Casa da Achada: exposição «Ver Agora Melhor o Mais Distante»
EXPOSIÇÃO: «VER AGORA MELHOR O MAIS DISTANTE»
textos de Regina Guimarães
a partir de pinturas de Mário Dionísio
1 de Junho a 24 de Setembro
Inauguração: Sexta-feira, 1 de Junho, 18h
A Casa da Achada – Centro Mário Dionísio apresenta uma nova exposição que junta cerca de trinta obras plásticas de Mário Dionísio (pintura, alguns desenhos e uma tapeçaria) e os textos que Regina Guimarães escreveu a partir deles.
Alguns dos textos podem ser lidos aqui.
Na inauguração será lançado o livro-catálogo, Ver agora melhor o mais distante, que reproduz os mais de 100 textos de Regina Guimarães sobre quadros de Mário Dionísio, assim como os quadros que lhes deram origem. Esta publicação inclui um texto do crítico de artes plásticas Rui-Mário Gonçalves, que se tem ocupado das relações entre pintura e literatura.
A inauguração conta com a presença de Regina Guimarães e serão lidos alguns dos textos da autora.
«Qual a fronteira entre a abstracção e a figuração? Eis uma verdadeira falsa questão. Quer entendamos por abstracção a operação pela qual conseguimos separar uma parte do todo, quer prefiramos ver nela o processo mental pelo qual as ideias se distanciam dos objectos, quer nos contentemos com o enlevo próprio do sujeito absorto, estado algo próximo da (amiúde proveitosa) distracção, toda a pintura contém forçosamente todos esses modos do pensamento. Seja ela muito discretamente racional ou muito descaradamente sensual – de resto, este tipo de oposições não resistem a um curto exercício de cepticismo… É isto que subtilmente nos diz (entre outras coisas) esta tela, em que um camponês – que não havia mas passa a haver – se mostra em armas – que não existiam e o pintor começou a inventar. A este camponês que não existe, Mário Dionísio oferece a tensão das cores e formas, pelo que, armado, ele logo tende a existir, sob um modo provocatório que não deixa de evocar aquilo que José Gomes Ferreira dizia da/à camponesa Dulcineia, companheira de Quixote. A saber: “Dulcineia, Dulcineia, deixe de ser ideia…”.»
Regina Guimarães, sobre a pintura «Camponês armado»