Por Taís Souza
Qualquer falácia contada sobre a passividade e inércia inerente ao povo brasileiro, na qual insistem os reacionários e os descrentes do poder das massas, caem por terra diante das mais vigorosas afirmações enunciadas pelos camponeses do Acampamento Manoel Ribeiro frente aos ataques e cerco levado a cabo pelos militares.
Durante estes mais de dez dias, ecoaram por todo o país as palavras de ordem entoadas pelos camponeses em meio a resistência.
A grandiosa resposta aos mais genuínos anseios de justiça, foi novamente registrada em vídeos reproduzidos exclusivamente pelo Jornal Resistência Camponesa, que mostram o momento exato em que camponeses expulsam a Polícia Militar, Força Tática e Patrulha Tático Móvel (Patamo). As forças policiais bloqueavam com uma blitz o cruzamento da linha MC01, estrada que dá acesso ao acampamento, em mais uma das ações realizadas durante o cerco ilegal promovido desde o dia 30 de março pelos reacionários a serviço do latifúndio.
Nestes últimos acontecimentos, a reação, que em sucessivas tentativas de despejo prepara um novo massacre, foi obrigada a recuar, ao som de frases como: Nem que a coisa engrossa, essa terra é nossa!, Agora, já! Toda Santa Elina, nós vamos ocupar!, Um, dois, três, quatro, cinco, mil! Avança a Liga por todo o Brasil!, como demonstra o vídeo.
Na última semana, barricadas foram erguidas e nem mesmo a chuva pode apagar as chamas. A blitz arbitrária que visava impedir a livre circulação das famílias da região foi afugentada. Pode ser visto nos registros militares fortemente armados, apontando as armas aos trabalhadores, que, em marcha, seguiam em direção ao bloqueio.
Assista ao vídeo: Camponeses repelem polícia em combate que durou até a noite
Durante a marcha, os camponeses relembravam a memória de Vanessa – menina de sete anos assassinada durante a Heroica Resistência dos Camponeses de Corumbiara, em 1995. Proclamavam também: Companheiro Renato Nathan: Presente na luta!, Companheiro Cleomar: Presente na luta!.
Os reacionários, ao derrubarem placas da Liga dos Camponeses Pobres (LCP), ouviam: Nós colocamos de novo! Vem tirar aqui. Vocês não têm coragem!. As famílias afirmavam também a importância da sua produção para o país, constatando que se o “campo” não planta, a “cidade” não almoça e não janta.
Bando de covarde! Bate pau de fazendeiro! Fora batalhão! Aqui não tem ladrão!, diziam os trabalhadores em meio ao cerco ilegal da PM. Diante das tentativas de intimidações dos militares, afirmavam: Aqui no mato nós pegamos eles! Vem pro mato! Vou pegar, vou pegar!.
De acordo com portais reacionários, a polícia encontra em seu caminho esquemas de segurança muito bem realizados e tem dificuldade na missão de identificar os trabalhadores no propósito de incriminá-los.
Essa é a resposta a uma pergunta feita por tantos diante da grave crise que recai sobre o povo, diante da miséria, do genocídio e do desalento. “Ninguém fará nada?”. Ela surge como um fio de esperança no qual se agarram os decididos a impulsionar e também trilhar o caminho da vitória do povo.
Texto publicado originalmente no site A Nova Democracia.