Por Coletivo Mariachi
Naquele dia a Tropa de Choque da Polícia Militar fluminense retirou quase um milhão de pessoas da rua em uma verdadeira operação militar. Apagaram as luzes da avenida e com tiros de borracha e bombas de gás lacrimogênio e efeito moral perseguiram manifestantes em um raio de mais de 5km, entre o centro e a zona sul da cidade.Rafael que não estava no local por conta da manifestação foi preso e com ele foram encontradas 2 garrafas plásticas, uma de água sanitária e outra de desinfetante Pinho Sol. Os policiais o acusaram de porte de artefato explosivo.
Por este motivo ele foi preso e condenado a 5 anos de reclusão.
No dia 26 de agosto de 2014 advogados do Instituto Defesa de Direitos Humanos apresentaram uma apelação no Tribunal de Justiça do Rio para soltura ou redução de pena. Os desembargadores concederam apenas 2 meses de redução de pena.
Um laudo do Esquadrão Antibombas usado como parte do processo, diz que o material encontrado apresentava “ínfima possibilidade de funcionar como coquetel molotov”.
Rafael é o maior símbolo dos crimes cometidos pelas forças do Estado contra a democracia brasileira.
Pobre, negro e sem amigos influentes, Rafael era só mais um Silva que estava no lugar e hora errados, quando os cães da repressão estavam a procura de algum bode expiatório para justificar os atropelos contra o direito a livre manifestação.
Rafael é a prova que vivemos em uma sociedade racista e com preconceito de classe, onde a cor da pele e o endereço postal ainda servem como habeas corpus preventivo; onde a equidade ainda é apenas uma estátua sombria usada para enfeitar o prédio do tribunal de justiça.