Veio de muito longe para estudar. Era pobre e já não tinha pai. Largou o emprego e a casa da mãe para seguir um sonho. Seu primeiro trabalho na nova cidade foi de babá. Trabalhava para um casal de professores universitários e comunistas. Brincava dizendo aos amigos que ainda vestiria uma camiseta escrita “meus patrões são comunistas”. Não conseguindo bolsa alguma na universidade, desanimou-se com tudo aquilo. Chocou os amigos a notícia de sua partida; ela havia resolvido largar a faculdade e o trabalho de babá e retornar à casa da mãe. Na festa de despedida contou que não aguentava mais aquela situação, que havia começado como babá, mas os patrões já a obrigavam a passar a roupa de toda a família e a lavar as louças da casa, isso tudo com o mesmo mísero salário e sem carteira assinada. Por Passa Palavra

3 COMENTÁRIOS

  1. Bem a calhar. Examente agora estou indignado de ver no meu trabalho uma comunista “terceirizar” para um terceirizado da instituição fazer um trabalho para sua tese de doutorado. Evidentemente não é tarefa de um terceirizado, pago pelo governo, fazer trabalho para tese de ninguém. É impressionante como o discurso é descolado da prática, explorar aquele que está numa situação vulnerável na relação de trabvalho. Tem comunista que acho que não limpa nem a própria bunda.

  2. Não somos o que (ou quem) pensamos que somos. Não somos o que dizemos que somos.
    O que (ou quem) somos é o que fazemos. Ou melhor: somos o que fazemos para deixar de ser o que (e quem) somos. É a existência (práxis) que determina a consciência (teoria), que a retroalimenta.
    “No princípio, a ação.” Goethe

  3. Esqueci de acrescentar ainda que a doutoranda é feminista “de carteirinha”, e a tese tem um foco de gênero, e a terceirizada é mulher, que se encontra em uma situação de inferioridade diante da feminista, se sente alienada por fazer um trabalho que não faz parte das suas tarefas, numa situação que gera certos sentimentos de opressão. Algo interessante a se somar em meio à discussão sobre feminismo e anticapitalismo que ocorre nos comentários de outro artigo neste site.

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