Por Passa Palavra

Moradores das ocupações Recanto da Vitória, no Jardim Lucélia, e  Jardim da Luta, no Jardim Gaivotas – ambas situadas no distrito do Grajaú, Zona Sul de São Paulo – fizeram hoje pela manhã um protesto em frente ao prédio da Prefeitura de São Paulo, no centro da cidade.

As duas ocupações, apoiadas pela Rede Extremo Sul, cobram um posicionamento mais firme e claro do prefeito Haddad em favor das centenas de famílias que há quase um mês deram corpo a uma onda de ocupações de terrenos ociosos na região em luta por moradia. O movimento exige que a prefeitura se comprometa com a construção de moradias populares no distrito do Grajaú, que há anos sofre com a ausência de qualquer política voltada para o setor e com série de despejos realizados pelo próprio poder público.

Assim que chegaram ao centro, as famílias bloquearam os dois sentidos do Viaduto do Chá e lá permaneceram durante cerca de 2 horas. O movimento não aceitou formar comissões para negociar com a Prefeitura e exigiu que algum representante da administração municipal descesse para receber uma carta de reivindicações protocolada. Em seguida, as famílias marcharam pelas ruas do entorno, chegando a fazer uma parada em frente ao prédio da Secretaria de Habitação, na rua São Bento, e encerraram a manifestação.

Uma primavera silenciada?

A Rede Extremo Sul junto com algumas associações de bairros e outras entidades locais estimam que desde a última semana do mês passado foram cerca de 20 terrenos espontaneamente ocupados por famílias que não têm mais condições de arcar com os custos de aluguel ou que moram de favor em cômodos na casa de parentes.

Como era esperado, no entanto, de uma semana para cá deu-se início a uma onda de reação por parte dos proprietários de terra e o poder judiciário: calcula-se que há pelo menos 6 terrenos em que está em andamento os processos de reintegração de posse. A ocupação Recanto da Vitória, uma das que realizou a manifestação de  hoje, está entre esses casos.

É no mínimo curioso notar que, na sequência das agitações políticas que convencionamos a chamar de ‘jornadas de junho’, tenha desencadeado um processo de luta direta por parte das camadas mais pobres dos bairros de periferia e que nem mesmo os órgãos de comunicação de esquerda venham dando a devida atenção para isso. Afinal, o fenômeno não é pouco: ao todo, milhares de famílias assumiram o risco de enfrentar diretamente a propriedade privada e darem início a ensaios coletivos de organização.

Algumas liminares de reintegração de posse já foram expedidas, podendo ser cumpridas a qualquer momento. Se as iniciativas de solidariedade não se ativarem rapidamente, as consequências poderão ser as piores possíveis, para além daquela mais imediata que é a não realização das moradias: milhares de famílias poderão se ver derrotadas em seus ensaios de ação direta e coletiva e, muito provavelmente, essa rica experiência nem entrará para o futuro como parte da jornada de luta recente. Que parcela da esquerda ganharia com isso?

 

9 COMENTÁRIOS

  1. Bom dia, pertenço ao grupo que ocupou terreno no jd. itajai não temos nenhuma posição ainda, ninguem se manifestou nem proprietário nem a prefeitura, vocês poderiam nos informar quais são os terrenos com reintegração de posse, por favor.

  2. Bom dia Sandra,

    Membros da Ocupação Recanto da Vitória terão uma reunião nesta sexta-feira com o poder público para discutir a questão da reintegração de posse, e nessa ocasião perguntaremos da situação do Itajaí. Antes disso, faremos outros contatos para ver se descobrimos essa informação, e assim que tivermos alguma novidade escrevemos aqui e entramos em contato com as pessoas que conhecemos lá, tudo bem?

    Rede Extremo Sul

  3. bom somos do itajai aqui e ate agora oq só aparece aqui é reportagen aérea pra nos jugar e ninguem da uma posição. nas reportagens dizem ser o maior da zona sul e tem muita,mais muita gente aqui. desenformaçoes vão e vem a nada se resolve. alguel nos der uma posição?

  4. Caros Regis e Sandra,
    Foi marcada uma reunião na ocupação do Itajaí, domingo as 10h, se puderem apareçam para a gente se organizar.
    abraços,
    Rede Extremo Sul

  5. O movimento por moradia no grajau e muito forte mais tambem é forte a repreção do grilheiros ,eu estava na ocupaçao do xique xique. quando eu estava montando meu barraco fui espulço do locau por pessoas que lutava pelo mesmo proposito que eu nao sei se vc,s estao por dentro do que esta acontecendo la ate i30 carro do ano tinha la era de um japa que queria moradia eu pago 500.00 de aluguel nao tenho carro to desempregado vivendo do meu seguro desemprego e de bico que eu faço de vez em quando …
    outros rodando de ponto 40 disendo ser o cara desenhando vielas
    esse nao e meu papeu como podemos chegar a um acordo nao tenho força sosinho se poder sei que vc atuam junto com o movimento mas enquanto existir esse tipo de gente vc,s nao vao chegar a lugar nehumm….

    ass;fabiolopes da silva

  6. Fabio,

    Infelizmente oportunistas e exploradores existem mesmo em meio a uma luta como esta. Mas só conseguiremos impedir esse tipo de situação com muita organização e união. É tarefa de todos nós impedir que uma minoria oprima e prejudique a caminhada da maioria que precisa de um pedaço de terra para morar.

  7. …Estou neste movimento por algo que o governo quer seja federal,estadual e municipal tem o dever e compromisso em nos dar acesso à moradia,educação e segurança sem que tenhamos que chegar a ir às ruas fazer manifestações.Justamente o PT que chegou ao poder comprometido em lutar e assegurar nossos direitos e agora se comporta tão quanto os governantes de antes?…Tão quanto quase no periodo da ditadura militar?…Que absurdo a secretaria de habitação no centro de SP por covardia e falta de compromisso de campanha ter fechado as portas e dispensado funcionários pra fugir ao diálogo!!!!…isto nos remete ao passado colocando por terra lutas em que muitos brasileiros de verdade perderam suas vidas e tantos deles as familias nem sabem onde encontram seus corpos.

    ….esta luta não pode parar..e estas oportunistas temos que barrar denunciando-os.Que o poder público faça sua parte tb.identificando-os e punindo-os na forma da lei…isto acaba prejudicando a quem de verdade precisa de moradia.

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