Por Passa Palavra
É difícil calcular quantas pessoas estiveram presente no primeiro grande ato contra o aumento das tarifas do transporte público de São Paulo. Mas estima-se que mais de cinco mil manifestantes atenderam ao chamado do Movimento Passe Livre (MPL), ocuparam as ruas do centro da cidade e bloquearam durante várias horas as principais vias da região. Sem dúvida, é possível dizer que esta foi uma das maiores manifestações realizadas pelo Movimento e uma dos mais contundentes.
Como estava combinado, por volta das 17h, centenas de manifestantes já lotavam as escadarias do Teatro Municipal, aquecendo-se com a Fanfarra do M.A.L. (Movimento Autônomo Libertário) e palavras de ordem. Após a concentração, o protesto seguiu para a frente da Prefeitura, onde foram entoadas gritos ao prefeito Fernando Haddad.
— Ei, Haddad, que papelão! Abraça o Maluf e aumenta o busão.
Em seguida, as principais avenidas da cidade foram tomadas. A manifestação passou pela Praça do Patriarca, desceu a Rua São Bento e contornou pelo Vale do Anhangabaú. Do Vale era possível ver uma enorme faixa preparada pelo movimento do Viaduto do Chá: “Se a tarifa não baixar, a cidade vai parar”.
Foi então que se iniciaram os momentos mais tensos da manifestação. Eram quase sete da noite quando ato tomou de assalto a Avenida 23 de Maio, uma das principais vias radiais, que liga o centro da cidade à zona Sul. A ação foi inesperada e por essa razão demorou para que a Polícia Militar adotasse uma estratégia eficiente para dispersar os manifestantes. Neste momento, as catracas alegóricas, feitas de madeira e pneus, foram queimadas e barricadas começaram a ser formadas. Por diversas vezes, pequenos batalhões da polícia tentavam liberar a avenida, mas eram obrigados a recuar frente à resistência do protesto. Alguns minutos depois, o Batalhão de Choque foi acionado e deu início a uma verdadeira batalha campal, que se espalhou por toda a região central.
Depois disso, é difícil descrever o que se passou. Para o bem ou para mal, a ação policial na Avenida 23 de Maio, ao dispersar os manifestantes a esmo, multiplicou as frentes de ação em inúmeros focos. Uma parte dos manifestantes seguiu para o Terminal Bandeira, bem próximo ao local. Outra seguiu para a Prefeitura e para o Terminal Parque Dom Pedro e uma terceira ainda continuou pela Avenida 9 de Julho e subiu para a Avenida Paulista, que foi bloqueada pela primeira vez. Por onde se passava, pelas ruas do centro, era possível ver rastros da manifestação: pichações de protesto, panfletos e pequenas barricadas com lixos e lixeiras. Nos terminais de ônibus, eram realizados catracaços, permitindo que a população tomasse ônibus gratuitamente.
Nas camisetas, faixas e como grito de ordem, os manifestantes lembravam acontecimentos recentes em Porto Alegre, quando um aumento foi revertido por manifestações populares, e as ações na Turquia.
— Acabou o amor em SP. Isso aqui vai virar Porto Alegre.
A polícia articulou então uma enorme operação para impedir que os focos se reunissem e lançou mão de um violento aparato repressivo, atirando bombas de efeito moral e balas de borracha. Pelo menos 30 pessoas foram feridas. Os blocos de manifestantes apareciam por todos os lados; toda a população que andava nas ruas comentava; os programas televisivos nas telas dos bares e da padaria atestavam que o que estava acontecendo era realmente inédito na cidade.
Um dos focos da manifestação, ao fugir da repressão policial, adentrou o Shopping Paulista, causando uma enorme agitação no local. Os manifestantes chegaram a ser acuados na praça de alimentação, onde alguns deles foram presos. Por volta das 21h, o epicentro da luta havia se deslocado para a altura da Avenida Paulista: quase todas as entradas de Metro foram fechadas, viaturas de Batalhão de Choque e dos Bombeiros cortavam a via nos dois sentidos. Às 21h30 ainda havia um foco sendo reprimido em frente ao MASP (Museu de Arte de São Paulo).
Até o momento 15 pessoas estão detidas, mas acompanhadas do advogado do Movimento.
Um novo ato foi convocado para esta sexta-feira (dia 7 de junho), às 17h, com concentração no Largo da Batata, próximo ao metrô Faria Lima.
Os leitores encontrarão aqui um glossário de gíria e de expressões idiomáticas,
tanto do Brasil como de Portugal.
acharam mesmo q foi uma das maiores? radical sim, mas em público tinha o q, 2 mil?
Gostei do que vi em algum lugar, acho que no face, alguém falando que se a revolta é na Espanha, Grécia, Espanha, Turquia, aí galera comemora, celebra. Aí chega no Brasil chama de vandalismo…
São Paulo é uma cidade de extremos, o cotidiano está repleto de diversos tipos de violência.
Estive em algumas manifestações do MPL em São Paulo e o que vejo são diversos grupos de adolescente e jovens loucos por um confronto com a polícia, “black blocks” de 5 pessoas, enfim, muita raiva contida que busca nessas manifestações (conhecidas por sua radicalidade) uma forma de extravasar.
Sem “barricadas de lixo” e tanto gás lacrimogêneo certamente que não se arrancaria comentários do Datena e nem noticiário das 20h. Mas até que ponto o movimento vai permitir um descontrole tão aleatório da violência nestes atos? Não me digam que não há provocação por parte dos manifestantes, eu já estive lá no meio, sei como acontece. A questão é: parece existir uma parte dos manifestantes que não se satisfaz se for ao ato sem que este termine em confronto com a polícia. Como combater este tipo de mentalidade que pensa mais em voltar satisfeito para o conforto de sua casa do que na construção de um movimento? Há interesse nisso por parte de organização ou ela se vê beneficiada por isso?
Falo em nome de todo povo gaúcho: FORÇA & GARRA AOS PAULISTANOS!
“Povo que não tem virtude, acaba por ser escravo…”
Para os babacas que ficam reforçando a ideia que a grande mídia quer passar, de que o ato foi violento, acabo de ver aqui:
http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2013/06/07/usuarios-de-transporte-publico-de-sp-apoiam-protestos-contra-o-reajuste.htm
que todas as lixeiras e até mesmo o vidro do metrô já foram devidamente consertados. Na Avenida Paulista, é claro! Tem lugar, principalmente nas periferias da cidade, que leva-se anos para se conquistar um lixeira, uma caçamba ou serviço de coleta de lixo.
Dizem que o ato foi violento – quero saber que usuário de transporte público nessa cidade nunca sentiu vontade de fazer o que alguns jovens fizeram ontem. Trem, ônibus, metro, é violência, massacre, opressão cotidiana. Admirável é ver que a população não faça isso todo dia.
Errata ao colega que comentou acima, em nome do povo gaúcho:
“Povo que não tem virtude, acaba por escravizar!”
E avante a luta!!!
Amigo Taiguara,
eu já fui em atos contra o aumento da passagem em São Paulo, eu não preciso da midia para saber que eles são violentos, para saber que existem pessoas e grupos que vão para estes atos apenas para vandalizar.
A sua resposta me dá a impressão de que o objetivo do ato é fazer com que toda a população liberte sua vontade de mudar a merda do sistema público de transporte quebrando os vidros e as lixeiras das partes elitistas da cidade. Muito bem! E depois disso vai acontecer o que?
Amigo Caio,
Eu me dirigia aos babacas, mas já que a coisa ecoou por aí, sobre o que você diz eu penso o seguinte.
Também não acho que as manifestações devam seguir por essa linha, mas é preciso sacar um pouco quando o quadro político-midiático caminha para uma polarização. Neste momento, dar destaque às lixeiras quebradas da Av. Paulista em detrimento da violência e submissão por que passa a grande massa de trabalhadores da região metropolitana é fazer coro com os veículos e agentes políticos conservadores que querem mais é isolar o movimento.
Por outro lado, não vejo como um aumento de tarifa ser revertido pela pressão popular se os empresas e governos não começarem a sentir o prejuízo no bolso. Mas é claro que isso pode e deve ser feito com inteligência.
Tem mais é que protestar e deixar inequívoco que tarifar transporte público é o mesmo que roubar o público. Está tudo pré-pago nos impostos. Tarifar é duplo tributo e infringe o direito constitucional de ir e vir, assim como os pedágios infringem. Hoje, um jovem de 20 anos em São Paulo não tem absolutamente NADA a perder em protestar. Ao contrário. DEVE protestar. Graças a Deus que ainda têm jovens no mundo para tentar reverter essa merda de sociedade que rouba os cidadãos mesmo antes de nascerem. Passe Livre é pura sensatez republicana. Nem mais e nem menos. Viva a República!
Taiguara,
não precisa fingir que o seu “babacas” não foi dirigido ao meu comentário.
Você está corretíssimo! Fazer sentir no bolso dos empresários parece ser uma via melhor do que fugir de bala de borracha e queimar lixo. Pessoalmente, como alguém que gosta de refletir pela ótica da organização interna da extrema esquerda, penso que se por um lado não podemos dar o destaque para o vandalismo, uma forma importante de fazê-lo é evitando que o próprio ato seja focado nesse tipo de coisa. Eu sei que o MPL e a maioria das organizações que compõe o ato não tem nesse tipo de vandalismo sua tática central, mas me preocupa a imagem que alguns grupos geram (e não apenas em quem vê a TV, mas quem vê ao vivo das ruas), pois se a maioria dos trabalhadores tem sim latente uma vontade de detonar tudo, é fato que eles sentiriam muito mais vontade de fazê-lo junto a uma organização madura e consciente do que ligar o foda-se e se juntar a uma pequena gangue de estudantes arruaceiros que voltarão para a casa dos pais após o ato.
Um bom exemplo disso é este Ricardo Peres, que não nutre simpatia pela República e talvez busque seu grupinho de amigos também inimigos da república para alterar a realidade social de um contingente social enorme para quem a República é a proteção contra abusos autoritários em grau muito maior do que os que vivemos hoje no Brasil, como por exemplo durante as ditaduras brasileiras.
Voltando ao tema da tática, vou dar um par de exemplos do que me vem à mente agora: parar o trânsito durante a noite não tira dinheiro de empresário nenhum, estão todos VOLTANDO do trabalho; a estratégia de bloquear ruas não seria mais efetiva se feita durante a manhã, para que não cheguem ao trabalho? (mas por outro lado a coisa poderia sair pela culatra e descontar do salário dos trabalhadores). O vandalismo poderia também ser todo focado nas catracas, ao invés dos vidros das estações (se os ônibus estão caindo aos pedaços é precarização, se os manifestantes deixam os vidros da estação caindo aos pedaços é protesto). Transferir os protestos massivos para os principais terminais também parece ser mais significativo do que jogar tinta na prefeitura.
São reflexões que faço pois me sinto frustrado com a repetição, ano após ano, de um radicalismo que por um lado mostra que há energia jovem e mobilizada na cidade, mas por outro acaba também atraindo grupos e pessoas com muito pouco interesse de contruir uma mobilização. Lembro de um dos atos que fui, um grupinho de 5 moleques todos encapuzados, um deles tinha uma barra de metal enorme e tentava escondê-la junto à perna, pois sabia que se qualquer um dos PM a visse tiraria ela de suas mãos instantaneamente sem a menor dificuldade ou briga. Já não se trata de uma questão a favor ou contra o pacifismo, mas de que capacidade tem um bando de jovens desordenados em inflamar a insurreição numa cidade como São Paulo?
Se possível, meu interesse é pensar em como equacionar a violência nestes atos para utilizá-la de uma forma melhor, inclusive por que ela necessariamente vai parar nos meios de comunicação hegemônicos, não dá para ignorar isso!
Caio,
diferentemente do Taiguara, não tenho o menor pudor em dizer que seu comentário reflete uma linha de pensamento comum em certa parte da extrema-esquerda, de que certas ações mais “violentas” são “vandalismo”, e que atos “organizados” precisam “controlar” os “baderneiros”. Sem entrar no mérito do debate sobre a natureza da violência em manifestações (ataques contra patrimônio, sem qualquer lesão corporal contra ninguém, são violência?), poderiam muito bem estar em qualquer das autoproclamadas vanguardas da revolução que não fariam diferença alguma.
Não é você quem diz qual é o alvo certo. São os alvos atingidos que precisam ser interpretados para se entender a quem se queria atingir, e por quê. Tá, foram os ônibus, mas por quê? Se você partir para analisar a questão a longo prazo, os veículos, e não os terminais, têm sido os alvos preferenciais dos trabalhadores em protestos contra aumentos tarifários de ônibus. Os terminais só são alvo, na avassaladora maioria dos casos, quando se trata de trens (atrasos, superlotação, etc.) Não é de agora, é uma tradição de quase cem anos. Por quê? Tudo isto é questão de tática, mas também de símbolos, de tradições de mobilização, e de como trabalhá-los de modo crítico e inteligente no calor das lutas.
Da mesma forma, quem está dizendo que a maioria dos trabalhadores tem vontade de detonar tudo, “desde que” junto a uma organização madura e consciente, é você, e ninguém mais. Um exemplo: numa ocupação de órgão público de que participei há certo tempo, depois de debates duros sobre se o gabinete do chefe do órgão seria ou não ocupado, ao final venceu a linha moderada, puxada por militantes de diversas tendências do PT, e o tal gabinete continuou funcionando normalmente; horas depois, enquanto nos banhávamos nos chuveiros também usados pelos terceirizados da limpeza, eles comentavam de canto de boca: “tinha é que ter tomado essa porra toda”, “tinha é que parar esse negócio aqui todo”, “esse povo aí é muito devagar — ai, se fosse eu”… Embora talvez estivessem apenas provocando para causar uma paralisação generalizada no órgão — e, de quebra, parar de trabalhar alguns dias — nenhum deles precisou de organização alguma para dizer o que sentia, nem esperou por qualquer organização madura e consciente para dizê-lo.
Sua posição reflete um desejo de segurança e estabilidade que é seu, e de mais ninguém. (Tá, tem outros, mas esse desejo reprimido, na maioria dos casos que conheci, só aparece depois da pancadaria já feita.) É o medo das consequências, porque qualquer mobilização, mesmo “pacífica”, ainda é considerada pelas autoridades como estando no campo da ilegalidade — especialmente em tempos de “consenso paz e amor” em SP. Ligar o foda-se, às vezes, é fundamental. E aí se abre o debate, de modo público (como estamos tentando fazer), sobre o que se quer atingir. Mas, por experiência própria, vá tentar mobilizar na frente de uma garagem isolada às 3h30min da manhã pra ver o resultado!
Mesmo se o MPL fizesse uma passeata comportadinha e puritana feito os saraus da Academia Brasileira de Letras, a mídia ia descer a porrada do mesmo jeito. Se parar os ônibus de manhã cedo, porrada porque os trabalhadores não estão indo para o trabalho e estão mofando nos pontos. Se parar os ônibus meio-dia, porrada porque as ambulâncias não estão conseguindo chegar aos hospitais. Se parar os ônibus no fim da tarde, porrada porque os trabalhadores estão cansados e voltando pra casa. Se parar os ônibus de noite, porrada porque aproveitaram os ônibus vazios para atrapalhar os rodoviários em seus últimos turnos. E no final das contas cai tudo na conta dos “malditos estudantes baderneiros”, que são os únicos com tempo livre para protestar contra o que quer que seja nos dias de hoje. Tudo isto, e muito mais, já vi no processo que descrevi aqui: http://passapalavra.info/2011/08/44683
Acho que, muito além de pensar sobre como atingir o bolso dos empresários (o que ainda é pouco e mesmo assim não se consegue de forma alguma sem outros apoios), é preciso encarar de frente o papel desempenhado por qualquer protesto contra aumento tarifário em tempos de consenso amoroso. Na verdade não só eles, mas de QUALQUER protesto. “Acabou o amor em SP” foi uma das palavras-de-ordem mais adequadas que já vi nos últimos anos, resume bem que caixas de Pandora mobilizações como esta podem terminar abrindo. E quanto a isto, não se pode ter medo das consequências.
Força aos Paulistanos!! E vamos fazer uma releitura desse hino gaúcho, né?
“Povo que não virtude acaba por ser ESCRAVIZADOR”
SOBRE A VIOLÊNCIA
A corrente impetuosa é chamada de violenta
Mas o leito de rio que a contém
ninguém chama de violento.
A tempestade que faz dobrar as bétulas
É tida como violenta
E a tempestade que faz dobrar
Os dorsos dos operários na rua?
Bertolt Brecht
O poder do poema.
Todo mundo falou, falou, falou aqui aí chega Bertolt em 2 estrofes e nos deixa todos sem argumentos.
Manolo,
gosto de sua perspectiva com relação à caixa de Pandora. Os últimos exemplos internacionais tem dado razão à esse tipo de coisa, ainda que as diferenças tenham que ser bem medidas (pessoalmente não conheço a realidade turca de antes destes últimos acontecimentos, mas ainda assim o tamanho que a coisa tomou a partir de uma manifestação contra o corte de árvores impressiona).
Pessoalmente também não acho que deva existir UMA organização do ato para coibir a violência, e isso também se mostra bastante impossível em casos como o recente da Turquia, fazendo eco à teses insurrecionalistas: não há vanguarda que consiga controlar de verdade uma revolta popular. No entanto, é para isso que serve o debate público, para que os setores organizados possam de alguma maneira juntos se organizarem ainda mais, coordenarem idéias e ações. A esponteneidade não é sinônimo de legitimação, a violência “popular” não é necessariamente boa apenas por ser “popular”. Não é só porque faz mais de 100 anos que os trabalhadores queimam ônibus que isso seja correto ou desejável. O papel dos setores organizados deveria ser o de propor e criticar, não o de julgar e coibir. Só que a coisa pode ficar feia quando sai do controle, e se por um lado sair do controle pode parecer muito bom quando quem está propondo são um número pequeno de estudantes, se pensamos em atos multitudinais são muitos os fatores que podem dar errado e serem um tiro no pé. Na Espanha, segundo as informações que tenho, muito do movimento iniciado em 2011 hoje está minguado pela perseguição policial e jurídica que se abateu sobre dirigentes. Que facilidade então a PM de São Paulo não teria, em atos apenas um pouco maiores dos que estamos vendo em São Paulo, de infiltrar alguns agentes para colocar fogo em alguns carros e tirar de vez alguns dos organizadores de circulação? Fato é que hoje os manifestantes estão por conta própria criando os precedentes para que a população compre essa história. E quais grêmios de colégios públicos, quais DCEs vão comprar a briga e pagar os advogados deles? Vão chamar coletiva de imprensa para esclarecer os fatos? Quando são usuários quebrando estações do trem após panes de sistemas, não há nem o que falar: a violência é uma reação quase que mecânica à uma realidade bruta. Mas quando penso em termos de organizações, me parece ser necessário um cacife maior para colocar a violência como tática.
Fazendo um contra-ponto agora, devo confessar que talvez sem as cenas de quinta-feira o tema não tivesse sido pautado pela mídia, que inclusive chegou a colocar destaque numa matéria dizendo que o Haddad tentaria abaixar a tarifa: http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2013/06/08/haddad-vai-pedir-ajuda-de-dilma-para-baixar-passagem.htm
Com relação ao exemplo que você deu de invasão de gabinete, creio que são casos muito díspares. Quando eu respondia ao comentário do Taiguara eu estava me referindo aos usuários do transporte público que estão como meros espectadores dos atos, não integrantes deste. Isso me leva à seguinte questão: a violência é tática ou é apenas descontrole? Na mesma matéria que o Taiguara colocou vemos que os usuários são a favor da causa mas contra a tática. Qual é então o objetivo primeiro da forma como se propõe o ato?
Penso nas seguintes hipóteses: 1) atrair um maior número de estudantes para os atos (já que são os que provavelmente menos rejeitam a violência nos atos); 2) jogar uma batata quente na mão da prefeitura (algo parecido com o que você descreve no texto ao qual remeteu em sua resposta); 3) atrair simpatia da população para a causa. De acordo com estas hipóteses creio que há maneiras bastante diferentes de se lidar com a violência.
Esse estranho desejo por segurança e estabilidade precisa ser melhor entendido se queremos dialogar com pais e mães de família que votam contra o governo porque a economia vai mal, independente das alianças parlamentares. As consequências de longo prazo são mais importantes que as de curto prazo, se ninguém souber o que fazer depois de “destruir tudo”, é certo que tudo voltará a ser como era. O aumento da passagem não é autoritário e nem inesperado (de fato foi feito de acordo com promessa de campanha do atual e recém eleito prefeito). De onde vamos tirar a indignação exacerbada das pessoas, capaz de gerar uma revolta com grandes consequencias? Está certo, não existe mais amor em SP. É fantástico que existam setores que assim pensem. Agora, há desejo de comunicar isso ou apenas de atuar (atuar aqui no seu sentido mais psicanalítico de “acting-out”)?
Vamos ver. Pelo que ando observando o movimento em São Paulo está crescendo. Pode ser que minha preocupação esteja errada e que esta tática tem mais benefícios do que malefícios neste contexto atual. Mas para mim ainda fica a impressão de que há um descontrole grande da violência nos atos que pode acabar sendo um tiro no pé, se não houver um cuidado especial com este tema por parte das organizações que compõe a campanha. Eu estou falando aqui, que fique claro, na violência de pequenos grupos dentro do ato, em especial atos de provocação à polícia, depredação indiferenciada de vitrines e afins e a piromania. Se defender da polícia, tomar as ruas, pixar coisas e afins são coisas que toda manifestação deveria fazer.
Os fatos são sempre os fatos mais o seu contexto, nunca se deve esquecer isso. A alta dos alimentos, dos aluguéis, do custo de vida básico tem sido uma preocupação dos últimos dias. Nesse contexto, a luta contra o aumento passa a ser vista como uma luta contra o aumento geral do custo de vida. O momento é favorável, ao menos para maior aceitação por parte da população.
Por outro lado, a exploração de algumas cenas de violência pela mídia trouxe a antipatia da classe média, que anda assustada com arrastões em restaurantes, em condomínios, e um aumento geral dos índices de violência.
Eu acredito em manifestações mais inteligentes e que reforcem nossos sentimentos mais nobres como JUSTIÇA, IGUALDADE, HONESTIDADE ETC.(o povo está com sede de justiça, clamando por igualdade à quadrilhas de políticos desonestos) GANHEM O POVO e eles irão retroceder, isso por que a mídia que também é “maria vai com as outras” vai começar a mudar a fala de “VÂNDALOS” começaram a chamá-los quem sabe de “NOBRES GUERREIROS”! Não adianta “dar tiro no próprio pé” como quebrar ônibus, (quem é que paga) Isso é rasgar notas de R$ 100,00 (cem reais). NO final os corruptos irão ganhar do mesmo jeito, mesmo baixando o preço da tarifa, ganharão nas licitações públicas, quando substituírem o que foi danificado!!
O que eu quero dizer é que precisam descobrir contra quem estão lutando? se disserem contra os POLÍTICOS (AUTORIDADES)? a resposta está errada ELES SÃO APENAS MARIONETES! e estão lá para mostrar que o povo os colocou no poder, não necessariamente para governarem para este povo. ELES representam uma espécie de “CALA BOCA DO POVO”.
ELES, não trabalham em benefício do povo, mais de quem os financiou a chegarem ao poder.
Precisamos expor a verdade!! e a verdade é que muita coisa não funciona como deveria em nosso lindo Brasil! CONSIDERO ISSO COMO UM PRIMEIRO PASSO PARA RESOLVERMOS A NOSSA GUERRA CIVIL QUE JÁ DURA HÁ DÉCADAS. Tomem cuidado para não serem TAXADOS como os responsáveis neste momento por que estão atrás de “BODES EXPIATÓRIOS” jamais reconheceram isso mais é a verdade.
“EM NOSSO PAIS DA IMPUNIDADE” chegamos ao ponto do grito “NÃO ACEITAMOS MAIS CORRUPTOS” precisar ecoar fora do PAIS, para que tenha legitimidade. Mais temos muito que aprender com tudo isso, vejamos alguns ditos populares e como isso se encaixa conosco e nossos governantes.
“MATO A COBRA E MOSTRO O PAU”, coragem ou ataque de soberba?, o poderíamos dizer da nova lei criada que obrigam estabelecimentos mostrarem o que os brasileiros pagam de impostos nas notas fiscais. (ao invés, por que não baixam os impostos? ou não mostram para onde vai o “dindin”) querem mostrar que são “TRANSPARENTES, BONZINHOS”,e HONESTOS” assim, calam a “MASSA POPULAR” dando-lhes entretenimentos (futebol, carnaval, copa, olimpíadas etc) para se distraírem e esquecerem-se das maracutais dos “mensalões” Ehhhhh!! governo bom!!! ATÉ QUANDO BRASIL?
“SP A TERRA QUE O MENINO CHORA E MÃE NÃO VÊ” Enquanto isso vamos enterrando os nosso filhos, “nestes nossos SP’s” da vida, antes à violência era “privilégio” apenas dos grandes centros, hoje, graças ao “sentimento de impunidade” que paira sobre a terra de SANTA CRUZ. Sentimento este gerado por “um peso e duas medidas” OU seja, quem tem dinheiro não “paga” (prisão, passagem de ônibus, não devolve o dinheiro público que foi levado às escondidas etc) mais quem não tem dinheiro “paga” (PRISÃO, IMPOSTOS, VERGONHA ETC.) desde que não seja bandido, por que se for bandido “estes tem foro privilégiado” e só cumprem 1/6 da pena? Isso se for flagrante!!
HÁ MUITOS INTERESSES POR DETRÁS DE TUDO ISSO, E MUITOS INTERESSADOS EM GANHAR E OUTROS EM NÃO PERDER (PODER, DINHEIRO, E LIDERANÇAS). jovens não se deixem levar apenas pelo interesse de baixar o preço de uma “TARIFA” Há muito mais direitos que estão sendo tirados do brasileiro a cada dia e precisam serem reivindicados!!!!! NÃO VALE A PENA APANHAR POR R$ 0,20 (CENTAVOS) apenas!!! MAIS VALE A PENA SOFRER PARA QUE HAJA IGUALDADE DE DIREITOS A TODO O BRASILEIRO JÁ.
levantem o BRASÃO (levem bandeiras do Pais) gritem, (carros de som) e só parem quando os verdadeiros inimigos perceberem “se não pode vencê-los JUNTE-SE a eles”.
O JUROS DO POVO É ALTO QUERIDOS GOVERNANTES, ERA APENAS R$ 0,20 E NÃO TEVE ACORDO, AGORA NÓS PARAMOS SOMENTE MEDIANTE PLANOS DE REFORMAS TRIBUTÁRIA E LEGISLATIVA.