Criminalização de uma manifestação do MST em apoio ao assentamento Milton Santos
Na manhã desta quinta-feira cerca de 150 integrantes do MST pararam o km 31 da rodovia Abrão Assed e realizaram um ato em defesa do Assentamento Milton Santos e pela reforma agrária.
O assentamento Milton Santos, localizado no município de Americana, está sob risco iminente de despejo, em razão de uma decisão judicial. A área, onde foi implementado o assentamento pelo INCRA em 2006, pertence a União, mas carece de um decreto presidencial para que seja destina definitivamente para fins de reforma agrária. Lá vivem 68 famílias que produzem alimentos saudáveis para a merenda escolar dos municípios de Cosmópolis e Americana e para toda a região. Mas agora estão sob a mira do Judiciário.
Como esta, existem outras situações em todo o país, como nos estados de Alagoas e Minas Gerais, também ameaças pela Justiça mesmo com assentamentos já consolidados.
As famílias do MST interromperam o tráfego por cerca de 25 minutos e distribuíram panfletos para os condutores dos veículos explicando a delicada situação do assentamento Milton Santos.
O ato fez parte da Jornada de Resistência e Luta realizada pelo MST em todo o estado de São Paulo, que exige que o governo federal assine o decreto de desapropriação por interesse social do sítio Boa Vista, onde está constituído o assentamento Milton Santos e todas as áreas que estão na mesma condição em todo o país.
Segundo avaliou o MST, a atividade foi muito importante para chamar a atenção da sociedade para a ofensiva do Estado contra as áreas já consolidadas de assentamentos em São Paulo e em todo o país.
Criminalização e truculência contra os trabalhadores e trabalhadoras
Cerca de 20 minutos depois do encerramento do ato os policiais interceptaram o ônibus com armas de alto calibre em punho, pegaram Galdys Cristina de Oliveira (Guê Oliveira), integrante do MST, mesmo sem a presença de uma policial feminina, tomaram sua bolsa, arremessaram e revistaram seu corpo, chegando, inclusive a levantar sua blusa.
Em seguida, ela foi violentamente algemada e jogada na viatura de polícia, sendo conduzida para a Delegacia de Serrana-SP. Os outros e as outras integrantes do movimento que estavam no ônibus acompanharam a viatura da polícia a fim de garantir sua integridade física.
Guê Oliveira ficou detida em uma cela no interior da delegacia por pouco mais de 4 horas, privada do contato de seus companheiros e companheiros, recebendo apenas a visita de um advogado e do padre da cidade que lhe prestou solidariedade.
Essa ação da Polícia Militar demonstra mais uma vez a truculência do Estado e o abuso de autoridade cometido contra os trabalhadores e trabalhadoras.
Armas de alto calibre foram sacadas quando os integrantes do MST apenas estavam lutando, de modo pacífico e organizado, em prol da reforma agrária, que é um direito garantido pela Constituição Federal. E uma mulher foi revistada por homens e tratada com extrema truculência pelos policiais militares.
A ação da Política Militar, em conjunto com a Polícia Civil do estado de São Paulo, é só mais uma demonstração do modo como o Estado age sistematicamente contra os trabalhadores e trabalhadoras.
Enquanto isso, o assentamento Milton Santos, como tantos outros assentamentos pelo Brasil, corre perigo. E o Estado demonstra sua extrema violência na garantia dos interesses do agronegócio.
Mas os trabalhadores e trabalhadoras seguem em luta permanente em defesa do assentamento Milton Santos, pela reforma agrária e por justiça social e soberania popular.
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