ELZA FIÚZA / AGÊNCIA BRASIL

Por Bancário Anônimo

4. Como a oposição desperdiçou a oportunidade aberta em 2004

4.1. A eleição do SEEB-SP em 2005

Nas semanas imediatas após a greve de 2004 os bancários se sentiram fortalecidos pela decisão parcialmente favorável do TST. Mas logo em seguida começou a compensação das horas de greve. Os trabalhadores tinham que ficar de uma a duas horas a mais no serviço, mas esse tempo não era contabilizado como horas-extras e sim subtraído de um montante de horas de greve devidas, até que tal montante fosse zerado. Para quem havia feito todos os 30 dias de greve em 2004, a compensação das horas significou extensão da jornada durante vários meses em 2005. Isso teria consequências importantes para as campanhas seguintes, conforme veremos a partir do ponto 4.3.

Antes disso, antes da própria campanha salarial de 2005, houve outro evento, que para os grevistas de 2004 era uma espécie de continuação da campanha salarial anterior: a eleição para a direção do SEEB-SP. Muitos dos grevistas tinham saído da greve de 2004 com a conclusão de que o obstáculo para a vitória da greve era a diretoria do sindicato, já que os dirigentes não apenas estavam a favor da proposta patronal e contra a greve, mas também tentaram de todas as formas desorganizar a greve, impedir a realização de comandos, mantinham sigilo sobre a negociação com os banqueiros (o que deu origem à desconfiança justificada de que não havia negociação nenhuma), impediam o acesso dos trabalhadores à negociação, etc.

Assim, a conclusão óbvia era de que, para que houvesse alguma chance de vitória na campanha salarial de 2005 e seguintes, essa diretoria tinha que ser removida, e não haveria ocasião melhor para isso do que a eleição sindical em maio de 2005. Os ativistas mais engajados e conscientes na greve de 2004 se aproximaram do processo de constituição de uma chapa de oposição, que estava sendo coordenado pelo MNOB – Movimento Nacional de Oposição Bancária, em que se reuniam militantes e ativistas que faziam oposição à direção sindical, e que tinha maioria do PSTU e simpatizantes.

Acontece que o SEEB-SP não é apenas uma entidade que tem por função a representação de um conjunto de trabalhadores de uma determinada categoria em uma determinada base territorial. É um conglomerado empresarial e uma porta de entrada da burocracia para os fundos de pensão, conforme vimos na parte 2, com todo o corolário de poder financeiro e político que isso representa. Sendo assim, para a burocracia sindical da Articulação/CUT/PT, o controle sobre o SEEB-SP é questão de vida ou morte, sendo uma hipótese inaceitável perder a eleição. Trata-se de uma disputa equivalente à eleição para a prefeitura municipal de alguma cidade de médio porte, para a qual se gira todo um aparato profissional. Com o detalhe de que não há um órgão neutro exterior para fiscalizar a eleição, como por exemplo, um Tribunal Eleitoral.

A comissão eleitoral tinha maioria da Articulação e um único representante da oposição. Para que se tenha uma ideia do que isso significa e das condições da disputa, o representante da oposição na comissão eleitoral recebeu a lista dos 60 mil sócios habilitados a votar naquela eleição em ordem alfabética, portanto completamente inutilizável, enquanto que a diretoria do sindicato tinha à sua disposição o mapeamento detalhado da quantidade de sócios aptos a votar em cada um dos cerca de 3 mil locais de trabalho que existem na base, entre agências, postos e departamentos. Com isso, a chapa da diretoria podia também controlar o roteiro das mais de 300 urnas, priorizando os bancos em que tinha maior votação e deixando por último os bancos públicos, em que a oposição teria mais votos. E não só isso, a chapa da diretoria podia contar com burocratas experientes da máquina da CUT e do PT para atuar como mesários acompanhando cada uma das urnas, sendo que a chapa de oposição, composta por trabalhadores, não tinha sequer pessoal suficiente para acompanhar as urnas. Os integrantes da chapa da oposição não tiveram liberação do ponto para fazer campanha, como puderam fazer os diretores e seu partido, apenas na própria semana da votação, etc.

Enfim, tratava-se de uma disputa entre forças absurdamente desiguais. Como se não bastasse tudo isso, a vantagem da chapa da situação estava dada pela própria situação estrutural da categoria. Na base de São Paulo, Osasco e Região, como dissemos na parte 2, mais de 80% dos trabalhadores pertencem aos bancos privados. Esse setor da categoria participou da greve de 2004 de maneira passiva, tendo os seus locais de trabalho fechados por piqueteiros vindos dos bancos públicos e não comparecendo às assembleias. Para esse setor da categoria a greve foi um passeio, uma espécie de festa, com vários dias de folga, e ainda por cima, o aumento foi considerado muito bom (compensar as horas de greve, para quem está acostumado a todo tipo de abuso, foi um detalhe). Mas o crédito por essa campanha parcialmente vitoriosa junto a esse segmento foi usurpado pela diretoria do sindicato, a mesma diretoria que tentou impedir e sabotou a greve de todas as maneiras. A sabotagem da greve pela diretoria foi feita longe dos olhos da maioria da categoria, que estava nos bancos privados e não comparecia às assembleias. Essa maioria passiva e mais distanciada dos acontecimentos foi suficiente para garantir a vitória da Articulação.

Mesmo que 100% dos trabalhadores dos bancos públicos estivessem associados ao sindicato e aptos a votar, e todos votassem na oposição, isso não representaria mais do que cerca de 20% dos votos. Para que a chapa de oposição tivesse alguma chance, seria preciso que houvesse um trabalho de organização prévio entre os bancos privados, que ninguém tinha. O setor da Intersindical ligado ao PSOL tinha diretores oriundos de bancos privados, mas optou por continuar em chapa única com a Articulação, junto com outros satélites do PT, como o PCdoB, Trabalho, etc. A ausência de trabalhadores dos bancos privados na chapa de oposição ainda dava à diretoria a oportunidade de fazer uma campanha nos bancos privados acusando a oposição de ser um “bando de privilegiados” dos bancos públicos.

O resultado da eleição foi uma vitória de 65% para a chapa da diretoria contra 35% para a oposição. Do lado dos ativistas dos bancos públicos que participaram da greve de 2004 e apoiaram a chapa de oposição, essa sequência de acontecimentos negativos veio como um verdadeiro balde de água fria: a traição da greve pela diretoria, a derrota eleitoral da chapa de oposição e a compensação das horas de greve. Essas derrotas serviram como uma demonstração de que não seria mais possível fazer a luta, já que os mesmos burocratas contrários à greve em 2004 continuariam na direção. Assim, os mesmos grevistas que tinham feito piquetes, arrastões, enfrentado clientes, gerentes, polícia, oficiais de justiça, diretores do sindicato nas assembleias, etc., nos anos seguintes passaram a furar greve.

Nos anos posteriores a 2004, boa parte daquela massa de grevistas recusava-se a participar das campanhas “com este sindicato”, sob o pretexto de “não trabalhar para os burocratas”, “não fazer o serviço da diretoria”, “não fechar banco privado”, etc. Ao mesmo tempo, muitos dos que eram sócios do sindicato se desfiliavam, e praticamente todos os novos funcionários nos bancos públicos se recusavam a se sindicalizar. Assim, a base da oposição para as eleições sindicais, ao invés de aumentar com a rejeição da diretoria, diminuiu com a dessindicalização. Os 35% de 2005 foram a maior votação que a oposição obteve nesse tipo de disputa. Nas eleições seguintes, em 2008, 2011, 2014 e 2017, a votação da oposição foi declinando até um patamar próximo dos 15%, já num contexto de esvaziamento do movimento.

4.2. O papel do PSTU na chapa de oposição de 2005

Antes de encerrar a discussão sobre a eleição sindical de 2005, cabe dizer algumas palavras sobre o comportamento do PSTU como setor hegemônico do MNOB e da chapa de oposição, visto que serve como exemplo dos vícios que grassam nas organizações da esquerda, não só na categoria bancária mas no conjunto da classe.

MARCELO THEOBALD 17/10/2011 / O GLOBO

O primeiro tipo de vício é o aparelhamento, ou seja, o uso dos organismos do movimento a serviço dos interesses do partido e não do próprio movimento. No caso da eleição em questão, um dos coletivos de militantes que atuava na categoria, a Associação de Osasco, propôs como cabeça de chapa de oposição o nome de uma militante independente da Cipa da sede do Bradesco, maior concentração da categoria, com mais de 10 mil trabalhadores no bairro da Cidade de Deus, na cidade de Osasco, o que deveria aumentar a penetração da chapa entre os bancos privados e aumentar as chances de vitória. Mas o PSTU fez questão de impor o nome de uma figura pública do partido como cabeça de chapa. Ou seja, o partido tratou a chapa de oposição e o movimento do qual ela é uma expressão como propriedade do partido e não da categoria que construiu o movimento. Ao invés de privilegiar o interesse da categoria, a possibilidade de vencer a eleição, o PSTU privilegiou o interesse do partido de construir sua figura pública.

Um segundo vício é a auto-construção, ou seja, a prática de usar o movimento para captar militantes para o partido, desconsiderando as necessidades do próprio movimento. Ao invés de fortalecer o MNOB como uma instância do movimento dos trabalhadores com vida própria, identidade própria, discurso próprio, deliberações próprias, organicidade, regularidade, reuniões periódicas, atividades periódicas, atividades culturais, jornais, etc., o PSTU prioriza cooptar os ativistas que considera mais interessantes para o partido, e esvaziar o movimento, que se torna um mero apêndice, ou colateral, como se costuma dizer. Gradualmente, o partido esvazia as reuniões do MNOB, deixa de convocá-las, deixa de lado o dia a dia da categoria, e convida os ativistas para as atividades do próprio partido, em detrimento das necessidades de organização daquela categoria.

Ao invés de garantir um movimento de oposição bancária forte, enraizado no dia a dia dos trabalhadores, com vida própria e autônoma, para onde poderiam afluir muitos ativistas ao longo do tempo, o PSTU preferiu cooptar apressadamente alguns ativistas mais destacados para dentro do partido logo após 2004. Poucos anos ou meses depois, esses ativistas sairiam do partido, e também do movimento. As pessoas são tragadas para a máquina do partido, rompem os vínculos com seus locais de trabalho e seus colegas, passam a falar em outra língua, mergulham num frenesi de atividades, marchas, atos, reuniões, congressos, viagens, campanhas, que os esgotam física, psicológica e até financeiramente; e depois de algum tempo se desgastam e deixam de militar, não só no partido, mas na própria categoria, nas próprias questões dos seus locais de trabalho. A prática da auto-construção da organização, pensada de modo separado da construção do movimento, é algo que em longo prazo equivale a matar a galinha dos ovos de ouro, mas é outro erro dos mais disseminados.

Um terceiro vício, ainda na eleição citada, se manifesta num exemplo clássico de marcação de posição: o PSTU trouxe um programa para a chapa já pronto, para ser referendado na convenção, em que constavam palavras de ordem definidas internamente pelo partido (por exemplo: “Fora as tropas americanas do Iraque!”). Independente de se concordar ou não politicamente com cada ponto programático, há um problema de método, que consiste em fazer aprovar um programa abstrato, que não é representativo daquele movimento. A massa dos bancários grevistas de 2004 não tinha feito nenhum debate sobre as tropas americanas no Iraque, nem sobre quaisquer um dos outros pontos políticos, e podia concordar ou discordar desses pontos. Mas colocá-los no programa como se fosse “da chapa”, em nome dos bancários, é uma maneira infantil e artificial de parecer que está fazendo um debate político ao “elevar o nível” da categoria para palavras de ordem “revolucionárias”. Na verdade, esse “revolucionarismo” artificial não convence ninguém e de cara fica imediatamente evidente para qualquer trabalhador como algo que já foi trazido pronto, sem sua participação. Só serve para convencer os próprios militantes do partido de que eles cumpriram seu papel e “aprovaram” a linha do partido.

O aparelhamento, a auto-construção em separado da construção do movimento e a marcação de posição que exemplificamos aqui por meio do comportamento do PSTU na eleição de 2005 são vícios característicos não só deste partido, mas de praticamente todas as demais organizações que atuaram no movimento de oposição neste período (praticamente todas da tradição marxista-leninista e/ou trotskista), sendo em boa parte responsáveis pelas suas derrotas. Teremos ocasião mais adiante de apresentar outros exemplos, mas é importante destacar desde já o papel que as falhas da oposição tiveram no imediato pós-2004.

4.3. As campanhas salariais posteriores a 2004

No ano imediatamente seguinte à greve histórica, em 2005, os bancários que fizeram greve tiveram que compensar as horas de paralisação, o que foi muito traumático, especialmente para aqueles que tinham parado todos os 30 dias. Na campanha salarial de 2005 todo aquele ativismo espontâneo e participação massiva que havia em 2004 se diluiu. A maioria já não queria mais fazer greve para não ser obrigada a compensar as horas. Apenas uma minoria dos ativistas, que tinham entendido o papel da burocracia e a necessidade de enfrentá-la, permaneceu na luta e manteve os piquetes e a participação em assembleias. Outro fator que dificultou a adesão nos anos seguintes foi a conclusão “corporativa” que os bancários tiraram da estratégia da Mesa Única: para conseguir um reajuste maior é preciso fazer uma greve capaz de afetar o Bradesco, Itaú, Unibanco, etc., mas os trabalhadores desses bancos não se mobilizam, então “eu não vou fazer isso por eles” como tinha sido feito em 2004. “Não vou mais fechar banco privado”, foi isso que passaram a pensar os funcionários do BB e CEF.

A greve de 2004 foi na verdade o único momento em que o acordo entre o PT e os bancos não foi cumprido, mas pela incompetência da burocracia, que foi derrotada na assembleia. O acordo era que um índice de reajuste era previamente pactuado entre a direção sindical da Contraf-CUT e a representação patronal da Fenaban, em torno de um piso mínimo e de um teto máximo. A definição de se o acordo final seria fechado mais perto do piso ou do teto era o que restava para ser avaliado conforme a força das greves. Mas essas greves nunca mudavam os parâmetros previamente acertados. Nunca seriam capazes de forçar a patronal a conceder um reajuste maior do que o teto, como foi feito em 2004 (via TST). A greve de 2004 foi um acidente, uma exceção nesse acordo, em que a burocracia foi vergonhosamente derrotada nas assembleias ao tentar defender a aceitação de um acordo ruim.

Para evitar que algo vexatório como a derrota na assembleia que deflagrou a greve selvagem de 2004 acontecesse novamente, a Articulação mudou de postura. Ao invés de se chocar com os grevistas, como fez em 2004, quando de saída defendeu a aceitação da proposta patronal, a direção sindical cutista finge ser contra a proposta da Fenaban, finge ser a favor da greve, mas não toma nenhuma medida real para organizá-la. A melhor maneira da burocracia impedir que a greve aconteça é fazendo de conta que está a favor e assim, a partir de dentro, impedir que a greve se organize de fato. Para isso, a diretoria não organiza a categoria ao longo do ano, não desenvolve a resistência nos locais de trabalho, não reúne sistematicamente os delegados sindicais, não enfrenta os desmandos dos bancos em cada agência e departamento, não realiza reuniões por banco e por região, plenárias, assembleias preparatórias, dias de luta, etc., ou seja, não organiza de fato as campanhas salariais. Dessa forma, as greves deixam de ser ações de luta coletiva (e inerentemente imprevisível) e passam a ser uma rotina encenada teatralmente. A partir da campanha salarial de 2005, as greves passam a seguir todas um mesmo roteiro previsível, sem incidentes como a assembleia de 2004.

A experiência amarga de compensar as horas de greve e o repúdio à farsa da diretoria do sindicato fazem com que uma porcentagem muito menor de bancários faça greve, e destes, uma porcentagem muito menor participe dos piquetes e assembleias. Assim, ao invés das greves serem uma manifestação de força, com a categoria inteira organizada e mobilizada, são uma manifestação de fraqueza, uma simples data no calendário, uma pura formalidade, quando se cumpre um ritual completamente controlado e pactuado.

Os bancários que de fato fazem greve e param de trabalhar formam um contingente pouco significativo, sem condições de realmente forçar os banqueiros a melhorar a proposta. Além disso, não se envolvem em nenhuma atividade, não participam mais de arrastões, piquetes e assembleias, etc. Os “grevistas” a partir desse período simplesmente ficam em casa, vão viajar, etc., acompanhando a greve passivamente pela mídia. Dessa forma, cumprido o ritual da campanha salarial, a Contraf-CUT e a Fenaban acertam uma nova proposta com alguma diferença insignificante em relação à proposta original da patronal, a burocracia sindical marca assembleias para encerrar a greve, nas quais defende a aceitação da proposta rebaixada, porque “não há condições de melhorar mais”, ou porque 1% ou 0,5% a mais na proposta original é considerado uma “vitória”, e nessas assembleias completamente controladas o acordo é aceito.

Os banqueiros aceitavam esse teatro porque ajudava a legitimar a direção sindical petista, o que fazia parte do acordo de coexistência com o PT no governo federal, que de resto garantiu lucros crescentes para o setor financeiro “como nunca antes na história desse país”, como não cansava de se gabar Lula. Para os dirigentes sindicais petistas, era muito fácil encenar o seu teatro na época das campanhas salariais, já que uma parte cada vez menor da categoria passou a acompanhar as campanhas, as assembleias, etc. A minoria mobilizada, cada vez mais escassa, é facilmente derrotada nas assembleias quando a diretoria move o aparato sindical, e convoca inclusive os gerentes e fura-greves, em acordo com a direção dos bancos, no momento decisivo de votar a aceitação do acordo, conforme veremos adiante.

Para a maioria da categoria, a concepção de que a campanha salarial não passa de um teatro se fixou. Assim, sem o veículo de uma forma coletiva de ação, com o recurso à greve desmoralizado pela diretoria do sindicato, estabelece-se de vez a concepção de que a melhoria de vida depende mais de esforços individuais do que de ações coletivas. Essa concepção, ajustada ao discurso que emana incessantemente dos bancos, ganhou terreno e distanciou os trabalhadores ainda mais das lutas coletivas.

4.4. O esvaziamento das lutas: “greve de pijama” e “greve de faixada”

De 2005 a 2009 começou a se produzir o fenômeno da “greve de pijama”: os bancários que aderiam à greve, ou seja, os que não iam trabalhar, deixavam de participar do movimento. Ao invés de comparecer nas assembleias, participar dos piquetes, dos comandos de greve, arrastões, etc., iam viajar, tiravam “férias” fora de época, acompanhavam a greve pela internet ou telefonando para os grevistas “de verdade”. A greve passa a ser uma simples data no calendário e deixa de ser vista como uma luta contra a patronal onde é importante que todos participem para que haja resultados melhores. A campanha como um todo passa a ser percebida como um jogo de cartas marcadas, em que a burocracia sindical finge que negocia em nosso nome, os bancários fingem que fazem greve, e os banqueiros fingem que aumentam a proposta, para então encerrar a campanha com o acordo que já tinha sido acertado desde o início.

No próprio BB e na CEF o número de grevistas diminui muito: apenas escriturários e caixas aderem, enquanto os assistentes e gerentes de contas permanecem em proporções cada vez maiores dentro das agências fazendo negócios, até que se torne comum que praticamente ninguém destes segmentos faça greve. Além disso, sem o “incômodo” do público em geral, as agências aproveitam a época de greve para bater as metas de vendas, atendendo exclusivamente o público de alta renda. Muitos gestores das agências favorecem tacitamente a greve ou deixam de impor obstáculos para que caixas e escriturários façam greve, para que a sua agência possa aparecer como “fechada” na lista do sindicato, mas os assistentes e a gerência média continuem fazendo negócios com a “parte boa” da clientela. Dessa forma, a greve tal como vem sendo feita ganha elementos de lockout, de paralisação patronal contra a população de baixa renda.

O instrumento da greve é gradualmente desmoralizado, vindo a ser chamado também de “greve de fachada” (ou de “faixada”): na ausência de piqueteiros vindos dos bancos públicos, a burocracia sindical coloca uma faixa na frente das agências dos bancos privados, contabiliza aquela unidade como “fechada”, mas no seu interior os bancários continuam trabalhando e os bancos continuam fazendo negócios normalmente. A greve deixa de afetar o funcionamento e o lucro dos bancos e passa a trazer apenas prejuízo de imagem (que não é insignificante, considerando que a diferenciação entre os bancos na concorrência é feita com base no seu marketing, ou seja, na imagem; mas tem um impacto muito menor do que um ataque direto e real ao lucro). A segmentação do público também se aprofunda nesse período e se manifesta numa forma perversa: a população de baixa renda, que mais precisa dos bancos, deixa de ser atendida durante a greve, e os clientes de alta renda, que garantem os negócios e o atingimento das metas de vendas, são atendidos pelos gerentes e pelegos que ficam dentro das agências.

Essa segmentação tem também o aspecto regional: no Norte, Nordeste e Centro-Oeste do país, onde a população é mais dependente dos bancos públicos, que são proporcionalmente muito mais presentes que os privados, a greve afeta uma parcela maior da população, que sofre por não poder adentrar as agências. Mas como essas regiões pesam muito pouco no funcionamento geral dos bancos privados e nos interesses do conjunto da Fenaban, a paralisação efetiva segue não afetando o resultado final das greves. O fato de que em muitas dessas regiões não haja bancos funcionando na greve e isso prejudique a maioria da população, não afeta muito a sua conclusão mais ou menos rápida, a obtenção de um acordo mais próximo do teto ou do piso previamente acertado entre os banqueiros e a Contraf-CUT.

Vale lembrar que o uso de meios alternativos como internet e celulares era muito incipiente ainda nessas regiões periféricas, mas começava a crescer nos grandes centros em que as campanhas eram decididas, como São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. Graças a isso, o grosso do resultado dos bancos é cada vez menos afetado pelas greves. As mudanças tecnológicas na atividade bancária, com o aumento gradual do uso de internet, celulares, centrais de atendimento, terceirizações, correspondentes bancários, etc., tornam os bancos paulatinamente menos dependentes dos locais físicos de atendimento e de um quadro de funcionários reconhecidos como bancários e amparados nos direitos da convenção coletiva da categoria. Essa é uma tendência histórica de longo prazo, que seguiu se aprofundando, e que perpassa o período que debatemos.

4.5. As manobras da burocracia para esvaziar ainda mais as campanhas

Um outro fenômeno relevante que se produz nesse período é a mudança do caráter da campanha salarial para a campanha por PLR (Participação nos Lucros e Resultados). A burocracia propõe o encerramento da greve não quando consegue um índice de reajuste melhor ou algum outro item da pauta de reivindicações, mas quando a Fenaban aumenta a proposta de PLR. Além disso, a burocracia adia as negociações para além da data base, tendo se tornado comum que as greves aconteçam em outubro. Ao longo do ano os bancários se endividam, já que os reajustes só cobrem uma inflação fictícia, que só existe nos índices oficiais, e não as despesas que mais pesam para o trabalhador. Endividados, os bancários contam com o encerramento da campanha para receber o pagamento da PLR, que só é paga depois da assinatura do acordo. Depois de alguns anos, os trabalhadores deixam de se importar com o resultado mais ou menos vantajoso da campanha, apenas querem que ela se encerre logo, para poder receber logo a PLR e pagar as dívidas.

O foco na PLR e o adiamento da campanha para bem depois da data base servem não apenas como instrumento de chantagem para que se aceite qualquer proposta rebaixada, mas também ao longo dos anos, serve para legitimar ideologicamente a concepção de que a remuneração do bancário deve variar de acordo com o lucro do banco. Se o lucro é maior, a PLR é maior; logo, o bancário deve trabalhar mais para garantir o lucro do banco. O complemento dessa política, no interior dos bancos, é o achatamento do salário base, tornando os bancários dependentes da promoção para cargos de assistentes e gerência média.

O salário base é muito ruim, e o bancário precisa cumprir metas, agradar a gerência para ser promovido a um cargo melhor e poder ganhar mais através de comissões, que são valores adicionais não incorporados ao salário e demais verbas, pagos a quem sobe de cargo. Mas assim que é promovido, o bancário precisa cumprir metas ainda maiores. E essa promoção é sempre precária, o cargo pode ser retirado a qualquer momento: ninguém é comissionado de verdade, mas “está comissionado”. O descumprimento das metas resulta em descomissionamento, perda do cargo e volta para o salário base de escriturário. Com isso, os bancários da gerência média deixam de fazer greve para não desagradar os bancos. Essa política de tornar os bancários dependentes de comissões incertas e mantidas ao custo de suportar imensa pressão por metas foi um dos eixos da reestruturação do Banco do Brasil em 2007, que discutiremos mais adiante.

Mais uma manobra cujo uso começou nesse período foi a de trazer um contingente massivo de gerentes e fura greves para votar pelo encerramento da greve. Ou seja, aqueles que não acataram a assembleia que deflagrou a greve e permaneceram trabalhando e gerando lucros durante a greve, comparecem em massa nas assembleias em que há proposta patronal para votar em favor do encerramento da greve, com a conivência da direção sindical. O sindicato se presta ao papel de marcar a assembleia em que há votação de proposta para o horário da noite, para que os gerentes e fura greves, que passaram o dia trabalhando, possam comparecer e continuar à serviço dos bancos, votando contra a greve. Essa manobra repugnante foi feita pela primeira vez na assembleia do Banco do Brasil em 2006 (com o agravante de que foi colocada em votação uma proposta que já tinha sido rejeitada em assembleia na tarde anterior), e depois se tornou praxe em todas as campanhas salariais seguintes.

Sempre que há proposta da patronal a ser votada e portanto a possibilidade de encerramento da greve, são convocadas assembleias separadas de BB, CEF e privados, em locais separados, no horário da noite, com a presença massiva de gerentes e fura greves para aprovar o acordo e encerrar a greve (no caso da CEF a ida dos gerentes e fura greves às assembleias também se tornou rotina, e em 2012 eles também votaram uma proposta que já tinha sido rejeitada no dia anterior). Esse tipo de manobra só faz aumentar o ódio dos bancários à diretoria e sua disposição de jamais fazer greve novamente. O repúdio às manobras da direção sindical provoca um círculo vicioso: menos bancários participam e fica mais fácil para a direção sindical aprovar o encerramento da greve com o voto dos gerentes e fura greves. Cada campanha salarial conduzida nesses moldes farsescos serve para que uma nova leva de trabalhadores que adere à greve e comparece às assembleias seja “vacinado”, tenha ódio do sindicato e não queira nunca mais se envolver com qualquer tipo de ativismo.

Além dessas manobras da diretoria do sindicato, os bancos também se aperfeiçoaram nos métodos para contornar a greve. Nas agências os gerentes transformavam a greve em lockout, com a gerência média atendendo o público de alta renda, o grosso da população sendo barrado e os escriturários e caixas parados, mas “de pijama”. Nos departamentos, porém, os bancos tinham que adotar algum expediente para driblar os piqueteiros que tentavam trancar os prédios, e começaram a alugar temporariamente os chamados “sites de contingência” para a época da campanha. Esses sites são salas alugadas em prédios comerciais, onde os gerentes e fura greves podiam acessar o sistema e fazer o seu serviço. Os piqueteiros ficavam assim sem ação por não poder fechar prédios compartilhados com outras empresas. Depois, gerentes e executivos começaram a acessar o sistema do banco em notebooks, tablets e smartfones, viabilizando o home-office, o trabalho em casa. O ato de fechar os prédios dos bancos com piquetes perdia assim também uma parte do seu impacto.

Outro processo relevante desse período foi o esvaziamento dos fóruns de delegados sindicais. Os ativistas que tinham se consolidado nas greves desse período encontravam nas reuniões de delegados sindicais o espaço em que podiam fazer o balanço (ou seja, uma crítica furiosa) da atuação da burocracia nas campanhas, além de discutir problemas comuns, se organizar para lutas imediatas, fortalecer um movimento de oposição que pudesse se manifestar em chapas para as eleições das entidades, etc. Entretanto, no final de 2005, após a campanha daquele ano, a oposição conseguiu ser maioria na reunião de delegados sindicais do Banco do Brasil, conseguiu aprovar que a reunião fosse deliberativa, e conseguiu aprovar toda a sua pauta, inclusive que a diretoria seria obrigada a imprimir um jornal escrito pelos próprios delegados, além de uma série de outras resoluções, registradas em ata. O resultado é que nenhuma dessas resoluções foi cumprida, e por todo o ano de 2006 não foi chamada sequer uma reunião de delegados sindicais do BB, que somente voltariam a se reunir em 2007, num outro cenário, como veremos.

4.6. A mudança no comportamento dos bancários

Nos primeiros anos após 2004 os bancários que tinham participado de maneira mais ativa daquela greve tinham o impulso e a disposição para exigir o direito de falar nas assembleias. Essa disposição ia até o ponto de se enfrentar fisicamente contra os apoiadores da diretoria aos pés do palco da quadra. Houve casos de pancadaria, e na maioria das vezes os ativistas que exigiam o direito de falar eram apoiados por palavras de ordem do restante da assembleia. Com isso, conseguiam “no grito” a possibilidade de subir ao palco e falar no microfone. Havia também faixas, cartazes, palavras de ordem, vaias e toda uma série de manifestações espontâneas de criatividade e repúdio às práticas autoritárias e burocráticas da diretoria.

Depois de alguns anos, não só essa disposição dos bancários de se enfrentar com a burocracia diminuiu, como também a diretoria passou a contar com um exército de seguranças contratados controlando o acesso à quadra por meio de crachás e pulseiras de credenciamento, e se posicionando como uma muralha na escada que dá acesso ao palco, impedindo assim os bancários de brigar pela possibilidade de falar. Militantes que não pertencem à categoria passaram a ser barrados (a não ser é claro os do PT e seus satélites), e houve até uma tentativa de proibir panfletagens dentro da quadra, à qual a oposição teve a dignidade de desobedecer (mesmo assim, a variedade de panfletos e forças políticas fazendo agitação e disputando as assembleias diminuiu drasticamente). Passaram a ser colocadas fileiras de cadeiras de plástico na quadra (devidamente amarradas, para não voarem na cabeça dos burocratas pelas mãos de algum bancário mais afoito). Tudo isso contribuiu para criar o cenário de assembleias passivas a que nos referimos antes. Depois de alguns anos, desapareceu a rebeldia e se estabeleceu o cenário deprimente em que os bancários assistem a falas longas e inúteis da diretoria e somente se posicionam levantando o crachá para votar.

Outro detalhe relevante foi que depois de 2004 a compensação das horas de greve se transformou numa cláusula permanente dos acordos, e num motivo a mais para desestimular os bancários a fazerem greve. Mas com exceção do próprio ano de 2004, quando a compensação foi obrigatória para todos, nos anos posteriores essa cláusula passou a ser redigida de maneira propositalmente ambígua nos acordos seguintes, estabelecendo a anistia das horas de greve não compensadas até uma certa data, geralmente o dia 15 de dezembro, e deixando a critério dos gerentes a imposição ou não da compensação. Isso se transformou numa arma de chantagem e assédio dos gerentes contra os grevistas e trabalhadores mais ativos, como uma punição por se atreverem a fazer greve ou desenvolver outros tipos de enfrentamento ao longo do ano. Nos primeiros anos após 2004, a geração dos ativistas que tinham participado da greve selvagem se recusava compensar as horas de greve e bancava essa posição contra os gerentes que tentavam obrigá-los, com o apoio dos colegas. Havia a palavra de ordem “quem lutou por todos não merece ser punido!”. Depois, com o arrefecimento do movimento, a diminuição do ativismo e a quase ausência de enfrentamentos nos locais de trabalho, a compensação das horas de greve foi institucionalizada e se concretizou como mais um argumento contra as paralisações.

O clima de cinismo que tomou conta das campanhas salariais nesse período, com a ideia de que os bancários fingem fazer greve (mas as agências continuam funcionando), os dirigentes fingem negociar em nosso nome (mas nenhum bancário de verdade consegue participar da negociação) e os bancos fingem conceder um reajuste (que na verdade é o mesmo que já tinha sido negociado desde o começo) fez com que a participação retrocedesse bastante não só na própria greve, mas em outros enfrentamentos, como as reestruturações, nas eleições sindicais e de entidades da categoria, etc.

Sem participação real dos trabalhadores, cada vez mais distanciados e indiferentes, a burocracia petista conseguiu construir ao longo de uma década o discurso das “vitórias” e do “aumento real” de salário nas campanhas. Aquele 1% ou 0,5% acima da inflação oficial, acréscimos insignificantes em relação à proposta patronal inicial com a qual as campanhas começavam, era propagandeado pela burocracia como conquista da “luta”. Ficaram no passado, escondidas debaixo do tapete, as reivindicações históricas da categoria que motivaram a greve de 2004. Ninguém mais fala em reposição das perdas acumuladas, isonomia entre os bancários pré- e pós-1998, plano de cargos e salários, fim das metas e do assédio moral, etc. Os bancários não têm mais referência e motivação com a qual entrar em luta.

4.7. A reestruturação de 2007 no Banco do Brasil

Até 2006 os funcionários do Banco do Brasil eram o segmento mais mobilizado da categoria, fornecendo a maioria dos grevistas e ativistas. Isso seria revertido a partir de 2007, mediante uma série de processos: o esvaziamento do fórum de delegados sindicais, a assembleia de encerramento da greve em 2006 (com a asquerosa manobra da diretoria e a presença massiva de gerentes e fura-greves), mas principalmente a reestruturação de 2007. Neste ano o BB lançou uma série de mudanças:

– Plano de aposentadoria antecipada, visando remover do quadro funcional os remanescentes dos planos de carreira anteriores, dos concursos de 1991 para trás, que não tinham se tornado gerentes e que mantinham a memória do BB como banco público e engrossavam a resistência contra a gestão privatista em curso (com o adicional de que tinham também a memória de luta da década de 1980 a que nos referimos anteriormente);

– Fechamento de setores da chamada “área meio”, departamentos de suporte e serviços operacionais, que não prestam atendimento direto aos clientes, com a transferência compulsória dos funcionários para outras cidades ou outros estados;

– Redução drástica do número de caixas nas agências;

– Fim do pagamento das substituições (os funcionários que substituem gerentes em férias ou ausência deixam de receber o adicional referente à função);

– Reforma estatutária da Cassi (Caixa de assistência, responsável pelo atendimento médico dos funcionários), que mereceria um capítulo à parte, já que perdoou a dívida do BB e isentou o banco de contribuir com valor maior por causa do arrocho salarial dos funcionários pós-1998, e instituiu a co-participação em exames e consultas;

– Criou a figura dos assistentes de negócios como uma comissão intermediária entre escriturários e gerentes, dividindo o segmento dos escriturários (setor que anteriormente aderia massivamente às greves) com a expectativa de progressão funcional, como se essa “promoção” fosse o primeiro passo para se tornar gerente.

Todo esse pacote de maldades foi aplicado sem que houvesse resistência à altura (pelo contrário, no caso da Reforma Estatutária da Cassi, que teve que ser aprovada em votação pelos funcionários no sistema do banco, a burocracia sindical fez campanha a favor). Chegou a ser realizada uma assembleia do BB em São Paulo, para discutir a reestruturação, a qual decretou paralisação de 24hs, mas totalmente esvaziada e boicotada pela burocracia. Foi feito também um Encontro Nacional dos funcionários em Brasília, mas não encaminhou nada útil. A débil resistência à reestruturação foi derrotada, e o que é mais grave, uma parte do funcionalismo, talvez mesmo a maior parte, considerou que não houve derrota ou mesmo que houve uma melhoria. Devido à criação do cargo de assistente de negócios, que parecia ser um primeiro degrau para a carreira gerencial, muitos dos ex-grevistas de 2004 foram definitivamente cooptados pelo Banco em 2007.

Depois que essa reestruturação passou, aprofundou-se o perfil de banco de mercado do BB, a concepção individualista, carreirista e meritocrática da maioria do funcionalismo e o isolamento do setor combativo dentro do Banco. Os funcionários pós-2007 entraram num banco dominado pela mentalidade privatista. Os passos seguintes dentro do BB foram implantados com menos resistência e ainda mais ilusões dos funcionários.

Em 2011 foi criado a PSO (Plataforma de Suporte Operacional, que separa os caixas do quadro das agências e os subordina a uma gerência central), mas os caixas consideraram isso uma melhoria nas condições de trabalho, sem entender que o seu isolamento preparava a possível terceirização do setor. Em 2013 foi lançado um novo plano de funções para funcionários que vinham cumprindo jornada de 8 horas (a jornada dos bancários, conforme a convenção coletiva, é de 6 horas, sendo que as 8 horas seriam apenas para funções de confiança, o que não era o caso da imensa maioria dos comissionados que faziam 8 horas), mas grande parte desses funcionários preferiu aceitar um acordo via comissão de conciliação prévia, recebendo muito menos do que tinham direito pela 7ª e 8ª horas. Em 2016 houve o fechamento de agências e plano de aposentadoria antecipada. Em todos esses casos os trabalhadores aceitaram as decisões da empresa como fato consumado e não esboçaram a devida resistência.

Com o retrocesso da organização e da combatividade no BB, os bancários da CEF passaram a ser vanguarda no movimento nos anos seguintes. A CEF possui a peculiaridade de administrar uma série de programas sociais do governo federal, sendo a responsável pelo pagamento do FGTS, seguro-desemprego, abonos do PIS, além de outras atividades exclusivas, como o penhor de bens e a gestão das casas lotéricas. Ao mesmo tempo, a direção da CEF não deixou de impor sobre os seus trabalhadores as mesmas exigências de cumprimento de metas de vendas e resultados lucrativos que disputem com os demais bancos. Assim, os trabalhadores da CEF, além de dar conta de uma série de outros serviços e atender uma quantidade maior de público que os outros bancos, são também assediados e pressionados a cumprir metas. As reivindicações de mais contratações e melhores condições de trabalho passaram a ser mais centrais para os bancários da CEF, refletindo a sua situação específica dentro da categoria.

A publicação deste artigo foi dividida em 8 partes e um glossário, com publicação semanal:
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Parte 7
Parte 8
Glossário

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