Por Professor Juka [*]

 

escola-prisaoA educação promovida pelo Estado (assim como a privada) visa manter o sistema capitalista em funcionamento, produzindo a mão-de-obra que será explorada pelos capitalistas. Essa mão-de-obra terá uma falsa formação, pois aprende apenas o suficiente para ler, escrever, fazer contas simples, “ser rápido no olho” e apertar botões. Isso é ideal para os empresários que irão explorar essa massa de pessoas “formadas” no ensino público e que não são capazes de fazer uma reflexão crítica sobre sua situação social de escravidão disfarçada na sociedade capitalista. A falta de ensino de qualidade os fará acreditar que ser explorado pelos empresários, banqueiros e governos é normal. É preciso um clamor por mudanças.

Os funcionários das escolas parecem mais carcereiros do que educadores, pois ficam fiscalizando os alunos dentro e fora das salas de aula o tempo todo. Perdem tanto tempo chamando a atenção dos alunos que acaba não sobrando tempo nenhum para a execução das propostas que se esperam de um ambiente de ensino. Os professores reprimem mais que libertam. A função libertadora da educação desaparece no ambiente prisional da escola. Justiça seja feita, essas ocorrências são a conseqüência de uma política pública que precariza a educação em nome de interesses mercadológicos e da produção de mão-de-obra barata e obediente para ser explorada sem reivindicar qualquer direito. Essa é a saída que as empresas e governos encontraram para a crise: baratear a mão-de-obra e desmontar os serviços sociais. Mais exploração e morte dos pobres para salvar o “Deus-Mercado”.

A educação nunca foi neutra nem desprovida de interesses políticos e econômicos. No presente momento não é diferente. O governo precisa mostrar números às organizações internacionais e ao mesmo tempo manter a exploração sobre todos nós funcionando sem perturbações. Para tanto, é necessário um sistema educacional precário e carcerário, que promove uma falsa educação que não passa de adestramento. Pela distribuição das disciplinas, verificamos os interesses na manutenção da ordem que oprime e explora nós trabalhadores. As aulas de Artes, História, Geografia, Filosofia e Sociologia são pingadas no currículo escolar, sem tempo hábil para o professor trabalhar os conteúdos sequer de forma superficial. Não diga que pensava que isso era por puro acaso! Essas disciplinas despertam o senso crítico dos alunos e “dificultariam” o domínio da massa promovido por empresários, banqueiros, políticos, proprietários das mídias corporativas, burocratas profissionais, entre outros exploradores. Deste modo, qual governante se interessaria em melhorar o nosso ensino? Convido os leitores a pensar nesse assunto, que é de interesse de todos nós.

A educação liberta, o conhecimento revoluciona. Mas QUAL educação? Essa educação que adestra a massa para manter a exploração funcionando, ou uma educação comunitária e formadora de pessoas emancipadas?

[* O autor não pode se identificar por conta da Lei da Mordaça, a qual, diga-se de passagem, recentemente o governador Serra vetou um projeto de lei que a revogaria, o que mostra o caráter autoritário do chefe do poder executivo do Estado de São Paulo.]

2 COMENTÁRIOS

  1. Não conheço na história governo ou empresa alguma que tenha construído sistemas de ensino que procurem capacitar as pessoas a destruir o próprio governo e as próprias empresas: a educação é governamental, empresarial, clerical. Mas isso não é tanto pelo conteúdo ensinado, mas pela forma organizativa que a escola adota.

    O problema é que o professorado apoia este modelo e possui claro interesse em não despertar consciência/revolta nos filhos de suas empregadas domésticas. A questão está em inexistir um movimento social por educação no país que ofereça outro horizonte de debate e proposta educativa.

  2. Assim como o desempregado trabalha espiritualmente de ameaçar o emprego alheio sem receber salário, férias, seguro-desemprego, fundo de garantia…, para os capitalistas (sustentando o neoliberalismo do “não quer trabalhar, tem um monte de gente querendo”), a escola perdeu a função alienante. Claro que uma rapa de professor vive de constranger os alunos, insistindo, por exemplo, que os portugueses descobriram o Brasil, ou esculachando mesmo os estudantes. Claro que os professores nao se envolvem com política, claro que anda vivem sonhando com o status falido de mestres em uma sociedade da crise da autoridade, ou da autoridade da crise. É óbvio que a escola se assemelha ao trabalho com seu livro de ponto (chamada), com seus horários rígidos, com seus salários (notas), com seus chefes (professores, diretores, secretários de educação…), claro que os trabalhadores (alunos) tem que ficar concentrados o tempo todo em trabalhos (copiar lição, recortar papéis, fazer leituras…), mas a escola em-si não tá com essa bola toda. Pega um muleque que estudou a vida toda, que fez até faculdade, e um aluno que sequer passou pela escola; ambos estarão prontinhos para trabalhar, ambos serão apáticos nas atuações políticas, ambos vão quere constituir família, ter carros, casas, mulheres e só, ou seja, passar pela escola ou não dá no mesmo, pois o espectro escolar é onipresente, a escolarização histórica realizada não necessariamente pela escola, mas também pela igreja, pela família…não acredito na sala de aula como um meio de participaçao social, portanto, foda-se os conteúdos. Agora se me falar de uma educação comunitária, não compulsória, feita por não-professores, aí sim, do contrário, “o sistema de ensino sempre será o ensino do sistema”.

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