Uma curta biografia de Avraam Budanov, que lutou com os makhnovistas e continuou na luta clandestina após a derrota do movimento. Por Nick Heath

Avraam Budanov nasceu numa família camponesa em Slovyanoserbs’k, na província de Katerynoslav. Parece ter vindo da minoria étnica búlgara na Ucrânia. Desde a infância trabalhou como serralheiro e montador em Lugansk. Tornou-se anarco-comunista em 1905, e tomou parte em atividades revolucionárias na bacia do Donets entre 1905 e 1907. Entre 1917 e 1918 esteve ativo no movimento anarquista ucraniano, organizando grupos e sindicatos anarquistas entre os mineiros. Com a invasão das tropas austro-húngaras, fugiu para a Rússia. No outono de 1918 uniu-se à Confederação de Anarquistas da Ucrânia – Nabat. No final de 1918, como parte de um grupo anarquista, viajou para Yuzovka para tomar parte num trabalho clandestino contra o títere austro-húngaro Hetman Skoropadsky. Em maio de 1919 mudou-se para Huliáipole, onde uniu-se aos makhnovistas. Por sua iniciativa, foi criada a seção cultural e educacional dos makhnovistas. Seu trabalho foi apoiado pela chegada de um grande grupo de anarquistas de Ivanovo-Voznesensk, uma cidade têxtil a nordeste de Moscou, e depois por outros anarquistas como Arshinov.

Em junho de 1919, quando os bolcheviques promulgaram um decreto proscrevendo os makhnovistas, Avraam foi para a clandestinidade e ingressou como um soldado raso no Exército Vermelho, onde fez agitação. Foi um dos organizadores do levante anarquista-makhnovista na 58ª Divisão Vermelha em 20 de agosto de 1919, junto com os anarquistas Dermenzhi (que havia sido um dos amotinados no Encouraçado Potemkin em 1905) e Kalashnikov, um antigo comandante makhnovista que havia mantido sua patente de comandante de regimento. Outros comandantes e comissários do Exército Vermelho foram presos e a Divisão, formada por 40 mil homens, mudou seu nome para o Grupo de Makhnovistas do Sul e partiu para unir-se ao corpo principal dos makhnovistas. Este foi um grande golpe infligido contra os bolcheviques, cujas forças ao sul da Ucrânia e Crimeia haviam praticamente desaparecido.

Budanov foi eleito chefe de estado-maior do 1º Corpo de Makhnovistas do Don e tomou parte na ofensiva contra o general branco Denikin entre o outono e o inverno de 1919, que levou à sua derrota completa. Em outubro, tomou parte na captura de Yelisavetgrad e Kryvyi Rih.

Em janeiro de 1920, com os ataques renovados dos bolcheviques aos makhnovistas, foi novamente para a clandestinidade e escondeu-se em Huliáipole. Em fevereiro de 1920, liderou uma unidade de guerrilha próximo de Katerynoslav e, em maio, foi eleito chefe da seção cultural e educacional dos makhnovistas, posto em que permaneceu até setembro. Em agosto, operava na província de Donetsk com uma força de 1.100 combatentes.

Cavalaria makhnovista

Em setembro de 1920, os makhnovistas foram forçados a encerrar a luta armada, e Budanov foi um dos enviados ao governo soviético da Ucrânia para negociar um cessar-fogo. As negociações incluíram reivindicações como o reconhecimento de uma zona livre anarquista nas províncias de Katerynoslav, Alexandrovsk e Táurida. Em meados de novembro de 1920 retornou a Huliáipole para informar acerca das negociações, escapando assim das prisões massivas de anarquistas e makhnovistas.

Em janeiro de 1921 liderou um pequeno destacamento na bacia do Don, conduzindo guerrilhas contra os bolcheviques. Em princípios de 1922 foi capturado e posto na prisão da GPU (o novo nome da Cheka) com sentença de morte. Em 1923 foi libertado sob fiança. Na década de 1920 viveu em Mariupol, onde organizou um grupo clandestino da Nabat e estabeleceu contatos com outros grupos makhnovistas e anarquistas, inclusive fora da União Soviética. Levou adiante a agitação clandestina entre trabalhadores e camponeses em Mariupol e vilas circunvizinhas por meio da distribuição de panfletos. Em 1928, com o advento da coletivização forçada do campesinato pelo Estado, o grupo de Budanov começou a planejar a criação de novos grupos guerrilheiros, reunindo armas e munição. No final de 1928 a OGPU (outro nome para a Cheka) descobriu o grupo. Avraam Budanov foi fuzilado no final de 1928 ou em 1929, junto com Panteleimon Belochub (que havia sido um comandante de artilharia makhnovista). Os sete ou oito membros restantes do grupo receberam penas de 10 anos de prisão.

Traduzido e revisado pelo Passa Palavra a partir do original disponível neste link. Este artigo faz parte do esforço coletivo de traduções do centenário da Revolução Russa mobilizado pelo Passa Palavra. Veja aqui a lista de textos e o chamado para participação.

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