É preciso considerar que vem se conformando uma ampla aliança política, consolidando um consenso que envolve as principais centrais sindicais e partidos políticos, MST, MTD, Via Campesina, Consulta Popular, em torno de um projeto de desenvolvimento para o Brasil, subordinado às linhas políticas do Governo, conformando assim uma esquerda pró-capital. Por 51 signatários
Primavera de 2011
Dentro dos limites de um documento como este, pretendemos esclarecer quais os motivos que nos levaram a tomar a decisão da saída, fazer uma análise do contexto histórico em que ocorre esta decisão e, com base nestes dois aspectos, fazer um diálogo franco com a militância.
São tempos de aparente melhoria das condições de vida da classe trabalhadora no Brasil, pelo menos até à próxima crise. Mas será que está tudo tão bem assim? O resultado do desenvolvimento e crescimento econômico dos últimos anos são migalhas para os trabalhadores e lucros gigantescos para o capital: aumenta a concentração da terra, os trabalhadores se endividam, intensifica-se a precarização do trabalho e a flexibilização de direitos, garantidos pela violência do aparelho repressivo do Estado.
Isto tem sido sustentado por um pacto de colaboração de classes, feito pelas organizações que representam os trabalhadores com o objetivo de contê-los.
O processo histórico que nos produziu
Dois acontecimentos são fundamentais para analisarmos a situação das atuais organizações de esquerda no Brasil: o impacto da queda do muro de Berlim, tão determinante quanto foi a referência da Revolução Russa no século passado, e a reestruturação produtiva do capital.
Nas décadas de 1950 e 60, a principal concepção da esquerda afirmava que para superar o capitalismo no país era fundamental completar o seu desenvolvimento. A ditadura militar interrompe estas lutas, que são retomadas nas décadas de 1970 e 80, diante de uma grande crise para a qual o regime militar não encontrou saída. Ressurgem greves, oposições sindicais e ocupações de terra num novo caráter, mas trazendo em boa medida heranças da estratégia do ciclo anterior.
A CUT e o PT surgem nesse período, questionando o capitalismo e colocando o socialismo no horizonte. Dentro da mesma estratégia, surge logo depois o MST, lutando contra a concentração de terras, pela Reforma Agrária e o Socialismo. Neste período, qualquer luta de caráter popular ou democrático se transformava numa luta contra a ordem, devido ao limite imposto pela ditadura militar.
Baseada na análise de que o capitalismo no Brasil era dependente dos países centrais, tendo como inimigo principal o capital internacional, e uma burguesia comprometida com as oligarquias rurais, que não realizou as tarefas típicas de uma revolução burguesa clássica (“tarefas em atraso”), esse bloco histórico construiu uma estratégia: o Projeto Democrático e Popular. Os trabalhadores organizados e em luta deveriam realizar essas reformas, utilizando a via eleitoral como acúmulo de forças para chegar ao Socialismo.
O PT se construiu como pólo aglutinador desse projeto, junto com outras organizações. As organizações de massa na cidade e no campo – CUT e MST – deveriam cumprir o papel de organizar e desenvolver estas lutas.
Ao crescerem e se desenvolverem, organizações que tinham na sua origem uma postura combativa e táticas radicais (como PT, CUT e MST) vão obtendo vitórias importantes, sobretudo conquistando espaços institucionais, mas também sindicatos, terras, escolas, cooperativas de produção, cooperativas de crédito, convênios com governos, políticas públicas e compensatórias. À medida que cresceram essas organizações, a luta institucional e os espaços institucionais tornaram-se centrais.
Neste cenário surge a Consulta Popular, criticando o PT por ter colocado a centralidade na luta institucional e eleitoral e cada vez menos nas lutas de massas. A CP se apresenta como alternativa na luta por uma Revolução Socialista. Surge também o MTD, a partir da Consulta Popular, inspirado no exemplo do MST, com a tarefa de ser uma ferramenta de luta e organização urbana.
As contradições desse processo
Agora nossas organizações, cada uma a seu tempo e não sem contradições, estão dependentes do capital e seu Estado. As lutas de enfrentamento passaram a ameaçar as alianças políticas do pacto de classes, necessárias para manter os grandes aparelhos que conquistamos e construímos. O que em algum momento nos permitiu resistir e crescer se desenvolveu de tal maneira que se descolou da necessidade das famílias e da luta, adquirindo vida própria. O que viabilizou a luta hoje se vê ameaçado por ela: o que antes impulsionava a luta passa a contê-la.
O MST, até às eleições de 2002, caminhou desenvolvendo suas lutas e enfrentando grandes contradições relacionadas à hegemonia do agronegócio no campo. Nas últimas décadas, houve uma reformulação do papel do Brasil na divisão internacional do trabalho a partir da reestruturação produtiva do capital. O agronegócio promoveu no campo brasileiro mudanças estruturais, integrando latifúndio e indústria sob nova perspectiva de produtividade e o trabalho sob nova ótica de exploração. Este modelo inviabiliza a Reforma Agrária como possibilidade de organização produtiva dos trabalhadores para o campo brasileiro nos marcos do capital.
Com a expansão e o fortalecimento do agronegócio, evidenciaram-se os vínculos dos governos do PT com os setores estratégicos da classe dominante. Alguns elementos confirmam esta análise: a desigualdade de investimentos entre agronegócio e reforma agrária, a aprovação das sementes transgênicas, a expansão da fronteira agrícola e com isso a legalização da grilagem nas terras de até 1500 hectares, a permanência dos atuais índices de produtividade e as recentes alterações no novo código florestal. Nesse sentido, enfrentar as forças do agronegócio seria uma crítica direta ao governo petista, colocando por terra a tese do “governo em disputa”.
Essas transformações ocorridas no campo influenciaram nas formas de organização da vida material de nossa base, cada vez mais proletarizada, exigindo novas formas de organização e luta, que poderiam nos levar a outro patamar. Como opção de enfrentamento a esta realidade, o MST, contraditoriamente, segue idealizando o “camponês autônomo” e os “territórios livres”. Ao mesmo tempo, pactua com segmentos do proletariado rural, como CUT, Contag e Fetraf, com o objetivo de acumular forças contra o agronegócio.
A questão que se coloca é: estas opções nos levarão a outro patamar de luta e organização para enfrentar o agronegócio, dado o grau de comprometimento destas organizações com a estratégia do Governo e do capital?
O MTD, no último período, se reduziu a reivindicar políticas compensatórias, como as Frentes de Trabalho ou Pontos Populares de Trabalho, fechando os olhos para a nova realidade do aumento de empregos e suas contradições. Mesmo quando colocado o desafio da organização sindical, ela não foi implementada, para não ameaçar as atuais alianças políticas e a sobrevivência imediata, reduzindo a pauta à reivindicação de programas de governo para qualificação profissional.
Ao abandonar as lutas de enfrentamento, embora sigamos fazendo mobilizações, nossas lutas passaram a servir para movimentar a massa dentro dos limites da ordem e para ampliar projetos assistencialistas dos governos, legitimando-os e fortalecendo-os. Agora o que as organizações necessitam é de administradores, técnicos e burocratas; e não de militantes que exponham as contradições e impulsionem a luta.
Não é de hoje que existem críticas ao rumo que tomaram estas organizações, não só externas, mas sobretudo críticas elaboradas internamente. E este processo não ocorreu sem resistências por parte da base, militantes e alguns dirigentes. As ações de enfrentamento ao capital que marcaram o último período expressam esse conflito, por exemplo: as ações contra a Vale no Pará, a ação de destruição da Cooperativa de Crédito (Crenhor) no RS e as ações das mulheres no 8 de março em diferentes estados.
Este último processo impulsionou um debate profundo sobre a relação entre o patriarcado e capitalismo, rompendo o limite da questão de gênero e da participação das mulheres nas organizações, e propondo o feminismo e o socialismo juntos como estratégia de emancipação da classe. Todas essas ações sofreram severas críticas internas e passaram a ser boicotadas política e financeiramente.
Estamos há anos fazendo lutas dessa natureza e elaborando essa crítica nas mais diferentes instâncias dos movimentos, e como essas ações não tiveram força nem de provocar o debate da estratégia, quanto menos modificá-la, acabaram por legitimar o rumo das organizações.
Mudança de rumo ou continuidade do projeto estratégico?
A questão fundamental para nós não é só criticar a burocratização, institucionalização, o abandono das lutas de enfrentamento, a política de alianças, que aparecem como um problema nas organizações, mas sim identificar o processo que levou estas organizações políticas a assumirem essa postura. A crítica restrita ao resultado leva a refundar o mesmo processo, cometendo os mesmos erros.
O problema em questão não é que houve uma traição da direção ou um abandono/rebaixamento do projeto político; um erro na escolha das táticas ou dos aliados. A questão fundamental é a contradição entre o objetivo e os caminhos escolhidos para atingir tais objetivos: propúnhamos o Socialismo como objetivo, mas o projeto estratégico que traçamos ou ajudamos a trilhar não nos leva a esse objetivo.
Tal estratégia política não é nova na luta de classes: sua origem está na social-democracia européia de há mais de um século, adaptada às condições históricas do Brasil numa versão rebaixada, que foi reproduzida nas últimas décadas pelo PT e CUT e recentemente por MST/Via Campesina, MTD e CP. Atualmente, se apresenta na forma do Projeto Democrático Popular e Projeto Popular para o Brasil.
A Consulta Popular foi sendo construída negando a experiência do PT: não só porque o PT se transformara em partido eleitoral, mas também pelas conseqüências que essa transformação causou em sua forma organizativa. No entanto, a Consulta Popular não nega o Programa Democrático Popular, sua crítica se limita ao “rebaixamento” do Programa.
Para nós, este é um governo Democrático e Popular. Não da forma idealizada como querem alguns, mas com as concessões necessárias para uma ampla aliança. O PDP deu nisto. Nesse sentido, nossas organizações foram vitoriosas quanto ao que se propuseram. E nós contribuímos com este processo, no entanto hoje percebemos que esta estratégia não leva ao Socialismo, ao contrário, transforma as organizações da classe em colaboradoras da expansão e acumulação do capital. O que se apresenta como uma vitória para nossas organizações, na perspectiva da luta de classe, é uma derrota.
Considerações finais
Diante desta crítica, concluímos que não seria coerente que em nome da luta continuássemos em nossas organizações, implementando um projeto de conciliação de classes.
Somos resultado deste processo histórico, nele constituímos nossa experiência de luta política e formação teórica, mesmo que em geral ativista e pragmática. A crítica no interior do pensamento socialista sempre cumpriu um papel revolucionário e por isto julgamos ser uma tarefa a produção de um pensamento crítico sobre este período de vida das nossas organizações e para isto a apropriação da teoria crítica marxista é urgente. Não podemos querer compreender profundamente nossas contradições dividindo as posições entre “reformistas e revolucionários”, entre “camponeses e urbanos” ou entre “socialistas já e socialistas nunca”, pois assim ajudamos a despolitizar o processo de reflexão.
É preciso considerar que vem se conformando uma ampla aliança política, consolidando um consenso que envolve as principais centrais sindicais e partidos políticos, MST, MTD, Via Campesina, Consulta Popular, em torno de um projeto de desenvolvimento para o Brasil, subordinado às linhas políticas do Governo, conformando assim uma esquerda pró-capital. O grau de comprometimento a que chegamos com o capital e o Estado nos levam a concluir que esse processo não tem volta.
Esse alinhamento político não ocorre sem conseqüências: operam-se mudanças decisivas nas formas organizativas e no plano de lutas das organizações, na formação da consciência de seus militantes e na postura que a organização tomará no momento de ascenso. Neste momento, as “forças acumuladas” não atuarão na perspectiva de ruptura.
Compreender esta conformação da esquerda não significa afirmar a tese sobre o fim da história, e dizer que não há o que fazer. Ao contrário, é preciso atuar na fragmentação da classe para retomar seu movimento na perspectiva de ruptura. Nos propomos a permanecer com a classe, buscando construir a luta contra o capital, seu Estado, o patriarcado, por uma sociedade sem classes.
Compreendemos que não estão geradas as organizações do próximo período, assim como sabemos que não haverá nunca se não houver militantes com iniciativa e dispostos à construí-las.
Os combates que travamos, o trabalho de base, os processos organizativos nos ensinaram muito e nos tornaram o que somos hoje, nos ensinaram a lutar. Seguiremos a partir dessa experiência, aprofundando a crítica e procurando ir além do que nos produziu.
”Aquele que conta ao povo falsas lendas revolucionárias, que o diverte com histórias sedutoras, é tão criminoso quanto o geógrafo que traça falsos mapas para os futuros navegadores”
(Hippolyte Lissagaray – Comuna de Paris)
“As Revoluções são impossíveis… até que se tornem inevitáveis.”
1. Ana Hanauer (MST e CP RS)
2. Bianca (MST RS)
3. Carmen Farias (MST SP)
4. Claudia Ávila (MST RS)
5. Claudia Camatti (MTD RS)
6. Claudio Weschenfelder (MPA SC)
7. Cleber (MTD RS)
8. Darlin (MTD RS)
9. Débora (MTD RS)
10. Eder (MST RS)
11. Ezequiel (MTD RS)
12. Fábio Henrique (MST SP)
13. Fernanda (MTD BSB)
14. Gilson (MST RS)
15. Greice (MTD RS)
16. Irma (MST RS)
17. João Campos (MST SP)
18. João Nélio (MST SP)
19. Jesus (MST RJ)
20. Juarez (MST RS)
21. Jussara (MST SP)
22. Letícia (MTD RS)
23. Lucianinha (MST RS)
24. Luís (MPA SC)
25. Marcia Merisse (MST SP)
26. Marcionei (MTD RS)
27. Maria Irany (MST AL)
28. Maurício do Amaral (MST SP)
29. Michel (MTD DF)
30. Micheline (MST RS)
31. Mila (MST e CP SC)
32. Neiva (MST RS)
33. Nina (MST e CP RS)
34. Oscar (MST RS)
35. Paulinho (MST SP)
36. Pedroso (MST RS)
37. Pincel (MST RS)
38. Portela (MTD RS)
39. Raquel (MST RS)
40. Ricardo Camatti (MTD RS)
41. Salete (MTD RS)
42. Socorro Lima (MST CE)
43. Soraia Soriano (MST SP)
44. Tatiana Oliveira (MST SP)
45. Telma (MST SP)
46. Telmo Moreira (MST RS)
47. Thiago (MTD BSB)
48. Valdir Nascimento (MST SP)
49. Vanderlei Moreira (MST CE)
50. Verinha (MST RS)
51. Zé da Mata (MST SP)
É importante ressaltar que alguns dos que assinam este documento já se afastaram ou foram expulsos das organizações de que faziam parte em 2009 e 2010 sem poderem expor seus motivos, o fazem agora nesta carta.
Infelizmente tenho que concordar com os argumentos da carta… Por experiência própria de militância aliás. A atuação da esquerda precisa mesmo de uma “”teoria””, uma prática e uma organização diferentes pois a situação atual gerou um imprevisto retardamento da consciência de ruptura e de classe… dentro das organizações se instalou uma ideia “oculta” de que uma ruptura é impossível e por isso o que resta é lutar por fatias no desenvolvimento, por inclusao, que o país vai ser pra todos, que vai ser uma alemanha etc. esse é o horizonte! Ainda estou na militância mas devo admitir que mais por simpatia por companheiros e pela causa do que por convicçoes teóricas.
Ora, o que é o artigo senão a afirmação do que eles próprios negam: “Não podemos querer compreender profundamente nossas contradições dividindo as posições entre “reformistas e revolucionários”, entre “camponeses e urbanos” ou entre “socialistas já e socialistas nunca”, pois assim ajudamos a despolitizar o processo de reflexão.” ?!
Não é isso que fazem nessa carta em sua mais própria essência?
Não é justamente esse o resultado da debandada dessa esquerda apressada que “cansou de impor as contradições” do próprio movimento?
Essas posturas acontecem a torto e à “direita” na própria esquerda. Raxar é fácil. “Debandar” é fácil – quero ver é se segurar no barco e ficar nele nos momentos em que as contradições mais pressionam. Esse sim é um exercício.
Já era em tempo de haver rupturas com os movimentos que estão nas mãos do governo dito de esquerda, mas que na realidade está administrando o capital, como diz Plínio Arruda Sampaio “ganho, mas não levou”, está é a síntese que se esperava de um programa de acumulação via institucional, pois para se chegar ao poder nesta via há que se fazer muitas concessões, coligações ampliadíssimas, e muito mas muito dinheiro de empresários para bancar suas campanhas eleitorais milionárias.
1- 51???? Um número bem a propósito.
2- Tinham sido expulsos? Há dois anos? E só agora falaram? O que estavam escondendo? Quem são os expulsos? Se foram expulsos, porque falam em saída? Ou não foram expulsos e querem apenas se fazer de vítimas?
3- A Reforma Agrária está inviabilizada?? Estão fugindo da luta?? O que propõem, então? A socialização da terra? Ou a subordinação do camponês ao capital??
4- Agora já se pode constituir um Movimento Camponês pelo Socialismo Já!!
5- Aprofundar a crítica e ir além do que os produziu é exatamente o quê?? Não vão mais lutar pela Reforma Agrária e vão se somar ao agronegócio?
Que curioso! O comentário de Zizi é exactamente igual — nem um ponto de interrogação a mais, nem um a menos — a uma mensagem que Aton Fon divulgou ontem numa rede de e-mails.
a prática da unidade, sempre fez pouco caso das vozes divergentes, quando isso não foi possivel expulsaram, essa prática já assinou muitos dos melhores revolucionários de outros tempos, ou acaso já esqueceram das cassadas da era stalinista!o argumento de as pessoas que saíram bandonaram a reforma agrária é frágil e maldoso, para não dizer calunioso, é preciso que se olhe para o Brasil de hoje e de ontem e se entenda como funcinou e como funciona o latifúndio neste país, a saber que nunca se opôs de fato ao desenvolvimento do capitalismo (uma boa dica é a leitura do livro, a crítica a razão dualista de chico oliveira, mas sempre esteve a serviço deste e hoje mais do que nunca serve ao capitalismo extrangeiro, assim sendo a tarefa democrática da reforma agrária para desenvolver o capitalismo no Brasil é uma farsa e como farsa tem que ser combatida.
sem diminuir a luta histórica do MST e de outros movimentos que lhe antecederam na luta pela terra, a exemplo da ligas camponesas no nordeste, que de fato é uma necessidade histórica desde a invasão européia nas américas e sobretudo no Brasil, onde as terras seguem sendo concentradas, o erro não está na luta pela terra, está em acreditar que se possa de fato distribuir terra em uma sociedade, onde a expansão se da em todos os campos da economia, exemplo da privatização dos serviços essenciais; como educação, saúde, previdencia etc. e a terra, carro chefe de uma economia primária, zona de expansão territorial do capital nacional e extrangeiro, se é que pode separar um do outro, que vive da exportação de commodities, sonha zizi com a reforma agrária e vá morar em um assentamento por um ano, não na sede de uma cooperativa, mas de um assentamento daqueles que é recheado de proletários, vá fazer uma ocupação de terras, junte-se ao nosso mago da unidade, o sr mourão, quem sabe com isso vcs possam falar de reforma agrária, unidade e até de “raxas”, se gente como vcs tiverem coragem para tal, é fácil nadar a favor da correnteza, nadamos sempre juntos empurrado pelas águas, não se pode dizer o mesmo quando acontece o contrário e poucos sobem em um bote a motor e o restante são levados água abaixo. de qualquer maneira, boa sorte em suas organizações e na luta pela reforma agrária, se é que luta de tão eminentes defensores da unidade e da reforma agrária, não seja simplismente retórica confortável.
Alexandre Mourão, a ESQUERDA APRESSADA está bem sentada no colo do capital e mamando nas tetas do governo. As CONTRADIÇÕES MAIS PRESSIONAM o bote dos dirigentes que fugiram do barco rumo ao governo para arrastá-lo à mira dos inimigos. RAXAR É FACIL para quem se apelega, para quem sequestra a luta social através de mecanismos organizativos centralizados, personalistas, patriarcalistas e autoritários, e depois entrega-se por rebaixamento a todo tipo de negociação ancorados em míseros projetos compensatórios.
Zizi, seu comentário combina com a ocultação do teu nome, é a mesma ocultação covarde que se faz com todos os discidentes que saem ou são afastados. Sua tentativa de demonização através do 51?, é própria do comportamento estalinista, dos militantes de cartilha, que vivem num praticismo lustrando botas de dirigentes (resta saber quem é que esta te dirindo agora). Não há forma mais eficaz de SE SOMAR AO AGRONEGÓCIO, do que compactuar com o governo deles, e isto sim está sendo feito com maestria, inclusive nas cooperativas que pegam mais projetos. FUGINDO DA LUTA? Desde quando a luta virou sinônimo de apelegamento? O apelegamento que você quer ocultar a todo custo, assim como teu nome é a fuga real da luta!
Já se pode ver que os dois são os soldadinhos da guarda STALIN-PELEGA, e que nada mais a dizer, começam a uivar ao redor do castelo das direções!
http://blogdofavre.ig.com.br/2010/04/nunca-um-governo-fez-tanto-por-nosso-setor-diz-fundador-da-udr/
Otimo. O analise é bom. O Proprio MST vem colocando essas contradições na mesa há muito tempo. Mas, se essas ferramentas não nos levaram até o Sol, hoje, qual levará?
alex, nao adianta muito colocar contradicoes quando o PROJETO do movimentos É um projeto de governo e nao de base.
sinceramente, este papo de contribuir e enfrentar contradicoes tem limite. chega um momento que eh dar murro em ponta de faca. ja sao quase 10 anos de govreno do PT. nao acho q qq pessoa q integrou estes movimentos rachou apressadamente, pois sao decadas de construcao e ver que o projeto pelo qual vc lutou esta na verdade prejudicando os objetivos da base em detrimento dos empresarios, lobbystas, elite politica, agronegocio e etc é degradante. vc vai fazer o que qd seu cmpanheiro de luta passa a frequentar os espacos da base pra defender a cupula? forçar a unidade com um bando de filho da puta?
tem gente q racha por motivos muito mais mesquinhos (como brigas pessoais, por ex). rachar por discordancia com os rumos do movimento eh mais do que digno. eh necessario para ir quebrando aos poucos esta hegemonia NEFASTA que o pt construiu em cima dos movimentos populares para, no fim de tudo, apertar as maos dos empresarios e mandar a base à merda.
a grande preocupacao deste militantes eh com o rumo das lutas, e nao em forçar uma falsa unidade pra fortalecer um movimento que nao serve aos anseios populares. acho digníssimo.
beijo kerido!
Finalmente a esquerda brasileira começa a se mexer e romper com este governo. Infelizmente o MST pelegou e a Consulta, ainda de fraldas, já aderiu ao governo e ao braço sindical do governo (CUT).
Precisamos reconstruir a esquerda socialista e temos certeza que estes 51 se integrarão e estão dando um passo que será seguido pelas bases do MST.
Esta iniciativa tem de ser saudada.
Antes tarde do que nunca!!!
Contudo, este auto-anunciado processo crítico e auto-crítico necessita ser feito sem concessões em relação ao próprio passado dos 51 subscritores. Por exemplo: é preciso romper teórica e praticamente com a concepção que harmoniza Reforma Agrária com Socialismo (a menos que se entenda por Reforma Agrária algo que ela nunca foi: socialização da terra. A menos que se entenda por socialismo algo que ele nunca foi: capitalismo de Estado). A primazia em construir organizações sobre a construção de lutas com capacidade de generalização constitui-se em outro exemplo.
Não é novidade aqui pra ninguém que o Governo Dilma, assim como foi o governo LULA, é um Governo de ‘composição’ – tenta agradar gregos e troianos. A questão de se segurar na contradição é justamente essa: é mais fácil você visualizar e fazer um Movimento na tão sonhada e aclamada BASE tendo um governo psdebista, por exemplo. É por isso que escutamos alguns companheiros de esquerda praticamente pedindo a volta de um governo desse (psbd,dem,etc) pra ser possível ‘radicalizar’ mais. Fazer um movimento mais radical e à esquerda,etc. Nesse espírito se afasta cada vez mais da prática revolucionária (o horizonte revolucionário vira o novo partido, o novo movimento, a nova discidência) e se aproxima do gozo-verbal-revolucionário: “Eu sou o radical, eu estou na base”.
A dificuldade e a contradição mais difícil é justamente a de conseguir fazer um movimento que tenha essa contradição de atuação e embate de um Estado em constante disputa: o do governo Dilma. Pra mim, é agora que o bicho pega depois desses 10 anos..agora que vamos ver quem é quem.
Repetindo a questão da facilidade..é fácil taxar agora o MST de governista ou coisas do tipo: justamente aquele trecho destacado por mim que a carta alertou está acontecendo agora nesse nosso Debate. Por isso que insisto que eles afirmaram uma própria negação nessa carta de “saida”.
E enquanto isso, a direita criminaliza mais, se organiza mais..
Basta ler o que a direita (psdebista,democratas, fascista, religiosa,etc) estão falando do MST e respondam novamente se MST se estagnou….Leiam o nível e a violência das críticas e quero ver falar que MST é isso e aquilo de ruim.
Obs: E pra quem fez referência que eu disse que o pessoal que saiu fora estava indo contra a reforma agrária, eu não coloquei nem citei isso.
“Um Estado em constante disputa.”
Só pode ser uma disputa entre os novos capitalistas, gestores (dirigentes, burocratas, líderes, etc.) dos movimentos sociais e sindicatos que chegaram ao poder com o governo de “composição” do pt, com os antigos capitalistas que a mais de quinhentos anos vão se apoderam dos espaços institucionais para manter suas posições de classe.
Não se vislumbra contradição nesse cenário, apenas uma oposição de interesses entre as classes dominantes.
“O que se apresenta como uma vitória para nossas organizações, na perspectiva da luta de classe, é uma derrota”.
Isso certamente não é pontual ou ocasional. Qualquer organização que se proponha instrumento da luta de classes deveria saber caminhar em direção ao seu fim, à sua superação. Impossível? Até que seja inevitável.
O Mst deve se definir. Continuando assim, lulando e dilmando, assumem um caminho. Ou então vão para a esquerda e rompem com este governo. Ficar em cima do muro, como fazem o Mst e Consulta, leva apenas a cargos no governo. Nunca ao socialismo.
Gostei muito do texto pricnicpalmente na parte que faz um importante recorte historico dos processos de organizaçoes da classe trabalhadora na contemporaneidade ( vide o PT e a CUT).
Ele ta bem escrito.
Agora a politica apresentada eu nao sei dizer se é uma tentativa de se fazer humor com a esquerda nacional ou mais uma daquelas classicas cisoes que tanto acomentem determindas vanguardas revolucionarias que estao afim de contestar o ” dono da bola” em suas proprias organizaçoes.
Agora a pergunta que nao quer calar.
Nós estamos lidando com uma crise na direçao ou uma crise na base?
Nós estamos falando de um racha de quantos militantes mesmos?
Vamo combinar que 51 é uma piada pronta.
Esse comentário quanto ao número de militantes que saíram de suas organizações é de uma má fé terrível.
Quanto as perguntas: http://www.reporterbrasil.org.br/exibe.php?id=1882
Gostaria de fazer alguns comentários. Primeiramente, sobre os companheiros que agora se afastam. Conheço alguns deles, com os quais tive a oportunidade de militar e de aprender muito, tanto em termos teóricos (com falas, formações etc. que fizemos juntos), quanto com prática (ocupações e outras lutas que fizemos juntos etc.). Certamente são companheiros que merecem muito respeito e que não se afastam por peleguismo, mas por discordar realmente dos rumos de suas organizações. São críticas feitas pela esquerda e não se pode, como é comum na esquerda, utilizar a regra do “se não está comigo, é de direita”.
Creio que o problema da ruptura tem, no fundo, um problema de teoria, que vem implicando uma determinada leitura dos militantes, e, consequentemente o estabelecimento de uma estratégia equivocada. Pontuo brevemente os principais pontos.
TEORIA DO ESTADO
Fruto das posições hegemônicas na esquerda, se acreditou, e ainda se acredita, que o Estado responde a uma disputa de classes e que, portanto, ele seria “disputável”. Ou seja, ele responderia à classe que está no poder; poder esse que poderia até ser conseguido por meio da disputa do próprio aparelho de Estado (de maneira revolucionária ou pelos meios legais). As conclusões disso é que o Estado seria um espaço de disputa e que poderia haver um Estado que respondesse aos interesses das classes oprimidas.
Essa análise está errada e a própria história o atesta. O Estado é, na realidade, o instrumento político das classes dominantes e surge (no caso do Estado Moderno) justamente para dar suporte a um projeto de fortalecimento do capitalismo. Por meio de uma relação dialética de política e economia, o Estado torna-se uma ferramente imprescindível para fazer ascender e sustentar o capitalismo, sendo, portanto, não somente sua consequência, mas também sua causa, nesse processo.
Ou seja, o Estado faz parte da estrutura de poder da classe dominante; não é um instrumento que possa ser utilizado em favor das classes oprimidas. Por meio do Estado, tudo o que se pode construir é capitalismo (de uma maneira ou outra, mas sempre capitalismo).
O instrumento político histórico das classes oprimidas é os movimentos populares que, infelizmente, vêm sendo, há décadas atrelados aos interesses do Estado ou sendo vítimas de processos de burocratização significativos (por influência de outros ou mesmo por opção própria). Interesses corporativistas, visões estreitas em termos de objetivo vêm contribuindo com isso.
ESTRATÉGIA DE LUTA
Com esses pressupostos, o movimento popular não pode acreditar que vai entrar em processos de composição com o Estado e não fazer parte de uma luta que não conduz ao socialismo. O Estado é a antítese do socialismo; o socialismo só se constrói na luta contra o Estado e não na disputa do Estado. O socialismo só pode ser construído a partir das lutas dos movimentos populares, na construção de baixo para cima (a partir da base) e da superação de todos os problemas que envolvem a burocratização, dentre os quais encontra-se essa relação com o Estado.
Os movimentos populares, em diversos casos (nesse que estamos discutindo, na Argentina dos Kirchner, na Bolívia de Evo etc.), insistem nesse mesmo erro. Atrelam-se ao Estado, na esperança de fazer transformação social e, passado um tempo, olham para trás e vêem o evidente: “é… assim, não conseguiremos produzir transformações”. Já é hora de aprendermos com a história… Se queremos ir para o Rio de Janeiro, não adianta pegar uma estrada para Porto Alegre…
POR ONDE DISPUTAR OS MOVIMENTOS
Outra questão interessante para reflexão é pensar quais são os melhores espaços para “disputar” os movimentos populares; esses sim, organismos com potencial de voltarem a ser o que eram em suas origens: instrumentos políticos das classes oprimidas.
Vários dos companheiros que assinam a carta optaram por ocupar as posições de direção dos movimentos em questão. Consequentemente, foram obrigados a responder a um método organizativo (no caso do MST, centralismo “democrático”) que facilmente suprime a dissidência. Fica aqui a questão, sem resposta, evidentemente, se não haveria possibilidades de uma disputa com mais resultados e menos “riscos” sendo realizada pela base. Essa questão é fundamental para quem defende uma posição combativa e de construção pela base e integra movimentos burocratizados (sindicatos, MST, etc.) Ou mesmo se não valeria a pena optar pela construção de novos movimentos.
SUJEITO
Outra posição de alguns dos companheiros que assinam essa carta, e que concordo completamente, é que mais de 80% do país está nas cidades e que, portanto, é necessário que se mobilize as periferias para um processo de transformação mais amplo. Isolar os camponeses do MST das lutas das cidades não fará avançar qualquer projeto real de poder popular.
O sujeito não está definido historicamente, a priori, e precisa ser construído no processo de luta. E dependendo de como ele for envolvido no processo de luta ele será o sujeito do socialismo ou não. Movimentos que trabalham com a hierarquia criam um povo fraco; o que o socialismo precisa é de um povo forte – de um sujeito que se construa na luta e que possa assumir as rédeas da sua própria vida.
O FUTURO
Espero que os companheiros que assinam a carta possam se juntar a setores que vêm defendendo a criação e o fortalecimento dos movimentos populares pela base, de base classista e postura combativa, reivindicando autonomia dos governos e partidos políticos, processos de fato democráticos de construção da luta, com empoderamento real da militância, e perspectiva de transformação, de luta pelo socialismo. Independente de onde se dê a construção da luta (campo, cidade, bairro, trabalho, etc.)
Creio que seria interessante começar um diálogo nesse sentido.
Força companheiros, entre os quais gente nascida e criada no primeiro assentamento do movimento.
É tudo que posso dizer, com certo pesar também, que, imagino, eles também tenham.
A falta da força de um movimento combativo nesse momento de avanço “sinistro” do capitalismo nos levará para onde em plena era de facistização em tantos pontos do país?
Lindo momento! Naturalmente a ruptura só poderia vir daquelas partes do movimento social que ainda guardavam algum viço, como o MST, que não estavam murchas e mofadas, como a CUT. O quadro da revolução parecia uma ´natureza morta´, cheia de frutas de cera e flores de papel. Tudo muito colorido com os banho$ de tinta dados pelo governo. Viva a dissidência – antes que o sufocamento nos atinja a todos.
Viva o vermelho que não desbota. O vermelho da face viva de quem não vai desistir e já sabe que quem sabe faz a hora.
Torço para que os companheiros não se apresentem como uma nova facção dos puros – como o PSTU e o PSOL. Que não se ofereçam como opção fechada e solução final – não são, são cheios de defeitos! rsrsrsrs Mas tenham grandeza bastante para se oferecerem como âncora de um novo processo de aglutinação das forças revolucionárias.
Que reabramos o debate de fundo paralela à ação de frente. (Rosa Luxemburgo até hoje é usada como tempero fino pro mesmo angú de sempre.)
Obrigado Frente de Massas. E que venham os Conselhos.
Conheço vários que assinaram a carta e suas militâncias, sei que são pessoas que organizavam o movimento pela base mas isso não foi o suficiente para mudar a linha política do seu movimento. Imagino que deve ter sido para eles uma decisão muito difícil essa de sair…
Se essa foi a única maneira de permanecer na luta de classes, eu apoio!
Além disso sou apenas alguém que apoia a luta, respeito estes que dedicam a vida a luta. Não me sinto a vontade em dar palpite em algo que não estou fazendo.
Força e adiante!
seria legal o passa-palavra dar destaque correspodente a este texto.
abs,
carlos
A saída dos que nunca entraram…
Fátima Sandalhel – Consulta Popular/SP
Em sua III Assembléia Nacional, em 2007, a Consulta Popular deu passos decisivos em sua formulação estratégica. Ao enfrentar, os temas fundamentais do “Caráter da Revolução”, “Poder e Estado”, “Sujeito Social” e “Conceito de Organização”, optou pelas concepções construídas no leito histórico do movimento revolucionário da América Latina, gerando inevitáveis tensões com os que temiam ou discordavam destes passos.
A “Carta de Saída do MST, MTD, Consulta Popular e Via Campesina”, firmada por 51 militantes é uma expressão tardia destas definições.
Não é casual, que, em relação a nossa organização, 49, dos 51 signatários se afastaram gradativamente, a partir de 2007, deixando inclusive de se identificar e apresentar como Consulta Popular. É bom esclarecer que muitos sequer chegaram a participar de nossa estrutura orgânica.
Permaneceram é verdade nos movimentos de massa que agora deixam, disputando outra concepção, que os levou a um isolamento crescente e os empurrou para a atual atitude.
Verdade seja dita, nunca assumiram o Projeto Estratégico que agora afirmam ter abandonado. Alardeiam ter saído de algo em que nunca entraram. Peço perdão se estou sendo injusta com algum dos signatários, não conheço a atuação militante de todos (as). Mas dos que me recordo, jamais os vi defendendo o Projeto Popular.
Como militante da Consulta Popular, que participou de embates teóricos com diversos dos signatários da “Carta”, nos anos de 2006 e 2007, no processo de preparação da III Assembléia, o que me deixa intrigada não é o fato de anunciarem sua saída, mas o de fazerem somente agora.
Com a exceção de um único signatário, que permaneceu participando de seu núcleo e sustentando suas posições, os demais evidenciam com sua atitude, que não fizeram antes por pretender travar uma disputa.
Conseqüentemente, usando a mesma lógica formal que apreciam tanto na teoria revolucionária, se fazem agora, quando as concepções do Projeto Popular estão mais fortalecidas do que nunca nas organizações, é por se sentiram derrotados. “Jogaram a toalha” como se diz no jargão esportivo.
E isso é bom, para ambos os lados. Deixam-nos prosseguir numa construção em que estamos animados, sem gastar energias num debate superado e lhes permite mostrar, finalmente, a que vieram.
O Socialismo Já é o Socialismo Nunca!
O conteúdo das críticas apresentadas pela “Carta” revela que sua divergência é com a atualidade das tarefas chamadas de “democráticas e populares” na estratégia da Revolução Brasileira.
Não casualmente, são incapazes de apontar qualquer reivindicação ou bandeira que expresse esse suposto programa imediatamente socialista que justifica a divergência.
Na verdade se identificam com uma concepção estratégica que não é nem um pouco nova, esteve presente e foi vencida em todos os processos revolucionários triunfantes do século XX, sobrevivendo apenas na teoria e em debates acadêmicos, agora ressuscitados neste momento de rearranjo da esquerda brasileira.
A tese central parte de uma lógica formal impecável. Se o desenvolvimento capitalista completou-se, a conseqüência imediata e direta é que o programa da revolução é a socialização dos meios de produção e qualquer outra medida estaria contra o avanço histórico. Em suas palestras e cursos de formação, enumeram os inegáveis avanços do capitalismo no Brasil, para então concluir que um programa socialista está colocado e não se viabiliza por existirem correntes atrasadas que impedem sua propagação.
Seria uma lógica invencível, se pudéssemos tratar a luta de classes como os mesmos conceitos da engenharia civil. Seu erro principal, que a leva a negar exatamente a essência do marxismo é que despreza o processo histórico de formação, as relações culturais e as experiências acumuladas.
Para os adeptos desta lógica formal, tudo se reduz ao desdobramento interno de um modo de produção, segundo uma lógica dada e prevista. Os homens passam a ser, no máximo, coadjuvantes de sua própria história, definida estritamente pela economia. Para Marx, contudo, a história não é um fator desprezível, que se resume a um conjunto de fatos a serem pinçados para provar uma teoria. Ao contrário, a história é elemento constitutivo da própria teoria.
Para a teoria em que se assenta a “estratégia do Socialismo Já”, tudo o que não diz respeito ao movimento lógico do modo de produção é mistificação. Não há povos, não há culturas, não há memórias, não há nações, não há espaços geográficos, não há idéias, não há instituições, não há línguas, não há diferentes formas de sociabilidade, enfim, não cabem as contradições da realidade. O processo histórico é um elemento desprezível. Uma ilusão. A superação ocorre sem nenhuma ligação com o que foi superado.
Que falta lhes faz um Curso de Realidade Brasileira!
Evidente que se o capitalismo avançou isso possibilita, estruturalmente, uma transformação de caráter socialista em nosso país. Disso não temos dúvidas. Afirmamos claramente na Consulta Popular que o caráter de nossa revolução é socialista. Porém, isso não significa que o programa de transformações estruturais cujas contradições possibilitam a luta pelo poder, seja constituído de reivindicações socialistas.
Esta é a grande diferença entre a estratégia presente nas revoluções triunfantes do século XX, e as concepções do “Socialismo Já”.
Raciocinam como uma mecânica que não admite intermediações. Se o capitalismo se completou as reivindicações serão de socialização dos meios de produção. E pronto. Quando se deparam com as mediações existentes em qualquer processo real se desconcertam, apoiando-se num discurso doutrinário, eficaz para debates acadêmicos e mesas de bar, mas inútil para a complexa luta de classes.
Nesta lógica formal, estaríamos assistindo as bandeiras de socialização dos meios de produção emergindo poderosas nos países desenvolvidos, especialmente com a intensa crise que atinge os EUA e as grandes economias européias.
Assim como as assistiríamos surgindo nos países menos desenvolvidos da cadeia capitalista internacional, pois sendo partes integrantes dela, se subordinariam à mesma lógica.
Porém, nem as análises de conjuntura vislumbram isso e o processo histórico desmente cabalmente essa conclusão.
Por quê?
Ora, responderão os adeptos do “Socialismo Já”, isso não acontece porque existem traidores, que se recusam a assumir o programa socialista!
Aqui chegamos ao cerne da questão, onde a lógica formal desmonta-se como um castelo de cartas.
As bandeiras ou reivindicações que integram um programa não são determinadas pelo desejo dos revolucionários, mas por contradições efetivamente existentes que geram mobilizações.
Em outras palavras, a bandeira histórica de Reforma Agrária não nasce apenas da vontade dos aguerridos lutadores que tiveram o heróico papel de construir o MST, mas de uma contradição concreta, vivenciada por milhões de pessoas, que pode ser compreendida no estudo de nosso processo histórico. Sem compreender isso, jamais conseguiremos explicar a razão de milhares de canavieiros assalariados rurais da zona da mata nordestina, verdadeiros proletários rurais, mobilizarem-se pela conquista da propriedade da terra e não pela sua socialização.
Eis por que, o argumento que desconcerta os adeptos da estratégia do “Socialismo Já” é desafiá-los a apresentar seu programa.
Aliás, quais são as medidas do Programa Democrático Popular que não aceitam?
– O Direito ao ensino público e gratuito em todos os níveis para todos, com a proibição de o Estado destinar verbas para escolas privadas?
– A Criação de um sistema único de saúde estatal, público, gratuito, de boa qualidade, com participação, em nível de decisão, da população, por meio de suas entidades representativas; estatização da indústria farmacêutica?
– A Estatização dos serviços de transportes coletivos?
– A Estatização da indústria do cimento, para viabilizar um vasto programa de construção de habitações populares?
– A Estatização dos grandes veículos de comunicação de massa?
– A Estatização do sistema financeiro, garantindo crédito ao pequeno e médio produtor agrícola e industrial?
– A Reforma agrária sob controle dos trabalhadores, com fixação de módulo máximo da propriedade rural regional e definição de planos agrícolas com a participação dos trabalhadores?
– A Reforma urbana que assegure o direito de todos à moradia, com desapropriação de terras ociosas a baixo custo e pagamento a longo prazo, além de financiamento da casa própria à população, sem juros e compatível com a renda familiar?
Respondam!
Digam quais são suas alternativas a essas bandeiras? Onde construíram lutas em torno dessas alternativas? Onde construirão?
Afinal, quais são as medidas, diferentes do Programa Democrático Popular, que integram o tal Programa Socialista?
Onde podemos encontrar esse outro Programa que defendem?
Por que, mesmo os mais brilhantes acadêmicos que defendem essa teoria silenciam sobre esses pontos?
A resposta é simples. São incapazes de fazê-lo. Alteram apenas o nome do “programa”, mantendo as mesmas reivindicações. Ou então, apresentam bandeiras inexeqüíveis, como a socialização das terras e atribuem sua inexistência a responsabilidade daqueles que não compreendem o “verdadeiro programa socialista”.
Ou, o que é ainda pior, reduzem seu Programa Socialista a meras reivindicações de combate à corrupção e de construção de ética na política, convertendo-se em professores de moral para os capitalistas, a quem buscam livrar do mal, amém.
Aproveitam-se do fato do governo petista ter deixado de sustentar seu histórico programa de 1987, que se denominava “Democrático e Popular”, para simplesmente tergiversar.
Polemizam na verdade com o nome “democrático popular” e não com seu conteúdo. Poderia ser apenas uma divergência de nomes, mas não é. Pois dessa assertiva tiram conclusões que inviabilizam a construção do amplo leque de alianças, estreitam o que não precisa ser estreitado, enfraquecendo-se diante de um inimigo poderoso. Não aprenderam sequer os rudimentos de uma política revolucionária.
Pensando a partir de nossa estrutura social, quais são as classes ou setores de classes que vivenciam contradições estruturais com o capitalismo e compõem potencialmente as forças da revolução brasileira?
Esse amplo leque de forças se aglutina em torno da bandeira de socialização dos meios de produção?
Isolaremos o proletariado destas alianças? As consideramos desnecessárias?
Estas são as questões que se colocam para os que tratam a teoria revolucionária como a teoria da conquista do poder e não como espaço para o brilho de intelectuais da moda.
O projeto popular da revolução brasileira é a ruptura com o imperialismo, o direito e o dever do trabalho para todos, o aumento dos salários e a anulação das privatizações e controle do sistema financeiro, o acesso universal à educação pública, saúde e previdência pública de qualidade, a conquista da reforma agrária, a reforma urbana entre outros. Se alguém acredita, de boa fé, que tais medidas são insuficientes é por que está tão mergulhado no mundo dos desejos que não consegue olhar ao redor.
Um programa pode se desdobrar em diferentes plataformas táticas, dependendo das conjunturas, mas tem uma coerência indivisível. Suas medidas podem se acelerar ou não, dependendo da correlação de forças, do nível de consciências e de circunstancias imprevisíveis. Contudo, a questão central, será necessariamente a questão do poder e não das medidas que compõem o programa, muito menos de seu nome.
Portanto, polemizar, ainda que sobre o nome – o que seria ridículo – não é irrelevante.
O erro é grave. E se esquecem que a história não admite rascunhos e cobra um alto preço por deslizes na estratégia.
O grande perigo desta “teoria do Socialismo Já” é que busca se afastar da grande contribuição do pensamento leninista que permeou todas as revoluções triunfantes do século XX.
O conflito entre as classes sociais assume diferentes formas, para além daquelas diretamente econômicas. Aquelas diferentes formas estão relacionadas aos variados motivos que fazem da classe capitalista, a classe dominante em nossa sociedade: o controle dos principais meios de produção, dos centros de poder estatal e da comunicação de massa, entre outros.
Eis a razão da lógica formal ser tão atraente nos debates intelectuais e imprestável como ferramenta para atuar na realidade.
Ao secundarizar os processos históricos, ao afastar qualquer mediação com a formação social, ignorando as contradições efetivamente existentes, deslocam para um falso debate programático os problemas decorrentes da luta pelo poder. Com isso, afundam no debate doutrinário, perdendo, de fato, a capacidade de lutar pelo poder. Eis por que, a história nos fornece todos os exemplos para afirmar que o “Socialismo Já é o Socialismo Nunca!”
O conselho que lhes damos é que não parem seus estudos no Livro I do Capital, essencial para a teoria marxista, prossigam no restante da obra dos clássicos, estudem Lênin, estudem os processos revolucionários, dediquem-se a entender a formação social de nosso país.
E agora José?
Mas o trecho mais me intriga na “Carta de Saída” é o seguinte:
“Esse alinhamento político não ocorre sem conseqüências: operam-se mudanças decisivas nas formas organizativas e no plano de lutas das organizações, na formação da consciência de seus militantes e na postura que a organização tomará no momento de ascenso. Neste momento, as “forças acumuladas” não atuarão na perspectiva de ruptura”.
“Compreender esta conformação da esquerda não significa afirmar a tese sobre o fim da história, e dizer que não há o que fazer. Ao contrário, é preciso atuar na fragmentação da classe para retomar seu movimento na perspectiva de ruptura. Nos propomos a permanecer com a classe, buscando construir a luta contra o capital, seu Estado, o patriarcado, por uma sociedade sem classes”.
Os grifos são meus, e chamam a atenção para uma afirmação bem curiosa. Para que explicar isso? Do que estão culpados?
A teoria psicanalítica ensina que nos apressamos em desculpar daquilo que no fundo acreditamos.
Colocar-se diante de tarefas que a realidade não permite é uma forma de nos paralisar. Com seu equivoco, os signatários estão diante de três possibilidades:
– Aglutinar-se em pequenas seitas doutrinárias, dotadas da única verdade, que brandem um discurso válido para qualquer tempo e espaço geográfico, sem interferir na luta política;
– Abandonar tudo, assumindo exatamente o que se desculpam antecipadamente, pois “não há nada a fazer”;
– Ter a coragem de fazer uma autocrítica e compreender o equivoco cometido.
Será que os que romperam com o MST conseguirão construir outro movimento de luta na questão agrária, dotado da tal “estratégia socialista”?
E os que romperam com o MTD? Conseguirão organizar um movimento de desempregados que socialize as fábricas?
E o que rompeu com o MPA (Movimento dos Pequenos Agricultores), será capaz de convencer esse importante segmento social para que socializem suas propriedades?
Agora já não estão mais protegidos pelos bonés dos movimentos que abandonaram. E, convenhamos, não faltam famílias sem terra, não faltam desempregados em nosso país, e podem muito bem testar sua teoria na realidade. Será que farão isso?
Será que assistiremos o nascimento de um novo movimento de luta pela terra, dotado de uma reivindicação socialista?
Agora já não seremos os culpados. Poderão provar o acerto e a correção de sua teoria.
Os próximos anos dirão…
essas fotos representam o que?
que negociar com o governo é trair o projeto?
se quem executa a reforma agrária é o estado e quem governa o estado é o governo federal, como fazer sem negociar?
se os trabalhadores fizerem uma greve, devem ser negar a negociar com os patrões, que pagam os salários?
a seleção dessas fotos é ridícula. e alguns que estão entre os 51 estavam nessa mesa.
por que não viraram a mesa e defenderam o socialismo?
quem sabe já estaríamos sob a revolução.
Companheiros,
Concordo com o rompimento com os representantes do governo. Mas estamos voltando pra trás ao nos basearmos somente na ideologia de karl marx.
Precisamos nos renovar!
Socialismo nao e melhor alternativa! Pra fazer a revoluçao, muito sangue terá de ser derramado! Não é isso que queremos companheiros! Vamos nos esforçar pra mudar a ideologia e ai sim lutar certo pela terra!
A luta é pra valer!
Para quê esta Fátima Sandalhel gastou tanta tinta, com tantas frases feitas para todos os militants da Consulta (acho que é o centralismo. Todos falam a mesma coisa)quando poderia resumir: quem não está apoiando o Lula/Dilma é esquerdista. Só faltou dizer que o Lênin já dizia isto em 1921. Esquecendo que o Lênin bolchevique enfrantou os mencheviques que não acreditavam no socialismo já!
Bom, iria tecer um longo comentário, mas o do Rodrigo Almeida aí de cima reduziu tudo bem sinteticamente.
Só uma questão: essa carta da Fatima é a posição oficial da Consulta Popular? Esperava mais.
Uma questão central que a Fatima/ CP poderia problematizar é se os governos Lula/ Dilma são do democrático popular que o texto fala. Afinal, todas essas bandeiras históricas dos movimentos (reforma agrária, urbana, saúde pública etc) e do PDP de que falas estão sendo assumidas por estes governos e os correspondentes estaduais.
– Em entrevista a um canal nacional de comunicação, o gov Tarso Genro (RS) disse que iria acabar com o MST, pois assentaria todas as flias acampadas. A Dilma disse que a proridade do seu governo é investir em infra nos assentamentos. No entanto, nos assentamentos, há flias com certo poder aquisitivo e outras muito pobres; cooperativas quebradas e outras bem de $$ (mas estas, diretamente integradas ao sistema do capital).
Será que o problema estaria resolvido se a Reforma Agrária fosse entregue aos trabalhadores e suas organizações? Ainda mais do jeito q estão as direções destas organizações hoje?
Não, não seja por isso! Vários integrantes do MST, MTD etc estão em secretarias de estados. Outros, são deputados, vereadores etc. Estão fazendo o que? Ora, em sua grande maioria implementando o PDP do Lula/Dilma. Estão na disputa pelo governo. Ué, então os trabalhadores já estão na frente das lutas por RA e pela Reforma Urbana (só para pegar dois exemplos).
– E a reforma urbana? Achei que a Dilma já estava fazendo. Afinal, o Minha Casa Minha Vida é acessível à população, com juros bem baixinhos segundo o governo. É verdade que as casas e os apês são um cubículo (uma flia grande tem que morar fora de casa, pq todos não cabem nela), mas isso não é um mero detalhe, né. A Dilma está quase lá, é só fazer uns ajustes no programa, zerar os juros e estatizar as fábricas de cimento que chegaremos à reforma urbana desejada!
– E o sistema de saúde? Estamos quase lá tb. É só a Dilma colocar mais dinheiro no SUS, para ele ficar com mais qualidade e ampliar os conselhos estaduais, regionais e estaduais para garantir a participação da população.
– Estatizar o sistema financeiro? …
É, vendo assim não falta muito chegar ao socialismo mesmo, né. Esse pessoal do “socialismo já” é muito sectarista! Precisamos ser mais “pragmáticos” e “pé no chão”.
Camaradas, li e gostei da carta. Parece-me contudo que ela tem dois problemas, a autocrítica contém um limite importante: considerar que o PT e a CUT nasceram lutando pelo socialismo. Isso não é verdade. O comunismo (e o socialismo como sua fase inferior) nunca foi o objetivo estratégico do PT e, por extensão, da CUT. O PT nasceu para ser o que é: o pelego da luta de classes dos trabalhadores contra a burguesia, como a socialdemocracia alemã, e o fez muito bem. Não é demais lembrar que o nascimento do PT também faz parte da estratégia do general/ministro Golbery do Couto e Silva para a transição da ditadura empresarial-militar p/ um governo empresarial-civil. Segundo, acreditar que o MST teve, tinha ou teria um horizonte socialista. Isso nunca aconteceu, ainda que uma parte da sua militância, assim com a do PT e da CUT, o tivesse. Mas este nunca foi o horizonte estratégico dos dirigentes. Na raiz de tudo a direção teórica desses movimentos e grupos: o igrejismo e o revisionismo de matriz soviética. Não estou desqualificando a luta nem a experiência histórica, elas ajudaram a forjar quadros e militantes, reconhecer os limites intrínsecos dos movimentos não é invalidá-los e nem as lutas de quem nele esteve. A prática é fundamental ao aprendizado e indispensável para temperar o caráter dos revolucionários. O fundamental é sempre buscar aprender, com os acertos e com os erros, estar atento e aberto para isso, fazer permanentemente o exercício da crítica e da autocrítica, esse é o método leninista do qual estou seguro.
Gostaria de poder trocar opiniões com os camaradas que assinam a carta, especialmente sobre a experiência do MST – que aqui no RJ tem me parecido desastrosa. Alguém sabe me dizer se eles têm um blog, um sítio ou alguma forma de contato?
Carta de Solidariedade aos signatários da “Carta de saída das nossas organizações (MST, MTD, Consulta Popular e Via Campesina) e do projeto estratégico defendido por elas”
Solidarizamo-nos com os 51 companheiros e companheiras signatários/as do documento “Carta de saída das nossas organizações (MST, MTD, Consulta Popular e Via Campesina) e do projeto estratégico defendido por elas”. Estes militantes, que devotaram suas vidas à estas organizações explicitam por meio deste documento divergências que servem para um debate fundamental dentro dos movimentos sociais.
A lúcida análise dos companheiros, que redundou em sua saída, demonstra que a luta e a organização popular exigem posturas comprometidas com a autonomia dos movimentos populares. Defender um projeto radical de transformação da sociedade que fique refém da promíscua relação de movimentos sociais e governos faz com que os caminhos da emancipação da classe trabalhadora sejam comprometidos.
A ocupação de postos institucionais e cargos nos “aparatos”, longe de contribuir para a luta popular, no longo prazo, acabam por comprometer seriamente a autonomia dos movimentos. Tal orientação acaba por subordinar a luta às agendas pontuais do estado burguês. Promovendo assim a substituição da dimensão revolucionária pela reformista. Para nós, um projeto de ruptura deve passar necessariamente pela construção de mecanismos de poder popular, edificados e integrados pela própria base, e que acumulem, fora da institucionalidade burguesa, os passos para a transformação radical da sociedade.
Reafirmamos aqui a solidariedade aos companheiros que saberão ocupar postos na luta sem prejuízo para com seus princípios revolucionários. A opção de lutar contra o aparelhamento dos movimentos sociais pelos governos e instâncias externas deve ser respeitada por todos os lutadores e lutadoras e não deve ser vista com “traição”, saída a “direita” ou tomada por qualquer outro adjetivo que objetive reduzir o debate à mera desqualificação.
As trincheiras da luta devem ser amplas o suficiente para que, aqueles que discordam do rumo de suas organizações, possam engajar-se em outros caminhos rumo a uma sociedade justa e igualitária.
Pela organização de base. Pelo poder popular!
Movimento dos Trabalhadores Desempregados Pela Base
Vejam aí que a direita também deu seus palpites.
http://m.estadao.com.br/noticias/impresso,grupo-critica-submissao-de-lideres-e-racha-mst,803139.htm
A melhor (e mais angustiante) passagem do documento:
“Compreendemos que não estão geradas as organizações do próximo período, assim como sabemos que não haverá nunca se não houver militantes com iniciativa e dispostos à construí-las”.
Questões: 1) Que tipo de disposição e iniciativas conduzem à geração das organizações do próximo período? 2) Quando ou o que é o próximo período?
Bem infeliz a escolha das fotos para ilustração!
A resposta da Consulta Popular mostra como se enfileira frases de efeito para degolar idéias legitimas. Não sei se os companheiros conseguirão catalisar a alternativa à esquerda que estamos precisando – revolucionária. Mas fica ainda mais claro que eles estão certos quando se vê uma reação tão retórica e vil. Os 18 do Forte não chegavam a duas dúzias de ´gatos pingados´, mas são lembrados até hoje. A Fátima Bolsonaro logo será esquecida.
Eu acho detestável essa arrogância teórica, como se alguém já pudesse ter certeza sobre o caminho mais coerente ou viável de se construir uma saída para o socialismo.
Respeito a posição dos militantes que saíram, respeito os movimentos, respeito quem está no governo tentando e acreditando na disputa. E respeito também o estímulo ao debate e à critica. Mas acho que a intelectualidade deveria tomar um pouco mais de cuidado para não recair em uma postura iluminista ou jacobina, mesmo.
estou gostando de ver o debate aqui no passapalavra. Talitha, talvez vc não conheça todas as pessoas que assinam o documento, mas devia ter cuidado em taxar de intelectualidade uma crítica elaborada por militantes que dedicaram anos de suas vidas no interior das organizações e, por isso, com a esta legitimidade, é que afirmam o conteúdo expresso na carta. Tentar desqualificar com este argumento não contribui para o debate.
Incrível como uma carta lúcida, feita por quem devotou sua vida aos movimentos sociais rapidamente é taxada de “abandono” da luta, “intelectualidade” e outros absurdos.
Já é mais do que explícito que a Consulta Popular tenha carregado os movimentos sociais em que estão inseridos de reboque ao governismo petista (essa sim constituída por muitos intelectuais). Só não enxerga quem é cego.
A consulta apoiou “taticamente” a eleição da Dilma que hoje está barbarizando os movimentos sociais e cooptando as lutas sindicais combativas.
Tentaram fazer a mesma coisa durante a reorganização do Movimento dos Trabalhadores Desempreados do Rio de Janeiro, mas neste se deram mal e ficaram completamente isolados. Hoje o MTD que seguiu com a reconstrução pela base, e não atrelada ao governismo ou a institucionalidade burguesa (mandatos parlamentares) segue com seu trabalho social.
A prática da Consulta Popular nos movimentos infelizmente levou muitos desses companheiros que hoje rompem com tais organizações a lutarem contra o aparelhamento e o reformismo.
Sabemos o quão forte é o assédio desses setores reformistas, para que qualquer oposição seja taxada rapidamente de “esquerdismo”, “sectarismo” ou adjetivo que o valha.
A unidade não pode ser constrúida a golpes de martelo como quer a Consulta. Há oposições que são irreconciliáveis como a oposição entre reformismo e protagonismo popular.
Esse pretenso pragmatismo da consulta é reformismo puro e simples: conquista de cargos, subordinação dos movimentos a instâncias externas burguesas, etc.
Se o socialismo dos 51 signatários é o “Socialismo já” o da Consulta é o Socialismo NUNCA”.
Como a Consulta gosta de chavões: “lógica formal”, idealismo”, “esquerdismo”, “sectarismo”, “leiam o Lênin” (qual Lênin?) e por aí vai… Será que os Cursos deles são para ensinar chavões e serem doutrinados?Eles só não explicam como fazer a revolução num futuro (Deus sabe quando), aliando-se com o lulismo, CUT e UNE? É este o socialismo que querem? um luleninista?
Márcia, eu não estou me referindo aos signatários da carta. Ao menos não ao escreverem a carta, ou ao sair de suas organizações. Refiro-me a nós presentes em geral nas discussões que tendem a se tornar acadêmicas, e a dar uma direção unilateral na relação entre teoria e prática. Digo isto pelo tom geral dos debates, acho a teoria arrogante porque os discursos que se apresentam são completamente acabados, mesmo (e curisosamente, ainda mais) os mais críticos.
E eu tenho a impressão de que questionar cartilhas (que é uma das funções do pensamento crítico) passa por reconhecer que nós estamos numa época em que a maior dificuldade (e talvez o maior potencial) é não ter mais nenhuma cartilha unificada de militância. E não dá para defender sua cartilha desqualificando, justamente, a prática de quem quer que seja. Questionar alguns de seus pontos, decerto, para agregar. Não o inverso.
Por isso ressaltei, desde o início, que respeito todas as partes envolvidas no debate e na militância também. Mas acredito que é necessário que se busquem as fragilidades comuns e se pense em caminhos comuns possíveis. Isto passa, do ponto de vista de quem elabora, por mais “dialogicidade”.
Tentar incutir o medo do ridículo em quem tem a posição contrária é jogar contra nossa própria formação.
e bem facil se solidarizar com s 51 que sairam do mst mas isso e sinal que sao fracos nao conseguem percistir
de fato sim eles organizavam as bases eram otimas pesoas
ate o ponto onde articulavam suas ideiais em grup
apelando muitas veses ao anarquismo e pondoe m risco a massa
a luta nao se da de um dia pra outro
conheci muitos deses e digo com clareza
ao tiveram força desistiram eram teoricistas a
maioria nao sabia pegr no cabo de uma enxada ou foice
eatavam frustrados por que as coisas nao saiam do geito que qeriam
Hola, como podriamos tener esta infirmación en castellano e ingles..un gran abrazo
Lucho
desde Australia
Companheiros,
Muito em breve o Passa Palavra terá uma secção de artigos traduzidos em castelhano e em inglês. Poderemos futuramente incluir a tradução deste artigo.
Bom ver que ainda existem companheir@s comprometid@s com a luta. A luta é do povo, o resto só ilude! Não podemos nunca em nosso processo organizativos nos curvar ao capital como tem se visto fazer. Na militância não existe neutralidade, há de se escolher um lado e trilhar os rumos de nossas escolhas. Que bom, que companheir@s que merecem nossos respeito apontam esta análise política bem estruturada e relacionada com as questões que são eminentes. Não se pode esperar chegar a vitória real e concreta, construindo a derrota dia a pós dia.
Força aos camaradas! Essa crítica é importantíssima de ser feita. O projeto democrático e popular (PDP) se realizou, se transformou em seu contrário.
Era uma vez um Estado autocrático com uma Burguesia autoritária. Um Estado que não era um Estado ideal (fruto de revoluções democráticas francesas) representando uma burguesia que não poderia abrir mão de migalhas para resolver problemas da classe trabalhadora.
Acreditamos que como não podiam nos dar uma democracia de verdade ao radicalizar a luta democrática levaríamos a sociedade à um impasse. Um impasse inclusive porque esse estado era concentrado, de tipo oriental, sem muitas organizações mediadoras dos conflitos.
Fizemos muitas lutas, eleitorais e “econômicas”. Passamos a ganhar algumas eleitorais, e deslocamos muitos figuras do nosso movimento para acessorias, vereadores, deputados e etc… passamos a perder nas da nossa vida material imediata, as “econômicas”. Esse processo nos trouxe algumas consequências. Burocratas se burocratizaram ainda mais, companheiros experientes se burocratizaram também, ao mesmo tempo em que essa experiência saia do campo de batalha do trabalho, deixando os mais novos nas trincheiras junto com todo tipo de oportunismo e uma grande máquina sindical para ser “melhorada”, uma vez que o trabalho na base ficou muito dificíl. Os burocratas ficam mais fortes com seus mandatos e dão peso grande para a fração mais reformista dentro de nossas organizações.
Fomos lutando, como no campo do trabalho tava difícil, acabamos indo para a trincheira que nos parecia ser possível vencer. As eleições. Ao ganhar alguns postos, abriam-se canais de pressão dentro daquele Estado autoritário, e outras formas de financiamento da “luta”. Ao mesmo tempo, os companheiros dos “novos movimentos sociais” precisam de vitórias, e isso se dá também com maioria no parlamento. Vimos algumas bandeiras saírem vitoriosas. A discussão da cidadania. Orçamentos participativos… Agora nossa luta é por educação, por saúde, por distribuição de renda. Nossa classe agora não é exatamente uma classe, só em discussões acadêmicas (!?). A luta nos configurava como classe, nossas pautas “econômicas” nos identificavam, nos viamos como camaradas, agora, lutamos por um Estado mais democrático, antes lutávamos por menos exploração, agora por mais distribuição de renda. Antes lutavamos por melhores condições de trabalho nas escolas, nos hospitais. Agora lutamos por mais saúde e educação. Curiosamente, parece que aquela luta econômica que nos fez classe, agora passa a ser uma pauta egoísta. Pauta política mesmo é melhorar o Estado, aquele que era impermeável a classe trabalhadora.
Nos espantamos, por fim, ao ver que resolvemos uma contradição da burguesia. Ao radicalizarmos a democracia, conseguimos mais democracia. Agora a burguesia tem lucros nunca antes vistos na história desse país. Agora há um conjunto de ONGs fazendo mediações de conflito, e mais ainda, para manter o governo de exquerda as nossas antigas organizações precisam cada vez mais mediar o conflito entre essa massa de cidadãos e o governo. Criamos conselhos para controle social do SUS, da Educação, agora temos que discutir nesses conselhos, de forma propositiva, o que faremos pela educação ou pela saúde, como aumentaremos nossa produtividade (chamava-mos antes de exploração…).
Usam Lênin para bater no “esquerdismo” e o esquecem quando caracterizam o Estado como “em disputa”. Se reivindicam marxistas mas não se fala em mais-valia, se fala em distribuição de renda. O socialismo, como sociedade que pretende acabar com as classes acabando com a diferença na posição da divisão do trabalho, vira uma meta moral, para pessoas com menos de trinta anos, diga-se de passagem. Em contraposição ao patrão, tinhamos o peão, agora temos cidadãos, o tal do povo, por que o que nos aglutina é uma luta por mais direitos, pedindo ao Estado, uma luta cidadã de esquerda. Sumiu a análise das classes, assim como some a do socialismo. A luta agora é entre o “povo” disputando os neo-desenvolvimentistas contra os odiosos neoliberais por um Estado maior ou menor.
Construímos organizações para ter um controle social da produção, conseguimos um controle, sobre o social, que se esqueceu da produção.
Nessa bagunça toda de inversões e saltos de qualidade, na pequena problemática da posição sobre o governo, nos afirmam que não podemos deixar a direita voltar. Temos que cerrar fileiras com os burocratas e pelegos contra uma suposta direita que poderia fazer mais exploração, repressão, privatizações do que estão fazendo.
Diria que basta! Ou fazemos a crítica a tudo isso que construímos, com autonomia e independência de classe, contra a burguesia e seu Estado, contra a pequena-burguesia e sua democracia (ideal/liberal) de reformas que não resolvem nossos problemas, ou ficaremos reféns sempre da alternância de poderes (burgues neoliberal X burgues “neo-desenvolvimentista”). Um que reprime com violência, e outro que tenta dialogar, cooptar, e se não der, reprime com violência. Me parece, portanto, que ainda não estamos no momento de sermos propositivos, talvez seja o momento de nos fazermos, como classe, boas perguntas. Me parece ser o momento de voltarmos a nos perguntar para que serve o Estado. Quais os interesses de classe contidos na generalidade da palavra povo. Voltarmos a compreender teoria como a expressão crítica do real, e não como algo de intelectuais. E nos colocarmos mais atentamente na luta que nos faz como classe, contra o patrão, talvez essa tarefa seja mais prioritária… a classe tem que encontrar novos caminhos e instrumentos de luta…
Me disseram que o Grupo X, originalmente Grupo dos 51, estagnou após a divulgação dessa carta. É isso mesmo?
Infelizmente li um monte de besteiras, besteiras que até numa vista superficial podem fazer sentido mas na verdade é fruto de uma não clareza política e estratégica. Os movimentos referenciados erraram, mas erraram foi de não fazer um trabalho de base adequado que formasse esses cidadãos. Se bem que num grupo de milhares e milhares e dezenas de milhares de militantes apenas 55 se perderam no bonde da estratégia… eh faz parte.
Considerando também que o MST fez fantasticamente seu VI Congresso Nacional (com mais de 15 MIL DELEGADOS) e o Levante Popular da Juventude vai fazer com sucesso o seu II Acampamento Nacional com cerca de 3 mil jovens militantes e dados as vitórias e lutas realizadas neste período foram os bobos aí que perderam o bonde da história e ainda cagaram na saída kkkk
Um outro ponto importante pra verificar que o erro foi de vocês e não dos movimentos é que nós estamos agora iniciando um ascenso de massas e os 55 ditos cujos não fizeram mais nada além desta carta de saída…
Quem errou na estratégia?? Quem abandonou a luta ??
Nós seguimos e continuaremos em luta. #FicaaDica
“Um outro ponto importante pra verificar que o erro foi de vocês e não dos movimentos é que nós estamos agora iniciando um ascenso de massas e os 55 ditos cujos não fizeram mais nada além desta carta de saída…”
Fico curioso para saber quem é esse “nós” que, diz o Jonathas acima, está iniciando um ascenso de massas agora. Seria o MST, cujo principal dirigente afirma em meio ao IV Congresso que “a Copa é que nem Carnaval, é uma besteira politizar”? Ou então seria o Levante, juventude da Consulta Popular, cujo dirigente Ricardo Gebrim diz por aí que “Junho foi um movimento daqueles que menos se beneficiaram com o governo do PT: a classe média”…?
Se há um ascenso de massas nas ruas agora, está acontecendo por fora dessas organizações, contrariando suas posições, e confirmando as críticas dos 51 dissidentes.
Ou então “ascenso de massas” para Jonathas é reunir milhares em congressos…
Por acaso isto aqui é uma cena de algum congresso do Levante Popular? Link: http://www.youtube.com/watch?v=VZwL9yY2DRc. Ok, se for este o “ascenso das massas”, “batendo na portinha do seu coração”, estamos indo muito bem.
Mas deixa eu falar, no Congresso da UNE dá mais de 10 mil também, e pra cantar musiquinhas bobas, qualquer festa de torcida organizada vai além. Se o MPL fizesse o mesmo, e chamasse amplamente um congresso “de grátis” para todos após junho de 2013, é só chegar e dançar, quantas pessoas compareceriam? Mas que sentido teria isto? Se os Zapatistas chamassem um congresso “integaláctico” na Cidade do México, ou em qualquer outro canto do planeta, quantas pessoas compareceriam? Me dá os ônibus que os governos petistas e coligados deram ao MST desde o penúltimo Congresso e eu te faço um com 5 mil ou mais de uma sigla que inventei agora. Mas qual o custo político de congressos organizados desta forma e com recursos dos governos que deveriam ser combativos? O Governo Dilma fez algum tipo de reforma agrária?
De fato, não sei o que andam fazendo agora os 51 que assinaram esta carta. Provavelmente em depressão, pois são companheiros que militam desde muito antes do PT ter chegado ao poder e desde muito antes da esquerda perder seu tempo dançando na “portinha do seu coração”. Tudo isto que vem acontecendo, e olhe que a Carta é de antes do AI-5 de Dilma!, deve ter sido uma grande dor para eles. Muitos, infelizmente, sejam os 51 ou não, entraram nessa. Outros já estão construindo outras formas de luta. Um ou dois anos é pouco tempo para avaliar escolhas por novos rumos.
O que eu espero é que todos nós aqui cheguemos onde eles chegaram, entre erros e acertos, com dignidade. Mas uma geração de militantes que já nasce governista, burocratizada e dançando na “portinha do seu coração” me parece que já perdeu tudo isto faz tempo.
A analise do Jonathas mostra um total desconhecimento das mobilizações ocorridas ao longo do ano passado. O tom de radicalidade das lutas foi iniciado por uma mobilização protagonizada por parte destes 51 que ocuparam o instituto lula e garantiram a permanência do assentamento Milton Santos, diversos dos militantes que estiveram presentes em junho não só acompanharam notícias dessas mobilizações, como estiveram lado a lado com estes camaradas.
Organizações como o MST e a consulta popular vieram a reboque das mobilizações iniciadas pelo mpl, tentando controla-las. Basta ver quem foi convidado para o seminário lutas pela cidade, para perceber a legitimidade que aqueles que saíram dessas organizações tem com os militantes que estiveram a frente da luta contra o aumento.
http://www.youtube.com/watch?v=ZlOUE6yB6Jg#t=39
Concordo com as colocações feitas pelo Alexandre Mourão. Tenho duas grandes curiosidades: onde estão estão os 51 hoje?
Quais são as organizações que estão construindo e que estão adequadas ao nosso período?