Por Passa Palavra

 

O 2º dia de ocupação do prédio do Incra, pelo movimento dos assentados do Milton Santos, começou com uma assembleia com todos os presentes; ali foram redefinidas as tarefas das equipes internas e transmitidos informes sobre as negociações.

O advogado do MST, Nilcio Costa, destacou os últimos passos da conversa com o prefeito de Americana, Diego De Nadai, do PSDB, que manifestou publicamente a disposição para intervir no caso em favor dos assentados. No último dia 14, o prefeito chegou a dizer que compareceria pessoalmente ao escritório da presidência da República, em São Paulo-SP, para acertar os procedimentos e estudar uma alternativa em conjunto com governos federal e estadual, já que municípios como o de America, embora sejam habilitados legalmente para assinarem um decreto de desapropriação social, não possuem dotação orçamentária suficiente para a medida, que exige indenização à vista do proprietário.

A informação, contudo, inspira cuidados, pois, como acentuado por um dos assentados, casos como o do Pinheirinho demonstram que não é possível confiar na promessa de nenhuma das esferas de governo. Ao mesmo tempo, uma expectativa ainda gira em torno do recurso tentado pelo INSS, solicitando o embargo da liminar de reintegração de posse; porém, é mais do que sabido que a possibilidade da medida funcionar é praticamente nula.

Logo após esta assembleia, já na hora do almoço, os assentados foram contatados por representantes do INCRA, que solicitavam o agendamento de uma reunião para as 10h desta quinta-feira, 17, com o seu superintendente Wellington Diniz.

Na opinião dos assentados e apoiadores, faz parte da estratégia do governo federal apostar no cansaço dos mobilizados. Mas, da parte do movimento, a não ser que Wellington Diniz compareça à reunião com o decreto assinado, a ocupação do Incra constitui apenas o início de uma longa jornada luta.

Fortalecendo esta resistência, várias entidades têm prestado apoio, inclusive material, à mobilização, o que confere fôlego para que a ocupação pense seus próximos passos. Nas avaliações, prevalece a leitura de que da não assinatura do decreto de desapropriação neste momento restará apenas a alternativa, mais indesejada de todas, de enfrentamento com a tropa de choque.

Ao final da tarde, realizaram-se atividades político-culturais no espaço da ocupação. A Fanfarra do Movimento Autônomo Libertário animou os ocupantes durante quase uma hora na calçada de frente ao prédio, enquanto panfletos era distribuídos. Em seguida, no auditório, foi feita uma atividade com parlamentares e diversas organizações, coletivos e apoiadores do Milton Santos. Os falantes dividiram suas impressões sobre a atual conjuntura e solidarizaram-se com a luta dos assentados.

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