No Fora do Eixo a imagem é mais importante. É mais importante parecer do que ser de fato. Por um Anônimo
Antes de mais nada, preciso avisar que já fiz parte do Fora do Eixo, bem próximo à cúpula. Também aviso que escolhi o anonimato por dois motivos: não dar brechas para o entendimento desse relato como algo ligado a questões pequenas e pessoais, e também para evitar um pouco possíveis represálias.
Dividirei minha análise em duas partes, externa e interna. A externa referente a como o Fora do Eixo se relaciona com parceiros e mundo exterior, e acho que essa parte é a mais importante, pois espero dar elementos para quem espere se relacionar com o Fora do Eixo. A análise interna se refere a como funciona a rede e, como não sou adepto dos “fins justificam os meios”, essa segunda análise também considero importante para quem não conhece, ou conhece parcialmente, o Fora do Eixo.
Focarei minhas análises em pontos que julgo serem problemáticos, porém entendo que é fundamental fazer alguns poréns. Essa análise não tem como objetivo deslegitimar trabalhos coletivos e que buscam um mundo melhor. Acredito e luto diariamente por um mundo melhor e menos individual. Porém, a mudança tem que ser mudança de fato, e isso não é rápido nem simples. Também não escrevo esse texto para desqualificar todos os membros do Fora do Eixo, visto que é um grupo heterogêneo e que congrega vários tipos de pessoas.
Toda a análise que farei é focada principalmente na cúpula de poder do Fora do Eixo, que era composta por Pablo Capilé, Felipe Altenfelder, Marielle Rodrigues, Carolina Tokuyo e Lenissa Lenza. Ao entorno dessa cúpula existem outros nomes que são coniventes com as ações aqui descrita.
Dito isso, vamos à análise.
I. De dentro para fora
No modo como o Fora do Eixo se relaciona com o mundo exterior, entendo que existem 4 problemas principais, e são eles:
– Dois pesos duas medidas: a relação com os parceiros, sejam eles pessoas ou movimentos, varia muito no Fora do Eixo, e isso leva a diferentes relatos (de amor e ódio). Essa diferença é balizada pelo “poder” e “relevância” do parceiro. Um exemplo prático disso é a diferença em relação ao pagamento de cachês para bandas como Criolo e outras que não são tão relevantes assim. Se você é um artista, ativista, grupo, que tenha grande poder de repercussão, provavelmente será tratado muito bem pelo Fora do Eixo, e todas suas relações serão capitalizadas midiaticamente. Caso você não seja tão conhecido, provavelmente terá um primeiro contato tranquilo, mas caso tenham combinado algo com você existe a grande possibilidade de não cumprirem ou então te enrolarem absurdamente para cumprir. Isso é uma prática cotidiana.
– Está comigo ou está contra mim: a partir do momento que se torna um parceiro do Fora do Eixo, e seja importante, todo seu comportamento midiático (leia-se aqui, o que postar no facebook, quem curtir, o quê compartilhar) será plausível de ser questionado. Muitas vezes será cobrado depoimentos falando da relação com o Fora do Eixo, curtidas em posts, entre outras ações, e possíveis recusas serão entendidas como não comprometimento com a parceria.
– Exploração dos explorados: No meio da vontade de querer ser grande e rápido, o Fora do Eixo acaba tomando atitudes de exploração similares às que combate. Para conseguir parecer grande acaba investindo um recurso que não tem. O Fora do Eixo tem muitas dívidas, e isso é algo comumente praticado. Não acho isso um problema quando falamos de bancos e outros exploradores. O problema é que em muitos casos as dívidas são com pessoas, pequenos comércios e grupos que prestam grandes serviços e nunca veem a cor do dinheiro. Para quem quiser pesquisar mais sobre isso, procurem saber sobre os fornecedores do Congresso Fora do Eixo de 2011, em São Paulo. Muitos trabalharam dias intermináveis e não viram a cor do dinheiro ou, quando viram, foi com meses (e até anos) de atraso.
Referência:
docs.google.com/spreadsheet/ccc?key=0AuM5CWR9wqdUdEtuaE5KM21xUUNlYjBNb2ZuWW9Gd0E#gid=11 – [download]
(Busquem falar com fornecedores: Kit Ecológico e Fornecedor EVA, por exemplo.)
– Se envolver dinheiro, esteja preparado para não receber: é recorrente e, se você não for alguém realmente importante, caso negocie receber dinheiro do Fora do Eixo, esteja preparado para não receber ou demorar muito tempo e muito esforço para tal.
– Os números são sempre maiores do que são de verdade: devido à constante vontade de crescer, os números sempre são maiores, muito maiores. 200 coletivos? Provavelmente não devem ter 100 ativos. Não que seja pouco, mas a gana por parecer grande faz eles optarem sempre por inflar os números.
II. De fora para dentro
Já no que tange à organização interna da rede, entendo que os principais problemas, já relatados em maior ou menor intensidade em outros comentários, seriam:
– Falta de transparência (ou transparência é só para os mais fracos): esse provavelmente é um dos pontos mais críticos do Fora do Eixo. Conforme você sobe na pirâmide de poder, mais transparência é cobrada pelos que estão acima de você. Você deve compartilhar tudo que está acontecendo, o que está sentindo, com quem está conversando, tudo. Porém, a prática não funciona no caminho contrário, as decisões de fato e tudo que permeia a alta cúpula ficam limitadas a ela mesmo, inclusive com uma escala de poder interno, onde, imagino, mesmo entre eles não é tudo compartilhado. O topo da pirâmide, Pablo Capilé, não precisa se justificar de nada que faz, como por exemplo quando faz retiradas do caixa coletivo. Outras questões mais sensíveis, com por exemplo pautas de reuniões e suas decisões, também são decididas sem transparência e levada apenas para ratificação pelos que estão abaixo da estrutura de poder (a maioria das vezes quem não está na cúpula não percebe isso).
– Hierarquia: a construção de um movimento coletivo e em rede é algo extremamente difícil. E tem que ser. Diferentes pessoas, diferentes realidades. Um dos principais pontos que é sempre levantado como glória do Fora do Eixo é a organicidade da rede, como todos estão fortemente conectados e as ações são feitas em bloco. Tudo isso só é possível, infelizmente, devido a um esquema fortemente hierarquizado, principalmente quando estamos perto da cúpula. Nenhuma decisão que seja de importância para o Fora do Eixo é tomada sem antes consulta da cúpula, e sem o ok dela. A estrutura é bem truncada e deve ser seguida. Por exemplo, a Laís Bellini era subordinada à Carol Tokuyo; tudo que a Laís fazia devia ser relatado à Carol; se a Carol achasse que era necessário, reportava às suas superioras (Marielle e Lenissa, e possivelmente ao Pablo). Esse ponto da hierarquia abre brechas para situações onde você não pode questionar nada de quem está acima de você, e este tem direitos especiais (como, por exemplo, não precisam cuidar de nada da limpeza da casa coletiva, não precisam cozinhar, não precisam justificar gastos, não precisam planejar e comunicar as ações, entre outros absurdos). Ou seja, a coletividade acaba ocorrendo só nos níveis mais baixos.
– Quanto mais perto da cúpula, menos sentimentos reais: a cúpula do Fora do Eixo é fria. Pode não parecer para muitos (e novamente isso varia de acordo com quem é você e como está sua relação com a rede). No processo de “treinamento” para se tornar membro dessa cúpula existe um forte treinamento para suprir toda a manifestação sentimental. Não se deve exprimir seus sentimentos (principalmente se eles forem tristeza, dúvidas e cansaço). Teve um dia difícil, quer chorar? Vai para o banheiro, chore e limpe o rosto para ninguém perceber. A imagem é mais importante. Esse ponto é tão fortemente pontuado pelas lideranças que, para demonstrar que eles são felizes e pessoas normais, são cobrados a darem testemunhos no facebook, falar da #VIdaFDE e como amam tudo aquilo, postar fotos, etc., etc., etc. Para quem está almejando alcançar mais poder no Fora do Eixo, constantemente terá as lideranças tentando se aproximar, demonstrando afeto e amizade; porém, qualquer coisa que diga ou compartilhe nesses momentos pode ser e será usado contra você em momentos de discordância ou de dúvidas (não há dúvidas em quem está na liderança).
– A imagem é mais importante: já até disse isso no ponto anterior, mas no Fora do Eixo a imagem é mais importante. É mais importante parecer legal, descolado, hype, feliz, revolucionário, do que ser de fato. Isso é algo que não é fácil de perceber, mas, para quem tem acompanhado outros relatos, pode encontrar facilmente. Hoje, boa parte dos esforços da cúpula estão em fazer o Fora do Eixo parecer ser grande e importante. E isso está em tudo. Nas parcerias que faz, nas fotos que tira, no que se posta no facebook. O tempo todo. Todo o tempo. Postando no facebook e cobrando todos os subordinados de postarem e curtirem e compartilharem.
– A velocidade é mais importante: o Fora do Eixo é rápido. E não importa o que custe. Não há espaço para ócio. Não há espaço para dúvidas. Não há espaço para questionar. O importante é ser rápido.
– O caixa é coletivo, mas nem tanto. O caixa coletivo é algo realmente muito interessante que existe em vários coletivos do Fora do Eixo. Porém, quando estamos na cúpula (Casa Fora do Eixo de São Paulo), ele não é tudo aquilo que se esforça para parecer. O dinheiro disponível é só parte do que existe, que é controlado por apenas 1 pessoa. Não são todos que precisam justificar seus gastos, Pablo e Felipe, por exemplo, fazem saques do caixa e não se dão ao trabalho de dizer a ninguém.
– Os fins justificam os meios: isso não é dito no Fora do Eixo, mas é altamente praticado. Vários comportamentos da alta cúpula são justificados dessa maneira. O Pablo não tem tempo de ser legal com todo mundo? Ah, é porque ele tem muitas responsabilidades e não tem tempo para isso. Ah, a Lenissa não entra na divisão de trabalho da casa? Ela já trabalhou bastante no começo, agora precisa fazer coisas mais importantes. E por aí vai.
– Assédio moral: textos como o da Laís apresentam bem esse ponto, só vou pontuá-lo, pois é algo que acontece diariamente. Xingamentos pelo gtalk e até mesmo em público, os chamados “choque pesadelo”, são ferramentas utilizadas comumente na formação dos líderes do Fora do Eixo.
– E a verba pública? Bem, ela existe de fato. Não acho que é um problema sério, visto que é realmente pouco dentro do montante dos esforços e custo do Fora do Eixo. No fundo, a impressão que eu tenho, pelo que vivi e acompanhei de dentro, é que boa parte dos recursos vem de fontes pulverizadas: entrada de eventos, cachês não pagos a artistas (tentem buscar as bandas que tocaram no Cedo e Sentado em São Paulo, e quantos destes receberam. Toda a grana que deveria ter ido para eles foi para o caixa coletivo do Fora do Eixo), ajuda de pais de membros (os pais do Felipe Altenfelder de tempos em tempos faziam contribuições, assim como outras menos diretas como compra de computadores), entre outras. No meio de vários pontos acho que a verba pública não era um grande problema.
Como disse no começo, essa análise é focada na cúpula do Fora do Eixo. Muitos coletivos ligados ao Fora do Eixo desconhecem e não praticam a maior parte desses pontos, porém existe um processo de doutrinamento gradual que ocorre, a medida do tempo que está no Fora do Eixo e sua vontade de ganhar mais “lastro” e poder.
Relato retirado de Fora do Eixo Leaks. As ilustrações que acompanham o artigo foram escolhidas pelo Passa Palavra
Tudo que foi descrito acima é simplesmente a descrição do que ocorre e do modus operandi de qualquer empresa convencional (capitalista).
Sem dúvida é o espelho da empresa em que o leitor trabalha, seja ela qual for.
Então eu me perguntaria: por que tanto alarde?
O alarde é porque chegamos num ponto em que uma empresa (uma organização com todas as práticas e relações sociais de uma empresa) consegue se passar por ‘movimento’ para uma (boa) parte da esquerda e de uma certa juventude, e utilizando simplesmente linguagem; linguagem de publicitário.
Leo,
o que impressiona é o quanto o fetiche pelo “comportamento em rede” se confunde, aos olhos destes setores seduzidos, pelo horizontalismo. Isso, é claro, ajudado pela visibilidade com aura “hype” do Midia Ninja, que para estes setores se apresentou como uma possível alternativa à midia tradicional, o grande inimigo da esquerda que simpatiza com o PT. Eles são capazes se incensar QUALQUER coisa que se contraponha à midia tradicional, com a mesma mentalidade tacanha com que seguem acusando o MPL de “instrumento da direita” por ter criado problemas para o Haddad.
Um dado interessante é como de fato a juventude no Brasil está sendo pautada intensamente nos últimos meses, em decorrencia dos protestos: MPL, Black Block, FdE, quem diria que seriam temas de destaque na midia a 1 ano atrás? Isso diz respeito à novas dinâmicas sociais em termos de luta de classes ou simplesmente em termos da produção de comunicação de massas?
Lucas,
Boa pergunta.
Acho que essa projeção na mídia de organizações formadas primordialmente por juventude reflete também uma dinâmica de luta de classes, e de relativamente nova composição de classe.
Uma subjetividade ligada a um desejo de mudança, de controle sobre a vida, a qual era explorada quase exclusivamente como força de consumo, pode se auto-organizar politicamente (caso do MPL), ou mesmo ser explorada como força de trabalho (caso do FdE). Se o FdE traz alguma novidade, me parece essa.
esses boatos correm em torno do fora do eixo mesmo… ja ouvi de antigos membros
O CONTADOR DE ” INSTÓRIAS”.. A INSTÓRIA DO MONGE EXTREMÊS..
Só resolvi escrever essa instória , porque instalei um wi-fi e estou sentado na sacada contemplando o visual da Serra do Lobo-Guará e pensando porque ninguém me entende ( será que descobri que sou Autista, depois de velho).
Acabei de ler um “estudo” sobre o Fora do Eixo, do Sr. Andre Azevedo da Fonseca, que vi no Face da Sra. Beatriz Seigner, que conheci pelo num post do Sr. Pablo Capilé, um dia depois de ir visitar o Fora do eixo-Sp, onde fui inquirido por um rapaz, que queria saber quem eu era, e fui lá porque vi a entrevista do Srs. Pablo e Torturra no Roda Viva, no mesmo dia que tinha ido visitar a ocupação da frentre do Palácio dos Bandeirantes, onde o mesmo rapaz da casa Fora do Eixo me entrevistou pelo mídia NINJA com a mesma pergunta ” Quem é você”, cheguei a pensar que quem está por de trás do Fora do Eixo seria o Tiririca.
Fiquei sabendo da ocupação pelo Face , eles chamam para ocupar pelo Face e quando chega lá é inquirido? muito estranho.
Só resolvi participar da ocupação porque venho acompanhando a “revolta” na Rede e na TV, quase que o dia todo, desde dia 13/06/2013 e por hobbie , pois nesse fatídico dia, por coincidência, ganhei um premio semente ( muitas ideias foram premiadas) na cinemateca de São Paulo, num Festival de ideias onde estava presente o Sr. Manuel Castels ( sociólogo das Redes) , com a ideia clube de mudas e sementes.
Só participei desse evento porque desde janeiro desse ano comecei pesquisar e visitar vários coletivos de São Paulo ( agroflorestais, permaculturais, hortelões urbanos, festivais nas praças, etc) e só fui conhecer esses coletivos porque me desliguei aposentado da empresa.
E só acelerei o processo de aposentadoria e desligamento da empresa porque estou “revoltado” igual a todos e com vontade de fazer algo novo , tais quais as pessoas que conheci nesses coletivos.
Estou revoltado desde 2006, quando abandonei a militância politica e ambiental (sou ex-petista e não anti-petista) e me posicionei contra todos os partidos e resolvi cuidar da minha família, foi quando vi o estrago que eu tinha feito com a educação dos meus filhos, por deixa-los para ir em conselhos municipais e comitês de bacias, onde conheci o poder publico por dentro , e como e real sociedade civil, não como essas ONG`s que se atrela ao poder publico , outra coisa estanha desses organismos de participação popular garantidos por lei, inclusive constituição veja artigo 182, é que lá os participantes do poder publico tem toda a vontade de mudar o mundo, até as 17 hs apenas.
E só conheci os conselhos e subcomite Billingas porque fiz um curso pela Sabesp e com recursos FEHIDRO ” Educando para cidadania” e só fiz esse curso porque tinha acabado de fazer um curso de multiplicador ambiental na empresa que trabalhava
ministrado pela FAAP.
E só fiz esse curso porque tinha feito faculdade de Administração de empresas na Fundação Santo André onde tive a experiência de observar o movimento político mais fuleragem desse País ( os caras pintadas),pois, no começo de 1992 a FSA aumentava acima da inflação as mensalidades e faziamos panfletagem e os filhinhos de papai não estavam nem aí, em março a Rede Globo exibiu a série ” anos rebeldes” então em julho eu vejo esses mesmos filhinhos de papai sem camisa, com um litro de vodca no sovaco, abraçado numa loira falando que vai mudar o País…..Não foi manifestação, foi BALADA, tanto que o único dividendo que sobrou disso foi o Senador Gutenberg Farias.
E só participei das panfletagens porque minha vontade era ter feito Ciências Sociais, coisa que coloquei no vestibular como primeira opção, coloquei administração como segunda opção porque depois de cinco anos que tinha acabado o colégio, achei que não passaria, coisa que não aconteceu. Utilizei o conhecimento da faculdade para ser cidadão e não para o mercado de trabalho, pois trabalhei a vida toda como eletrônico.
Só descrevi sobre o Collor, porque lutei muito contra ele na eleição de 1989 e só lutei contra o Collor porque era militante petista( nunca fui filiado e principal, nunca ocupei cargo comissionado) e só era militante petista porque ouvia o Tio Lula, Tio Aldo, Tio Genoino falar em cima de um caminhão de som em Socialismo/Comunismo, Globo manipuladora e Classe dominante, e só os ouviam , com 14 anos de idade ,porque tinha entrado no SENAI-Mercedes Bens em 01/02/1983…
Pensamento final….O final feliz está nas primeiras linhas….
Outra coisa, Lula seu pilantra, olha que você fez com aquela criança…
texto muito mal escrito. nao acrescenta nada de util a soluçao desses problemas e questoes, soh bota fogo na lenha da caça as bruxas…
e eu que achava que tava acontecendo uma coisa boa com a sociedade brasileira esses ultimos meses… de repente todo mundo se estapeando, bicando, cacarejando… parece galinha… triste… um monte de expert em coletivo e moral…
algo mais lucido:
http://revistaforum.com.br/blogdorovai/2013/08/11/sobre-o-fde-eu-prefiro-o-vies-que-disputa-essas-novas-organizacoes-pela-esquerda/
galera resolve isso ae po, e vamo volta pro principal!
Pois é…. Vá ouvindo: Leo e Lucas, tô de acordo no acorde do som ecoado por vocês,e enquanto escutava Lou Reed e lia o artigo maravilhosamente anônimo(já que sem identidade é tão melhor,e o poder não cola, as capturas não rolam…)eu pensava…. e vejo que agora não preciso, aqui, me explicar ou provar nada, seja como militante ou participante de movimentos e de coletivos & “pseudo-coletivos pós modernos”: sim, sou também parte desse todo mundo que é Ninguém e todo mundo, sou mais um intérprete criador e anônimo….mas ó, deixa eu dizer aqui, do meu jeito capenga e escorregadio: o texto inicial é claro( e vou lembrando da frase-força do Nietzsche que proclamava que “tudo que pode ser destruído deve sê-lo”…) Bom, esses grande movimento fora do eixo, com seu marketing bom de se correr atrás de podres poderes, mas ao mesmo tempo com seu péssimo marketing…que agora virou veneno, esse belo fora do eixo que se segure, e cartas na rede acho que já não vão adiantar, pois a merda tá no ventilador! Taí!, quem quer ter a influência princeps na rede que de agora aguente o balaço das diversas vozes da rede, o balanço rápido mas intenso desse treme-treme da rede oposta & contrária, rede sempre feita de singulares, essa mesma rede que se faz potência devido às vozes diversas, e não ao poder de cúpula, UNO… E pra fechar, vou saudar em comunhão, daqui do Bexiga Bela Vista Paulistano, o contador de “instórias” Jorge Ronei(permita-me), um bom e velho animal político, desses homens lúcidos que não perdem o lúdico hábito de contar estórias vivas e reais para esclarecer e também para confundir…
Sou do PT e Capilé não me representa !
Quem leu “A Nomenklatura” verá as descrições semelhantes as maneiras de subir na hierarquia da União Soviética.
pq os pais do felpe altenfelder fazem doações? eles são muito ricos? trabalham com oq? são de onde? pq fazem doações e compra de materiais?
Apesar de concordar com as críticas, imagino que exista uma relação de forças e que (nesta relação) estamos gastando muito na crítica à um grupelho como o Fora do Eixo.
Me parece estranho que o PassaPalavra gaste tanta energia com um grupo que não tem revolucionado nada. Que não tem grande representatividade política. Apenas ganhou repercussão nos últimos meses. O vigor da crítica deveria ser à grande mídia, aos esquemas de monopólio da informação, etc – como foi feito no caso da tarifa de ônibus de SSA.
No mais, este e o último post sobre Fora do Eixo ficou parecendo um rancor meio egóico (“já tinhamos dito antes”, “não são revolucionários”, “empresa”…).
Passemos da crítica à invenção de novas formas de luta ainda possíveis que não se constituam como uma máquina capitalista “alternativa” como o Fora do Eixo.
Erahsto,
a importância dessa crítica é apontar os novos avanços do capitalismo, tanto no que tange ao trabalho e suas novas formas de precarização, quanto à ideologia, na maneira sutil de confundir trabalho com militância social/cultural.
De fato há uma insistência no tema, mas é justamente quando estão todos falando nisso que se apresenta o melhor momento de difundir a crítica mais profunda, apontando que o problema não é um erro ou outro na forma de gerenciar uma “rede alternativa”, mas que ela se compõe como uma das faces do “novo espírito do capitalismo”.
Quanto à passar da crítica à invenção, tenho certeza que o PassaPalavra publicará com muito gosto uma contribuição sua para esta nova etapa, basta escrevê-la.
Ao que disse o Lucas acrescento o seguinte. Tenho reparado que esta argumentação tem aparecido sistematicamente em quase todas as frentes de debate: não se deve fazer a crítica de um dado setor da esquerda quando existe um inimigo à direita muito mais assustador.
Nessa leitura, não se deve fazer críticas à Mídia Ninja no atual momento, por exemplo, simplesmente porque o Reinaldo Azevedo e similares também estão fazendo.
Ora, se seguirmos por aí, a extrema-direita vai acabar se tornando a maior protetora de certos setores da esquerda, porque, sempre que se sentir ameaçado, esse setor aciona uma crítica da direita para neutralizar os ataques à esquerda.
Ou seja, a crítica da direita acaba sendo utilizada como blindagem moral e propaganda. E assim tudo volta a como estava antes.
Lucas e demais comp@s,
Com muito gosto poderíamos começar a discutir as transformações necessárias do campo das esquerdas – sem passar à empresa capitalista alternativa. Mas precisamente no debate sobre as transformações do capitalismo, também nós precisamos de uma reflexão mais profunda. Há aspectos destas transformações que está muito próximo de nossos comportamentos: nas lutas das ruas, nos sindicatos e etc. O Guy Debord falava que o capitalismo precisa de críticos formidáveis, pois eles o ajudam a se transformar e melhorar a dominação. Nisto creio que há uma verdade: Fora do Eixo, grupos de Facebook, revistas marxistas, cada um em seu universo auxilia uma nova transformação capitalista.
Há dois textos formidáveis de um autor fora das páginas clássicas da esquerda que talvez nos ajude nesta reflexão. Tratam-se do “Credibilidades políticas” e “Revoluções do crível” de Certeau. Parece-me que precisamos saturar a credibilidade das instituições e revolucionar aquilo que é acreditável para nós. Mas isto, não me parece algo exclusivo dos movimentos de esquerda. Creio, sinceramente, que os grupos subalternos marginais produzem um impacto considerável. E talvez nós deveríamos apreender sua linguagem, estética, teria, etc. Vejo isto nos zapatistas. Não vejo isto muito no Brasil – acho que a estética das periferias e seus saraus podem nos ensinar algo.
Por fim, crítica anti-capitalista ao Fora do Eixo a partir de uma linguagem clássica da esquerda marxista. Lindo, mas o fato é que também esta linguagem já não consegue seus saltos, suas intervenções poderosas. A resistência indígena possui uma tradição de mais de 500 anos, a resistência negra destruiu escravidão e produziu esquemas de sobrevivência e ataque que possui no mínimo 300 anos bem consolidados. Não haveríamos que aprender algo? Não poderíamos pensar nossas teorias a partir daí? A experiência do Fora do Eixo pode ser uma transformação capitalista, mas até quando a estética e teorias da esquerda não viraram uma espetacularização da crítica, uma acumulação de imagens anti-capitalista, mas sem capacidade de se re-inventar em suas experiências, de consolidar outras referências (Mariateghi na AL, os malês da Bahia, Frantz Fannon sobre o racismo, Milton Santos e a outra globalização, os Pontos de Cultura e a política da cultura viva…) e dirigir seu poder de ação aos grandes do poder.
É claro que esta crítica que faço não deve ser levada a cabo. Há sim experiências novas. Sejam sites como Proprietários do Brasil, Rádios Livres, Pontos de Cultura, etc, outras experiência vão tecendo outras formas de produzir as críticas e construir nova alternativas.
Desculpa ter me alongado. Continuamos o debate.
Um bom relato de uma jornalista que visitou a Casa FdE de Minas Gerais.
http://rota32.blogspot.com.au/2013/08/o-fora-do-eixo-no-microscopio-um.html
Destaco essa parte:
“”Mas não tem um limite que faz vocês colocarem uma pessoa pra fora da casa? Tipo, se alguém trabalhar apenas 3h, vocês topam ter essa pessoa como moradora?”. Me responderam que “aí não, porque dá pra ver que essa pessoa tem outras prioridades”.
Ah! Aí que tá. Então EXISTE uma diferença entre tempo produtivo e tempo improdutivo. Se você dissolver os limites que separam a vida do trabalho, de forma que tudo se torna “vida” – aí está um projeto que me interessa. Agora, você corre o risco de sumir com esses limites e conseguir apenas que toda sua vida seja trabalho. Dado quanto os moradores das Casas FdE trabalham (pelos relatos vai das 9, 10 da manhã até 3, 4 da madrugada), suspeito se tratar do segundo caso. Como se estabelece, politicamente, a diferença entre o tempo produtivo e o tempo improdutivo? Turns out que você tem de negociá-lo constantemente com o seu gestor. Isso sem dúvida abre espaço pro cenário de pesadelo descrito por Laís Bellini, onde todo o seu tempo está sendo sempre esquadrinhado e questionado por sua relevância pra causa.”