Num bairro nobre de uma metrópole brasileira, o professor de sociologia sabadeava como sempre: comprando picolé para a mãe na conhecida sorveteria. Na fila, uma mulher se insinua: “você vota em Bolsonaro?” O professor, curto e grosso: “não”. “Mas como não? Você é comunista?” O sangue subiu à cabeça. Armou o professor escândalo memorável, de espaventar bolsonarista. Escarreirou a mulher. Respirou. Uma vendedora veio lhe agradecer: estava “de alma lavada”, os vendedores “sofriam muito” com a dita cuja. Saiu assim da sorveteria o professor, vento no rosto, picolés na sacola, o dia pela frente. Sensação de dever cumprido, em seu íntimo pensava: “não tenho medo de bolsonarista. Não tenho medo de quem tem telhado de vidro. Não tenho medo de chefe. Um dia transbordante de amor.” Passa Palavra

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here