Casa Viva: Palavras ao Alto — «O Banqueiro Anarquista», de Fernando Pessoa
O banqueiro anarquista de Fernando Pessoa foi publicado em 1922, na revista Contemporânea. Trata-se de uma narrativa curta de ficção. O texto é frequentemente considerado como menor e pouco citado, nem costuma aparecer nas obras completas do autor. É uma obra paradoxal por ser simultaneamente lógica e absurda, conformista e subversiva, de uma ingenuidade lúcida e de uma lucidez ingénua.
Numa conversa de café, um banqueiro explica como é um “verdadeiro” anarquista:
(…)
– É verdade: disseram-me há dias que você em tempos foi anarquista…
– Fui, não: fui e sou. Não mudei a esse respeito. Sou anarquista.
(…)
Puxou fumo; fez uma leve pausa; recomeçou.
– O mal verdadeiro, o único mal, são as convenções e as ficções sociais, que se sobrepõem às realidades naturais — tudo, desde a família ao dinheiro, desde a religião ao estado.
(…)
(…)
Uma provocação literária entre ideologia e ficção para as leituras partilhadas na Casa Viva.
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