Por PRI’s The World
Na Espanha, em 2012, mais de 50.000 famílias foram despejadas das suas casas quando não conseguiram pagar o seu aluguel ou hipoteca.
À medida que o ano ia passando, algumas pessoas cometeram suicídio após descobrirem que seriam despejadas. Agora, em Pamplona, um grupo de especialistas que ajudam a realizar os despejos disse “Não mais”. Esses especialistas? Chaveiros.
É uma forma bastante engenhosa de impedir despejos, realmente.
A polícia pode chegar e arrastar devedores das suas casas. Mas se ninguém mudar as fechaduras do apartamento, o banco não consegue se apossar deste, porque os despejados podem voltar para dentro.
E os procedimentos legais para tirá-los de lá de novo levariam meses, até anos.
Os bancos e as autoridades governamentais vêm despejando uma média de duas famílias por dia nos últimos meses em Pamplona e nos arredores. Chaveiros como Iker de Carlos esperam conseguir acabar com isso. De Carlos diz que nessa pequena cidade existe uma dúzia de chaveiros, que frequentemente conhecem as pessoas que eles têm de trancar de fora.
De Carlos disse a uma estação de TV local que os chaveiros trabalhavam frequentemente com a polícia e oficiais de justiça, despejando famílias ou pessoas idosas que mal tinham tempo de se vestir antes de serem jogadas na rua.
De Carlos disse que ele e seus colegas chaveiros decidiram no último mês que não poderiam mais ignorar tal sofrimento.
“Somos gente,” disse ele “e enquanto gente não podemos continuar realizando despejos enquanto pessoas estão se matando.”
De Carlos estava se referindo ao suicídio de uma mulher no último outono, fora de Pamplona. Enquanto as autoridades, inclusive o juiz Juan Carlos Mediavilla, estavam chegando para despejá-la, ela pulou da varanda. Logo após a sua morte o juiz Mediavilla se pronunciou publicamente.
“Não podemos deixar problemas econômicos resultarem em tragédias como esta”, disse Mediavilla.
O juiz apelou ao governo para revisar as leis existentes de modo que o número crescente de espanhóis que não conseguem pagar suas hipotecas não acabe nas ruas.
O governo de centro-direita da Espanha disse inicialmente que tomaria passos imediatos para proteger os cerca de 600.000 mais vulneráveis do país, inclusive famílias com crianças pequenas e os idosos.
Uma lei foi aprovada permitindo a algumas pessoas negociar pagamentos mais baixos com os bancos. Mas ela exclui aposentados e qualquer mãe solteira com filho de mais de 3 anos de idade.
Ativistas dizem que os bancos, que haviam prometido aliviar nos despejos para evitar um desastre social, não cumpriram a promessa.
A tensão social em volta dos despejos tem levado a vários protestos no país inteiro e cresce na medida em que o desemprego também cresce cada vez mais.
Mas os chaveiros de Pamplona dizem que a sua pequena rebelião pode ser o método mais eficaz de impedir despejos, mesmo que seja uma fechadura de cada vez.
Fotografias, de cima para baixo, de crh e Christina Dimitriadis.
Tradução do Passa Palavra a partir do original em inglês aqui.