Localizado na zona sul do Rio de Janeiro, o morro Santa Marta é dono de uma das mais belas vistas da cidade. Suas encostas são ocupadas há décadas por milhares de famílias pobres que não têm outra opção de moradia, que não à favela. Aos pés do Cristo Redentor o Santa Marta foi o primeiro bairro pobre do Rio a ser militarizado. Hoje, uma parte considerável da favela está ameaçada de remoção. Trata-se do ponto mais alto do morro, conhecido como Pico.

Na manhã do dia 19 de setembro, nossa reportagem esteve no local e conversou com um dos moradores ameaçados pelos tratores da prefeitura do Rio. Segundo o guia turístico Igor Lira, no início das intervenções, 52 famílias seriam removida. Hoje, o número já subiu para 150 habitações. Além disso, Igor questionou o argumento da prefeitura e do governo do estado para justificar a remoção das famílias que vivem no Pico. Igor também denunciou que os apartamentos oferecidos aos moradores pela prefeitura, além de muito pequenos, estão sendo construídos em uma verdadeira área de risco.

Dentro do canteiro de obras onde o conjunto habitacional está sendo construído, nossa reportagem fez um registro das bases de sustentação do prédio, que simplesmente não possui fundação. Quando já estavamos do lado de fora do canteiro, um homem não identificado reprimiu nossa equipe e pediu que as câmeras fossem desligadas. Por fim, Igor disse que os pobres estão sendo afastados compulsoriamente das áreas nobres da cidade e, no morro Santa Marta, não é só o Pico que está ameaçado. Segundo ele, a instalação da UPP na favela em dezembro de 2008 já forçou muitos moradores a deixar o local.

Por Patrick Granja, de A Nova Democracia

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