Tira o cavaquinho, coloca o triângulo e o samba vira forró. Entre algumas músicas de Gonzagão, também eram cantadas outras dezenas que me pareciam estranhas. Falavam sobre a realidade no campo, a relação do homem com a natureza, a reforma agrária e o cotidiano do trabalhador rural. E, numa espécie de catarse coletiva, todos cantavam juntos, cada vez mais alto, cada vez mais forte. O vizinho ao lado provavelmente achou que algum movimento de trabalhadores sem-terra estaria se preparando para a batalha definitiva com intuito único de ocupar a cidade por inteira. Mas quem estava lá dentro sabia que eram apenas jovens universitários, dentro de um apartamento, em uma grande cidade do país, expurgando de si toda a urbanidade que lhes cabe, naqueles poucos minutos de vida que o transe duraria. Passa Palavra