Por Passa Palavra
Domingo, dia 09 de setembro, os moradores de rua que costumam ocupar a frente da tradicional Faculdade de Direito do Largo São Francisco tomaram conhecimento de uma nova política pública voltada para a população do centro, a “Operação Espantalho”. A Guarda Civil Metropolitana de São Paulo (GCM), com o intuito de garantir a segurança da regiões centrais bem como a correta e adequada preservação do patrimônio artístico e cultural da cidade, tem se esforçado em dispersar a população de rua da região central: chutando-os, jogando água em suas coisas, apreendendo seus pertences e utilizando o spray de pimenta.
Ao mesmo tempo que esta ação atende às demandas de alguns estudantes e professores da Faculdade, para quem os moradores de rua deixam o ambiente inseguro e insalubre; outro grupo mobiliza-se contra esta medida, alegando justamente que a repressão e a violência contra moradores de rua não garantem segurança, e ainda que expulsar as pessoas de seus lugares habituais aumenta a sensação de insegurança.
Estes estudantes organizaram-se, em ação incomum no movimento estudantil, para discutir a política de criminalização da pobreza, a tentativa de separar a universidade da população impedindo-a de estar presente nos equipamentos públicos, dando outro significado para a, geralmente estéril, discussão sobre conjuntura.
A partir destas discussões construiu-se junto aos moradores despejados e aos movimentos da população de rua a reocupação do espaço. Na madrugada do dia 17 para o dia 18 de setembro cerca de 400 pessoas fizeram um ato em defesa dos moradores de rua, reocuparam o espaço público e espalharam cartazes e faixas pela Faculdade, questionando a expulsão e afirmando o caráter público da universidade. Cinquenta pessoas passaram a noite junto aos moradores, até o início das aulas do período matutino, conseguindo reocupar o espaço.
Porém, a GCM insistiu na “Operação Espantalho” e voltou a expulsar os moradores, mantendo no espaço seus carros e cones e garantindo uma ótima utilização do espaço público.