O que é essencial é que a tática posta em prática aqui e agora já tenha em si mesma os elementos organizativos radicalizados, já construa agora elementos de uma nova sociabilidade pautada por outros valores. Por Pablo Polese
Texto originalmente enviado como comentário ao texto A irresistível centralidade da tática e os dilemas requentados
O debate do texto assinado por Daniel Lage e Rodrigo Massatelli é mais que necessário e vale ouro por pautar e chamar os interlocutores que chama, o tal campo autonomista, que não se sabe muito bem quem engloba depois dos desdobramentos que levaram ao fim do MPL enquanto movimento capaz de se tornar movimento social de massas. Talvez por isso os autores orientem as questões para o diálogo com o grupo Mal Educado, principal organizador da luta dos estudantes secundaristas. Essa luta aglutinou algumas das forças sociais que o MPL assimilado à ordem deixou de lado para se focar na luta multiculturalista e políticas identitárias, ou seja, na autorreflexão e autoflagelação de si mesmo.
O debate proposto contrapõe a “irresistível centralidade da tática” e o abandono tácito do debate estratégico. No texto, não por acaso, o debate foi pautado do seguinte modo: na luta empreendida a partir de 2013 pelo “campo autonomista” o salto organizativo dos trabalhadores estaria impedido devido 1) ao fato da principal organização dos trabalhadores estar cumprindo o papel de gestor dos conflitos sociais por meio da articulação íntima que tem com as bases sociais, em especial na figura dos movimentos sociais do campo democrático popular, e 2) devido ao fato da principal organização do campo autonomista, o MPL, não possuir inserção na base da classe trabalhadora. Concluem, então, que devido a esses limites, o MPL “pôde apenas mobilizar um espetáculo de rua com aspectos de revolta popular” e que depois da vitória dos 20 centavos o movimento teria ficado “sem condições de direção” e fora forçado a “tornar-se espectador atônito do processo que iniciou”.
Há aqui uma interpretação problemática das pretensões do MPL em ser mais que um espectador atônito e sim o “dirigente” do processo de lutas das Jornadas de Junho de 2013. Será mesmo que o MPL quis ser o dirigente daquele processo? Não havia maiores potencialidades de radicalização se o MPL tivesse se retirado do centro das atenções, dando total liberdade para o desenvolvimento da revolta popular? A questão é complexa, mas independentemente da resposta, o fato é que havia no MPL-SP uma franja de militantes que optou conscientemente em não dirigir o processo, vendo nisso uma potencialidade maior de radicalização da luta e uma dificuldade maior de sua assimilação por meio dos mecanismos estatais e capitalistas de apassivamento por meio da cooptação de dirigentes, restando às forças da ordem apenas os mais elaborados e vantajosos mecanismos de assimilação das lutas via mais-valia relativa, ou seja, via incremento da produtividade/atendimento das demandas do trabalhadores.
Para além dessa questão, o texto trabalha com uma noção problemática da tática e estratégia. Não há tática sem estratégia. No máximo, há tática sem consciência de sua estratégia, sem atino acerca de qual estratégia fortalece, qual visão de mundo sustenta e qual objetivo de longo prazo atende. A estratégia não é o destino e a tática um dos caminhos, a estrada. A estratégia é o todo feito pela aplicação da tática. Para ilustrar com uma metáfora, basta visualizar o exemplo das linhas (tática) que ao serem tecidas constituem um tapete (a estratégia), com a ressalva de que há sempre um tapete pronto, que vai sendo ampliado, e não um tapete incompleto. Outra metáfora é a das linhas de Nazca, os geóglifos antigos localizados no deserto peruano. A estratégia constitui o desenho em sua totalidade, seja no tapete, seja no deserto, são os pedaços táticos vistos em sua completude, sendo que cada pedacinho não é uma mera parte tática descolada, não é um aspirante a tapete, e sim um tapete menor. As cores de linhas escolhidas, o modo de tecê-las, constitui a tática. Cada elemento da tática é um pedaço da estratégia, portanto a estratégia é um resultado global e não um objetivo de longo prazo descolado da tática posta em prática aqui e agora.
A esquerda se acostumou a pensar por etapas, e vem daí o vício de se conceber estratégia como destino, no caso um destino sempre adiado pelas mediações “temporárias” interpostas. O chamado campo autonomista não se centra na tática e deixa a estratégia de lado, ele segue uma estratégia assimilada à ordem, a qual implica algumas táticas, a maioria delas desarticulada dos espaços de trabalho e moradia dos trabalhadores. Quanto mais integrável à ordem e assimilável pelo sistema, mais uma tática X ou Y é encorajada pelas forças objetivas. O fortalecimento de políticas identitárias, por exemplo, tem nas universidades e demais espaços de produção e difusão de conhecimento todo um arsenal de subsídios estatais e privados, e não é por acaso que vem daí a maioria dos futuros militantes ferrenhos das bandeiras multiculturalistas. Não é à toa que se lê mais Foucault que Pannekoek, e não é por acaso que o principal financiador de estudos feministas (revistas, pesquisas, projetos etc) é a Fundação Ford. Essa mesma Fundação financiou o estabelecimento do movimento negro no Brasil após o final da ditadura militar. Em ambos os casos, propiciou com eficácia o estabelecimento da mesma orientação política, de matriz norte-americana. Isso não quer dizer que a bandeira feminista ou a da luta contra o racismo sejam menos importantes ou em si mesmas reformistas, integradas à ordem, mas quer dizer que as vertentes que defendem práticas sociais feministas e anti-racistas num molde menos perigoso à ordem do capital são as que serão incentivadas aqui e ali por fatores objetivos, mais que tudo econômicos, e subjetivos, especialmente no plano da disputa de ideologias enquanto parte da luta de classes. É por esse motivo que encontra ambiente institucional e político favorável as vertentes de esquerda que o Passa Palavra chamou de “feminismo excludente”, bem como as vertentes de luta negra que excluem a participação de brancos.
Sendo assim uma luta centrada no feminismo ou na causa negra em uma chave desarticulada da questão de classe é uma luta que tem apenas tática, sem estratégia? Não, são lutas que, querendo ou não, conscientemente ou não, atendem a uma estratégia, no caso, uma estratégia de apassivamento das lutas com potencialidade anticapitalista, uma estratégia de renovação das elites em bases de raça e gênero. Não há, devido a seu potencial de mobilização, bandeiras mais perigosas para o sistema que a feminista e negra, afinal em tempos de anacronismo da luta pelo “fim da exploração” não há campo mais explosivo que o da organização das mulheres e negros. De fato, o próprio desenvolvimento do capitalismo exige a superação do machismo e do racismo; não é por acaso que nos altos escalões de gestores nas grandes companhias transnacionais e nos organismos internacionais como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional há elevada participação de mulheres e de pessoas de todas as cores.
A luta pela superação do machismo e do racismo é sem dúvida necessária e urgente, mas é uma das muitas lutas que conduzimos no interior do capitalismo e sem ultrapassar o capital. Por isso mesmo o sistema dominante promove o multiculturalismo e decreta a política de cotas. Há, portanto, uma estratégia sendo posta em prática por meio de um elo perverso entre os organismos financiadores transnacionais e alguns modos de organização do pobre, preto e periférico contra a opressão estatal. Só se pode atuar em benefício do feminismo e da luta contra o racismo se o sexo e a melanina deixarem de ser considerados (dentro das próprias organizações da esquerda) caracteres decisivos para a prática política. Isso implica que sejam ultrapassados os limites organizativos que precisamente definem desde os métodos táticos o feminismo e os movimentos étnicos “excludentes”, pautados na teoria dos privilégios. São bandeiras com alto poder de mobilização, e exatamente por isso o sistema lança contra elas um conjunto de mecanismos assimiladores, que delimitam não só as demandas, a maioria das quais perfeitamente atendíveis dentro da ordem e de modo lucrativo, mas especialmente os horizontes organizacionais dessas lutas. E por quê “especialmente” os horizontes organizacionais? Justamente porque é na organização aqui e agora, no pôr em prática de táticas radicalizadas, que se constitui uma estratégia radicalizada. Uma forma de organização da luta contra as opressões e a exploração de classe que articule mulheres e negros juntamente com os “privilegiados” brancos é uma forma de organização perigosa, potencialmente explosiva, daí todos os esforços do sistema para desencorajar que formas de luta se articulem assim, e isso é feito não pela via da repressão e inviabilização das organizações e seus programas estratégicos, mas pelo estímulo objetivo e subjetivo a que as lutas se organizem de uma forma tática esterilizadora dos potenciais de radicalização estratégica e, portanto, mais conveniente para o processo de controle e assimilação capitalista das lutas.
As forças conservadoras vencem as forças da revolta popular não quando apagam a possibilidade de conquista da demanda de longo prazo, mas quando desestruturam a forma organizativa e tiram dela todos os elementos radicais e críticos, que são “táticos” e implicam a viabilidade ou não da luta se dar de modo conjunto, agregador de forças sociais mais ou menos distintas, contra inimigos em comum e que seja capaz de plantar no cotidiano a semente do novo, que é sempre a semente do conflito. O MPL perde a potencialidade anticapitalista não por ter se centrado numa tática de revolta de rua descolada de alguma “estratégia radical”, nem por ter abandonado a bandeira da tarifa zero, ou por se tratar de uma demanda que o capitalismo conseguiu integrar pela via dos mecanismos de mais-valia relativa (o que vai acontecer, mais cedo ou mais tarde, e quando acontecer será uma “vitória” daquelas que o capitalismo adora conceder), mas pura e simplesmente porque deixa de se organizar de modo radical, assim como outrora aconteceu com o MST e tantos outros órgãos de luta da classe trabalhadora. Nesse sentido, o problema da tática não é menor ou secundário ao da estratégia, tal como na equação dos “fins” e “meios” de Maquiavel. A tática e a estratégia caem e se erguem juntas e chegam sempre de mãos dadas na encruzilhada dupla que persegue toda luta social: ou se radicalizam ou são derrotadas.
Assim, se essas ideias fizerem mesmo o sentido que espero que façam, para uma luta se radicalizar não é preciso ter uma concepção clara de estratégia no sentido de um objetivo a ser atingido no longo prazo. Esse é um modo menos poderoso de se entender a tática e a estratégia, embora em alguns casos seja útil em termos de capacidade de mobilização. O que é essencial é que a tática posta em prática aqui e agora já tenha em si mesma os elementos organizativos radicalizados, já construa agora elementos de uma nova sociabilidade pautada por outros valores capazes de nos dar o cheirinho do mundo futuro que se busca com luta, e por isso os autores erram e erram feio quando subestimam a luta dos secundaristas de SP por conta de um suposto problema de falta de estratégia.
A forma de organização dos secundaristas via ocupação e autogestão dos espaços escolares foi radical, foi o germe do novo brotando, e, por isso a coisa explodiu e a luta se alastrou, carregando consigo aquela tática acertada, aquela faísca que encontrou o que em verdade a procurava. Além disso, dada a conjuntura em que ocorre e o legado que deixa para trás, essa experiência põe as condições para a formação de uma base de militantes críticos, desapegados do legado que pesa nas costas dos militantes de longa data, o legado democrático popular e seu apego à busca pelo poder estatal, acúmulo de forças etc.
Ah, “mas a luta não foi ao centro da classe”, não se enraizou na base social de onde emana a produção de valor, reclamam os autores, fazendo eco a toda uma ala da extrema esquerda. Será que o enraizamento na base social constitui uma etapa prévia à radicalização da estratégia? É a radicalização da estratégia, por meio do pôr em prática de táticas radicais, que leva, ou traz, o aprofundamento do enraizamento da base social. A concepção hegemômica e territorial de trabalho de base (o que é, como fazer e para quê) onde se vai até a base social visando mobilizá-la de tal ou qual forma por tal ou qual bandeira está mais que nunca ultrapassada, pois estamos todos mobilizados em tempo integral pela racionalidade neoliberal e sua promoção do “empreendedorismo de si mesmo”, portanto a luta de classes se converteu em uma disputa de táticas (integradas nalguma estratégia). Não se trata de colocar em movimento as bases, e sim de mudar o rumo de um movimento permanente, uma mobilização total que se converteu hoje na principal forma de contrarrevolução permanente. Assim, a contrainsurgência se dá hoje pela via não da imobilização da base pela via da repressão, que é reservada aos que não se integram aos dispositivos previstos, mas sim pela disponibilização de um amplo mecanismo estatal e privado que garante e impõe aos trabalhadores uma intensa participação ativa na sua própria degola cotidiana, seja na velha base do individualismo capitalista, seja na base do oferecimento, à classe organizada, dos orçamentos participativos etc. do campo democrático popular.
O almejado “centro da classe”, então, tem que ser seduzido, só isso. Para o flerte dar certo, as organizações precisam ensaiar táticas efetivas, faíscas em busca do gás incendiário da rebeldia popular. Além disso, vejam, o capital é uma totalidade, não basta produzir, é preciso realizar o valor. O espaço de produção não é então o único lugar com potencialidade de ruptura das bases que sustentam o sistema. Qualquer interrupção na distribuição das mercadorias já coloca o sistema em crise e traz a sombra do colapso. O essencial é que a treta se espalhe, sem primazia de um “sujeito” que seja em si mesmo mais ou menos revolucionário devido a sua colocação na estrutura produtiva. Trata-se de empreender lutas radicais no nosso cotidiano, onde quer que seja possível, espaço de moradia, de trabalho, de lazer, serviços, enfim, onde quer que haja contradição social. Lutas que forjam militantes críticos. Hoje não há tática mais radical que essa. E ao se pôr, essa tática constitui uma estratégia. Essa base social que se forja nas lutas recentes que se dão por fora da órbita democrática popular pode ser assimilada à ordem, pode ser cooptada pelas organizações do campo democrático popular (MST, CUT, MTST, PSTU, PT, Conlutas, Levante, etc)? Pode. Mas esse é um risco que sempre se corre, não importa quão radical seja o programa estratégico em construção.
Seduzir o centro da classe. A maioria se ganha não para fazer a revolução, mas ao fazê-la.
Para essa geração que parece ter ojeriza a tudo referente ao leninismo por questões de principio, não seria nada mal tentar entender como é que o bolchevismo de fato conseguiu seduzir as grandes massas russas em 1917.
Se nos aprofundamos na metáfora, eu diria que a arte da sedução é uma ars erótica mas também retórica. A mera ousadia não é capaz de abalar um sujeito passivo e inseguro; aquele que quer conquistar necessita também mostrar que sabe o que está fazendo, e que tem o corpo necessário para sustentar os erros do outro e conduzir os primeiros passos. Do contrário, o sujeito cortejado inseguro preferirá a segurança, ainda que “menos pior”. Isso pode ser aplicado a qualquer tipo de organização, ideológica ou de classe, que se proponha a um papel de vanguarda, servindo de exemplo e possibilidade de direção aos demais setores da classe.
Gostaria de começar dizendo que minha formação é leninista. Realmente é muito bom conhecermos um pouco da história, infelizmente não conheço muito, mas me parece que no período inteiro da revolução russa até a formação do partido bolchevique, existiam as mais diferentes formas de organização dos trabalhadores. Diversas grupos se auto-organizavam, não existia nada parecido com a formação partido.O partido era uma novidade. Até onde sei não foi o partido responsável pela revolução, aqui entendendo revolução como um processo mais longo, não como a tomada do poder somente. Os trabalhadores se organizaram independente desta forma de organização.O partido surge em meio a revolução e levando parte dos trabalhadores a tomar o poder. Em meio a isto tudo,vai se depurando. Eliminando politicamente todas forças contrárias a aquela forma de organização e trazendo para suas fileiras outros tantos. Eu acredito que a condução de uma luta depende muito mais das condições históricas e sociais e não de uma forma, de um tipo de organização. Por que se fosse ao contrário, nós da esquerda não precisaríamos estar tão preocupados em pensar e fazer auto-crítica de vez em quando. Os bolcheviques não seduziram as massas na Rússia, as massas estavam seduzidas pela possibilidade de mudar suas vidas. Não foi a forma partido que a seduziu. Ou vai me dizer que as massas conheciam o partido, somente sua vanguarda o conhecia.Fico me perguntando porque diabos esta forma e somente esta se transformou em única forma possível? Porque somente ela é usada em todas as instituições da esquerda, partidos, sindicatos, movimentos sociais, todos tem a mesma estrutura. Outra coisas que me passa pela cabeça é porque costumamos afirmar que nosso problema é a estratégia, somente a estratégia da esquerda tem problemas. Nestes 100 anos da esquerda no mundo, mesmo quando ganhamos perdemos, e mesmo tendo um partido altamente centralizado, burocratizado,institucionalizado? Acho que o problema é muito maior do que apenas afirmar que o leninismo-bolchevismo tem sempre razão.
Não existe (ou não deveria existir) essa dita forma de organização unica leninista, o programa da terceira internacional sobre “A Estrutura, os Métodos e a Ação dos Partidos Comunistas” ja começa pontuando isso
“1. A organização do partido deve se adaptar às condições e aos objetivos de sua atividade. O Partido Comunista deve ser a vanguarda, o exército dirigente do proletariado, durante todas as fases de sua luta de classes revolucionária, e durante o período de transição em direção à realização do socialismo, primeiro degrau da sociedade comunista.
2. Não pode haver uma forma de organização imutável e absolutamente conveniente para todos os partidos comunistas. As condições da luta proletária se transformam constantemente e, conforme essas transformações, as organizações da vanguarda do proletariado devem também procurar constantemente formas novas e adequadas. As particularidades históricas de cada país determinam também formas especiais de organização para os diferentes países.
Sobre esta base deve se desenvolver a organização dos Partidos Comunistas e não tender à formação de algum novo partido modelo no lugar daquele já existente ou procurar uma forma de organização absolutamente correta ou com estatutos ideais.”
O que prevalece e se manteve como forma para a esquerda pela historia é justamente o contrario desse segundo ponto.
Que todos os partidos marxistas-leninistas hoje tentem copiar um modelo russo que foi inventado pela historia é a ironia.
A proibição de tendencias e frações internas, que só acontece no partido russo quando esta aberta o começo do fim da degeneração interna, os nucleos com poucos militantes (para que os militantes das oposições tivessem impacto reduzido internamente pelo menor tamanho do nucleo), a centralização dos militantes ser pela pratica do que devem fazer e não pela politica da organização (durante um tempo consideravel o partido russo tinha autonomia consideravel na execução pratica da linha do partido, que o digam algumas greves convocadas por nucleos de base e não pela direção, algumas em que a direção ficava sabendo da aplicação pratica da politica ter sido uma greve só depois ou durante o acontecimento devido as condições de clandestinidade) e a relação entre base e direção aplicada de forma mecanica (antes de 1905, em odessa os nucleos do partido bolchevique funcionavam de forma triangular devido a forte repressão, só se conhecia sua direção direta e os dois militantes a baixo de voce e a direção era nomeada por cima, enquanto em moscou, no mesmo periodo, a direção dos nucleos de fabrica era eleita em assembleias nas fabricas e tambem era assim como a direção regional acima dessa direção)
Não é coincidencia que quase todos os processos revolucionarios que conseguiram se tomar o poder e se manter nele, seja o marxismo-leninismo a herança de quase todos eles.
A historia mostrou que os populistas russos, os anarco-sindicalistas e sindicalistas-revolucionarios, ter a forma de organização que os anarquistas tiveram na espanha com a CNT/FAI, os situacionistas, o terrorismo individual, os autonomistas como conjunto não tem os elementos para conseguir abrir um processo revolucionario e vencer ele.
Os elementos centrais da tradição se apresentaram como os mais acertados.
A necessidade de uma organização que reuna os militantes com atuação nas diversas frente, no campo, na cidade, locais de trabalho e moradia, estudantil e o partido sendo a unica organização de esquerda revolucionaria que consegue reunir esses militantes antes da revolução.
A necessidade de uma formulação estrategica (feita a partir da analise da formação economica particular em uma perspectiva marxista do lugar que se esta e do cenario mundial, da composição das classes e do Estado, analise dentro contradições na estrutura e superestrutura para pensar quais são os lugares centrais de atuação e quais as contradições são principais e quais são secundarias disso tudo) que não existe em simples orgãos de base como organizações de locais de trabalho, moradia e estudo, sindicatos e que sem uma linha estrategia, é quase impossivel um processo revolucionario ser vitorioso.
A organização ser mutavel para cada lugar e conjuntura mas em todos os lugares, os militantes da organização terem que ser militantes que participam regularmente da estrutura organica do partido e não simples apoiadores ou alguem que concorda com o programa.
A centralização de todos os militantes da organização em torno de uma linha politica comum que da unidade pra atuação, em momento de luta essa centralização ser o principal, em momentos de balanço, avaliações e congresso o elemento democratico ser principal.
Do partido ter como elemento objetivo principal de sua forma organizativa e da sua atuação conseguir intervir no movimento de massas (e saber que o processo só pode acontece a partir do movimento de massas)
Da necessidade de se avançar rumo a ter uma organização internacional solida.
O problema central de todas as outras formas de pensar se colocavam geralmente em como destruir o Estado, expropriar a burguesia e tomar o poder, as experiencias do marxismo-leninismo apresentam os elementos para conseguir avançar para essa ruptura.
A discussão tão pouco feita e negligenciada é sobre a caracterização da transição depois da expropriação feita, do Estado destruido e do poder tomado pela classe trabalhado (quais elementos são centrais de se prestar atenção e ter uma linha politica e analise antes desse momento de transição chegar para estar preparado e existirem condições de se avançar nele), a base teorica para isso é o que tanto falta nas formações classicas.
Arábel, poderia traduzir então para o caso concreto brasileiro no corrente ano. Quais seriam as formas novas e adequadas para o atual contexto? Ou é pedir muito sair das generalizações?
A revolução só é possível se estiver assentada na organização dos setores estratégicos da economia. Para isso faz-se necessário o Partido.
Revolução só possível se assentada na organização dos setores estratégicos da economia. faz-se necessário o Partido.
Revolução possível se assentada na organização dos setores da economia. faz-se necessário o Partido.
Revolução possível assentada na economia. faz-se necessário o Partido.
possível se assentada na economia. faz-se necessário o Partido.
possível se assentada no necessário Partido.
possível se assentada no Partido.
possível assentada no Partido
assentada.
Ricardo,
A importancia de formalização das tendencias internamente dentro da organização (e não só durante pré-congressos como acontece em alguns lugares).
A necessidade de construir e se apoiar em uma frente de massas nas categorias/locais de moradia para que sua intervenção consiga se expandir para alem de suas proprias forças e consiga articular processos de luta e mobilização com independentes e outras organizações de esquerda revolucionaria (no brasil hoje existem duas frentes de massas que podem cumprir esse criterio que mantem os criterios para poderem tentar aparecer como espaços para isso como independencia dos patrões etc, com a CUT obviamente fora de disputa ou chance de aparecer como espaço de articulação da classe numa perspectiva de enfrentamento, muito menos revolucionaria. Uma dessas frentes de massas reunindo mais organizações de esquerda e um numero consideravelmente maior categorias nacionalmente embora tenha vicios cupulistas que se mantem, ser um tanto quanto debil na coordenação dos esforços e uma certa politica centrista, vacilando entre um reformismo e uma tentativa de construção de politica revolucilonaria, e a outra, com menos categorias e organizações de esquerda internamente mas com mais consolidação nas bases e conseguindo coordenar esses esforços. Depende ai de uma analise sobre o que se quer no momento e pro futuro e das contradições politicas do periodo, o problema central é da crise de direção ou passa tambem pelo processo de reorganização da classe entre outras coisas, para se escolhar a frente de massa)
O numero de militantes da organização para pensar se tem militantes suficientes para conseguir se expandir para alem da atuação em só uma uma frente ou se com os numeros que tem, vai focar esforços nos locais de trabalho ou outro lugar para conseguir avançar na organização da classe e no numero de militantes (exemplo de outro lugar foi o giro de toda convergencia socialista durante os anos 80 para os secundaritas e ensino técnico onde só em são paulo, o Alicerçe da Juventude Socialista reunio em torno de 500 ativistas, com um nucleo mais duro internamento, e que depois de 2-3 anos, com a formação desses militantes e inserção nos locais de trabalho, acaba com o giro só para secundaristas e volta atuar em varias frentes).
O numero de quadros (militantes mais experientes e com mais formação) determina o numero de nucleos que a organização pode ter de forma util, ter nucleos que não vão ser acompanhados nem desenvolvidos por pessoas que vão conseguir dar o devido acompanhamento para a tarefa que estão é ter um nucleo que só esta gastando militantes, depende ai então de se na organização se encontram 5, 10 ou 300 pessoas que conseguem dar acompanhamento eficiente para um nucleo para se pensar na divisão então.
Sendo a contradição mais importante do capitalismo ser entre capital-trabalho, os locais de trabalho aparecem como o lugar central de atuação, mas se coloca a diferença de se militar em uma grande capital como são paulo ou rio de janeiro e no interior, com nas grandes capitais talvez aparecendo como uma mediação que seja importante para conseguir se inserir na classe e entrar nas categorias, uma forma territorializada/bairrial de militancia (pela disperção da categoria com alguns polos de concentração, pelas condições politicas que a atuação de outras forças colocam por ai), enquanto no interior, onde existem cidades com concentração em trabalhos especificos(onde 5-30% da população trabalha em uma empresa ou setro) essa parece ser uma mediação que muitas vezes aparece como desnecessaria e que vai custar mais militantes do que uma intervenção direta dentro da categoria. O tamanho de um nucleo territorial vai tender a ser consideravelmente maior do que os de locais de trabalho em que a reestruturação produtiva conseguiu espalhar em muitas empresas e locais de trabalho a classe, enfim
Escolha os setores de atuação pela quantidade de capital que gira nele, pelo tamanho do ciclo de realização desse capital, onde se coloca dentro das cadeias produtivas e se é um setor de condição geral de produção, numero de trabalhadores, tradição de luta do setor nos ultimos tempos e força dos reformistas/patronal nesses lugares.
A necessidade de uma executiva para coordenar e fazer com que as linhas politicas tiradas na organização dentro de momentos de deliberação geral sejam de fato implementadas por todos os lugares, não considerando como coisa interessante ou necessaria a existencia de um comite central, mas estar dado de que ele é necessario e ter ja em vista sua preparação em condições em que a repressão bata forte sobre a militancia no Brasil
Isso considerando varias coisas implicitas, como que contradição central no Brasil hoje esta no proletariado urbano e não no campo.
Enfim, para sair de abstrações é necessario apresentar concretamente quais as forças que a organização tem, quadros disponiveis e qual a formação deles, se fazer um estudo da formação economica brasileira e posição frente ao mercado mundial, composição de classes no brasil que são coisas que só é possivel avançar no debate dentro de uma organização concreta com uma perspectiva politica definida de como analisar essas coisas.
Perguntaria então qual organização politica que você constroi e como são essas coisas por ai, mas é claro que voce tem desprezo por esse tipo de coisa e acha isso “autoritario” ou “antiquado” demais e esta construindo algo com muito mais resultado para o fim do capitalismo e para a luta de classes.
Boa sorte na sua saga revolucionaria, provavelmente vai precisar ja que ter uma estrategia e os meios reais para executar ela parece algo tão distante de voce
“A organização ser mutavel para cada lugar e conjuntura mas em todos os lugares, os militantes da organização terem que ser militantes que participam regularmente da estrutura organica do partido e não simples apoiadores ou alguem que concorda com o programa”.
Me parecem exatamente as alternativas em disputa quando da cisão da socialdemocracia russa entre a ala de Lenin e a de Martov. Só gostaria de adicionar que Lenin propôs essa regularidade como critério restritivo para a participação no partido num quadro de clandestinidade. A repressão estatal era a justificativa. Mesmo assim, a maior parte do partido se colocou contra ele.
“A centralização de todos os militantes da organização em torno de uma linha politica comum que da unidade pra atuação, em momento de luta essa centralização ser o principal, em momentos de balanço, avaliações e congresso o elemento democratico ser principal”.
Nunca é demais pontuar que chega certa altura em que a centralização é sempre predominante e que os momentos de balanço, avaliações etc. são sempre adiados. Nunca é o momento certo. Sejamos tudo, menos ingênuos. Nunca é demais pontuar também que já nos primeiros anos do movimento comunista no Brasil o PCB deu lugar a diversas dissidências que, embora não rompessem com o bolchevismo, denunciavam que a dimensão democrática do bolchevismo estava a ser suprimida pela dimensão autoritária (tudo isso está documentado no livro “Na Contracorrente da História. Documentos da Liga Comunista Internacionalista”). E foram justamente essas dissidências que constituíram a Oposição de Esquerda no Brasil.
Arabel,
obrigado pelo comentário, estava esperando vc aparecer mesmo. Embora o diálogo comigo seja só implícito – parece mais que vc estava respondendo a Soraia, certo? – pretendo te responder, mas pra isso precisarei de um tempo, porque as questões que vc aponta e das quais discordo precisarei fundamentar em experiências históricas. Muitas dessas formas distintas de ver as questões aparecem na parte final da minha série publicada aqui em 2013 sobre Apropriação do poder político e superação do Estado na transição socialista (http://www.passapalavra.info/2013/11/88246)
O Comentário de Fagner, por exemplo, contempla parte das minhas discordâncias com vc.
Por hora vou apenas pontuar uma questão, referente aos setores econômicos – que você articula quanto a setores para se atuar ou não, e se são “estratégicos” ou não. Como vc sabe entendo as CGP no sentido da teoria do João Bernardo, portanto de forma muito ampliada e integrada. Hoje as maiores empresas do mundo são as transnacionais. Se analisarmos a lista das 500 maiore perceberemos o seguinte: atualmente o Capitalismo apresenta maior concentração de capital nos setores 1) bancário, 2) de farmacêutica e biotecnologia, 3) de produção de petróleo e gás, 4) de software e serviços de computação, e 5) de tecnologia e equipamentos de hardware. A lista abaixo mostra o número de empresas dentre as 500 maiores e o valor somado destas empresas, US$mi:
Bancos 71 4.884.560,6
Farmacêutica & biotecnologia 30 3.016.060,5
Produtores de Petróleo e Gás 31 2.467.372,5
Software & serviços de computação 16 1.842.175,2
Tecnologia & equipamentos de hardware 19 1.776.050,4
Varejo em geral 16 1.267.366,2
Serviços financeiros 28 1.242.061,9
Automóveis e peças 17 1.092.660,3
Seguridade 15 941.078,0
Telecomunicações móveis 15 938.888,8
Bebidas 10 904.484,1
Mídia 16 895.797,8
Industriais em geral 11 829.227,4
Químicos 16 790.557,2
Linha fixa e Telecomunicações 11 789.928,3
Cuidados pessoais 13 713.951,7
Viagens e Lazer 17 686.093,9
Equipamentos e serviços de assistência médica 14 668.600,4
Seguros de vida 10 640.678,9
Se observarmos a lista especificamente brasileira temos um quadro semelhante, com as 24 maiores empresas, seu valor de mercado e setor:
Ambev 90.732,6 Bebidas
Itau Unibanco 58.391,1 Bancos
Bradesco 43.225,9 Bancos
Petrobras 39.362,6 Produtores de Petróleo e Gás
Vale 27.857,6 Mineração
Cielo 26.971,1 Serviços financeiros
Banco Brasil 20.539,7 Bancos
Banco do Brasil Seguridade 20.525,0 Seguridade
Itausa 19.307,5 Serviços financeiros
BRF Foods 17.279,7 Produtos alimentícios
Santander 16.563,0 Bancos
Telef Brasil 16.381,2 Linha fixa e Telecomunicações
JBS 13.081,7 Produtos alimentícios
Souza Cruz 12.146,9 Tabaco
Ultrapar Participoes 11.286,2 Gás, água e multiutilidades
CCR Rodovias 9.004,5 Transporte industrial
TIM Participacoes 8.059,8 Telecomunicações móveis
Weg 8.031,1 Equipamentos eletro-eletrônicos
Fibria 7.833,9 Madeira, Celulose e Papel
Companhia Brasileira de Distribuica 7.299,5 Comida e medicamentos a varejo
BTG Pactual 7.228,8 Serviços financeiros
Tractebel 7.209,4 Energia Elétrica
BMF Bovespa 6.337,6 Serviços financeiros
CPFL Energia 6.160,1 Energia Elétrica
Se a esquerda observasse quais são os setores de maior peso econômico na dinâmica capitalista mundial perceberia que estes se encontram dentre os setores de alto valor agregado por Pesquisa e Desenvolvimento, são setores de alta composição orgânica e, por fim, são setores ligados ao capital bancário. Então, talvez, seriam abandonados alguns dos velhos dogmas acerca da importância econômica central do operariado fabril, o qual, com seu jaleco azul, está representado tão somente, e com ressalvas, no oitavo setor mais poderoso na lista de empresas, o setor de produção de automóveis e peças, embora esse tipo de trabalhador exista, com roupagens hipermodernas, em ramificações dos demais setores, como por exemplo o de produção de hardware e da indústria farmacêutica.
Diz Rosa Luxemburgo, criticando o ultracentralismo da tendência de Lenin:
“O problema sobre o qual se vem trabalhando há alguns anos na socialdemocracia russa é a da transição da forma de organização dividida e plenamente independente, própria dos círculos e organizações locais que corresponderia à fase preparatória e predominantemente propagandística do movimento, até a forma de organização que resulta precisa para a ação política unitária de massas em todo o Estado.
[…]
Do ponto de vista das tarefas formais da socialdemocracia como partido de luta, o centralismo organizativo resulta ser, sem dúvidas, a condição da qual dependem diretamente a capacidade de luta e a energia do partido. Com tudo, as circunstâncias históricas concretas da luta proletaria são muito mais importantes que os pontos de vista das exigências formais de toda organização de luta.”
(Questões sobre a organização da socialdemocracia russa, 1904)
Adotando a visão da Arabel, a respeito de que a noção de “partido” deve ser uma organização sem um formato pré-estabelecido, creio que muita ironia e argumentações rasas são gastas para criticar um formato pré-estabalecido de partido, em lugar de pensar como os “círculos e organizações locais” (hoje em dia, coletivos e tendências) podem entrar num processo de união que difira da “filiação”, ou seja, o esforço criativo de unir militantes num propósito comum, ao invés de cultuar a autonomia de cada um destes grupos como uma defesa desesperada por liberdade. Esse remedo de ideologia que é o autonomismo parece ter criado uma cultura onde os coletivos são um fim em si mesmos, colocando travas aos processos de integração e de construção coletiva para além dos círculos e das ocasiões. Faltam projetos de longo prazo, pois unir diferentes grupos militantes é um processo que toma tempo e preparação. Mais que nada, vontade de todas as partes, e cuidado e atenção para evitar os atalhos.
Não foi por acaso que o Lucas lembrou desse texto da Rosa. Em Questões de organização da socialdemocracia, de 1904, ela tava desbancando a teoria da organização do Lenin de Que fazer? e de Um passo à trás e dois à frente, texto esse que fundamenta o comentário de Arabel. No texto contra a teoria e prática de Lenin Rosa diz que saída contra os oportunistas não é a centralização proposta por Lenin. A centralização dá a eles um totem a ser conquistado, portanto facilita que o oportunismo triunfe, ganhe força. Já que não se pode evitar que oportunistas surjam a única saída é que ganhe força a organização espontânea das massas, oxigenando e combatendo, por meio do automovimentar-se da classe, a prática dos oportunistas. Rosa termina o texto desse modo:
a contradição dialética do movimento social-democrata, que, de acordo com o processo de desenvolvimento como um todo, precisa avançar entre dois obstáculos: entre a perda do seu caráter de massa e o abandono do objetivo final, entre a recaída no estado de seita e a queda no movimento de reformas burguês. Por isso é uma ilusão totalmente a-histórica pensar que a tática social-democrata em sentido revolucionário possa ser garantida, previamente e de uma vez por todas; que o movimento operário possa,de uma vez por todas, ser defendido contra desvios oportunistas. É certo que a doutrina marxista nos dá uma arma devastadora contra odos os tipos fundamentais de pensamento oportunista. Como, porém, o movimento social-democrata é um movimento de massa e os obstáculos que o ameaçam não vêm da cabeça dos homens e sim das condições sociais, os erros oportunistas não podem ser impedidos de antemão; apenas quando, na prática, adquirirem forma tangível, podem ser superados através do próprio movimento – evidentemente com a ajuda das armas oferecidas pelo marxismo. Encarado desse ponto de vista, o oportunismo aparece também como um produto do próprio movimento operário, como um momento inevitável do seu desenvolvimento histórico. Precisamente na Rússia, onde a social-democracia ainda é jovem e as condições políticas do movimento operário são anormais, é provável que o oportunismo resulte,em grande medida, do ensaio e da experimentação inevitáveis datática, da necessidade de sintonizar a luta presente, em todas as suas peculiaridades, com os princípios socialistas. […] O audaz acrobata não vê que o único sujeito a que cabe agora o papel de dirigente é o eu-massa (Massen Ich) da classe operária,que em todo lugar insiste em poder fazer os seus próprios erros e aprender por si mesmo a dialética histórica. E, por fim, precisa-mos admitir francamente: os erros cometidos por um movimento operário verdadeiramente revolucionário são, do ponto de vista histórico, infinitamente mais fecundos e valiosos que a infalibilidade do melhor “comitê central”.
Hum!!! Quer dizer que “o almejado centro da classe” deve ser “seduzido”. Esta é a tática e quando essa tática se põe, constitui uma estratégia, porque a famigerada concepção de trabalho de base (aquele de deslocamento de militantes e enraizamento nos locais de trabalho e locais de moradia, aquele de longo prazo, paciente, clandestino…) está completamente ultrapassada… Seria triste se não fosse trágico Rosa ser chamada para defender velhos e novos reformismos, uma amálgama da concepção bernsteiniana (o movimento é tudo…) com um toninegrismo indisfarçado (“O essencial é que a treta se espalhe, sem primazia de um ‘sujeito'”)… Enfim não raro na história a pequena-burguesia tem sido seduzida(?) por modismos impressionistas…
INVARIÂNCIA: PARTIDO HISTÓRICO x PARTIDO FORMAL
Teria havido um tempo em que a emancipação dos trabalhadores seria obra dos trabalhadores. Sim, eles mesmos, proletários em luta; sem intermediários ou condutores & sedutores: deus, césar, tribuno…
O tornar-se classe para si anunciaria sua autossupressão revolucionária, na comunidade humana mundial.
Caro Anderson, você fez uma mistureba de ideias do meu texto, beirando a má-fé, mas de todo modo sua crítica coloca uma questão ótima que me permite esclarecer alguns pontos.
Antes de mais nada, quem almeja o centro da classe é o texto anterior, que eu estava respondendo com este texto. Em momento algum eu disse que a tática é seduzir o centro da classe e que quando ela assim se põe temos a estratégia. Muito menos justifiquei isso com a acusação de que o trabalho de base está ultrapassado. O trabalho de base em seu formato clássico está ultrapassado, o que não significa que não precisemos de trabalho de base para mobilizar a classe no sentido anticapitalista (daí o “seduzir”) e tornar factíveis as lutas e novas formas de organização. A luta dos secundaristas, por exemplo, teve um trabalho de base em modalidade distinta da forma clássica. Casa coisa no seu lugar, e uma leitura mais cuidadosa – ou perguntas, para confirmar a impressão – antes da crítica teria vindo a calhar.
O clichê que atribuímos a Bernstein reside na defesa do movimento pelo movimento, sem estratégia ou alvo a se alcançar. Isso não tem nada a ver com meu texto, o que defendi é que um movimento mede sua radicalidade pela capacidade de desde agora colocar uma prática social que já prefigura hoje o que se espera consolidar amanhã. Nesse sentido eu estou mais próximo dos antípodas de Bernstein, os anarquistas achando que só o fim importa, e para ontem, do que de Bernstein. Quanto ao toninegrismo, defendi que o essencial é que a treta se espalhe, sem primazia de um “sujeito”, mas usei o termo no último parágrafo do texto, e a essa altura já devia estar claro no texto que não se trata de qualquer treta e sim das tretas que se organizam de modo radical pondo em marcha o germe do novo, o que implica contestar os fundamentos do capitalismo, ou seja, as relações sociais e hierárquicas de exploração do tempo de trabalho, bem como as relações hierárquicas que tiram da classe o controle de sua própria vida – daí a luta pela autogestão, que começa pela autoorganização. Enfim, o texto não defende o reformismo, e também não coloco a revolução como um alvo alcançável apenas no longo prazo ou, pior ainda, como um alvo identificável na forma de uma instituição, tal como a tomada do Palácio de Inverno em 1917.
Minha contraposição central ao texto de Daniel e Rodrigo reside na discordância quanto ao bolchevismo, especialmente ao modo como essa linha política vê a dinâmica histórica e a articulação entre forma e conteúdo. No campo do bolchevismo defende-se que quando a forma não suporta mais o conteúdo explode-se a forma para salvar o conteúdo. O que se quer dizer com forma e conteúdo, exatamente? Nesse campo político a forma diz respeito à forma organizativa, que precisa estar ancorada em uma teoria caracterizada de modo duplo: uma teoria estratégica da revolução e uma teoria da organização política. Essa forma articula-se com o conteúdo, que diz respeito ao Socialismo e à visão de mundo socialista. Daí a máxima de que quando a forma não suporta mais o conteúdo explode-se a forma organizativa para salvar o conteúdo socialista. Claro, os iluminados que sabem qual é o conteúdo socialista são os membros do Partido, e os que serão explodidos são a massa trabalhadora, que não sabe o que é melhor pra ela. Em seus melhores intérpretes bolcheviques a articulação de forma e conteúdo implica em uma crítica da economia política, na qual os conceitos da sociabilidade capitalista são postos em movimento e apontam para a necessidade de realização do Socialismo. Mas mesmo nestes persiste a estrutura hierárquica do legado político bolchevique (forma-Partido, tomada do poder do Estado e constituição da Ditadura do Proletariado, etc), sendo a crítica da economia política apenas um subterfúgio para a confirmação da necessidade de superação do sistema, sem maiores implicações contestatórias da estratégia bolchevique.
Meu modo de ver distingue-se do modo bolchevique por uma série de elementos. A meu ver a forma tem primazia em face do conteúdo, uma vez que se confunde com ele. O conteúdo só existe enquanto forma em movimento, assim como a estratégia só existe enquanto unidade com a tática. Além disso o legado bolchevique aponta para um conteúdo nacionalista, o que caracteriza um danoso elemento que obstrui qualquer radicalidade possível da estratégia bolchevique. O que defendo no texto é que o conteúdo “socialista” (não chamo a nova forma social disto) não consiste em um fim e a forma organizativa em uma coisa diferente e que consiste em um meio para se alcançar este fim. O conteúdo só se coloca por meio da forma, tal como a essência só se expressa por meio da aparência. Um novo conteúdo, contrário ao Capitalismo, só pode ser realizado por meio de uma nova forma social sendo posta em movimento, onde será gestado aquele conteúdo (de modo contraditório e com avanços e recuos que servirão de aprendizagem para a classe) por meio do próprio movimento da forma. A forma não é então meio para se chegar ao conteúdo e sim o conteúdo tomando forma. A radicalização da tática (radical implica ir às raízes do capitalismo) faz possível a formulação prática da estratégia e a revolução não é um alvo e sim este próprio processo de pôr-se da tática constituindo uma estratégia. Hoje, por exemplo, não temos condições de formular a estratégia, pois elementos que tornam essa formulação possível não estão postos: a crítica à estratégia anterior por meio do por em prática de uma nova estratégia. Uma estratégia radical só se realiza quando há condições objetivas para tal, o que implica na construção da luta enquanto construção destas condições objetivas. Os sovietes, por exemplo, enquanto conselhos que operacionalizavam o poder da classe, não eram um meio organizativo e tático para a vitória estratégica da revolução russa de 1917. Eles eram a própria revolução. Não eram uma forma que apontava para a possibilidade de um conteúdo socialista, eram o conteúdo socialista tomando forma. E quando os bolcheviques assumem o comando do Estado e integram os sovietes enquanto órgãos estatais, o que temos é a contrarrevolução atuando. Na visão dos bolcheviques, pelo contrário, o que temos é a explosão da forma para salvar o conteúdo. Para mim a constituição da estratégia não diz respeito, portanto, a uma formulação teórica, no campo da ideologia, que precede a tática enquanto aplicação da estratégia, e que visa realizar o programa, também concebido detalhadamente de antemão. Acho inclusive essa diferenciação em três níveis um absurdo. A constituição da estratégia se dá como resultado do processo, um resultado que se põe a cada momento, e não num longo prazo. A tática não se dá de modo mudo e inconsciente, por isso não faz sentido falar na existência de uma tática sem estratégia. Tática e estratégia formam uma unidade inseparável no tempo e espaço. O programa pode até ser pensado como algo mais abrangente e de longo prazo, mas deve-se ter em conta que sua realização começa agora e não “depois de”. Quando Daniel e Rodrigo insinuam que o campo autonomista se atém a uma centralidade da tática e não possui estratégia eles estão subestimando a formulação crítica tanto no plano da teoria quanto no plano da prática, do campo autonomista. Mesmo se a maioria de seus agentes não tiverem consciência de qual estratégia de longo prazo perseguem e estão colocando em prática com suas próprias mãos, ela não deixa por isso de existir e de ter fundamentos objetivos na prática social. As táticas se darem nas lutas desse campo tal como se dão constitui já uma forma peculiar de se conceber e de se responder ao problema da estratégia. Penso que parte do meu modo de ver aparece, por exemplo, na frase de Marx segundo a qual o comunismo “não é um Estado que deva ser implantado”, “nem um ideal a que a realidade deva obedecer”, mas sim um “movimento real que acaba com o atual estado de coisas”, sendo que “as condições deste movimento resultam das premissas atualmente existentes”. As “premissas atualmente existentes” dizem respeito à nova forma social sendo posta em prática no próprio desenrolar do capitalismo. Marx toca aqui no tema do caráter autocontraditório do capitalismo, portanto fala da negação. Quando eu falo da necessidade da luta colocar elementos da nova forma social já na própria estrutura organizativa estou tocando no elemento positivo da coisa. A forma política dentro da qual podem se movimentar, se desdobrar, os conteúdos contraditórios inerentes ao processo de superação do Capitalismo. Quando se coloca a estratégia como alvo, e não como resultado das formas organizativas sendo postas em movimento de modo a prefigurar o novo, o que temos é a nova forma social como “ideal a que a realidade deve obedecer”, um conteúdo que para ser salvo autoriza, se a organização for bolchevique, a explosão das formas.
Pois para mim explodir a forma é explodir o conteúdo. Se explodo uma escultura de bexiga o conteúdo que antes sustentava e era sustentado pela forma da escultura feita no balão passa a ser apenas um ar disperso e inatingível.
A forma pode conformar um conteúdo radical se estiver assentada na crítica da economia política, e essa crítica apreende as determinações centrais do Capitalismo, a serem revolucionadas: a perda do controle dos meios de produção e das formas de organização da produção. É por deter este controle que uma pessoa se torna capitalista. Daí a autogestão enquanto superação do modo de controle capitalista precisar ser preparada na própria autoorganização das lutas, sem prioridade de setores ou de “sujeitos” ontologicamente revolucionários. Quando os secundaristas engendram a autogestão das escolas, um passo é dado rumo à retomada do controle da vida social, por isso trata-se de uma forma de luta “radical”.
Por fim, acho que neste debate sobre forma e conteúdo e sobre tática e estratégia revolucionária talvez valha a pena pensar em como se deram todos esses temas na transição do regime senhorial feudal para o capitalismo. Imaginem a classe burguesa em 1600, fazendo crescer o comércio aqui e ali, o poder do dinheiro aqui e ali, de modo a forjar no cotidiano novas formas organizativas de assalariamento (substantivamente contrárias às formas feudais de exploração do camponês) e um novo mundo que aos poucos solapava as bases econômicas do Feudalismo, a ponto de restarem apenas as bases políticas ocas, que foram derrubadas em algumas oportunidades, mas de modo mais expressivo em 1789. O que era tática, o que era estratégia, o que era o programa burguês em 1600? O que era em 1789? O que era em 1848? O que levou ao fim do Feudalismo e ao predomínio da nova forma social capitalista? Embora as transições sejam qualitativamente distintas, o que as experiências passadas ensinam com respeito aos modos como se dão as mudanças dos modos de produção? A forma como se vê a dinâmica histórica e a análise de conjuntura que se faz leva a determinadas defesas de práticas políticas em tal ou qual sentido. Pode ser que um dia, com a luta avançada, precisemos, por exemplo, forjar uma estrutura organizativa centralizada, por exemplo um exército de defesa da revolução contra as forças repressivas da contrarrevolução? Pode. Mas nem de perto se trata de uma tarefa atual. Além do mais a contrarrevolução atualmente atua mais por dentro do que por fora, solapando as bases potencialmente radicais das formas organizativas, que nada mais são que o fazer-se classe da classe. Por isso minha ênfase nelas.
Demorei um tanto para responder, direcionar as coisas mais ao texto e concepções ao redor dele agora, começando por um comentario que ja tinha mandado para outro lugar
“No final a questão é de uma guerra
Não importa se voce ganhar todos os conflitos diretos da forma mais radical e massiva, o importante é vencer a guerra, achar que uma sequencia de táticas radicais por si só constitui uma estrategia de ruptura é olhar pra cada conflito de forma particular e pensar sobre como cada um deles tem que ser vencido e não olhar de conjunto, as vezes tem conflitos que tem que ser abandonados, outros vão ser distrações para o nosso lado ou talvez para o outro, alguns vamos ceder taticamente em certas coisas, a questão é essas coisas todas não serem uma tendencia geral e poderem acontecer só pontualmente, quando estritamente necessarias, e a tendencia geral ser rumo a ruptura
Claro que quando voce repetidas vezes abandona uma conflito ou cede quando a coisa aperta, vão se criando pressões nas formações e nas praticas dos militantes que te jogam sempre pra isso. Tem coisas que ja te fazem perder a guerra logo de começo, mas acho que o texto não olha a questão da tática-estrategia como de fato uma guerra
É preciso estar em setores estrategicos na economia, é central saber sobre a composição de classe de uma sociedade e suas tendencias historicas como classe para resolver os conflitos ou que projeto de sociedade tendem a apontar, é determinante saber quais são as contradições principais, conjuntural e estruturalmente, e quais são as secundarias do capitalismo no pais que o procesos de luta se desenrola e internacionalmente (porque no fim, a vitoria só acontece com o fim do
mercado mundial).
Enfim, acho que serve como abstração teorica de estrategia pra justificar o que o autonomismo sempre foi, mas não serve para construir uma politica de ruptura com o capital”
A questão pra mim continua se centrando na ruptura quando vamos olhar para tática-estrategia.
Comparar com a transição do feudalismo para o capitalismo, afirmando que é diferente qualitativamente mas não dizendo por que e portanto deixando em aberto se a transposição serve para a discussão, é algo que tenho discordancia de principio pelo simples fato de que na transição do feudalismo para o capitalismo acontecia a mudança de dois modos de produção baseados na exploração.
Podia coexistir em espaços geograficos muito proximos relações de exploração capitalistas e relações servis em contradição entre si em uma movimentação em que uma vai suplantando a outra (e se colocam todos os casos depois de 1848, seguindo o exemplo classico da Inglaterra em que a transição acontece de forma que se quisermos aplicar o mesmo modelo para o fim do capitalismo, muitos reformistas podem estão certos sobre o metodo rumo ao socialismo).
Não podem existir ilhar socialistas no meio de um mar de capitalismo enquanto não se acaba com o mercado mundial fazendo a pressão do valor de troca sobre toda a produção, autogestão de locais de trabalho, cooperativas etc são caracterizadas, quando estão inseridas dentro do capitalismo, como uma forma de auto-exploração por um setor dos trabalhadores (como ja diz Marx sobre essas tentativas de cooperativas de produção que existiam desde sua epoca) quando a expanção do carater socialista fica reestrita a mesmas regiões e portanto a luta tem que acontecer necessariamente em um sentido internacionalista (claro que em conjunto nesses territorios com politicas aproximação da direção/execução no trabalho, rumo ao fim da diferenciação do trabalho intelectual e manual, da contradição campo e da cidade).
Nisso eu ja tenho uma diferença fundamental de analise com os textos da serie sobre “apropriação do poder politico e a superação do Estado” quando você coloca
“Veja bem: o segredo da transição está na dinâmica interna e não na correlação de forças internacionais, ainda que uma correlação internacional desfavorável possa, sob a forma da contra-revolução que vem de fora, sufocar o início da transição que esteja ensaiando-se em determinada região ou país. É por isso que a transformação socialista deve se tornar irreversível : sua dinâmica interna de desenvolvimento (do microcosmo da família e do chão de fábrica até os Estados nacionais) deve superar as determinações estruturais do capital como modo de controle sociometabólico, o que só se efetivará se a transformação abarcar plenamente as três dimensões do sistema: capital, trabalho e Estado. Tal transformação revolucionária apenas se tornará possível quando o trabalho se tornar não apenas formalmente encarregado do processo sociometabólico, tal como nas sociedades pós-revolucionárias, mas efetiva, genuína e substantivamente no controle do sociometabolismo – através da autogestão do trabalho.”
O que não avança, regride.
Não existe e nunca vai existir dinamica interna tal que torna irreversivel a transformação socialista enquanto existem pressões da lógica valor-trabalho ditadas pelo mercado mundial, se existe uma dinamica interna das relações sociais de produção, a contradição ultima só pode ser resolvida de forma definitiva a ambito internacional.
A coisa é bastante bem apresentada no “Colapso das relações sociais novas” do economia dos conflitos sociais, o problema do cenario internacional não esta só no ambito das forças da contra-revolução, mas na pressão do mercado mundial para o valor-trabalho ser a forma geral de valor nas trocas.
E ai volta a questão que pra mim é ponto de partida, sobre a ruptura.
Não identifico a expropriação dos meios de produção das mãos da burguesia ou a tomada do poder como a revolução socialista, do primeiro temos diversos exemplos historicos da criação de uma nova classe proprietaria desses meios de produção e a tomada do poder não significou geralmente pela historia a criação de um Estado em fenecimento ou semi-Estado
De pular disso para então abandonar a centralidade desses pontos para a revolução socialista(mesmo que eles por si não sejam ela) e os meios para eles é um passo bem grande.
Se pula de uma critica de concepções e partes (mesmo que estruturantes) do bolchevismo para seu abandono completo.
Não se ve as contradições e movimentações historicas reais no grau de importancia que tem, por exemplo na serie de textos em que só se diz sobre o fortalecimento dos Estados pós-revolucionarios
Se coloca então a pergunta, não aconteceu um duplo poder entre o sistema sovietico e o Estado que existia na russia em que o sistema sovietico sai vitorioso em outubro? (E isso não é muito mais, para a classe trabalhadora e para a historia do que trazem quase todas as experiencias reverenciadas pelo autonomismo?)
Se o bolchevismo leva em todos os seus elementos para um marcha initerrupta rumo a uma nova classe e ao fortalecimento de um Estado para essa nova classe manter sua exploração, como se olha e se explica o funcionamento do sistema sovietico continuar de forma firme até a guerra civil começar na russia (e então se abrir de forma mais forte um processo de duplo poder entre o sistema de comissariado do povo e o sistema sovietico), os bolcheviques não teriam então que ter agido nesse começo do processo como expressão de uma nova classe dominante logo após outubro em vez de o processo se manter contraditorio e vacilante durante algum tempo e as contradições se aprofundarem até não ter mais volta?(um tempo muito maior do que quase todas experiencias tão reverenciadas pelos autonomistas. A comuna de paris aparecendo como a referencia mais classica e antiga para todos do marxismo mas as vezes parece que se esquece que ela só durou dois meses antes de ser destruida e que isso diz algo sobre a questão da organização e de uma saida estrategica para os problemas colocados) Por que o processo revolucionario Chines é tão contraditorio em certos momentos e por muito mais tempo que o Russo(que depois de 21 eu diria que uma nova classe ja esta dada e as relações capitalistas são aprofundadas cada vez mais) e apresenta alguns elementos muito ricos para analise de politicas relacionadas a transição nas relações sociais de produção, especialmente depois da retirada dos 10 mil tecnicos pela URSS e não aconteceu como o processo russo?
Que as expropriações são um ato negativo em relação a antiga classe dominante e não ainda por si só criador de uma nova ordem é algo que aparece, mas é coincidencia que o aparecimento massivo de possibilidades de novas relações sociais de produção apareçam com maior força quase sempre quando essa expropriação acontece e não em outros momentos de luta da classe? (Elas ao mesmo tempo retiram entraves que antes existiam, necessariamente são uma ação da classe em movimento, e não de cupula, pelas revoluções na historia em que a aprovação da expropriação enquanto lei geralmente apenas seguiu para a acompanhar o movimento que ja estava efetivado, tentar aumentar sua legitimidade perante a toda a massa e incentivar a acontecer onde ainda não tinha acontecido)
Não diz Marx no guerra civil na França que a comuna de paris, sendo um semi-Estado, não acabava com a exploração mas apenas criava as condições para que esse combate conseguisse prosseguir e não coloca ele no manifesto que o proletariado se torna classe politicamente (acabando assim o dominio politico e do Estado da burguesia) e a partir dai segue na sua luta contra a exploração em outras condições?
Enfim, acho que essa visão estrategica do texto ruma a abandonar as experiencias historicas da classe trabalhadora rumo a sua emancipação durante os ultimos 150 anos, se joga fora tudo que ja foi produzido e então se cria uma concepção nova que empobrece e um tanto mistifica as movimentações historicas.
Como essa forma de conceber estrategia e olhar para as movimentações explica a diferença entre o processo revolucionario na china e os em cuba e nicaragua, onde mesmo que os 3 fossem tocados pela guerrilha, quando em cuba e nicaragua acontecem movimentações e greves de massas nas cidades é que a guerra civil acaba e por que na china as movimentações e greves de massa nas cidades são um elemento que aparece a mais durante esse periodo de guerra civil e não é determinante ou o que acaba com o conflito? Sera pela formação economica desses paises e onde se encontra a contradição principal da estrutura, a contradição central ser no campo ou ainda ser um elemento forte embora não mais o central (deixando a pensar sobre guerrilha onde o acumulo de capital e a contradição estão colocadas muito mais fortemente na cidade do que no campo e se ter uma perspectiva como no texto, de massividade, horizontalidade e “radicalidade” no campo pode apontar para uma ruptura ai)
Como ela explica a posição que o partido bolchevique ocupou no processo russo e porque os social-revolucionarios ou social-revolucionarios de esquerda não ganharam nas disputas mesmo eles representando o campo que a grande maioria da população russa? (sera que isso tem a ver com uma forma organizativa e compreensão de intervenção no movimento de massas de forma especifica, de a inserção em setores especificos e uma visão de estrategia que amarra tudo isso em uma estrategia em um sentido mais classico?)
Como ela explica as contradições terem aparecido de forma diferente pela historia quando muda a composição de setores e de classes em processos de luta radicalizada?
Enfim, acho que essa forma de compreender estrategia não explica a historia e cria uma politica de ruptura revolucionaria. Serve mais para justificar o que se caracterizou como uma pratica autonomista que gira em torno de si mesma do que resolver questões que antes apareciam como centrais, como a expropriação da classe dominante, a tomada do poder pela classe trabalhadora e a destruição do aparato repressivo burgues, agora acrescida de elementos de diversos processos revolucionarios que corrigem certas posições ou apresentam questões que ainda não se havia debruçado pela falta de experiencias historicas.
Para se fiar um tapete é necessario antes conseguir vislumbrar ele como totalidade e não só ir tecendo de fio em fio e esperar que um dia se tenha um tapete.
A questão passa longe de olhar só pra radicalidade, horizontalidade, massividade de conflito seguido de conflito e achar que a solução esta ai.
As criticas a uma tradição mais classica ao dizer que “nunca é demais pontuar que a centralização é sempre predominante e que os momentos de balanço e avaliação são sempre adiados” pra mim soa como a velha historia de dizer que o socialismo nunca vai dar certo porque o ser humano é na sua essencia egoista.
Ou se colocam elementos para sustentar essa analise e de porque isso acontece sempre ou é apenas uma opinião bem intensionada anti-autoritaria (e o centralismo não é pra lidar com oportunistas, é para ter unidade nos enfrentamento)
Acho uma brisa que voce aponta em um comentario quais são os setores com maior giro de capital e no texto diz que não tem primazia de sujeitos, esses setores existirem ser só uma coisa a mais que existe, nada com que se preucupar muito, nada mais ou menos importante, ai que ta uma divergencia bem grande.
Não respondi uma par de outras coisas que teria escrito mais, mas por fim, acho que é bom tambem dar uma olhada para onde a tradição autonomista leva de vez em quando e não olhar só pros bolcheviques.
Quando voce aponta pra opressões e coloca sobre como elas são explosivas (e deixa implicito sobre o carater anti-capitalista nelas) justamente não faz uma discussão sobre a caracterização delas, se são “pautas de transição”, se são anti-capitalistas ou se são questões democraticas (coisa de forma interessante discutida no Marximo Vivo 6 da LIT, que mesmo de forma geral, tem fetiches com demandas democraticas levando a revolução, coloca nesse caso que essa questão são demandas democraticas e não anti-capitalistas e tambem não são demandas de transição, o que não tira o espaço e necessidade de politica em relação a opressões dentro do programa, só não da um revolucionario para isso) mas o importante então é a forma, massividade e radicalidade que essas lutas vão adquirir, não importa se são democraticas ou não.
Achei a compreensão muito parecida com a do Eder Sader na sua época de afastamento da POLOP, antes da fundação do PT e da sua participação junto a um grupo de autonomistas (com uma referencia forte em castoriadis), na fundação da Articulação dos 113, campo majoritario do PT.
Ja da pra ver nesse trecho uma formulação que vai ajudar, pelo vies do autonomismo, na construção do projeto democratico popular pela Articulação dentro do PT.
“É como se a partir da caracterização geral da revolução socialista tudo o mais se deduzisse logicamente. E não é por acaso que E. Martins cita seu discípulo de 68, porque uma de suas características é o uso e abuso desse método dedutivo e
formal: se a revolução é socialista então isso ou aquilo. Diante de questões concretas ele dá por suposto justamente aquilo que deve ser resolvido. Por exemplo, se «a revolução ê socialista», então as reivindicações democráticas não tem mais um cará
ter revolucionário, quando o que deveria examinar é como as reivindicações democráticas existentes podem se enquadrar numa estratégia socialista.
Creio que se examinarmos o processo revolucionário português (1974-75) ilustraremos bem a questão. Ao analisar a situação no artigo de BS («Lições de Portugal») observei que «uma revolução socialista não é uma revolução onde as «tarefas socialistas» predominam sobre as «tarefas burguesas», mas sim onde a resolução revolucionária das contradições fundamentais tem um conteúdo socialista».
Isso porque as contradições inerentes ao modo de produção capitalista
determinam os antagonismos que afloram em toda a sociedade durante um processo revolucionário se essa sociedade é dominada pelo modo capitalista de produção. Em Portugal o processo não se inicia pelo aguçamento das contradições específicas entre
capital e trabalho mas pelas questões colonial e democrática. Mas não há uma forma neutra de se enfrentar tais questões: dado o caráter das contradições sociais dominantes o processo tem que se decidir por uma via socialista ou por uma de
recuperação capitalista ao reorganizar o Estado e a economia.
O uso «dedutivo» da caracterização socialista da revolução tem como conseqüência a dissolução das particularidades de cada processo e cada situação. Em vez de ser um instrumento para a compreensão de uma realidade social que será sempre
mais rica e complexa que qualquer definição geral, passa a ocupar o lugar do conhecimento dessa realidade original”
– Por um balanço da PO 1976
Ai ja se tinha a semente de lutas democraticas rumo ao socialismo e concepções proximas dessa que construiram o PT.
Que de um lado se tenha a articulação com consideraveis influencias autonomistas (e quem mantem esses papo de burocratização, que no PT tudo era feito de cima pra baixo e tudo mais e por isso que deu no que deu, é bom ir estudar la traz) que ja perdeu conceitos estruturantes de uma visão classica do marxismo (não se disputar o Estado por exemplo), por outro se tenha a Autonomia Operaria que conseguiu ser um movimento massivo e radical com experiencias de luta muito interessantes mas que organizações abandonam uma visão de setores estrategicos e ao querer se expandir o conceito de classe trabalhadora para incluir tudo que dava, “A cidade produz valor”, logo temos que fazer todas as lutas da “cidade” e mesmo com todas essas lutas e experiencias tão interessantes para estudo, não conseguiu ter a perspectiva de abrir uma situação pré-revolucionaria na italia.
Sera apenas coincidencia que essas duas coisas terminaram do jeito que terminaram?
Há cerca de 3 anos eu e o Arabel discutíamos com um camarada que tinha acabado de entrar para o PSTU. Àquela época eu e o Arabel partilhávamos do cânone autonomista, e centrávamos nosso debate com esse camarada na crítica ao partido leninista. Hoje reconheço que a experiência do bolchevismo teve seus méritos. Mas havia um ponto central na nossa crítica, que até hoje eu não abro mão, mas parece que o Arabel deixou de lado: o partido leninista pode ser uma ótima ferramenta para tomar o poder e expropriar a burguesia, mas é incapaz de criar novas relações sociais; e no limite o partido leninista impede que surjam novas relações sociais. Não podendo criar nada de novo, só resta ao partido leninista recriar as relações de exploração do passado (afinal é preciso combater a catástrofe iminente, diria o Lenin).
Hoje a reflexão do Arabel está centrada completamente nas questões da tomada do poder e da expropriação da burguesia. Não à toa ressurja na fala dele as experiências vitoriosas (sic!) da revolução chinesa e cubana.
No entanto, ele próprio reconhece que “A discussão tão pouco feita e negligenciada é sobre a caracterização da transição depois da expropriação feita, do Estado destruido e do poder tomado pela classe trabalhado (…) a base teorica para isso é o que tanto falta nas formações clássicas”. E é justamente aqui que a contribuição do autonomismo (essa doença que o Arabel quer expurgar) permanece indispensável.
Emerson, você poderia expandir o tema do cânone autonomista? Do que se trata, na tua visão?
Lucas, o que eu chamei de cânone autonomista eram sobretudo as teses em favor da autogestão e da horizontalidade, que nós encontrávamos em autores como Castoriadis, Pannekoek, João Bernardo, etc. Certamente são autores muito diferentes entre si, mas à época líamos como se fosse uma coisa só. O fato é que essas teses e esses autores nos levavam a fazer uma crítica à forma-partido em geral, e ao partido leninista em particular. Nos abominava a ideia de uma vanguarda iluminada pela teoria revolucionária que deveria dirigir o proletariado.
Atualmente as palavras não me assustam mais, e se hoje aceito coisas como vanguarda, partido e direção, é porque entendo por esses nomes coisas bem diferentes do que entendia antes.
Espero que tenha respondido à sua questão.
Experiencias vitoriosas de processos revolucionarios proletarios nunca aconteceram, primeiro porque o processo nunca foi internacionalista e nunca rumou como tendencia a abolição da diferença entre planejamento e execução, o controle do processo produtivo pelos orgãos da classe trabalhadora, no controle do tempo da produção pela classe trabalhadora, em eliminação da alienação dos produtos em relação aos produtores, enfim, da reapropriação social pelo que ja não é mais da classe.
Da onde vem esse (sic) sobre minha afirmação que a revolução chinesa e cubana foram vitoriosas? Nunca cheguei nem perto de colocar a coisa nesses termos.
Esses são processos que destroem Blocos Historicos, em linguagem gramsciana, o que não significa um rompimento com capitalismo, ou nenhuma ação positiva em direção ao socialismo, apenas um rompimento com a velha ordem.
Concordo com a incapacidade do partido de criar novas relações sociais e seu papel no impedimento no surgimento de uma nova ordem em todos os processos que conseguiram derrubar o velho bloco historico, Marx ja deixava claro que as ações politicas tinham um carater essencialmente negativo e da necessidade da reapropriação pela sociedade do que foi apropriado pelo politico, o que por si só não acaba com a necessidade das tarefas negativas aparecerem sempre como uma necessidade(!) para o avanço do processo revolucionario.
A discussão raramente caminha no sentido que deveria ser feita, dado que uma concepção especifica (de partido, organização, direção, estrategia, metodo de analise, centralização da militancia) conseguiu que parte dessas derrubas de blocos historicos realizar as tarefas negativas e ao mesmo tempo, logo depois delas, se desenvolveram relações sociais de produção capitalistas e uma nova classe se torna classe dominante, temos a questão:
Quais elementos são estrutantes dessa concepção do primeiro e do segundo momento, quais são indisassociaiveis e portanto apenas podem servir para derrubada do bloco historico quando ao mesmo tempo necessariamente avançam para constituição de novas relações de exploração, quais apenas servem para criar novas relações de exploração, ou então tudo que esta dado dentro dessa concepção faz parte de uma totalidade tão fechada que não pode ser utilizada para nada que não caminhe rumo a uma nova sociedade exploradora?
Alguns apontamentos sobre isso ja apareceram mesmo na historia da esquerda brasileira como parecem demonstrar alguns trechos de documentos de contribuição para a estruturaçao de uma organização nos anos 60
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“E já que pretendemos romper com a tradição de um partido burocrático, constituído de cima para baixo, dividido numa direção que pensa (ou recebe ordens de fora) e uma base que executa, devemos colocar a premissa da existência de um mínimo de quadros com experiência revolucionária, para que o novo partido possa funcionar democraticamente e para que a base possa de fato determinar a “linha”. Pressupõe isso ainda que esses quadros falem uma linguagem comum, que encarem os fenômenos da luta de classes sob um ângulo comum e que tenham pelo menos tanto em comum, para que uma minoria se possa submeter à decisão da maioria, sem que isso se choque com as suas concepções revolucionárias de princípio.[…]
[…] Temos de criar um programa para um partido operáriono Brasil. Não vejo essa tarefa como simples elaboração de um documento. Antes de chegar a esse ponto, teremos de estudar e interpretar a realidade brasileira sob um ângulo marxista e teremos de analisar a situação mundial, e, não por último, assimilar boa parte da experiência da luta de classe em escala internacional. Na medida que prosseguimos nessa obra, forneceremos ao movimento revolucionário metas mais claras e permitiremos aos militantes interpretar os problemas diários sem perder de mira o objetivo final”iar um programa para um partido operáriono Brasil. Não vejo essa tarefa como simples elaboração de um documento. Antes de chegar a esse ponto, teremos de estudar e interpretar a realidade brasileira sob um ângulo marxista e teremos de analisar a situação mundial, e, não por último, assimilar boa parte da experiência da luta de classe em escala internacional. Na medida que prosseguimos nessa obra, forneceremos ao movimento revolucionário metas mais claras e permitiremos aos militantes interpretar os problemas diários sem perder de mira o objetivo final”
– Convocatoria para o primeiro congresso da POLOP
“Estudando mais detalhadamente o material desse Segundo Congresso da Internacional, principalmente as 21 condições de admissão, vemos que não há princípios organizatórios a serem impostos às sessões nacionais, a não ser a premissa da existência de um centralismo democrático, que garanta a capacidade de ação do partido e a submissão de todas as atividades, como a parlamentar, de imprensa e editorial. à linha política definida nela maioria dos seus militantes. Os detalhes organizatórios ficam a cargo dos partidos nacionais, que tem de levar em conta as tradições de luta já criadas pelo seu proletariado.
A posterior “bolchevização” das sessões nacionais da Internacional, iniciada por Zinoviev e levada a termo por Stalin, forçou os partidos a copiar literalmente o estatuto soviético (pós-revolucionário), com Comitês Centrais e Birôs Políticos, desprovendo-os do centralismo democrático, cortando as possibilidades do seu futuro amadurecimento e desenvolvimento revolucionário. De modo que a experiência do “partido do novo tipo” foi curta e não chegou a se desdobrar nas várias condições que as lutas de classes em países diferentes oferecem. O que ficou para nós é um ponto de partida; a experiência nós próprios temos de colher. “
-Partido, vanguarda e classe
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Sou é contra essa mistificação da realidade que foi produzida por uma parte grande do dito “campo autonomista”.
Marx diz que as filosofias até aquele momento tinham interpretado o mundo, a tarefa agora é transforma-lo. A mistificação é tanta que muitas das concepções geradas por esse campo não servem nem para interpretar o mundo, quanto mais transformar ele.
Ainda estou para ver uma analise sobre situações revolucionarias ser feita por uma concepção de estrategia, que perde de horizonte as relações objetivas e subjetivas formando uma totalidade, e apenas olha para a horizontalidade, a radicalidade e a massividade das lutas.
Minha aposta é que ainda estou para a ver essa concepção aplicada aos processos historicos da classe justamente porque se olharmos de perto e não se criar uma mitologia abstrata sobre eles, essa concepção não serve para interpretar esses processos, quanto menos serve como ferramenta de transformação da realidade. Ela é produto de uma vontade de justificar uma posição politica sobre a horizontalidade e não fazer as devidas mediações/ver a correspondencia com a realidade.
Das situações revolucionarias que aconteceram no sec XX se tira simplesmente que todas serviram para criar uma nova classe dominante e um novo tipo de capitalismo, para se olhar sua intervenção hoje vai se perdendo as contradições especificas e analises de classe e formação economica em prol de uma horizontalidade e radicalidade que vai sumindo com os contornos de classe (que desapareça a diferença de intensidade entre processos de duplo poder em situações revolucionarias com contradição principal no proletariado urbano e a fraqueza ou inexistencia desse duplo poder em situações camponesas, talvez isso tenha a ver com o carater de socialização do trabalho em uma dessas classes? mas quem se importa, afinal, o sujeito revolucionario é todo aquele que se coloca em movimento de forma combativa).
Da dialética na analise dos movimentos reais, só sobra uma concepção mecanica sobre esses processos revolucionarios. Que todos eles geraram automaticamente uma nova classe e um novo tipo de capitalismo, que o que aconteceu foi a “tomada” do Estado(aconteceram alguns processos de duplo poder com os Estados antigos então?), portanto que essas experiencias só tem como contribuição a continuidade da exploração da humanidade e só tem potencial como material para se fazer a critica, raras vezes como contribuição para a solução de problemas.
Dessas experiencias se tira que é necessario reinventar a roda, que uma parte bem grande das grandes experiencias de luta da classe trabalhadora do sec XX traziam apenas e tão somente em si o germe da burocracia, e ai se retomam discussões que a historia ja enterrou a muito tempo ao querer retomar posições falidas do ponto de vista pratico, organizativo(abolir organizações “politicas” e tudo ser construido apenas em organizações por locais de trabalho, estudo e moradia, enfim, um sindicalismo-revolucionario reinventado, entre outros tipos de concepção) e tambem teorico ao querer fazer sumir a analise de classe colocada na estrutura economica (ao final, os sujeitos revolucionarios são todos que se movimentam), das formações economicas, de setores estrategicos, da propria estrategia…
Se pretende então substituir tudo isso por boa vontade e muita luta.
Esse autonomismo que eu centro minha critica, que das experiencias de luta do proletariado, só consegue ver os aspectos negativos.
A tal da “centralidade do conflito” abordada nos recentes debates do site me fizeram lembrar desse texto aqui. Parece que a centralidade do conflito nada mais é que a centralidade da tática, afinal.