Se uma empresa adquirir certa dimensão e apesar disto não se internacionalizar, será destruída pela concorrência e anulará o emprego que gerava no interior do país. Por João Bernardo
O Brasil vive uma profunda mudança de sua inserção na economia e na política globais. Nunca antes na história deste país se produziu, exportou e investiu tanto, em especial fora das fronteiras – desenvolvendo as empresas transnacionais de origem brasileira. Nunca antes a política externa brasileira foi tão independente – com base na exploração dos recursos econômicos da América Latina e na disputa de mercados e de espaços de investimento em África. Nunca antes o Brasil foi tão engajado – ao ponto de grandes capitalistas apoiarem políticas compensatórias “de esquerda”. Na verdade – e é o que queremos investigar com esta série de artigos – nunca antes o Brasil foi tão imperialista.
Leia a primeira e a segunda partes do artigo.
Nas 3ª e 4ª partes deste artigo vou analisar criticamente as acusações nacionalistas dirigidas contra a saída de investimentos directos para o estrangeiro, e o meu principal argumento é o de que, quanto mais uma empresa se internacionaliza, tanto maiores são o seu progresso tecnológico e os efeitos positivos sobre a economia do país de origem.
É certo que quando uma companhia se internacionaliza não em virtude do seu desenvolvimento próprio nem para corresponder a oportunidades de negócios no exterior, mas para evitar os problemas levantados por uma situação interna precária e cheia de inconvenientes, neste caso a internacionalização consiste numa fuga para o estrangeiro, com efeitos negativos para a economia de origem. Deve alegar-se, porém, que essas condições negativas já haviam começado, em primeiro lugar, por caracterizar a situação do país. Por isso tratarei aqui somente da grande maioria dos casos, em que a emissão de investimentos directos resulta do desenvolvimento do país.
Apesar de o World Investment Report 2006 ter prevenido de que, sendo as companhias transnacionais oriundas dos países em desenvolvimento um fenómeno novo, não dispomos ainda de dados e pesquisas suficientes para tecer generalizações com segurança, os estudos existentes indicam que, na maior parte dos casos, a internacionalização das firmas de países emergentes as torna mais eficientes e competitivas [1].
Ora, o avanço tecnológico das firmas internacionalizadas provoca, em princípio, efeitos em série sobre outras empresas, mais acentuados ainda com a dispersão mundial das cadeias produtivas e o recurso à subcontratação. Estando a economia globalizada, as grandes empresas que não se afirmarem competitivamente no âmbito mundial serão eliminadas pela concorrência, com todas as consequências negativas que isto arrasta na economia do país. Em sentido contrário, a transnacionalização permite o reforço da empresa, verificado igualmente no país onde está a sede, com os devidos efeitos positivos tanto sobre o emprego como sobre as encomendas às firmas fornecedoras. E como é crucial para o bom funcionamento da empresa principal que as subcontratantes se adequem tecnologicamente e tenham um bom controlo de qualidade, quer no país onde se localiza a sede quer naqueles onde se situam as filiais, a empresa principal tem de agir como difusora de tecnologia. As companhias transnacionais veiculam os avanços tecnológicos nos dois sentidos, para um e outro lado das fronteiras.
Mostrei na 2ª parte que esta difusão do progresso tecnológico exige que a generalidade do meio empresarial esteja apta a receber e assimilar as influências introduzidas pelas empresas internacionalizadas. Pode admitir-se que a capacidade de resposta do meio empresarial seja maior quando um país em desenvolvimento recebe investimentos directos gerados noutro país em desenvolvimento, porque neste caso o desfasamento tecnológico é provavelmente menor do que seria relativamente às economias desenvolvidas. E como é precisamente este o rumo tomado pela maioria dos investimentos directos gerados pelos países emergentes, pode admitir-se que também no âmbito tecnológico se esteja a consolidar a relação entre o novo Centro e a sua Periferia própria. Nem tudo é cor-de-rosa, porém, e «os resultados de algumas pesquisas indicam que as companhias transnacionais dos países em desenvolvimento podem sofrer um desfasamento relativamente às suas congéneres dos países desenvolvidos quanto à subcontratação local» [2]. Por outro lado, convém saber que os investimentos directos emanados do Brasil têm mostrado uma certa preferência pelas economias desenvolvidas, anómala entre os países emergentes, mas limito-me aqui a assinalar a questão e tratá-la-ei detalhadamente noutra série de artigos.
Todavia, Ana Cláudia Além e Rodrigo Madeira não estão muito confiantes de que bastem os automatismos económicos da transnacionalização para introduzir melhorias no país de onde emanam os investimentos directos, porque escreveram: «A possibilidade de a firma multinacional trazer benefícios para o país de origem depende de uma política articulada desse país. As políticas de apoio, como o financiamento à internacionalização, devem ter como contrapartida o seguinte: a exigência de geração de empregos no mercado doméstico; o aumento das exportações (a médio e longo prazos); a transferência de tecnologia por meio da criação de escritórios de engenharia; e o aumento de gastos em P&D [pesquisa e desenvolvimento]» [3].
Críticas à saída de investimentos externos directos
1.
É corrente a crítica à transnacionalização das empresas com o argumento de que, em vez de criarem emprego no país, irão criá-lo noutros países. Quando a objecção é levantada pelas direcções sindicais ou, pior ainda, pelos próprios assalariados, ela corresponde a uma grave divisão no interior da classe trabalhadora. Se forem aceites como válidos, os termos da crítica implicam o estabelecimento de reservas no mercado de trabalho, pretendendo que os empregos dos trabalhadores de um dado país devam ser protegidos à custa dos trabalhadores de outros lugares. Uma atitude deste tipo pode evoluir com facilidade no sentido do fascismo. Mas os termos daquela crítica não são válidos e, de qualquer modo, o nacionalismo é ultrapassado pelos mecanismos económicos, porque se uma empresa adquirir certa dimensão e apesar disto não se internacionalizar, será destruída pela concorrência e anulará o emprego que gerava no interior do país. Assim, mesmo que a curto prazo e em alguns casos a transnacionalização possa levar a uma redução do número de empregos em certos estabelecimentos de uma companhia, essa redução é menor do que a que ocorreria se a firma não se tivesse internacionalizado e abrisse falência por este motivo.
Ainda que a curto prazo a criação de filiais leve a matriz a diminuir o número de assalariados, os resultados invertem-se num prazo mais longo. Na medida em que uma empresa se reforça com a internacionalização, obtendo o acesso a tecnologias mais evoluídas e aumentando a produtividade e a capacidade concorrencial, ela tende a ampliar a sua actividade não só nos países onde implanta filiais como também no país de origem, expandindo assim o recrutamento de força de trabalho em todos os lugares onde estiver estabelecida a cadeia produtiva. Com efeito, as companhias transnacionais são globalmente integradas e a fase do processo de produção existente numa dada filial não pode desenvolver-se sem que se desenvolvam as fases existentes na matriz e noutras filiais. E como o crescimento da produtividade nunca ocorre num circuito fechado e estimula o progresso económico em redor, a internacionalização tende a aumentar o emprego não só nas companhias transnacionais mas igualmente noutras empresas. Contrariamente ao que presumem os críticos da transnacionalização, a exportação de empregos para outros países implica, em princípio, a criação de empregos no país de origem.
Se observarmos a distribuição entre o Brasil e o estrangeiro dos assalariados das vinte empresas brasileiras mais internacionalizadas, tal como foi calculada pela Fundação Dom Cabral, verificamos que em 2009 estava num extremo a JBS-Friboi, com 64% de funcionários no exterior, e no outro extremo a Petrobras e a Votorantim, ambas com 10% de funcionários no exterior. Uma participação igualmente relevante dos assalariados estrangeiros no emprego total da empresa constata-se também na Ibope e na Metalfrio, ambas com 54%, na Odebrecht, com 49%, na Gerdau, com 46%, na Marfrig, com 35%, e na Sabó, com 34% [4]. É interessante comparar com os dados de 2006, segundo a KPMG, quando a Metalfrio tinha 27% dos seus empregados no estrangeiro, a Odebrecht tinha 47%, a Gerdau 46% e a Sabó 27% [5]. A Fundação Dom Cabral colocou a questão do modo devido ao afirmar que, entre 2007 e 2009, as companhias transnacionais de origem brasileira aumentaram o número dos seus funcionários tanto no estrangeiro como no Brasil, embora a taxa de crescimento dos primeiros tivesse sido maior do que a dos últimos. E aquela Fundação acrescentou que «o mito de que a internacionalização diminuiria a geração de empregos nacionais é falso» [6].
É certo que, segundo algumas pesquisas, o progresso tecnológico resultante da internacionalização leva as companhias a aumentar o número de trabalhadores qualificados e a reduzir, pelo menos relativamente, o número de funcionários com baixas qualificações. Isto foi documentado em países desenvolvidos e, entre as economias emergentes, em Taiwan, Hong Kong e Singapura. Igualmente no Brasil se constatou que a força de trabalho das companhias transnacionais e das filiais de transnacionais de origem estrangeira era mais qualificada do que a força de trabalho das empresas não internacionalizadas, como se verifica na tabela 1, que complementa a tabela 1 da 1ª parte.
Tabela 1: Escolaridade da força de trabalho em função dos Investimentos Externos Directos (ano 2000)
Fonte: Glauco Arbix, Mario Sergio Salerno e João Alberto De Negri, «Internacionalização gera emprego de qualidade e melhora a competitividade das firmas brasileiras», em João Alberto De Negri e Mario Sergio Salerno (orgs.), Inovações, Padrões Tecnológicos e Desempenho das Firmas Industriais Brasileiras, Brasília: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA, 2005.
Poderá então admitir-se que a transnacionalização agrava as condições de existência da parcela menos qualificada da mão-de-obra, como pretendem alguns autores? No caso do Brasil, porém, a aceleração da transnacionalização ao longo da década de 2000 ocorreu simultaneamente com a expansão do emprego formal e a diminuição do desemprego. Como indicaram Nelson Barbosa e Pereira de Souza, referindo-se ao período entre 2006 e 2008, «nestes três anos foram criados 4,3 milhões de novos postos de empregos formais (mesmo levando-se em conta os efeitos da crise no último trimestre de 2008, com perda de mais de 600 mil empregos). Desta forma, a taxa de desemprego nas seis principais regiões metropolitanas, que atingira um máximo de 10,7% em julho de 2006, recuou para um mínimo de 6,8% em dezembro de 2008, tendo se mantido na faixa de 8% desde esse momento» [7]. E Luciano Coutinho indicou que «em 2009, 4,5 milhões de empregos foram mantidos ou gerados por investimentos apoiados pela instituição [BNDES]» [8]. Será arriscado concluir que esta expansão do emprego formal ocorreu em detrimento dos trabalhadores menos qualificados? Ainda que as pesquisas indiquem, em termos globais, que o aumento da quantidade de funcionários qualificados foi superior à diminuição da quantidade de não qualificados, como se concluiu em estudos acerca de Taiwan, Hong Kong e Singapura, isto não resolve a situação dos não qualificados.
Todavia, a internacionalização e o consequente progresso tecnológico não acarretam obrigatoriamente o aumento do recrutamento de trabalhadores qualificados em prejuízo dos não qualificados. A dispersão das cadeias produtivas e a subcontratação fazem com que dadas fases da actividade de uma companhia transnacional necessitem acessoriamente de mão-de-obra não qualificada. Os problemas surgem quando o país de acolhimento dos investimentos directos não tem uma estrutura económica capaz de desenvolver uma rede de subcontratantes, não podendo então ocorrer uma verdadeira relação entre as filiais das transnacionais e a economia local, como sucede por exemplo na maior parte dos países africanos, com excepção da África do Sul e de alguns países do Maghreb.
Pode acontecer também que, se houver uma diferença acentuada na cotação em dólar das remunerações de trabalhadores com um nível idêntico de qualificação e vivendo em países diferentes, o número de empregos se reduza nos países onde a cotação é mais elevada, em benefício daqueles onde ela é mais baixa. No caso do Brasil, a valorização do real levou algumas empresas da indústria de calçado a criarem filiais na China, aproveitando a diferença salarial em termos de dólar, o que provocou uma subida do desemprego nas regiões brasileiras tradicionalmente fabricantes de calçado [9]. Mais interessante, pela complexidade de que se revestiu, foi o caso da Metalfrio, que em Julho de 2006 comprou a firma dinamarquesa Caravell, criando a terceira maior companhia mundial no ramo de frigoríficos [geladeiras] para bebidas e gelados [sorvetes]. Em 2007 a Metalfrio adquiriu outra firma no México, encerrou a fábrica dinamarquesa da Caravell e transferiu a sua produção para uma unidade acabada de abrir na Turquia, enquanto restringia as operações no Brasil ao abastecimento do mercado interno [10]. Os nacionalistas, que temem que as companhias transnacionais originárias do seu país estejam a levar emprego para o estrangeiro, deveriam reflectir sobre as situações em que elas tiram emprego de outros países.
Notas
[1] United Nations Conference on Trade and Development, World Investment Report 2006. FDI from Developing and Transition Economies: Implications for Development, Nova Iorque e Genebra: United Nations, 2006, págs. 170 e 197.
[2] United Nations Conference on Trade and Development, World Investment Report 2006, op. cit., pág. 187.
[3] Ana Cláudia Além e Rodrigo Madeira, «Internacionalização e competitividade: a importância da criação de empresas multinacionais brasileiras», em Ana Cláudia Além e Fabio Giambiagi (orgs.), O BNDES em um Brasil em Transição, Rio de Janeiro: BNDES, 2010, pág. 54.
[4] Fundação Dom Cabral, Ranking Transnacionais Brasileiras 2010. Repensando as Estratégias Globais, 2010, pág. 16.
[5] KPMG, Multinacionais Brasileiras. A Rota dos Investimentos Brasileiros no Exterior, 2008, pág. 12.
[6] Fundação Dom Cabral, op. cit., pág. 7.
[7] Nelson Barbosa e José Antonio Pereira de Souza, «A inflexão do governo Lula: política econômica, crescimento e distribuição de renda», em Emir Sader e Marco Aurélio Garcia (orgs.), Brasil: Entre o Passado e o Futuro, São Paulo: Boitempo, 2010.
[8] Luciano Coutinho, «Mensagem do presidente do BNDES», em Relatório Anual 2009, Rio de Janeiro: BNDES, 2010, pág. 13.
[9] Beky Moron de Macadar, «Os investimentos diretos no exterior dos países em desenvolvimento e a experiência brasileira recente», Indicadores Econômicos FEE, 2008, pág. 33 n.2.
[10] Alexandre Teixeira, «Os desafios que esperam as (novas) múltis brasileiras… e os exemplos de sucesso das empresas que já chegaram lá», Época Negócios, 6 de Dezembro de 2007.
Agradecemos a um leitor o envio da fotografia referente à manifestação da CUT.
(Continua aqui)
Prezado João Bernardo
Se me permite levantar uma questão paralela, concorda com a afirmação de que cada produto fabricado no exterior que eu compro, para usar de força de expressão, é um emprego a menos em meu país?
Abraço
Caro Paulo,
Não concordo.
Numa economia integrada mundialmente, em que as cadeias produtivas estão em dependência recíproca, a actividade económica num país repercute-se sobre todos os outros. Repercute-se directamente em graus diferentes, consoante os produtos e as empresas. Mas além disto existe uma repercussão indirecta, na medida em que a aceleração ou o declínio da actividade económica num país exercem efeitos generalizados sobre todos os outros.
Abraço.
Foi interessante o falatório que houve quanto à recente e abortada decisão do governo de ajudar na fusão entre o Pão de Açucar e o Carrefour através do BNDES. Falou-se muito que o governo estaria financiando o monopólio (como se já não vivêssemos no capitalismo monopolista, independente se são uma, duas, três ou cinco empresas que atuam num setor). Ora, mas o governo brasileiro se mantinha coerente com sua política desde o primeiro mandato do Lula: financiar a transnacionalização das empresas brasileiras. Tinha ele muito claro que se elas não se transnacionalizarem, elas serão engolidas pelas transnacionais.
Precisou então sair nos jornais a notícia de que o Wal-Mart pretendia entrar no lugar do Pão de Açucar para se juntar à parte brasileira do Carrefour para o pessoal da ‘esquerda’ se dar conta de que se não for o monopólio transnacional ‘tupiniquim’ será o monopólio transnacional ‘yankee’.
Olá,
Realmente muito interessante esse comentário do Leo Vinicius – que, inclusive, reforça os argumentos apresentados nesta série de artigos do João Bernardo.
Nesse contexto de Brasil-Imperialista e tudo mais, destaco abaixo uma notícia de hoje, terça 19 de julho, publicada no caderno Mercado da Folha de São Paulo:
***
Brasil vai perder benefícios nas suas exportações para a Europa
País será excluído de sistema que reduz tarifas em negócios com nações em desenvolvimento
“Vocês não são um país pobre”, diz comissário; 12% dos embarques para a União Europeia vão ser afetados
PATRÍCIA CAMPOS MELLO
ENVIADA ESPECIAL A BRUXELAS
O comissário europeu de comércio, Karel de Gucht, deixou claro ontem que o Brasil será excluído do SGP (Sistema Geral de Preferências) da União Europeia.
“O SGP foi feito para países pobres, vocês não são um país pobre”, disse ele.
“Vocês são um país que ainda tem pessoas pobres, mas claramente o SGP não é feito para vocês.”
Hoje, 12% das exportações do Brasil à UE são cobertas pelas reduções e isenções de tarifas de importação do SGP, em um valor total estimado em € 3,4 bilhões.
O programa beneficia principalmente máquinas e equipamentos, automóveis, produtos químicos, plásticos e têxteis.
De Gucht deixou claro que não será possível manter benefícios fiscais para nenhum dos produtos incluídos hoje no SGP, o que preocupa empresários brasileiros.
A Fiesp já disse que a medida iria afetar principalmente manufaturados -80% das exportações para a UE- e concentrar ainda mais a pauta em bens primários.
Outro medo é que a China tome o lugar do Brasil nessas exportações, já que o país, por ainda ser considerado de renda baixa, não será excluído do SGP.
Mas, segundo uma fonte da União Europeia relatou à Folha, a medida não deve beneficiar a China. Embora ela não vá ser excluída do SGP, deve ultrapassar o limite de 15% do total comprado pela UE em uma série de bens exportados para os europeus, o que elimina a isenção fiscal.
A fonte criticou o governo brasileiro, ao dizer que também não é justo quando o Brasil estabelece que algumas empresas nacionais vão poder ter preços até 25% maiores em licitações do governo -referência a medida que deve constar da nova política industrial.
MERCOSUL
De Gucht disse que a União Europeia espera ter um acordo de livre-comércio com o Mercosul antes que o Brasil seja completamente excluído do SGP, a partir de 2014. Mas, diante da falta de avanço nas negociações, ele culpou os argentinos.
“A Argentina deixou claro que não quer fazer a troca de propostas de abertura de mercado antes da eleição presidencial deste ano.”
Os Estados Unidos também têm seu SGP, que equivale a quase 10% das exportações brasileiras para o país (elas somaram US$ 2,1 bilhões em 2010).
Também nos EUA o SGP está ameaçado. Ele expirou em 31 de dezembro de 2010. O projeto de lei de implementação do acordo comercial dos EUA com a Colômbia contém a renovação do SGP, retroativa a 1º de janeiro de 2011, até julho de 2013.
A Casa Branca precisa enviar o projeto (com os de implementação dos acordos com Panamá e Coreia do Sul) ao Congresso. Não há garantia de que passará.
“O futuro está ligado aos acordos com Colômbia, Panamá e Coreia do Sul”, afirma Diego Bonomo, diretor para políticas públicas da Seção Americana do Conselho Empresarial Brasil-EUA.
A realidade brasileira é muito mais dialética que os “raciocínios” do João Bernardo. Veja o caso da indústria automobilística no Brasil: 100% internacionalizada, ela é apoiada por fartos incentivos creditícios e fiscais e por um sindicalismo pelego, tudo justificado por frases de efeito nacionalistas.