Centenas de sem-teto da Ocupação Esperança, os mesmos que na semana passada travaram a anhanguera, exigem que o prefeito resolva seu problema habitacional
A prefeitura de Osasco amanhece nessa quinta-feira (3 de abril) com centenas de manifestantes da Ocupação Esperança batendo panela, reivindicando que o prefeito Jorge Lapas (PT) os atenda e evite um iminente despejo. Com o protesto, a av. dos Autonomistas e toda a região central de Osasco está travada. A Guarda Civil Municipal (GCM), que já não tem boa relação com as famílias, cerca o local e o clima está tenso.
Na quarta-feira da semana passada (26 de março), o mesmo grupo de sem tetos bloqueou a rodovia Anhanguera com pneus em chamas, ao som de gritos como “O povo na rua, prefeito a culpa é sua”.
Despejo iminente
A Ocupação Esperança tem pouco mais de sete meses de existência, e reúne cerca de 600 famílias em um terreno particular que estava abandonado há 30 anos no bairro Três Montanhas, zona norte de Osasco.
Cansadas de esperar que seu direito à moradia seja garantido (dados da própria prefeitura indicam que nos últimos quatro anos, menos de 1% da demanda do Programa Minha Casa, Minha Vida foi atendida), as famílias optaram, junto com o Movimento Luta Popular, por fazer uma ocupação para pressionar os governos. Agora, no entanto, estão correndo contra o tempo.
A última decisão da juíza, que analisa o pedido de reintegração de posse feito pelo proprietário do terreno, foi de dar um prazo de 30 dias para que os governantes proponham solução para o problema habitacional. O prazo vence dia 17 de abril.
O Movimento Luta Popular já protocolou ofícios pedindo reuniões com o governo municipal, apresentou um laudo técnico indicando a viabilidade de o terreno ocupado ser transformado em ZEIS (Zona Especial de Interesse Social) e inclusive entregou três outras opções de terreno para a prefeitura analisar a possibilidade de transformar em moradia popular.
A postura da prefeitura tem sido de absoluto silêncio. No fim do ano passado, Lapas falou a imprensa que “pra esses aí não tem chance” e que a luta da Ocupação Esperança é “enxugar gelo”. Os sem teto, no entanto, prometem resistir. “Não queremos um novo Pinheirinho!”, afirma uma das faixas do protesto.
O Movimento Luta Popular afirma em panfleto distribuído pelo centro de Osasco, que “o povo elegeu um prefeito e, por isso, mesmo que o terreno seja particular, a responsabilidade pelo direito à moradia é da prefeitura”.