Mutirão de organização da biblioteca Seu Manoel
O Espaço Cultural Mané Garrincha mantém uma biblioteca. Chamamos aos amigos do espaço para um mutirão de organização e catalogação dos livros da biblioteca Seu Manoel. Em confraternização faremos um churrasco – com cervejas sendo vendidas para manutenção do espaço e a carne liberada em troca da doação de um livro para a biblioteca.
“Velho criança,
Você não me engana
E nem a ninguém
Pois seguindo teus passos
A gente tem a esperança
De um dia ter orgulho
De ser velho também”
– O sábio –
(Poema de Carone e musica de Manoel Inácio em homenagem a Seu Manoel.)
Desde 2004 que os restos mortais de Seu Manoel repousam no ventre da Madre-Terra. Desde 2004 que seus companheiros de guerra o trazem na memória.
Manoel da Costa Gonçalves, o Seu Manoel, pode-se dizer, foi daquelas pessoas que provou o gostinho da Liberdade. E Liberdade, assim mesmo, com “L” maiúsculo, pois, nascido sob as garras da opressão, política e religiosa, inverteu a primeira e dela fez arma revolucionária contra os senhores que a manipula. Da segunda, alimentada pela superstição, ele a combateu com ciência.
Vindo da Bahia para São Paulo nos anos cinqüenta, esse negro e nordestino, autodidata num Brasil de valores sulista, branco e diplomado, fez da luta contra a classe dominante uma constante.
Tornou-se materialista não por simples birra para com a Santa Madre Igreja, mas porque a via como símbolo de cativeiro de todo aquele que mantém espírito crítico frente à vida. Tornou-se comunista, não o de carteirinha, mas o de pé no chão junto a sua gente, por entender que o bem humano é um bem comum, nunca o privado.
Quem o conheceu de perto, dele muito aprendeu. Seja em economia, seja em política revolucionária ou mesmo em boas sacadas filosófica de base ateísta: “Deus não pode explicar o homem, mas só o homem pode explicar Deus”, dizia em alto e bom tom, para tristeza dos desavisados que batiam à sua porta aos domingos na vã tentativa de anunciar-lhe o Juízo Final.
Homem de compromisso com a palavra acordada. Tantas vezes o vimos em reuniões da Esquerda, em locais abertos ou fechados, com seu eterno chapeuzinho a lhe dar um charme peculiar. Um senhor cuja jovialidade recusava-se a mantê-lo à distância. Um homem cuja firmeza do que cria compartilhava-a com todos.
Hoje, ao menos duas coisas fazem Seu Manoel bater à porta da saudade daqueles que o conheceram: o colapso (a olhos nus!) do projeto capitalista no qual ele tanto insistiu, por um lado. Por outro, nossa humilde homenagem para aquele que, formado na escola da vida, fez da leitura boa companheira. Com ele aprendemos a investigar a estrutura da sociedade capitalista, sem ter que esperar por “sábios doutores” encastelados em sagradas academias. O estudo de O’CAPITAL levado a cabo no Espaço Cultural Mané Garrincha, há mais de três anos, atesta essa veracidade.
Por fim, mantemos uma biblioteca com seu nome em nosso espaço. No afã de melhor organizá-la é que estamos convocando um mutirão para o dia 17/03 às 15h30, onde, contando com sua doação em livros, faremos um churrasco de confraternização. Seja bem vindo!
Espaço Cultural Mané Garrincha –
Biblioteca Seu Manoel
Espaço Cultural Mané Garrincha
Rua Silveira Martins, 131, Sé, saida poupatempo do metrô
Sábado dia 17/03, às 15h30min.
Doe um livro