A despeito do pequeno número de pessoas envolvidas, é de se comemorar o pontapé inicial dado. Por Passa Palavra
Neste sábado último, enquanto muitas pessoas estavam se movimentando para comemorar o Carnaval, algumas poucas, mas guerreiras, oriundas de alguns coletivos e organizações sociais, resolveram fazer uma outra movimentação. No sábado chuvoso do dia 05/03/2011, às 10h30, em São Vicente (estado de São Paulo), na Baixada Santista, essas pessoas foram à praça do Correio, no centro da cidade.
É certo que aquelas pessoas gostariam de ter ficado em suas casas ou de fazer qualquer programinha legal; afinal, elas eram trabalhadoras e trabalhadores e estudantes, que suaram durante a semana e careciam do merecido descanso. Entretanto, escolheram ir à praça, naquela hora e naquele local previamente combinado.
Só para lembrar, o sábado é um dia esperado por uma parcela de trabalhadores que o tem como dia livre, “livre” para, entre outras coisas, irem às compras. E, do mesmo modo, é um dia esperado pelos vendedores que almejam vender um volume maior de mercadorias na esperança de elevar suas comissões sobre as vendas realizadas.
Que motivo levaria essas poucas pessoas para o centro comercial de São Vicente, num sábado chuvoso, dia em que o comércio fica agitado, em que as pessoas se aglomeram nas lojas e mercados para consumirem?
Debaixo de chuva, no meio da praça, foi montada a Tribuna Livre. O cenário era simples, um microfone ligado a uma caixa amplificadora e pessoas portando cartazes com os seguintes dizeres: “Quem não grita quer tarifa”, “Mãos para o alto, a passagem é um assalto”, “Piracicabana, nós não somos palhaços”, entre outros.
Na Tribuna Livre tod@s podiam manifestar o seu protesto, a sua indignação, o sentimento de injustiça. Curiosamente, algumas pessoas que iam passando não hesitaram em parar para ouvir, ainda que rapidinho, o que estava sendo dito ao microfone. Outras até deixaram a vergonha de lado e ousaram falar ao microfone. Em muitos semblantes e falas era possível perceber a legitimidade da ação, pois trata-se de uma questão que toca fortemente aqueles e aquelas que têm de sacar de seus bolsos entre R$ 3,10 e 3,60 para viajarem muitas vezes 7,4 Km ou 14,2 Km, já que a passagem de ônibus aumentou quase 7% na Baixada Santista, provocando reajuste em cadeia nas linhas municipais. É isso aí.
O aumento da passagem chegou aqui também e essas poucas pessoas estão colocando em curso a Jornada de Luta contra o aumento da Tarifa na Baixada Santista. O movimento ainda não conta com um número expressivo de pessoas, de militantes, está se iniciando autonomamente e tentando juntar as forças para despertar os Movimentos Sociais na região. A despeito do pequeno número de pessoas envolvidas, é de se comemorar o pontapé inicial dado, e trabalhar para desenvolver e fortalecer a luta na Baixada Santista.
Dia 05/03 ocorreu o 2º Ato e foi em São Vicente – SP. No próximo sábado, dia 12/03, acontecerá em Santos – SP, na praça da Independência, às 10h30. E não vai parar por aí, dia 13/03 terá vídeo-debate: Movimento Passe Livre, no Centro dos Estudantes de Santos e Região Metropolitana – CE, às 15h00.
Vamo que vamo que a Baixada Santista está construindo a Luta!
Fotografias: Passa Palavra.
Há frases feitas que estão sujeitas a uma análise!
Por exemplo: ” O povo só se toca quando dói no bolso”
Lutar pela redução das tarifas é algo importante dentro da realidade do trabalhador ( Condição de explorado tanto no seu trabalho quanto como usuário de serviços das empresas que a administração pública contrata).
O fluxo de pessoas que circulam na Baixada Santista é algo certo e imprecindível, pois todos que utilizam o serviço de transporte o fazem por necessidade. Com isso a empresa se garante para o lucro. Mas o que eu quero ensejar é que não basta só a redução da tarifa, é preciso lutar por um melhor atendimento, estabelecer a cultura de respeito aos passageiros que esperam no ponto ( muitas vezes sem proteção contra chuva, sem bancos e no meio do mato), denunciar as linhas superlotadas (passageiros que viajam em pé na rodovia por conta do pequeno número de onibus e de funcionários em horários reduzidos, o que corta gasto e aumenta o lucro da empresa).
Combater a máfia das licitações e lutar por melhores condições de trabalho para os funcionários da empresa citada.( lembrando que o Motorista, ao mesmo tempo que dirige,troca o dinheiro. Um ponta-pé inicial foi dado, mas eu ficaria feliz se a frase feita fosse:
– “o povo só se toca quando lhes roubam a dignidade”
massa esta ideia da tribuna livre. Parece ser uma boa forma de luta principalmente em cidades do interior.