ensino público como um todo.

O Ocupa IFCS pretende se estender e permanecer na diretoria do instituto até que haja um diálogo e sejam propostas medidas concretas que respondam às pautas do movimento pela reitoria da UFRJ.

Mais informações pelo e-mail [email protected] e/ou pela página “Ocupa IFCS” no Facebook.

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