Como é possível que nações se projectem a si mesmas em onze fulanos que na maioria exercem a actividade profissional no estrangeiro? Por Passa Palavra
A sociologia, apesar das suas injustificadas pretensões, é mais descritiva do que explicativa, e o marxismo está ainda longe de conseguir analisar as expressões culturais colectivas. Falamos de falsa consciência, mas quais são os mecanismos dessa falsidade? Podemos espantar-nos com a colossal vaga de penitência nacionalista que assolou a população brasileira só porque num jogo onze sujeitos sofreram uma goleada, e quando ocorreu a derrota seguinte já o país estava convertido num muro de lamentações. Mas o espanto é ainda um sintoma da ausência de compreensão.
Políticos e comentadores rivalizam em apresentar teorias longas e maçudas, não sobre a histeria futebolística — a única coisa que caberia analisar — mas sobre o motivo profundo das derrotas da selecção brasileira, como se uma futilidade pudesse ter motivos profundos. Até professores sempre cuidadosos em restringir o seu marxismo aos limites do campus universitário não hesitaram em somar-se às massas e sair à liça com explicações materialistas e dialécticas da goleada.
Todas essas explicações, em vez de explicarem só contribuem para aumentar a confusão, porque levam a sério aquilo que não é para levar a sério. E assim acrescentam mais elementos à histeria colectiva.
O extraordinário nisto tudo, aquilo que constitui o núcleo da questão, é que se atribui o carácter de representante de uma nação a um conjunto de futebolistas só porque eles são portadores de passaportes emitidos por esse país.
Ora, o futebol converteu-se no mais transnacionalizado dos desportos. Os jogadores importantes são profissionais de clubes estrangeiros e naturalmente vestem a camisola de quem lhes pagar mais. Não existe hoje uma força de trabalho tão mundializada. Por isso, até países avessos a aceitar imigrantes oferecem calorosamente a cidadania a futebolistas estrangeiros desde que tenham pernas vigorosas e pontaria no pé. E se se tornam cidadãos de pleno direito, quem pode levantar dúvidas sobre a legitimidade de integrarem a selecção futebolística do país? Tais dúvidas não seriam politicamente correctas. E assim povos brancos e louros acolhem nas suas selecções nacionais futebolistas crespos e negros, países europeus em que os turcos são vistos com muito maus olhos têm turcos na selecção e o mesmo com árabes. O futebol é hoje uma metáfora elucidativa de como opera o capitalismo, transnacionalizando-se na base económica e nacionalizando as consciências, de modo a que o seu carácter fundamental se mantenha intacto. Como é possível que nações se projectem a si mesmas em onze fulanos que na maioria exercem a actividade profissional no estrangeiro e frequentemente nasceram em lugares distantes?
O nacionalismo tem sido o grande beco sem saída da luta anticapitalista, e os fascismos aí estão para o demonstrar, porque se o racismo fez com que o nacional-socialismo germânico evoluísse como um supranacionalismo, no início todos os fascismos surgiram estimulando nas camadas populares o sentimento nacional. O paradoxo, na época de transnacionalização em que hoje vivemos, consiste em atribuir a representação da nação a um desporto que nada tem de nacional. Se o nacionalismo já é uma falsa consciência, a projecção do nacionalismo em símbolos transnacionais padece de uma dupla falsidade.
Sim, sabemos, a sociedade do espectáculo. Mas o problema verificou-se já muito antes e no império romano, sobretudo no império do Oriente, a vida política pautou-se em certa época pelas corridas de quadrigas. Em Bizâncio chegou a ocorrer uma guerra civil desencadeada pelo facto de o imperador ter abandonado a neutralidade que devia manter entre as principais equipas de quadrigas. Não é uma novidade do capitalismo o facto de colectividades humanas depositarem o seu carácter, ou aquilo que consideram ser o seu carácter, em profissionais do desporto.
Só que agora a estranheza é ainda mais estranha.
É ainda mais estranha porque na última década e meia o capitalismo brasileiro se internacionalizou, expandiu a sua actividade aos outros países da América Latina e assumiu um papel decisivo na modernização da África. Analisámos este processo em vários artigos, aqui reunidos num dossier, para o qual remetemos o leitor. Queremos agora destacar o facto de uma sociedade em expansão económica e que se assume como um jovem imperialismo entregar-se colectivamente a uma crise de desespero porque projectou a sua identidade em vinte e duas pernas e mais um par de mãos.
Uma sociedade que vive a tal ponto no plano simbólico é fácil de enganar, ou seja, de governar.
Aliás, sem essa concentração no plano simbólico não assumiria relevo a palavra de ordem não vai ter Copa, que deveria ser substituída por outra que fosse directamente ao assunto — não vai ter especulação imobiliária. Mais grave ainda é o facto de a luta contra uma Copa simbólica ter recorrido em grande medida a acções de carácter simbólico, como queimar coisas e partir vidraças. A carga simbólica que culminou no desespero colectivo iniciado em 8 de Julho foi fomentada tanto pelos que viviam a Copa como pelos que tinham apostado tudo contra ela, o que torna a questão ainda mais perigosa, e ainda mais grave a nossa incapacidade para a explicar.
Mérito seja dado à sociedade das formigas, que não precisa recorrer ao plano simbólico para florescer e habitar o planeta há já milhões de anos – com a notável exceção daquele indivíduo-formiga que insistia em vir, no carreiro, em sentido contrário, subindo às varandas para tentar tirar os companheiros-formiga do torpor orgânico.
Mas por um desses enigmas cósmicos, a nossa espécie, insatisfeita com a rotina orgânica, pôs-se a inventar mundos fictícios, símbolos.
Inventámos deuses, depois Deus, inventámos a Arte, a Ciência, o Homem.
De vez em quando matávamo-nos uns aos outros, depois achámos isso pouco produtivo e inventámos o xadrez e o futebol, guerras de mentira sem sangue (bom, às vezes uma vértebra fraturada).
E se a terra em que vivem alguns de nós não produz o suficiente, plantamos símbolos, colhemo-los e trocamo-los por alimentos que outros de nós produzem em excesso.
Tornamos real, concreto, o plano simbólico, e dele extraímos valor.
As formigas que me desculpem, mas o futebol é uma invenção simbólica sensacional e inspiradora, porque mistura de inteligência, coragem, energia, vigor, força física e força moral. Em suma, viril (notem, mulheres, que os adjetivos anteriores são uma das acepções possíveis para virilidade oferecidas pelos dicionários, na qual vocês se incluem também).
A histeria brasileira procede na medida em que faltou essa virilidade a uma seleção que já teve Pelé, Garrincha, Vavá, Tostão, Didi, Zico, Sócrates, Romário, Ronaldo, Ronaldinho, etc, etc.
Certo está Lothar Matheus: essa seleção é muito chorona.
O excesso do componente nacionalista é apenas uma leitura possível, e, no caso da seleção brasileira, uma das causas para a sua derrota estrondosa: os jogadores gritaram demais cantando o hino nacional.
Proletários do mundo inteiro, formigai-vos!
Viva o torpor orgânico!
O formiguismo vencerá!
OPRAH MARX – sister dissidente
Meu! Cêis parece qui nun sei!
Virilidade? O que rola e sempre rolou foi “rentabilidade”, econômica ou política… Será que foi virilidade que rolou quando o Brasil foi campeão em 1970 (Vamos juntos pra frente Brasil, Brasil, salve a seleção…) E em 1994? Viva o redentor plano Real! JK 1958, Médici 1970, FHC 1994 e os populistas Jango (1962) e Lula (2002) serão só coincidências históricas ou serão determinantes históricos? E a campeã Argentina em 1978? E todas as vitórias dos países sede? Resultado da virilidade?
Sei não… fico com Debourd “Toda a vida das sociedades nas quais reinam as condições modernas de produção se anuncia como uma imensa acumulação de espectáculos. Tudo o que era directamente vivido se afastou numa representação”
padaqui, concordo c’ôcê, em gênero, número e grau.
Mas já que estamos no plano da representação – ou plano simbólico – que a representação seja ausente de chôrôrôs, mimimis, hinos urrados à exaustão, mãozinhas dadas e ridículas rezas em campo.
Ou seja, viril, volto a repetir, numa acepção indiferente à genitália.
Como metáfora da guerra, o futebol é, à partida, uma representação saudável, instigante e inteligente.
Que sobre essa representação original se ergam outras, é outra história, e todos nós resistimos, uns mais, outros menos, a que se perca a representação original -universal – em prol de outras mais lucrativas e transnacionais.
Caro Gustavo,
me desculpe a insistência, mas peço licença para outra manifestação. Talvez por esse meu lombo tão marcado à chibatas e de tantos cartões vermelhos que me (nos) exclue(m) de tudo que eu (nós) produzo(imos) – sendo que esta alienação não é simbólica, mas real – meus olhos possam ter se convergido tão somente para os aspectos mais silenciados desta discussão futebolesca, dando um certo gosto de amargura e ceticismo ao recordar que o dito esporte tem sua origem não somente no berço do capitalismo, mas em competições (importante notar qual o papel das competições esportivas dentro do capitalismo) que se inciaram no meio burguês, e que depois se expandiram às classes operárias justamente num período de ascenção do pensamento, do sentimento e da prática nacionalistas, ampliando essa fragmentação inclusive intraclasse. Enfim, penso que o futebol além de não ter origem popular, muito embora tenha ganhado notória popularidade, carrega consigo em sua gênese um espírito de competição sectarista (A FIFA, por exemplo, existe desde 1904). Assim, ao se vestir a camisa de um time ou uma seleção qualquer, os sujeitos e objetos dos conflitos de classes são deslocados de sua luta real e transferidos para um “campo” de aparências mediadas e operacionalizadas justamente por essas aparências, podendo as mesmas, inclusive, a se materializar.
Ao meu ver, o futebol, como você bem disse, é uma metáfora da guerra, mas instiga o quê e para quem? Mas talvez seja só meu ponto de vista cético e amargo… talvez seja inveja em ver mais trabalhadores nos campeonatos de futebol organizados pelos sindicatos do que nas assembléias sindicais… ou talvez seja minha angústia que as ideias de Charles Miller tenham conseguido organizar mais gente do que as ideias de Pannekoek… por isso minha teimosia em ver este futebol que aí está mais como uma política do “pão e circo” (mas pago pelos próprios espectadores) do que uma manifestação popular apropriada pelo capital…
Valeu a conversa!
Falta estudos sobre o campo simbólico e a questão das identidades. Esse texto é muito pobre nesse aspecto, claramente reducionista.
Justiça seja feita, o texto começa por reconhecer a debilidade da análise das expressões culturais coletivas no campo marxista.
Mas concordo, é reducionista, como se o referido plano simbólico devesse a todo custo ser eliminado, substituído pelo único possível, o real.
Como se um real despido do plano simbólico fosse possível de ser alcançado – e o que é pior, desejável.
Até prova em contrário, esse real sem símbolos são as formigas a que me referi anteriormente, é o meu cachorro mijando na rua.
Não tencionava intervir em tão sábia discussão, mas não me parece que este curto manifesto do Passa Palavra justifique essas críticas, antes de mais porque certamente não aspirou ao estatuto de um tratado de semiologia. Mais rasteiramente, devemos distinguir entre o plano simbólico indispensável à humanidade para raciocinar e agir, centrado na dupla articulação da linguagem, e o plano simbólico enquanto um dos objectivos da acção. Sem símbolos não se pode viver, o que inclui organizar instituições sociais, produzir bens, andar de um lado para o outro, dar saltos ou escrever num computador, além de muitas outras coisas. O problema consiste em saber se com os símbolos só se podem produzir outros símbolos ou se se pode chegar a outros níveis, mais profundos, da realidade. Que o futebol tenha uma faceta simbólica é indubitável. Todos os gestos têm uma faceta simbólica, por isso constituem material de estudo para a semiologia. Mas o futebol é igualmente um grande empreendimento económico de carácter transnacional, que move uma força de trabalho altamente internacionalizada. Ora, o histérico desespero nacionalista motivado pelo resultado de um jogo concentrou-se exclusivamente no plano simbólico e esqueceu ou ignorou as implicações sócio-económicas do futebol. Enquanto as lutas sociais se concentrarem no simbólico, os capitalistas continuarão a explorar e os governos a governar. E enquanto a perspectiva pós-modernista e multiculturalista prevalecer, as lutas sociais continuarão a concentrar-se no simbólico. É precisamente para isto, aliás, que o pós-modernismo e o multiculturalismo servem.
Essa coisa de querer que as pessoas construam a sua identidade tendo como base apenas aquilo que faz durante as horas de trabalho parece muita loucura. Pensar a homogeneização sob uma “cultura da classe trabalhadora” é mais complicado ainda. Vou citar um exemplo:
Imaginem um nordestino que veio para SP sem absolutamente nada. O sujeito arruma um emprego na construção civil, vai morar em pensionatos e dai encara o mundo. Certamente, não será em associações críticas, de esquerda ou revolucionárias que encontrará algum apoio moral e econômico. Não vai ser acolhido por grupos de alunos da USP nem escritores de livros marxistas. Muito provavelmente, seguindo as estatísticas, será numa igreja evangélica que esse cara, sozinho, rústico, sem lar, encontrará uma rede de apoio moral, coleguismo, algum apoio econômico, uma namorada. Pra ele, toda a esquerda é pura nuvem e o mundo do trabalho sinônimo de labuta, mas poderá encontrar na igreja um espaço aprazível, de valorização e engrandecimento. Esse cara vai viver muito mais como evangélico, se assumir como tal, do que como operário – e isso na mesma intensidade com que os universitários expõem as camisetas dos cursos. O mesmo processo ocorre com os gays, com os negros, com outros mais. Não vejo nenhuma possibilidade de união coletiva que despreze o campo vívido e real das identidades várias que compõem o nosso mundo. As precisam sobreviver no real e não nas nuvens. E o real é a igrejinha aberta, não a metafísica dos costumes de um sempre inacabado marxismo.
Exílio Punk,
Pergunto a você se acaso o fato de existir todas essas outras esferas de convívio social faz com que a do trabalho deixe de existir. Não só continua existindo como toma grande parte das horas diárias dessas pessoas. Especialmente no caso que você citou, é de se supor que o nosso evangélico, por mais fervoroso que seja, não consume mais tempo de sua vida no culto do que na batalha diária pela sobrevivência. Dentro disso, o trabalho é – para usar os seus termos – um “campo vívido e real”, por que não?
Tenho para mim que as pessoas não constroem a sua identidade com base numa única instituição em que existem, formando identidades puras. As identidades podem ser sobrepostas, híbridas etc, em função dos diferentes campos em que a vida da pessoa se divide.
Nesse balaio todo o trabalho é, talvez, um campo transversal, um denominador comum que está na base de todas essas outras dimensões que você levantou. Tanto o é que o pastor da igreja evangélica sabe disso e não pode deixar de lado essa compreensão se quiser elaborar um discurso que faça algum sentido para os fiéis.
A conformação dessas identidades, então, a forma que se hierarquizam e relacionam os elementos que compõem a representação que cada um faz de si mesmo, não obedece apenas a critérios dados pela realidade, mas a critérios políticos, embates de força. Isso quer dizer que sua construção é sempre um processo em disputa constante.
Você tem razão ao dizer que, hoje, é muito mais provável que o fulano se assuma muito mais enquanto evangélico e não como trabalhador. E não que haja problema no fato de ele ser evangélico, mas isso nem sempre foi assim. Sinal dos tempos em que afirmação dos particularismos se sobrepõe a qualquer possibilidade de formas mais amplas de autorreconhecimento. Para a esquerda, o problema é apresentar isso como resposta, algo dado, enquanto é justamente o que está para ser explicado.
Retomar a possibilidade de construção de uma identidade trabalhadora (ainda que ela não se apresente com esse nome) é toda o tarefa da esquerda. E pode ficar sossegado que isso não implicaria nenhum tipo de homogenização.
Abraços
Taiguara,
Você está sugerindo que é possível a construção de UMA identidade trabalhadora HETEROGÊNEA?
E que implicações essa construção acarreta para a (antiga?) identidade burguesa, a que se opõe à (antiga?) identidade operária?
E como essas “heterogeneidades” operam entre si?
Gustavo,
O que eu quis dizer é que, como a vida das pessoas é sempre dividida em variados espaços de sociabilidade, o fato de haver uma laço mais amplo em torno de uma experiência comum, como o lugar que elas ocupam na produção, não leva necessariamente à eliminação de componentes identitários originados sobre outros fatores (geracionais, de gênero, étnico, nacional, religioso etc). Por isso falar em identidades sobrepostas.
Se bem entendi sua pergunta, o esforço da construção burguesa é precisamente o de anular ou reduzir ao máximo a importância daquele campo institucional onde a sua prática se opõe à do operário, para reconstituí-la em campos onde ambas podem coexistir harmoniosamente, como o nacional, dos times de futebol etc.
É claro que as transformações das últimas décadas no universo da produção bagunçaram o coreto, e é esse o mar de lama em que nos encontramos hoje. Mas me parece que coisinhas bobas como “meios de produção” ainda não deixaram de existir, aos quais apenas uma parte ínfima da humanidade tem acesso ou detém o controle. E é sobre essa diferença fundamental que deveria incidir o trabalho da esquerda anticapitalista.
Taiguara,
Referi-me especificamente à sua afirmação de que a construção identitária do trabalhador, hoje, resultaria numa identidade heterogênea (oriunda de vários espaços de sociabilidade, como você acrescentou).
O que eu perguntei é como definir, hoje, a identidade burguesa, já que o seu antagonista, o operário, deixa de ser homogêneo.
Em outras palavras, se se admite a heterogeneidade identitária do operário, parece que ainda se continua a falar num burguês que remete àquele contemporâneo de Marx, que detinha, de fato, todos os meios de produção, e que impunha aos seus operários um regime de semi-escravidão e condições indignas de existência, sem o menor pudor.
(A este respeito, penso nos fundos de pensão dos trabalhadores dos países ricos: indiretamente, é como se os trabalhadores dos países ricos “explorassem” a mais valia dos trabalhadores de empresas localizadas em países mais pobres, empresas essas cujos donos são, exatamente, esses fundos de pensão)
E, por último, partindo da premissa que se admita também múltiplos planos identitários do burguês, como descrever, de acordo com a teoria marxista, a interação entre essas duas identidades agora heterogêneas: mantêm-se inalterados os conceitos de exploração, mais valia, capital, etc, ou a redefinição de operário e burguês exigem a redefinição (ou atualização) da teoria marxista?
Me parece que o texto poderia ter sido escrito antes da copa… É uma leitura a priori feita dos acontecimentos.
Para começo de conversa gostaria de saber quais foram os casos concretos de histeria nacionalista…
Que as câmeras fotográficas e de TV vão se voltar àqueles que querem 5 minutos de fama (mesmo que seja chorando) não surpreende aos que acompanham minimamente o futebol (e não apenas durante as copas do mundo). É um jeito de transmitir o que acontece como nas fotos que ilustram esse texto. Imagens mais do que controladas.
Essa é talvez a versão midiática dos acontecimentos. Que o Galvão Bueno é histérico todo mundo já sabia, mas mesmo os mais “apaixonados” torcedores tem suas críticas a ele e outros narradores, comentaristas, jornalistas…
Sim houve dentro dos estádios quem chorasse pela seleção. Mas que parcela da sociedade eles representam? Houve também quem chorasse pela seleção fora dali, mas será que eles não conseguiram ir ao trabalho no dia seguinte? Não transformem o choro por uma derrota em histeria nacionalista… Há muita coisa no meio do caminho…
Quem diz que futebol é uma futilidade assume sua crítica apriori dos acontecimentos. A crítica de que precisamos é do que fizeram com o futebol. Esta copa foi mais um duro golpe ao cidadãos pobres que gostam de futebol e tinham nos estádios um momento de diversão (na falta de uma melhor palavra) para lá de legítimo. Esse cidadão está acostumado com as derrotas de seu time e sabe muito bem lidar com elas…
Nossa sociedade parece sim ser fácil de governar, mas não acredito que seja pelo fato de viver “a tal ponto no plano simbólico”.
Beijo
De todas as vezes que já toquei neste assunto (entre amigos ou não) raros são aqueles capazes de discutir sem se apegar em demasia aos “elementos simbólicos do nacionalismo”. O que não passa de um balaio, fruto transgênico da confusão criada pelas próprias forças opressoras. É uma memória distante no orgulho de uma infância descabida, algo que ainda não sofreu um despertar de consciência, não para um “real” pois à isso não cabe a ninguém ditar, mas para aquela chaga que foi tirada de dentro do corpo e agora se olha em detalhes, estupefato.
Está muito certo, Mr. Buster.
Mas me diga uma coisa, muito sinceramente:
O Sr. sabe lá o que é torcer pelo Botafogo, Mr. Buster?