O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo vem a público protestar contra a intimidação que o tenente coronel Paulo Adriano Lopes Telhada efetuou através do facebook contra o jornalista da Folha de São Paulo, André Camarante, devido a reportagem realizada por ele para o jornal e solicita providências do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin e o secretário da Segurança Pública, Antônio Ferreira Pinto, além da fundamental proteção ao repórter.
Na rodada de negociações realizada na manhã de hoje com empresários de Jornais e Revistas da Capital (vide matéria a respeito no site), a direção do Sindicato solicitou do representante do jornal Folha de S. Paulo providências no sentido de salvaguardar a integridade do repórter, exigindo que a empresa lhe dê total cobertura no episódio. Também entrou em contato com o próprio jornalista, hipotecando solidariedade e colocando-se à sua disposição.
Também encaminhou ofício para a Ouvidoria das Políciais, Corregedoria da PM, presidências do TRE-SP, Assembleia Legislativa e Câmara Municipal de São Paulo, aos diretórios municipal e estadual do PSDB, Ministério Público do Estado de São Paulo e ao Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da República relatando o problema.
No documento, a entidade sindical “pede especial atenção de Vossas Excelências no sentido de acompanhar o desdobramento do episódio, resguardando a integridade e o direito a liberdade de imprensa e de expressão do jornalista”.
Por ter escrito na semana passada matéria relatando o caráter truculento do coronel PM – que é candidato a vereador pelo PSDB, partido do próprio governador, Telhada intimidou o repórter Caramante, insinuando que ele não poderia constar dos quadros de funcionários do jornal.
“Acho incrível um Jornal com a envergadura da Folha de São Paulo, manter em seu quadro de funcionários pessoas que defendem abertamente o crime, procurando tratar criminosos como suspeitos ou civis, enquanto a população sabe a verdade das coisas”, disse o PM em seu facebook.
Além disso, incita seus seguidores a enviar mensagens ao jornal “informando do descontentamento da população, que já sofre tanto nas mãos de criminosos, ter ainda de suportar pessoas que tem um veículo de informação tão forte nas mãos, ficar defendendo e fortalecendo esses facínoras safados a continuar agir contra o povo”.
Atitudes como a do coronel Telhada, que foi comandante da Rota, não fortalecem a democracia no país, além de intimidar aqueles que estão a serviço da informação. A atitude do coronel bem lembra um passado recente em que os jornalistas eram acuados por emitirem suas opiniões.
O Sindicato repudia tal atitude do comandante e exige providências do governador Geraldo Alckmin e do secretário de Segurança Pública, Antônio Ferreira Pinto e colocando-se à disposição do jornalista para qualquer ação civil ou penal contra aquele que o intimida.
Esta é a íntegra do documento encaminhado às autoridades:
O Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado de São Paulo tem, reiteradamente, encaminhado a Vossa Excelência e a outras autoridades públicas denúncias e encaminhamentos no sentido de resguardar a liberdade de imprensa e a integridade física dos profissionais da área jornalística.
Consideramos extremamente grave a atitude do ex-comandante da Rota, coronel Paulo Telhada, candidato a vereador pelo PSDB, de incitar a violência física e moral contra o repórter André Caramante, do jornal Folha de S. Paulo, através das redes sociais.
O jornalista, em matéria veiculada na edição de sábado, 14 de julho de 2012, apenas registrou, em nota para o caderno Cotidiano, fatos explanados pelo próprio coronel em sua rede social (facebook) tendo, inclusive, o cuidado de procurar o candidato que, conforme registra o texto, não atendeu as ligações feitas para seu celular.
O texto, em momento algum, foi ofensivo ou atacou a honra ou denegriu a imagem do candidato, não cabendo de forma alguma resposta tão violenta e absurda por sua parte. Desta forma, esta entidade sindical pede especial atenção de Vossa Excelência no sentido de acompanhar o desdobramento do episódio, resguardando a integridade e o direito a liberdade de imprensa e de expressão do jornalista.
Solicitamos ainda que a atitude do candidato seja repreendida por não se coadunar com os princípios da democracia e das instituições políticas a qual pretende integrar na qualidade de representante do povo.
Dos antigos secretários de Serra, o único que permaneceu no governo Alckmin foi Antônio Ferreira Pinto, pm linha dura, ex secretario de administração penitenciária. A sua gestão é toda ela marcada pelo aumento da truculência, aumentaram significativamente a dose de medo dada para consumo diário das periferias.
Não gostaria de tomar partido ou apontar um culpado. A truculencia não resolve problemas nem aumenta a confiança do cidadão no Estado, porém é fato que frequentemente vemos uma ação preconceituosa ou pré julgadora da imprensa em relação à ação da polícia. Não digo que foi o caso do jornalista supracitado, mas são pouquissimos os meios de comunicação que mostram indignação com a criminalidade ou buscam mostrar o lado real do cidadão que hoje não sai para se divertir por medo, que não pode voltar a pé do trabalho por medo, que não sabe se ao chegar ao seu prédio será rendido em sua garagem por um bando de marginais. Essa situação é inaceitável! A imprensa não precisa apoiar publicamente a violência policial mas precisa entender que os bandidos estão mais violentos e que não respondem à vozes de prisão ou solicitações educadas e gentis de PMs em cumprimento do dever. Da mesma forma que a imprensa nos orienta, cidadãos comuns, a não reagirmos a assaltos poderia orientar os bandidos a não reagirem às abordagens policiais. Quem sabe assim teríamos uma policia menos “linha dura”.
Caro Antonio,
A que jornais você assiste? Pois o que eu vejo é uma verdadeira campanha dos meios de comunicação, que ressalta à exaustão indignação do cidadão com a “criminalidade”, neste “país da impunidade”.
Abraços,
Taiguara