Sexta à noite: quatro jovens trabalhadores militantes estão voltando de um rolê, mas antes de irem para casa saem atrás de comida. Encontram um delivery do Habbib’s, onde se lê “aberto até 00h”. Passava da 00:15. “Ainda está aberto, podem pedir”, diz o funcionário do caixa. Fazem o pedido. Quando chegam no setor de retirada, sentem o clima tenso entre os funcionários; claro, estavam putos de estar trabalhando até àquela hora. Passa um homem de camisa social branca (supervisor). “Aê irmão, boa noite, até que horas fica aberto aqui?”. “Até 00h, mas a gente vai ficando um pouco mais de sexta e sábado, porque tem bastante clientela”. “Aí, mas tem que pagar hora extra viu… Aê, os caras pagam hora extra para vocês ou só obrigam a ficar? Está errado isso aí, hein!”. Pegam o pedido e saem gritando em favor dos trabalhadores e lhes desejando bom descanso. Chegam em casa na maior larica, pensando nas 30 esfihas que iriam comer (mas também no que acabara de acontecer no Habbib’s). “Será que eles deram bastante limão?”, e quando abrem a caixa só há metade das esfihas pelas quais eles pagaram. Passa Palavra
Já estive em uma situação parecida, mas com desfecho diferente. Entre em um Subway bem tarde da noite e perguntei se ainda estava funcionando, nem tinha me atentado pro horário. O supervisor, de camisa social, que estava perto da porta, me assegurou que sim, mas um rápido olhar pelo lugar me mostrou justamente o contrário: todos os trabalhadores já estavam limpando ou arrumando coisas, atividades que só pararam para me encarar. Falei rapidamente muito obrigado e saí fora, ouvindo o ainda o supervisor insistir pra eu fazer meu pedido. O suspiro de alívio dos trabalhadores foi baixo, mas audível.